O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Senadores, ocupo hoje esta tribuna para fazer três importantes registros.

            O primeiro, o faço com muito pesar, notificando o falecimento do grande poeta catarinense Marcos José Konder Reis na semana passada. Amigo querido, a ele fui ligado por longos anos por laços afetivos e de parentesco. Poeta, com uma grande obra reconhecida, começou na arte da poesia em 1944, com seus dois primeiros livros Intróito e Tempo e Milagre.

            De lá para cá, publicou David, em 1947; Apocalipse e Menino de Luto, em 1948; O Templo da Estrela, tendo Menino de Luto lhe concedido, por votação dos críticos literários, o título da maior revelação, naquele ano, no campo da poesia.

            Publicou, ainda, Marcos Konder Reis, em 1951, Praia Brava e Herança, O Muro Amarelo e Armadura de Amor, em 1968. Em 1972, Figura Maldita e Caminho das Pandorgas. Com este, recebeu o prêmio Golfinho de Ouro de Literatura naquele ano. Publicou, ainda, Sol dos Tristes e Caporal Douradinho, Santa Catarina e Campos de Flechas.

            Ao registrar, com muito pesar, o desaparecimento desse ilustre poeta catarinense, devo enfocar aqui o que dele disseram, no correr do tempo, eminentes figuras da literatura brasileira.

            Murilo Mendes assim se pronunciou, em 1947:

Através da desordem de seus versos, dessa dispersão barroca, sente-se uma alma viva palpitando; percebo às vezes, aqui e ali, faíscas geniais. Sua ambição, finalmente, é a de todos os poetas que assumiram a fatalidade da sua vocação - a de, através de todas as lutas, misérias, desânimos e sofrimentos, arrebatar o céu.

            Sérgio Milliet, em 1950, assim se referiu ao poeta falecido:

            Com esse atento cuidado da forma, não perde o poeta, entretanto, em sensibilidade o que ganha em originalidade. O que nos dá, agora, é novo, tanto pelo conteúdo como pelo continente.

            Lúcio Cardoso, seu fraternal amigo, assim se expressou, em 1950:

            Em nosso adormecido movimento literário, quero apenas saudar “Praia Brava” como um instante luminoso do poder criador brasileiro - e salientar que este livro situa seu autor num dos pontos mais altos de nosso firmamento poético, uma rara estrela, que saudamos comovidos e com o coração cheio de entusiasmo.

            Sérgio Buarque de Holanda, em 1951, assim se referia à obra de Marcos Konder Reis:

É certo que essa poética, delirante e espaçosa, precisaria de uma retórica adequada aos seus desígnios. E esta dificilmente seria a das formas fixas e a das medidas clássicas, em verdade impotentes para suportarem tão imensa procissão de sortilejos.

            Mário Quintana também se manifesta sobre a obra de Marcos Konder Reis, ao dizer:

Outro dia tive vontade de reler “Praia Brava”, que acho um dos livros mais belos e marcantes da nossa poesia.

            E encerro essas considerações lendo o que sobre o poeta desaparecido escreveu Carlos Drummond de Andrade:

...lendo um ora outro (de seus livros), e em cada um páginas esparsas, vou aprofundando este verso que me parece conter a chave, ou uma das chaves, de sua inquieta e perturbadora poesia: ‘Todo homem é a dívida de um anjo’. Dizer tudo em meia dúzia de palavras, dizê-lo de maneira absoluta não obstante todos os véus da alegoria, é privilégio do poeta, e você, neste verso, exerceu plenamente, dizendo mais do que disse. Seus livros são a ilustração, cheia de luz e sombra, de música e nostalgia, desse pensamento que resume um dolorido aprofundamento de essências.

            Com essas palavras escritas por Carlos Drummond de Andrade, quero prestar a minha homenagem ao grande catarinense, ao poeta ilustre, ao amigo de todos os dias, Marcos José Konder Reis.

            O segundo registro, que quero fazer nesta oportunidade, já deveria tê-lo feito na semana passada. Mas, em função dos tristes acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos da América, preferi deixar para hoje a leitura de uma carta que recebi, como Presidente do Movimento dos Parlamentares da Democracia Cristã das Américas, como Presidente do PFL, do Presidente do Partido Conservador Colombiano, datada de 29 de agosto de 2001.

