Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alijamento da ala minoritária do PMDB do processo de discussão interna do partido.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Alijamento da ala minoritária do PMDB do processo de discussão interna do partido.
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2001 - Página 21696
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, RESULTADO, CONVENÇÃO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESCOLHA, CANDIDATO, COMPROMETIMENTO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, OMISSÃO, DIALOGO, MINORIA, MAIORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ONUS, COMPROMISSO, MELHORIA, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para lamentar que, depois de termos feito a Convenção Nacional do PMDB, que teve a aprovação quase unânime da imprensa brasileira, mostrando que evoluímos no diálogo interno do Partido. Hoje, percebemos um retrocesso muito grande na democracia que pregamos na nossa convenção, com os discursos de conciliação, de diálogo interno. A parte majoritária, 63%, resolveu deixar de fora os outros 37% representantes de vários Estados brasileiros, alijados do processo de discussão interna do nosso Partido.

            É muito lamentável, Sr. Presidente, porque o nosso Partido tinha uma história de muito diálogo interno, quando os autênticos e moderados chegaram e se deram as mãos, na época mais importante, para fazer a redemocratização do País.

            Hoje, o País vive um momento de angústia muito grande em razão da política externa de arrocho - arrocho no sentido do trancamento das ações em função da crise argentina, da política interna, da recessão americana, trazendo desalento ao povo brasileiro. A inflação começa a brotar outra vez.

            O PMDB deveria estar numa hora muito propícia ao diálogo interno, de confraternização entre nós, para mostrar ao País que o Partido poderia ter um programa partidário firme, com bandeiras fortes a favor da democratização, preocupando-se com a questão social, sobretudo com aqueles 52 milhões de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da miséria; propondo uma reforma tributária que dê atenção especialmente aos pequenos e microempresários brasileiros, tão sacrificados; propondo uma aliança e políticas para a agricultura, pois alijamos do processo produtivo milhares de cidadãos, retirando-os do campo e inchando as grandes cidades; propondo uma política urbana forte, já que cerca de 50% de nossas grandes cidades não oferecem condições dignas de vida aos cidadãos.

            Nosso Partido, neste momento, com o sectarismo interno dos que se encontram no Poder, próximos ao Presidente da República e aliados do Ministro, deve ouvir a base, os que estão insatisfeitos, deve assumir compromissos com os mais humildes, os mais pobres, com fazendeiros, pequenos agricultores, produtores de leite, que necessitam de uma nova bandeira para buscar esperanças para seus filhos. 

            Assim, Sr. Presidente, lamentando profundamente a decisão interna da maioria que venceu a última Convenção do dia nove, eu, como parte dos perdedores, sinto-me triste com o alijamento do processo de discussão interna. Não estão escrevendo uma bandeira bonita de democracia interna no PMDB. Lamento profundamente.

            Deixo aqui meu lamento público, a fim de que os companheiros do PMDB de todo o País façam a sua análise. E que, na Convenção ou nas pesquisas seguintes de chamamento das bases para a decisão, escolham um candidato próprio, não atrelado ao atual Governo, que deixou de dar esperança aos brasileiros; que busquem, sobretudo, uma nova bandeira, de credibilidade, de nacionalismo e de compromisso, especialmente com os mais humildes, os mais pobres deste País.

            Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente. Muito obrigado.


            Modelo17/27/245:16



Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2001 - Página 21696