Discurso durante a 110ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Repúdio às ações do Presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas pelos atos de violência contra os integrantes do Movimento dos Sem-Terra.

Autor
Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Repúdio às ações do Presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas pelos atos de violência contra os integrantes do Movimento dos Sem-Terra.
Publicação
Publicação no DSF de 11/09/2001 - Página 21577
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • APOIO, DISCURSO, IRIS REZENDE, SENADOR, AUMENTO, VIOLENCIA, REGISTRO, IMPUNIDADE, CRIME DO COLARINHO BRANCO, BRASIL.
  • PROTESTO, SEQUESTRO, HOMICIDIO, SERVIDOR, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DE ALAGOAS (AL), IMPUNIDADE, CRIME.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DE ALAGOAS (AL), AMEAÇA, MORTE, MEMBROS, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, REPRESSÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SR.ª HELOÍSA HELENA (Bloco/PT - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, eu poderia ter feito um aparte ao pronunciamento do Senador Iris Rezende, mas, como se trata de protesto específico sobre uma situação do meu Estado, preferi não fazê-lo.

            Tenho certeza de que o Senador Iris Rezende ou qualquer outra pessoa de bom senso nesta Casa sabe da gravidade e complexidade dos problemas de violência no País. Sabe, com a mais absoluta convicção, de que não se trata de um pai que rouba para alimentar o filho. Conhecemos exatamente os gigantescos problemas do País, com os grandes saqueadores dos cofres públicos, que acabam, com isso, jogando milhares de jovens nas drogas e na marginalidade, e homens e mulheres de bem na criminalidade como último refúgio.

            Quero, Sr. Presidente, deixar registrado o meu protesto contra um fato ocorrido na quinta-feira no meu Estado. Como a sessão já havia sido encerrada e sexta-feira foi feriado, não pude fazer o registro antes. E quero cobrar do Governo do Estado a apuração de crimes históricos e malditos no meu Estado, que continuam impunes, como os de Sílvio Vianna, Dimas Holanda, Anderson, e por último o de uma moça humilde, assessora da Assembléia Legislativa e da Associação dos Delegados, seqüestrada e assassinada covardemente na quinta-feira. Quero também ressaltar a necessidade do estabelecimento de procedimentos investigatórios para que esses malditos crimes, impunes, não sigam fortalecendo o que constitui para o Estado de Alagoas uma marca terrível. Um Estado tão lindo, sem dúvida um dos mais belos do País, Estado privilegiado pela natureza, infelizmente, tem que conviver com esse tipo de aberração.

            Eu também não poderia deixar de registrar a postura vergonhosa e abominável do Presidente da Assembléia Legislativa do meu Estado diante de uma manifestação de trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Eu nunca soube que era demonstração de coragem, nem mesmo nesta sociedade machista em que vivemos, ameaçar de morte mulheres, crianças e trabalhadores sem terra absolutamente desarmados. 

            Infelizmente, o Presidente da Assembléia Legislativa do meu Estado teve uma posição covarde. Digo covarde porque ele anda armado e cercado de capangas portando armas cujo uso é restrito em lei: São Metralhadoras Uzi e AR-15, tudo proibido pela legislação vigente - nem precisaria alterar a legislação sobre armamento. Pois, o Presidente da Assembléia Legislativa, numa atitude de provocação e covardia, uma atitude que desrespeita qualquer princípio do Estado Democrático de Direito, ameaçou-os publicamente de morte. Disse que os maloqueiros do Movimento dos Sem-Terra ele os enfrentava, ou com a chibata ou com tiro, ameaçando de morte essas pessoas.

            Portanto, quero deixar aqui meu repúdio. Sei que essas pessoas fazem isso porque vivem num Estado onde o Governo dá guarida aos fora-da-lei. Se vivessem num Estado onde os fora-da-lei não tivessem guarida, duvido que um Presidente de uma Assembléia Legislativa tivesse a ousadia - porque ocupa postos importantes no Governo do Estado - de publicamente, diante da televisão, diante dos jornalistas, ameaçar de morte homens desarmados, mulheres e crianças que estavam em uma manifestação como tantas outras manifestações que aconteceram no País em função especialmente do chamado “Grito dos Excluídos”, um movimento nacional realizado pelas mais diversas igrejas, evangélicas e católicas, em que as pessoas trabalharam na véspera e no dia 07 de setembro como um alerta nacional.

            Portanto, eu não poderia deixar de registrar meu repúdio diante de uma atitude abominável, desastrosa, vergonhosa e covarde como essa.


            Modelo15/19/2412:21



Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/09/2001 - Página 21577