Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a possibilidade de ataque norte-americano ao Afeganistão.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Preocupação com a possibilidade de ataque norte-americano ao Afeganistão.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2001 - Página 22238
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, POSSIBILIDADE, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REPRESALIA, PAIS ESTRANGEIRO, AFEGANISTÃO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, PRESERVAÇÃO, DEMOCRACIA, UTILIZAÇÃO, POLICIA, ORGÃOS, SEGURANÇA, DETENÇÃO, TERRORISTA, IMPEDIMENTO, AUMENTO, TERRORISMO, VIOLENCIA, MORTE, PESSOAS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), AUTORIA, WILLIAN PFATT, JORNALISTA, DEFESA, NECESSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), UTILIZAÇÃO, POLICIA, ESPIONAGEM, COMBATE, OSAMA BIN LADEN, LIDER, TERRORISTA.
  • SOLIDARIEDADE, VITIMA, TERRORISMO, DEFESA, BUSCA, PAZ, MUNDO.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o meu pronunciamento nesta tarde tem o objetivo de demonstrar que muitos setores, não só do jornalismo nacional como do meio político, estão preocupados com o desencadeamento das ações propostas pelos Estados Unidos da América, como represália àquele trágico acidente que derrubou dois prédios símbolos da força e da pujança do capitalismo americano, vitimando muitas pessoas inocentes, que nada tinham a ver com o ódio existente dentro do coração de homens que não têm nenhum sentimento de humanidade.

            Sr. Presidente, a nossa preocupação tem sentido, uma vez que o ataque perpetrado no território norte-americano por aviões seqüestrados por terroristas não foi propriamente de nações que declararam, direta ou indiretamente, guerra aos Estados Unidos. Foi um ataque planejado e executado por terroristas que não têm nenhum compromisso com a democracia, com a humanidade e simplesmente acreditam que determinadas pessoas, forças, países ou lideranças não podem existir. E os criadores desse fundamentalismo exacerbado acreditam que podem morrer a qualquer instante ou situação em que a causa principal não esteja visível ou demonstrada.

            Ora, Sr. Presidente, esses terroristas devem ser detidos pelas nações democráticas com o uso da polícia e dos órgãos de segurança, e não por meio de ataques indiscriminados que poderão redundar no aumento de mortes de pessoas inocentes. Não se justifica, de forma alguma, uma represália que não seja baseada, acima de tudo, no apoio da sociedade mundial.

            No Correio Braziliense de hoje, o jornalista William Pfaff escreve um artigo consubstanciando a tese de que está claro que os Estados Unidos têm que enfrentar as organizações terroristas de Bin Laden, mas por meio de ações da polícia e de espionagem. Há o perigo de que outras nações que tenham entrelaçamento direto ou indireto com essas forças terroristas possam se juntar e esse conflito se propagar por algumas nações que, inclusive, já dispõem do conhecimento da bomba atômica, como é o caso do Paquistão, que hoje apóia os Estados Unidos, mas que, amanhã, se houver uma reviravolta política, pode entrar no conflito e, assim, provocar um resultado de efeito imprevisível.

            Já nos solidarizamos com os Estados Unidos por meio de requerimento apresentado pelo Senador Carlos Wilson, que foi assinado por mim e com apoio unânime desta Casa, por aquele triste acontecimento que ceifou tantas vidas.

            Sr. Presidente, diz o jornalista, no seu artigo:

Os interesses a longo prazo dos Estados Unidos não podem se dar ao luxo de uma guerra que implique o risco de empurrar a Arábia Saudita e os outros regimes conservadores islâmicos a uma aliança com movimentos radicais, que já são poderosos no Irã, Sudão e Argélia e que têm influência no Egito, Paquistão, Bálcãs, Cáucaso, Ásia Central e África Subsaariana. Mas esse é o perigo.

            Além disso, Sr. Presidente, não é demais comentar que, muito embora compreendamos que os Estados Unidos têm acordos com os seus aliados, algumas vezes esses acordos não têm limite. Muitas vidas são destruídas, como na Palestina; muitos acontecimentos terríveis e violentos acontecem no Oriente Médio e as acusações vão sempre na direção de que os americanos dão carta branca a seus aliados, como Israel, em qualquer ação, sem medir as conseqüências.

            De outro lado, como os Estados Unidos são o maior sócio do FMI, que engendra a política monetária e econômica nos países subdesenvolvidos, logicamente esse processo de concentração do poder econômico dos Estados Unidos tem provocado divergências, malquerenças e até ódio, que são traduzidos em atos de violência contra os próprios americanos.

            Desde a invasão ou a destruição de Washington pelos ingleses, nunca vimos acontecer fato tão contristador e violento dentro dos Estados Unidos. O ataque a Pearl Harbor se deu quando os Estados Unidos ainda não haviam entrado na guerra. Logo após o ataque da última terça-feira, relembrou-se Pearl Harbor, mas são fatos inteiramente diferentes, porque este aconteceu fora dos Estados Unidos e a guerra total era iminente.

            Hoje, o que vemos é um inimigo praticamente invisível, que pode agir em qualquer país e destruir vidas humanas inocentes. E, se não houver a devida moderação, se não houver um projeto onde a solidariedade dos aliados não seja trocada por um apoio cego, poderemos entrar num conflito de conseqüências imprevisíveis.

            Portanto, a minha palavra, neste instante, quando me solidarizo mais uma vez com as vítimas do ataque terrorista aos Estados Unidos, é de preocupação com os fatos aqui anunciados. Esperamos que os americanos, que detêm hoje a liderança mundial não apenas em termos econômicos, financeiros e monetários, mas também em material bélico, entendam que, com essa liderança, que consideramos realmente muito grande, devem encaminhar o mundo para que alcance definitivamente a paz e não o aumento do terrorismo e da violência.

            Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


            Modelo15/5/243:49



Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2001 - Página 22238