Pronunciamento de Roberto Requião em 05/09/2001
Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
LEITURA DE MOÇÃO QUE APRESENTARA NA CONVENÇÃO DO PMDB, A REALIZAR-SE NO PROXIMO DOMINGO.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA PARTIDARIA.:
- LEITURA DE MOÇÃO QUE APRESENTARA NA CONVENÇÃO DO PMDB, A REALIZAR-SE NO PROXIMO DOMINGO.
- Aparteantes
- Maguito Vilela.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/09/2001 - Página 20990
- Assunto
- Outros > POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- LEITURA, DOCUMENTO, AUTORIA, ORADOR, PAES ANDRADE, EX PRESIDENTE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, APRESENTAÇÃO, CONVENÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ANALISE, DIFICULDADE, SITUAÇÃO, BRASIL, RESPONSABILIDADE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- DENUNCIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUTORIZAÇÃO, REPASSE, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, DESTINAÇÃO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), MINISTERIO, INTEGRAÇÃO, MOTIVO, ATENDIMENTO, INTERESSE, OBJETIVO, OBTENÇÃO, APOIO, CANDIDATURA, MICHEL TEMER, DEPUTADO FEDERAL, PRESIDENCIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, IMPEDIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), LANÇAMENTO, CANDIDATO.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs Senadores, domingo, teremos a convenção do nosso velho MDB de guerra. Trago ao plenário do Senado Federal um texto redigido a quatro mãos: por mim e pelo nosso ex-Presidente do Partido, Paes de Andrade. O texto será lido neste momento e posteriormente, sob forma de moção, apresentado à Convenção do PMDB, dirigido à Nação e aos convencionais do nosso Partido:
Em nome dos brasileiros que lutaram e morreram na resistência democrática;
Em nome dos brasileiros que perderam os seus empregos e foram obrigados a recorrer a atividades clandestinas para a sobrevivência de suas famílias;
Em nome dos milhares de brasileiros que tiveram que abandonar o País, em busca de trabalho e dignidade no exterior;
Em nome dos milhares de empresários brasileiros que foram à falência e dos que tiveram os seus ativos esmagados pela concorrência desigual das corporações estrangeiras;
Em nome dos trabalhadores que tiveram os seus salários reduzidos, a fim de que o governo transferisse bilhões de dólares ao Exterior e garantisse aos bancos os mais altos lucros de toda a história, graças aos juros extorsivos;
Em nome dos servidores públicos, cujos vencimentos foram congelados há sete anos;
Em nome das vítimas das balas perdidas, dos assaltos à mão armada, das chacinas cotidianas;
Em nome dos agricultores que perderam suas glebas para os bancos e se acampam nas estradas à espera dos assentamentos rurais;
Em nome das crianças, mortas pela fome, em conseqüência do desemprego de seus pais;
Em nome da Pátria, na qual acreditamos,
RESPONSABILIZAMOS o Sr. Fernando Henrique Cardoso, que ocupa o cargo de Presidente da República, pelos fatos que a seguir relacionaremos, e que atentam contra a sobrevivência da República, a soberania nacional e a segurança do Estado de Direito.
O Chefe de Governo, no objetivo de impedir o livre funcionamento do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, determinou ao seu Ministro de Planejamento que autorizasse o repasse de verbas orçamentárias, a toque de caixa, aos Ministérios dos Transportes e da Integração Regional, a fim de atender ao interesse específico de Parlamentares com direito a voto na Convenção Nacional do PMDB.
A documentação irrefutável enviada ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Ministério Público demonstra que esse repasse de verbas, em um só dia, foi maior do que todos os recursos liberados durante todos os meses anteriores do corrente ano. O ato acintoso é ainda mais grave quando se sabe que o Governo, até agosto, executara menos de 9% de todas as despesas previstas no Orçamento de 2001.
O uso de tais recursos visa a favorecer a candidatura do Deputado Michel Temer à Presidência do PMDB, com o fim de impedir ao Partido apresentar candidato próprio à sucessão presidencial, e, com isso, usar os recursos, o tempo de propaganda eleitoral e a presença do Partido em todo o território brasileiro para a eleição do candidato do Governo e a continuação da nefasta política econômica que impediu o Brasil de crescer.
