O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, num dia extremamente conturbado e triste por que passa todo o mundo, temos no Brasil uma notícia extremamente triste: o falecimento do empresário José Ermírio de Moraes Filho.

Nascido a 26 de novembro de 1926 - faria 75 anos -, José Ermírio de Moraes foi um dos maiores batalhadores pela indústria nacional que o País já possuiu. Fez seus primeiros estudos nos Estados Unidos. Formou-se em Engenharia e voltou ao Brasil para trabalhar, o que fazia há mais de 55 anos. Trabalhou até o último dia e até o último alento de suas forças. Foi um dos maiores nacionalistas que o País já possuiu. Todas as suas empresas estão no Brasil. Trata-se do maior grupo industrial brasileiro.

A família Ermírio de Moraes aliou o trabalho, a dedicação e a honestidade em prol do desenvolvimento deste País. O seu pai, José Ermírio de Moraes, foi Senador da República e representou o Estado de Pernambuco nesta Casa. O seu sogro era o velho Comendador Pereira Ignácio. Houve, então, uma conjugação de um pernambucano de boa cepa, de um português de boa cepa e da sua mulher, Neide Ugolini de Moraes, uma italiana de boa cepa.

           Como sempre digo, São Paulo é feito disso e, por isso, tornou-se grande, porque soube aproveitar as pessoas de outros Estados e reconhecer o talento de quem foi trabalhar. Com isso, transformou-se num grande Estado. Esse é o talento das pessoas de bem.

           José Ermírio ajudou a tudo o que era possível neste País e lutou denodadamente, sempre defendendo o capital nacional. Era obstinado a esse respeito. A sua família fala e provocou discussões acirradas até com o Governo sobre o problema energético. Faz cinco ou seis anos que o grupo Votorantim fala que haveria escassez de energia - e ocorreu. Ele realizou, durante a sua vida, uma série de empreendimentos que lhe dão quase autonomia nas suas empresas. Trata-se do maior grupo privado industrial do País. Na contramão da história, quando os bancos deram lucros fabulosos, ele, embora tenha uma pequeno banco, para as atividades do seu conglomerado, continuou um industrial, que é a sua atividade-mãe. Ele ajudou a Beneficência Portuguesa, o Hospital Cruz Verde, era presidente do Hospital do Câncer - onde faleceu -, colaborou com todos os esportes, com o tênis, com o futebol. Dedicou a sua vida inteira em ajudar, ajudar e ajudar o outro. Preocupou-se enormemente com a justiça social.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ele dedicou, no seu último balanço, R$36 milhões às causas sociais, aos hospitais, aos carentes e aos menos favorecidos. É uma perda irreparável de um homem quase insubstituível, que ainda mantém uma companhia fechada brasileira. Eu que sempre falo sobre a desnacionalização da indústria brasileira vejo com tristeza a morte de um dos últimos bastiões de uma empresa inclusive familiar. É uma empresa de família.

Sr. Presidente, sou um dos mais assíduos desta Casa, tinha apenas uma falta e faltei dois dias porque fui, na terça-feira passada, nas suas Bodas de Ouro. Ele fez questão de dar uma festa familiar. Amparado pelos filhos e pelos netos, compareceu à missa de ação de graças, onde entrou comovido. Todos os presentes choraram, família, pouquíssimos amigos, inclusive este que vos fala. Ele assistiu à missa de ação de graças. Todos perguntaram o porquê de tamanho esforço para assistir à missa e estar presente ao jantar. Ele demonstrou: era sua despedida. Ele despediu-se da família e dos amigos. E cada neto orava uma parte da missa. Todos choravam copiosamente. E o pedido final que José Ermírio fez foi que a próxima geração - seria a terceira -, acontecesse o que acontecesse, ficasse sempre unida, defendendo os interesses legítimos do Brasil e da nacionalidade.

É com profundo pesar que faço este pronunciamento. Tenho certeza de que falo em nome de todo o Senado brasileiro. Muito obrigado.