Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Carência de funcionários no hospital universitário da Universidade Federal de Sergipe, porque não se permite a realização de concursos públicos.

Autor
José Eduardo Dutra (PT - Partido dos Trabalhadores/SE)
Nome completo: José Eduardo de Barros Dutra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Carência de funcionários no hospital universitário da Universidade Federal de Sergipe, porque não se permite a realização de concursos públicos.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2001 - Página 22316
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • PRECARIEDADE, FUNCIONAMENTO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFSE), ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE, FORMAÇÃO, ALUNO, MEDICINA, ENFERMAGEM, ODONTOLOGIA, PSICOLOGIA, FARMACIA.
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), ILEGALIDADE, SITUAÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFSE), UTILIZAÇÃO, FUNDAÇÃO, CONTRATAÇÃO, PESSOAL, MOTIVO, PROIBIÇÃO, CONCURSO PUBLICO, EXIGENCIA, DEMISSÃO, SERVIDOR, MULTA, REITOR, APREENSÃO, BANCADA, ESTADO DE SERGIPE (SE), POSSIBILIDADE, FECHAMENTO, HOSPITAL, PROPOSTA, AUMENTO, PRAZO, REGULARIZAÇÃO.

O SR. JOSÉ EDUARDO DUTRA (Bloco/PT - SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, até para permitir que os nossos colegas venham ao Plenário a fim de que possamos votar matéria tão importante, manterei a minha inscrição. Registro uma situação quase surrealista que está acontecendo no meu Estado em relação à Universidade Federal de Sergipe. Nós, da Bancada de Sergipe - todos os Srs. Senadores e os Srs. Deputados - estivemos hoje com o Presidente do Tribunal de Contas da União.

O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, fundamental ao atendimento às populações carentes e às aulas práticas em cinco cursos de graduação daquela Universidade - em 2001, somaram cerca de 1.204 alunos, sendo 462 no curso de Medicina, 322 no curso de Enfermagem, 205 no curso de Odontologia, 195 no curso de Psicologia e 20 no curso de Farmácia - vem funcionando precariamente. Como há uma política nacional proibindo a abertura de concursos públicos para as universidades, inclusive com o conhecimento do MEC, o Reitor da universidade, Professor Lima, utilizou-se de uma Fundação, em que uma das mantenedoras é a própria Universidade Federal de Sergipe, a Fapese, para contratar duzentos e poucos funcionários que mantêm o funcionamento do hospital. Concretamente, é uma situação irregular, porque a Constituição e a própria legislação não permitem esse tipo de artifício. Mas isso não acontece apenas em Sergipe, ocorre em diversas outras universidades, porque é a forma que se tem de manter em funcionamento esses hospitais, na medida em que o Governo não permite a abertura de concurso público.

O Tribunal de Contas da União, do ponto de vista técnico, corretamente - diga-se de passagem, temos que reconhecer isso - manifestou-se no sentido de determinar que é ilegal aquele tipo de ação. Deu um prazo de 90 dias para a demissão dos 268 servidores e ainda multou o Reitor da universidade, salvo engano, em R$19 mil.. Estivemos hoje, toda a Bancada de Sergipe, como já eu disse, com o presidente do Tribunal de Contas para tentar encontrar uma saída. Não queremos, de forma alguma, que o Tribunal de Contas deixe de exercer as suas funções, até porque o trabalho do Tribunal de Contas tem-se aperfeiçoado, particularmente a partir da mudança da realidade do Congresso, e tem feito o seu trabalho no sentido de detectar irregularidades por agentes públicos. Mas estamos chegando a uma situação, que é quase que uma “escolha de Sofia”. Cumprir a lei significa demitir os 268 funcionários da Fapese, o que, na prática, levaria ao fechamento do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Apesar de todos os pleitos empreendidos pelo Reitor, não há permissão de concurso público para suprir essas vagas, e as pessoas concursadas passariam a ser efetivas inclusive da universidade. Como o Governo não permite o concurso - a universidade não tem autonomia para fazer o concurso se não houver autorização do Ministério da Educação - o Reitor teve que encontrar uma saída para evitar o fechamento do hospital, o que traria problemas graves não só para esses cursos de graduação da universidade, como também para as populações carentes que lá são atendidas.

A saída encontrada, do ponto de vista legal, é inadequada e incorreta, como disse o Tribunal de Contas da União, tem o conhecimento do MEC e não é exclusividade de Sergipe.

Hoje estamos na situação em que o reitor, para cumprir a lei, tem que demitir mais de duzentas pessoas e, ao fazê-lo, fechará o hospital.

Estivemos com o Presidente do Tribunal, e S. Exª proporá um prazo maior. O fundamental, na verdade, é que se possibilite a realização de concurso público para garantir o emprego dessas pessoas e a efetiva continuidade das atividades do hospital universitário. Essa, inclusive, é a posição da Bancada de Sergipe, que hoje foi, junto com o reitor, ao Ministro Homero Santos, Presidente do Tribunal de Contas da União.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2001 - Página 22316