A ação corruptora do Governo, na tentativa de frustar a vontade das bases do PMDB, mediante o suborno dos delegados convencionais, confirma a política de traição nacional, executada pela atual administração e que pode ser resumida nos seguintes e irrefutáveis fatos:
- multiplicação da dívida pública de US$63 bilhões para mais de 600 bilhões;
- a menor taxa de desenvolvimento econômico, média, anual, desde o quadriênio de Prudente de Moraes (1894/1898), com a queda do PIB e da renda per capita nacionais;
- os mais altos índices de violência urbana e rural dos últimos 100 anos;
- a privatização dos ativos estatais, mediante o uso de recursos públicos “emprestados” aos compradores com juros facilitados, generosos prazos de carência e o ressarcimento, mediante compensação fiscal, dos ágios sobre os preços mínimos, claramente subavaliados;
- o desmantelamento, determinado, do sistema de energia elétrica, com o propósito, deliberado, de justificar a sua privatização - o que provocou a crise atual, com o racionamento e a ameaça de apagões;
- o incentivo à corrupção, mediante o silêncio oficial sobre crimes cometidos contra o Erário, conforme se torna claro no caso do Banco Central, que se recusa a dar esclarecimentos ao Congresso Nacional em todas as denúncias de irregularidades no sistema financeiro;
- a conivência do Governo com irregularidades cometidas em alguns Ministérios, como é o caso das indenizações indevidas pagas pelo Ministério dos Transportes;
- o impedimento, mediante o suborno e a ameaça, da constituição de Comissões Parlamentares de Inquérito, como as que se destinavam a investigar a denúncia de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição e a corrupção no Poder Executivo;
- o acordo com o Governo norte-americano para a utilização da Base de Alcântara, que aluga a soberania nacional por US$60 milhões anuais. Isso corresponde ao que devemos pagar, a cada quatro horas, em juros e serviço da dívida. Isso impede o desenvolvimento de nossa tecnologia espacial, com o abandono dos vultosos investimentos já realizados no setor;
- a violação do pacto federativo, mediante a concentração de recursos na União, o arrocho fiscal e o uso de verbas públicas na pressão sobre os governos estaduais;
- a promiscuidade das autoridades públicas com os interesses privados, como se tornou evidente na reunião do Presidente da República com grandes empresários de São Paulo, a pretexto da estabilidade governamental.
Enfim, responsabilizamos o Presidente da República por atos que configuram traição ao mandato obtido do povo brasileiro, mediante o embuste e a mistificação.
Estamos certos de que as bases do Movimento Democrático Brasileiro reagirão com coragem e se recusarão a manter a gloriosa legenda atrelada a um Governo que se submete ao estrangeiro, impede o desenvolvimento econômico, persegue os servidores públicos, avilta os Poderes Legislativo e Judiciário e ofende a dignidade dos cidadãos.
Esta intervenção que faço agora no plenário do Senado da República será levada à convenção do PMDB, na forma de moção, para que seja discutida, aprovada ou rejeitada pelo nosso Partido. Vamos fazer da convenção o senso das forças vivas, da independência e da dignidade do velho MDB de guerra.
O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR) - Se o Presidente me conceder a possibilidade, darei o aparte, sim.
O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Solicito ao Senador Maguito Vilela que compreenda a situação da Mesa. Já ultrapassamos o tempo da prorrogação e eu ainda gostaria de conceder a palavra ao seu Colega, Senador Mauro Miranda.
O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR) - Sr. Presidente, encerro aqui, esperando que a Convenção do PMDB, discutindo esse pronunciamento que será a ela proposto na forma de moção, diga se o nosso Partido é ainda o Partido do Povo Brasileiro ou é um Partido desideologizado, fisiológico, capaz de entregar a legenda em troca de emendas orçamentárias, de favores e nomeações em cargos públicos federais sob a batuta e o comando dos chefetes locais e de Deputados que perderam a perspectiva da História e o amor à Nação brasileira.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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