Pronunciamento de Maguito Vilela em 13/09/2001
Discurso durante a 112ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Solidariedade aos Estados Unidos e às famílias das vítimas dos atentados terroristas ocorridos ontem. Necessidade de reestruturação da atual ordem política e econômica mundiais, de forma a ajudar os povos mais pobres.
- Autor
- Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
- Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA INTERNACIONAL.:
- Solidariedade aos Estados Unidos e às famílias das vítimas dos atentados terroristas ocorridos ontem. Necessidade de reestruturação da atual ordem política e econômica mundiais, de forma a ajudar os povos mais pobres.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/09/2001 - Página 22013
- Assunto
- Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
- Indexação
-
- LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, OCORRENCIA, TERRORISMO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
- CRITICA, TERRORISMO, CRIME, MORTE, PESSOAS, ANALISE, FUTURO, DIPLOMACIA, POLITICA, ECONOMIA, ORDEM, MUNDO.
- REGISTRO, OCORRENCIA, TERRORISMO, MOTIVO, MANIFESTAÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, MUNDO, CRITICA, POSSIBILIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), EXECUÇÃO, REPRESALIA.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sobre a série de atentados sofridos ontem pelos Estados Unidos, escreveu hoje o escritor Carlos Heitor Cony, no jornal Folha de S. Paulo.
“A humanidade está diante de um desafio de desdobramentos impossíveis de serem calculados. Não é possível perguntar quem é o mocinho e quem é o bandido. Estamos diante de um conflito real. Lembrar o duelo entre David e Golias pode parecer uma tomada de posição favorável aos terroristas. Não se trata disso, pois todos são culpados e inocentes”.
Uma colocação, a meu ver, irrefutável. Não existem mocinhos e bandidos. Todos são culpados e inocentes.
Não há que se discutir que os gestos perpetrados ontem contra os Estados Unidos são absolutamente injustificáveis, sob todos os aspectos. Não há nada que possa referendar uma ação terrorista, desumana e covarde como a que o mundo todo assistiu, perplexo, ao vivo, em rede mundial de televisão.
Mas tão injustificável quanto os ataques de ontem seria usá-los para justificar uma escalada de violência mundial, a partir de possíveis retaliações do governo do Estados Unidos. Mais do que pensar em vingança, como deixou claro ser seu desejo o presidente George W. Bush, os Estados Unidos e o mundo precisam repensar a estrutura da atual ordem política e econômica do mundo. E agir, de forma decisiva, para ajudar aos povos mais pobres e solucionar problemas empurrados por dezenas de anos, que condenam populações inteiras, tão inocentes como as milhares de pessoas que morreram sob os escombros do World Trade Center, ao sofrimento, à humilhação e à morte.
Não há como admitir, no atual estágio das relações diplomáticas e humanas, que o povo palestino, por exemplo, continue vivendo sob a vigia militar dos israelenses, sem país, sem pátria, espremido pelo preconceito e pelo ódio.
As decisões da ONU são muito claras. Tanto judeus como palestinos têm o direito a uma pátria livre e soberana, a constituírem seus territórios com independência, a erguerem suas vidas com dignidade.
Defensores do estado democrático que somos, temos de repudiar com todas as nossas forças atitudes como a que assistimos ontem, sejam elas contra quem for. Mas que os Estados Unidos e seus aliados, os países mais ricos e poderosos do mundo, não usem a tragédia de Nova Iorque apenas para justificar ataques retaliatórios contra sociedades que, às vezes, não têm culpa de ações planejadas e executadas por grupos terroristas radicais.
O mundo todo, mas especialmente o grupo dos países ricos, deve olhar para o dia de ontem como um alerta ao perigo que é manter o estágio de desigualdades existentes no planeta, aprofundados pela globalização que tem se mostrado um instrumento de enriquecer quem já é rico e empobrecer os mais pobres.
Enquanto tivermos nações inteiras subjugadas, vivendo sob a opressão da asfixia econômica e social, continuaremos sujeitos a assistir e a sofrer atentados tão bárbaros como os que o mundo viu serem perpetrados contra a maior potência do planeta.
Registro a minha solidariedade ao povo americano e os meus sentimentos de profundo pesar pelas famílias das inocentes vítimas que perderam sua vidas. Mas deixo também o meu apelo e a minha torcida para que os acontecimentos de 11 de setembro sirvam para que os detentores do poder mundial revertam suas prioridades e passem a trabalhar por uma nova ordem mundial, mais justa, mais humana, mais igual.
Muito obrigado.
Modelo112/27/244:24