Pronunciamento de Romero Jucá em 28/08/2001
Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Repúdio às colocações do Senador Maguito Vilela. (como lider)
- Autor
- Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA PARTIDARIA.:
- Repúdio às colocações do Senador Maguito Vilela. (como lider)
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/08/2001 - Página 18644
- Assunto
- Outros > POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- DEFESA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESCLARECIMENTOS, ACUSAÇÃO, DISCURSO, MAGUITO VILELA, SENADOR, REGISTRO, NOTICIARIO, IMPRENSA, INFERIORIDADE, POSIÇÃO, DISPUTA, PRESIDENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apesar de ver aqui a presença de peemedebistas ilustres - estão aqui o ex-Governador Orestes Quércia, diversos Deputados e Senadores do PMDB -, não estamos numa convenção do PMDB. Estamos numa sessão do Senado Federal e, por conta disso, apesar de não querer me imiscuir em questões internas do PMDB, não poderia deixar de, pela Liderança do Governo, fazer algumas colocações para restabelecer a verdade e também repudiar algumas agressões gratuitas e mentirosas que foram ditas, nesta Casa, a respeito do Governo e do Senhor Presidente da República.
Começo minhas palavras registrando que entendo o clima emocional que vive o Senador Maguito Vilela. S. Exª está numa disputa importante pela presidência de um importante partido nacional, que hoje faz parte da base do Governo. Pelo noticiado na imprensa e pelo andar das tratativas políticas, o Senador Maguito Vilela está levando desvantagem nessa disputa.
Hoje, S. Exª veio ao plenário não apenas para defender questões internas do PMDB, mas também para agredir o Governo, os seus membros, o Presidente da República, secundado pelo Senador Roberto Requião.
Repudio as observações feitas sobre interferência, compra de votos, sobre qualquer tipo de ação específica do Governo no tocante à disputa da presidência do PMDB. Ao que sei, a disputa da presidência do PMDB está sendo feita de acordo com os próprios peemedebistas. Se existe hoje, na base do PMDB, uma posição francamente majoritária pela eleição de Michel Temer, essa questão deve ser discutida internamente pelo Partido. Não quero trazer aqui essa discussão. Não quero nem discutir aqui se o Senador Maguito Vilela, como Presidente do PMDB, lidera ou não o Partido. Não cabe a mim fazer essa discussão. Cabe a mim, sim, repudiar essas afirmações sobre interferência do Governo.
O Presidente Fernando Henrique não está interferindo no PMDB. O Presidente da República e os partidos aliados da base governista têm dito claramente que preferem o PMDB na base do Governo, que querem o PMDB como parceiro do Governo e na eleição do próximo ano, mas que essa é uma decisão interna, que deve ser tomada pela maioria do Partido. O Presidente Fernando Henrique não está interferindo no processo nem comprando votos. Desafio que se prove isso ou que se faça qualquer tipo de afirmação a esse respeito. Em Pernambuco, por exemplo, sai nota no jornal dizendo exatamente o contrário. Nós não estamos trazendo aqui essa questão, porque entendemos que não deve ser levantada no plenário do Senado - como bem disse o Senador Pedro Simon -, mas deve ganhar corpo no PMDB.
Quero registrar, Sr. Presidente, que não há liberação de recursos para comprar votos. Em todos os anos, o Governo libera recursos para emendas individuais de parlamentares, da Oposição ou do Governo, para fazer obras pelo País todo. Em todos os anos, essas liberações são tardias, como são tardias agora as liberações a partir de setembro. No entanto, sempre que servem, essas alegações são apresentadas para se tentar desvirtuar uma questão que é do Parlamento e que é legítima, para tentar agredir o Presidente e os seus Ministros.
O Senador Maguito Vilela ataca os Ministros do PMDB. E aí percebo uma contradição: muitos dos Ministros do PMDB são parlamentares, muitos deles têm uma posição hegemônica partidária nos seus Estados. Todos eles têm vida partidária, todos eles têm uma ação política importante. Mas o Senador Maguito Vilela diz que os Ministros do PMDB ou os Líderes do PMDB - do Senado, da Câmara ou de qualquer setor - que tomarem uma posição diferente da sua não são legítimos para se manifestar.
Ora, o Senador Ramez Tebet não pode manifestar-se? Não quero entrar no mérito da discussão de Goiás, mas o Ministro Ovídio de Ângelis, que até dias atrás estava apoiado por toda a Bancada de Goiás no Parlamento Federal, não pode ter uma posição divergente?
Penso que temos de buscar a democracia interna no PMDB. São esses votos que quero fazer aqui. Não quero alongar-me, não estou aqui pessoalmente atacando o Senador Maguito Vilela, a quem muito respeito; só quero dizer que o Governo não concorda com as afirmações feitas, repudia-as e afirma que não está interferindo no PMDB.
Quero também desejar ao Senador Maguito Vilela tranqüilidade para que participe dessa disputa. Que o PMDB possa escolher seu caminho e que depois o Senador tenha tranqüilidade para aceitar o resultado, qualquer que seja.
O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Não é permitido aparte.
O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Quero encerrar minhas palavras, Sr. Presidente, dizendo que o PMDB é soberano para decidir seu futuro e que os parlamentares e políticos do PMDB são respeitados no País. O Governo respeita o PMDB, não está interferindo no processo, não está comprando votos, mas está, sim, acompanhando a questão, para que prevaleça a vontade da maioria. E tenho certeza de que a vontade da maioria será, sem dúvida alguma, a condução do PMDB ao seu caminho.
Não quero aqui antecipar posições. Não sou membro do PMDB. Sou do PSDB, mas não poderia deixar de trazer minha posição, o meu repúdio e lamentar as palavras dos Senadores Maguito Vilela e Roberto Requião, que não perdem a oportunidade de agredir, de forma não elegante, de forma agressiva e não verdadeira, a postura do Governo, especialmente do Senhor Presidente da República.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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