Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo com a implantação, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, do programa SenacMóvel.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO MEDIO.:
  • Regozijo com a implantação, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, do programa SenacMóvel.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2001 - Página 22274
Assunto
Outros > ENSINO MEDIO.
Indexação
  • COMENTARIO, DESPREPARO, POLITICA, EDUCAÇÃO, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO, PREPARAÇÃO, ALUNO, EXIGENCIA, MERCADO DE TRABALHO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), EXPANSÃO, ATENDIMENTO, REGIÃO, CARENCIA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, IMPORTANCIA, SUPLANTAÇÃO, PROBLEMA, NATUREZA ECONOMICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, entre nós existe o consenso em torno da educação como forma de superação da pobreza e das desigualdades. Vislumbramos no aprendizado da leitura, das ciências e da matemática uma forma de as pessoas das classes populares romperem o cerco de pobreza. Mas por que creditamos esse poder à educação? Porque ela é vista como um meio de acesso ao mercado de trabalho, em ocupações mais especializadas.

            Infelizmente, isso nem sempre ocorre. Não deixamos de nos sentir um tanto frustrados quando um adolescente ou um jovem adulto não consegue uma colocação no mercado de trabalho, um emprego mais qualificado, mesmo tendo cumprido os oito anos do Ensino Fundamental ou os doze anos até completar o Ensino Médio.

            Por vezes, a falta de preparo em determinadas habilidades exigidas pelo mercado é a desculpa: “não é possível empregar alguém que não saiba lidar com o computador”. Essa seria uma desculpa típica para um problema crônico: a falta de sintonia da escola com as necessidades do mercado.

            Na década de 1970, tentou-se superar esse problema com a expansão do ensino profissionalizante no nível médio (então, chamado de Segundo Grau). Assim é que, no lugar do antigo propedêutico (preparatório para a universidade), ganhou força a idéia do Segundo Grau profissionalizante. Deste modo, se expandiram os cursos de técnico em contabilidade, em administração, em análises clínicas, etc. Só que, nesse caso, o prejuízo acabou sendo maior. Nem os alunos (principalmente os da rede pública) tinham o acesso a matérias que “caíam no vestibular”, nem saíam profissionalizados, justamente pela superficialidade com que os conteúdos eram tratados. Além do que, a inexistência de laboratórios próprios ou de escritórios para as práticas escolares tornava o ensino profissionalizante essencialmente “livresco”, ou seja, de novo nos víamos diante do problema da falta de capacitação de mão-de-obra.

            O mais incrível é que isso acontecia em um País que necessitava e necessita de mão-de-obra qualificada. No Nordeste, por exemplo, com a expansão da indústria turística, a rede hoteleira e de restaurantes reclamava a disponibilidade de pessoal preparado. Com o advento da informática nas áreas de prestação de serviços (administração, vendas, contabilidade), a falta de pessoas qualificadas trazia (e traz) muitos prejuízos ao próprio mercado, que perde clientes, deixa de alcançar os níveis de qualidade exigidos mundialmente, etc.

            É importante salientar que sempre houve, por parte das redes estaduais e municipais de ensino, uma carência de recursos para cobrir essas falhas. Embora, hoje, o MEC esteja tentando informatizar as escolas, sabemos que o alcance dessa iniciativa ainda é limitado.

            A contrapartida para essa situação de carência sempre existiu. Mas, infelizmente, era limitada. Trata-se da rede de ensino profissionalizante do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Nos grandes centros urbanos, sempre tivemos instalações do SENAC com cursos para capacitação na área de moda e beleza (cabeleireiros, barbeiros, maquiadores); de comércio (vendedores, gerentes); de saúde (enfermagem); de informática, e assim por diante.

            Mas as periferias desses centros urbanos e a esmagadora maioria dos municípios brasileiros continuavam carentes de um serviço especializado e, de fato, profissionalizante.

            É, portanto, com imensa satisfação, que vejo que o SENAC, sensibilizado com essa situação, está expandindo seus serviços para alcançar os que até agora se encontravam sem meios para se capacitar.

            Trata-se do programa SenacMóvel, que está levando o ensino profissionalizante a centenas de pequenos municípios brasileiros. São quatro as áreas de formação: Turismo e Hotelaria, Saúde, Informática e Administração, e Moda e Beleza. Com essa estratégia, o SenacMóvel leva conhecimento e aperfeiçoamento profissional a pessoas que jamais teriam acesso a um serviço como esse, se não fosse essa iniciativa.

            Trata-se de verdadeiros “laboratórios” de trabalho, instalados em carretas e em uma balsa. Em cada uma dessas estações de formação e aperfeiçoamento, estão instalados equipamentos que reproduzem uma sala de trabalho regular. Na de moda e beleza, por exemplo, o aprendiz encontra bancadas para corte e penteados, vaporizador, secadores, frisadores, máquinas de cortar cabelo, e assim por diante. No de informática e administração, encontram-se bancadas, armários e mesas para microcomputadores, impressoras e scanner, aparelhagem de áudio e vídeo. Na de turismo e hotelaria, a reprodução de um restaurante e sua cozinha ou da recepção de um hotel. Na de saúde, cama hospitalar, balanças antropomédica e pediátrica, aparelhos de pressão, enfim, tudo o necessário para compor um ambulatório hospitalar.

            Além disso, cada estação de ensino profissionalizante é dotada de antenas parabólicas, equipamentos para teleconferência e acesso a Internet. Por meio desses instrumentos, são realizadas teleconferências nacionais, com a presença de especialistas, que transmitem conhecimentos, respondem a perguntas, enfim, oferecem a oportunidade de acesso a um conhecimento privilegiado para uma comunidade que tão cedo não disporá desses meios.

            Até agora, foram atendidos 171 municípios, com 55 mil alunos formados nesses cursos. As carretas (ou a balsa) se deslocam para o município após ser feita uma pesquisa sobre as principais demandas. De acordo com o perfil do município, é enviada uma carreta-laboratório, com os equipamentos e instrutores para os cursos ali requeridos. Se região de turismo, uma carreta de turismo e hotelaria, se de prestação de serviços, uma de informática e administração, e assim por diante.

            A carreta (ou a balsa) tem estrutura para fornecer três turnos de cursos por dia e permanece em cada localidade o tempo necessário para formar uma quantidade de profissionais que não venha a saturar o mercado.

            Desse modo, com uma economia de escala enorme, está sendo possível levar ensino profissionalizante, de qualidade, a uma infinidade de municípios.

            Faço este registro por considerar que ele é muito significativo para todos nós que sonhamos com um País melhor, com pessoas podendo, por seus próprios meios, superarem as dificuldades econômicas.

            Parabéns ao SenacMóvel, parabéns à direção do Senac por essa iniciativa. E que ela continue e forneça o modelo para outras instituições que trabalham com ensino profissionalizante.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.

 

            


            Modelo112/20/246:30



Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2001 - Página 22274