O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil tem instituições tão competentes, laboriosas e produtoras de resultados de excelência que a simples menção de seus nomes é capaz de elevar e engrandecer nosso País em qualquer cenário ou fórum internacional. Quero falar hoje de uma dessas instituições, que, de tão conhecida dos brasileiros, nem precisa ter sua sigla decifrada em nome completo.

Trata-se da Embrapa, Sr. Presidente, a instituição que, ao longo dos seus 28 anos de serviços, provocou uma verdadeira revolução na agricultura brasileira. Se atestamos hoje um crescimento ímpar de nosso setor agropecuário, com aumento de produtividade e de qualidade, é porque a Embrapa aí esteve presente. Deve-se a ela, em grande parcela, o sucesso de tal desempenho.

Basta lembrar, em termos gerais, o grande salto de nossa produção agrícola, nas duas últimas décadas, que passou de 35 milhões de toneladas de grãos para mais de 80 milhões de toneladas! Esse crescimento deu-se em taxas três vezes maiores que o aumento da população.

Tomando, em sentido mais estrito, o impacto das tecnologias geradas pela Embrapa, muitas delas em parceria com institutos estaduais de pesquisa, universidades, fundações, empresas privadas, devem ser mencionadas algumas conquistas importantes. A oferta de carne foi multiplicada em quatro vezes e meia. A produção de leite, que não chegava a alcançar 8 milhões de litros, pulou para mais de 20 milhões de litros. A soja, adaptada às condições brasileiras, alçou o Brasil na posição de segundo produtor mundial. O desenvolvimento de tecnologia apropriada fez das regiões de cerrado cenário responsável por 40% da produção brasileira de grãos. Tecnologias específicas permitiram a produção de frutas no semi-árido. Técnicas de controle biológico inibiram a ação de dezenas de pragas.

São feitos de excepcional grandeza, Sr. Presidente, realizados por uma equipe de pesquisadores de elite, capaz de orgulhar qualquer Nação que se preze! É bom que se diga que a Embrapa sempre praticou uma política de recursos humanos de extraordinário acerto. Sempre foi prioridade para seus dirigentes enviar pesquisadores para cursos de Mestrado e Doutorado nas melhores universidades nacionais e estrangeiras. A Embrapa nunca negligenciou a formação no exterior de seu quadro de especialistas, para que o Brasil não perdesse terreno para países em estado mais adiantado de pesquisa.

É lamentável que nossos órgãos de pesquisa e fomento não tenham a mesma visão estratégica da Embrapa! Os recursos para bolsas de estudo no exterior vêm diminuindo e minguando a passos largos., enquanto outros países, até de menor monta que o nosso, incrementam os programas de formação e titulação fora do país. Não é por mero acaso, Sr. Presidente, que os pesquisadores da Embrapa se equiparam aos melhores do exterior, conseguindo gerar novos conhecimentos que colocam o Brasil no mesmo patamar de modernidade e competitividade de muitos países avançados, quanto ao desempenho do setor agropecuário.

Pelo apreço e respeito que sempre tive ao bom trabalho realizado pela Embrapa, li, com muito interesse e atenção, o último relatório de suas atividades, referente ao ano de 2000. De cada página que se lê, irrompe um manancial de ações realizadas pela Embrapa. São novos conhecimentos e soluções tecnológicas, são cultivares recomendadas, máquinas desenvolvidas, em uma extensa rede de atividades.

Gostaria de citar algumas dessas realizações, menos com o intuito de suprimir a leitura do Relatório - que recomendo fortemente a todos - e mais com a intenção de comprovar, pelas ações relatadas, a eficiência de sua atuação para o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro.

Em 2000, a Embrapa redirecionou sua programação de P&D - pesquisa e desenvolvimento -, procurando harmonizar as demandas do Plano Plurianual do Governo com as demandas imediatas do setor produtivo. Dessa reorientação, resultou um aumento da ordem de 42% no número de subprojetos de desenvolvimento de tecnologias e de gestão institucional, em relação a 1999.

No item “Novos Conhecimentos e Soluções Tecnológicas”, consta o lançamento de cultivares inéditas de algodão, arroz, batata, cenoura, feijão, milho, soja, trigo, além de uma infinidade de cultivares já conhecidas que foram adaptadas e estão sendo recomendadas para novas regiões. Para o meu Estado, por exemplo, foram recomendadas determinadas cultivares de algodão adaptadas para o Cerrado de Roraima e outras de arroz, adequadas para plantio de sequeiro.

Ainda nesse item, estão listadas estirpes para produção de bioinseticida contra o mosquito-da-dengue e o mosquito-urbano; estão também mencionados insumos à base de produtos orgânicos, que, além de substituírem determinados fertilizantes, são obtidos a baixo custo. Foram desenvolvidas novas máquinas, como abanadoras para feijão acionadas por motor elétrico; trilhadora estacionária para arroz, acionada por motor a gasolina; medidor computadorizado do teor de clorofila em plantas, além de outras.

No tocante à gestão de P&D, uma das preocupações da Embrapa tem sido “ampliar as condições de realização de pesquisa em rede, com o propósito de melhorar a qualidade dos trabalhos de pesquisa & desenvolvimento e das tecnologias geradas”. Consta no Relatório que, no ano de 2000, os centros de pesquisa da Embrapa contabilizaram mais de 7 mil ações de parcerias.

A cooperação internacional não está fora de seu raio de ação, seja por meio de mecanismos de cooperação bilateral e multinacional, de programas regionais ou da busca de novas fontes de financiamento. Em 2000, a Embrapa recebeu mais de 100 representantes de 23 países. Um dos feitos mais importantes de 2000 foi o encerramento do Programa de Modernização Tecnológica da Agropecuária da Região Centro-Sul do Brasil - Promoagro, que contou com o apoio financeiro do BID. O Promoagro, segundo o Relatório, "melhorou sensivelmente a infra-estrutura de P&D do País".

Sr. Presidente, se eu continuar nessa linha de exposição, destacando pontos do Relatório da Embrapa, vou, com certeza, cansá-los numa longa fala, e não conseguir fazer justiça a tudo o que essa Empresa realizou ao longo de 2000. As iniciativas de interação com a sociedade incluem ações relevantes, como a Vitrine de Tecnologias e o Projeto Embrapa & Escola, inseridas este ano na exposição Ciência para a Vida; o programa Dia de Campo na TV; o lançamento de quase 300 vídeos, etc.

A Embrapa emprestou seu apoio também à ação do Governo. No Plano de Safra 2000/2001, o Governo Federal ampliou seu trabalho de atualização tecnológica dos produtores. Dessa forma, foram realizados 150 seminários envolvendo um público de 2.260 técnicos e produtores líderes; 15 centros de pesquisa da Embrapa engajaram-se as ações de apoio, em 15 Estados.

Para finalizar, Sr. Presidente, quero parabenizar todo o quadro profissional da Embrapa, na pessoa de seu Presidente, Márcio Fortes de Almeida, por essas três décadas de destacada participação no cenário da agricultura e pecuária brasileiras.

São empresas como a Embrapa que nos infundem confiança e crença de que dias melhores hão de vir, seguramente!

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.