Prezado amigo e colega:

Ref.: Grave ameaça contra a democracia colombiana

Quero fazer-lhe chegar uma cordial saudação do Partido Conservador Colombiano e solicitar-lhe muito comedidamente sua solidariedade para deter a grave ameaça que cai sobre a democracia colombiana por parte da guerrilha das FARC.

Em momentos em que se avança na campanha eleitoral para eleger o Congresso da República em março do próximo ano, a guerrilha FARC tem declarado “objetivo militar” aos congressistas e altas autoridades, fazendo uma série de ameaças e seqüestros contra senadores e representantes da Câmara e suas famílias, prejudicando de forma grave a realização de eleições livres e democráticas previstas para 2002.

Na atualidade, temos dois congressistas seqüestrados: o representante da Câmara, Oscar Tulio Lizcano, do Partido Conservador (PCC), que esta semana completa um ano privado de sua liberdade pela guerrilha, e o Senador Luis Eladio Pérez, presidente da Comissão de Assuntos Exteriores e Defesa do Senado da República, do Partido Liberal.

Ademais, na semana anterior, a esposa e os filhos do Senador Jaime Lozada, do Partido Conservador Colombiano (PCC), e mais outras 13 pessoas foram retiradas à força de suas residências a altas horas da madrugada na cidade Neiva e levadas, parece, para a “zona de distensão”, território sem força pública pelo governo, para adiantar o processo de diálogo com a guerrilha. Esses seqüestros se somam ao recente assassinato do parlamentar Diego Turbay, em companhia de sua mãe.

Frente a esta cruel situação, o Partido Conservador Colombiano solicita o apoio dos partido políticos do mundo e, em particular, dos seus colegas da organizações políticas e amigas, dos parlamentos e congressos, dos próprios congressistas, das organizações não-governamentais que lutam pela liberdade e pela democracia.

Nenhuma idéia, projeto ou interesse político de qualquer outra dimensão justifica a prática abominável do delito contra o Direito Humano Internacional, como é o seqüestro e os atos terroristas que afetam a população civil e pessoas indefesas.

O seqüestro de cidadãos por parte da guerrilha significa, na Colômbia, cerca de 80% dos seqüestros no mundo e agora se constitui uma grave ameaça contra as eleições livres e democráticas do próximo ano.

Estamos seguros de contar com sua solidariedade e apoio.

Cordiais saudações,

Carlos Holguin Sardi, Presidente do Diretório Nacional Conservador.”

            Faço esse registro, porque entendo que, como Presidente do Movimento dos Parlamentares da Democracia Cristã das Américas e do Partido da Frente Liberal no Brasil, é essa denúncia de alta gravidade, e não podemos deixar de manifestar a nossa solidariedade aos irmãos que sofrem na Colômbia, aos Parlamentares que estão seqüestrados.

            Sr. Presidente, um terceiro registro pretendo também fazer, este mais festivo, nem de pesar nem de solidariedade a uma grave ameaça: a ação desenvolvida pelo Ministro de Minas e Energia, José Jorge, em relação ao Estado de Santa Catarina.

            Na semana passada, dando curso a uma ação coordenada pelo Governador do Estado, Esperidião Amin, e especialmente pelo Vice-Governador, Paulo Bauer, teve Santa Catarina a oportunidade de ver incluída, na relação das novas 15 termelétricas a gás, uma, situada no norte do nosso Estado, termelétrica que permitirá a geração de mais 360 megawatts e que, por meio da iniciativa privada e com a participação das Centrais Elétricas do Estado, poderá fazer com que o nosso Estado de Santa Catarina venha a ajudar o País neste momento em que vivemos uma crise energética.

            Por outro lado, devo salientar também a presença, hoje, em Santa Catarina, do Ministro José Jorge e do Presidente da Petrobras na inauguração de um Centro de Defesa Ambiental no porto de Itajaí, que atenderá aquele porto e toda a região Sul, demonstrando que a Petrobras, preocupada com os acontecimentos anteriores, como os desastres ecológicos ocorridos, está preparando-se para prevenir novas eclosões de crises ambientais.

            Ao ressaltar a presença do Ministro José Jorge em Santa Catarina, quero dizer, em nome dos catarinenses, que S. Exª - nosso eminente colega de Partido e de Senado - está cumprindo, e muito bem, uma missão do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

            Muito obrigado.

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