Discurso durante a 103ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

JUSTIFICATIVA A APRESENTAÇÃO DE REQUERIMENTO DE LOUVOR AO MOVIMENTO DE REAPROXIMAÇÃO E REUNIFICAÇÃO DA COREIA DO SUL COM A REPUBLICA DEMOCRATICA DA COREIA.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • JUSTIFICATIVA A APRESENTAÇÃO DE REQUERIMENTO DE LOUVOR AO MOVIMENTO DE REAPROXIMAÇÃO E REUNIFICAÇÃO DA COREIA DO SUL COM A REPUBLICA DEMOCRATICA DA COREIA.
Publicação
Publicação no DSF de 30/08/2001 - Página 18835
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, REQUERIMENTO, MANIFESTAÇÃO, SENADO, ELOGIO, PROCESSO, UNIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, COREIA DO SUL, COREIA DO NORTE.
  • REGISTRO, HISTORIA, PAIS ESTRANGEIRO, COREIA DO SUL, POSTERIORIDADE, GUERRA, RECUPERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, SAUDAÇÃO, POLITICA, UNIFICAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB - SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, demos entrada num requerimento pedindo ao Senado Federal a aprovação de uma manifestação de louvor pela reconciliação e reaproximação, no processo de reunificação pacífica da nação coreana, da República da Coréia e da República Popular Democrática da Coréia.

            Península encravada entre a China e o Japão, com 99.117 km², a Coréia tem localização estratégica, servindo de ponte entre a China e o resto do mundo. Rica em costumes e tradições, a história do país é marcada por freqüentes invasões estrangeiras, em especial pelo Japão.

            Sua anexação pelo Japão ocorreu em 1910, e a ocupação, até o final da Segunda Guerra Mundial, com a derrota do Japão. Como resultado do jogo de poder instaurado com a guerra fria, a nação foi dividida por uma linha de demarcação militar fortemente vigiada, na altura do paralelo 38, ficando o sul com uma livre democracia e uma economia capitalista, e o norte, com um regime comunista.

            No dia 25 de junho de 1950, a Coréia do Norte invadiu o sul, dando início à Guerra da Coréia, que se prolongou por três anos.

            Desde a liberação até meados dos anos 80, a Coréia permaneceu a maior parte do tempo sob o regime autoritário de uma sucessão de repúblicas. No entanto, em 1987, com a nação apoiada por uma crescente e mais influente e educada classe média, uma Constituição democrática foi adotada e, desde então, passos seguros e constantes foram dados rumo à consolidação da democracia em todos os setores a vida nacional. A Constituição aprovada promoveu um ambiente de unidade nacional e de harmonia, e estabeleceu como meta a reunificação da Coréia do Sul e da Coréia do Norte.

            No intervalo de algumas décadas, a Coréia do Sul saiu de uma economia agrícola pobre para se transformar em uma economia industrial dinâmica. O desenvolvimento econômico da Coréia pode ser dividido em quatro estágios distintos: reconstrução - 1950/61; industrialização voltada para a exportação - 1962/72; promoção das indústrias pesadas e química - 1973/80, e liberalização do comércio na década de 80. Para isso, foi fundamental a ação planejadora e dirigista do governo, que, dando ênfase ao fortalecimento tecnológico e científico, por meio de um programa consciente de desenvolvimento, transformou o país num dos dragões asiáticos de hoje.

            A prioridade dada à educação pelos vários governos que se sucederam após a Segunda Guerra Mundial erradicou o analfabetismo e revelou-se, ao longo do tempo, o fator estratégico mais importante para o sucesso econômico do país. Nas universidades, os estudantes na faixa etária de 20 a 24 anos passaram de 6%, em 1965, para 33%, no final dos anos 80, índice superior aos da Alemanha e do Japão, países que, como a Coréia, priorizaram o modelo educação-produtividade como chave para o desenvolvimento acelerado.

            Nas últimas três décadas, a República da Coréia atingiu o que é mundialmente conhecido como “o milagre econômico do rio Han-gang”. Desde que iniciou seu processo de desenvolvimento, o ritmo de crescimento de sua economia é considerado um dos mais rápidos da História. Como resultado, a Coréia conseguiu transformar-se em um país de renda média alta, com um rápido processo de industrialização.

            A economia coreana, que se recuperou com sucesso de uma profunda recessão, provocada pela segunda crise do petróleo e pela crise dos tigres asiáticos em 1997, continua a apresentar um quadro de rápido crescimento sem inflação. A Coréia do Sul cada vez mais se evidencia no cenário internacional, devido ao seu desenvolvimento econômico e à sua crescente força nacional.

            Os coreanos formam um grupo étnico, falam e escrevem a mesma língua, e possuem características físicas distintas, o que tem sido um fator fundamental para sua profunda identidade nacional. Por milênios, o povo coreano lutou, com sucesso, para preservar a sua identidade cultural e política, apesar da influência da China, sua vizinha, e das tendências agressivas dos japoneses. É um povo que tem orgulho de sua história, uma das mais antigas do mundo.

            Para acrescentar, quatro significantes eventos, em anos recentes, simbolizam a crescente habilidade da Coréia do Sul em se estacar no cenário internacional. As Olimpíadas de Verão de Seul, em 1988, que contribuíram para uma reaproximação do Oriente e do Ocidente; a afiliação da Coréia do Sul na ONU, em 1991; a adesão como membro do Acordo Aquisitivo de governo da Organização Mundial do Comércio, e a aprovação da sua candidatura para sediar, juntamente com o Japão, a Copa do Mundo de Futebol de 2002 tiveram um efeito positivo nas relações com os outros países.

            Na década de 90, a diplomacia do governo coreano se caracterizou pela busca do apoio internacional à paz e à estabilidade do Nordeste Asiático, preparando o terreno para a unificação da península.

            Um passo decisivo no processo de reunificação entre a República da Coréia e a República Popular Democrática da Coréia foi dado no Encontro de Cúpula realizado entre 13 e 15 de junho de 2000, no qual foi gerada uma Declaração Conjunta Sul-Norte, onde ambos os países se comprometeram a adotar ações que levem à consolidação da reunificação.

            Aproveitar a abertura da cena internacional, em face das mudanças e transformações abruptas do mundo pós distensão do conflito Leste-Oeste, da fragmentação da URSS e da retração, ainda que momentânea, da Rússia, e deixar de lado a lógica da discórdia e da violência são pré-requisitos para que a nação coreana se sobreponha à divisão artificial que perdura por cinqüenta anos, como marca de uma disputa residual dos tempos da guerra fria.

            O Congresso Nacional da República Federativa do Brasil saúda a histórica Cúpula entre as Coréias de junho de 2000 e as iniciativas tomadas para a implementação da Declaração Conjunta da Cúpula, e reafirma o seu total apoio para a política de reaproximação e reconciliação da República da Coréia.

            O Congresso Nacional da República Federativa do Brasil espera futuros avanços no processo de reconciliação e cooperação entre as Coréias, incluindo a pronta realização de um segundo encontro de Cúpula entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte.

            Pelo exposto, parece-me ser dever deste Senado louvar a iniciativa de reunificação dos dois Estados em que se encontra dividida a nação coreana, e apoiar o povo coreano para que esse possa reencontrar a normalidade histórica e retomar seu destino.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            


            Modelo15/5/2412:48



Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/08/2001 - Página 18835