Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Importância do estudo realizado pela UNICAMP e pela Universidade da Terra, de Brasília, sobre o potencial para produção de energia eólica da Região do Jalapão, em Tocantins.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Importância do estudo realizado pela UNICAMP e pela Universidade da Terra, de Brasília, sobre o potencial para produção de energia eólica da Região do Jalapão, em Tocantins.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2001 - Página 22403
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • ANALISE, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, PESQUISA TECNOLOGICA, DESENVOLVIMENTO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, OBJETIVO, SOLUÇÃO, CRISE, ENERGIA ELETRICA.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), UNIVERSIDADE PARTICULAR, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ESTUDO, REGIÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), CRIAÇÃO, USINA, ENERGIA EOLICA, ELOGIO, DESENVOLVIMENTO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, RESPEITO, MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cada novo estudo que se procede neste País, Sr. Presidente, descobrem-se novas potencialidades e novas alternativas para a solução de seus problemas e superação de suas dificuldades.

Mais de uma vez tenho defendido, desta tribuna, a necessidade de investimentos maciços na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias adequadas a essas potencialidades como forma de o Brasil encontrar seus próprios caminhos e ocupar seus espaços no mundo globalizado.

Os recentes acontecimentos referentes à tragédia que se abateu sobre os Estados Unidos, e que afetou - e ameaça afetar mais profundamente ainda - o mundo, mostra o equívoco deste sistema concentrado, que torna o mundo, e o Brasil como conseqüência, vulnerável a qualquer abalo - grande ou pequeno - que aconteça em qualquer lugar do Planeta.

“Isto é inevitável - é uma conseqüência da globalização” - justificam os defensores do modelo.

Não! Sr. Presidente. Não é inevitável, se o modelo da globalização em vez de ser apenas concentrador, se caracterizasse pelo crescimento global e múltiplo do planeta, integrando no processo um número cada vez maior de países e de pessoas, promovendo autonomias e iniciativas locais cada vez mais diversificadas e interligadas, ou mesmo interdependentes, diferentemente do que ocorre hoje.

Mas, para que este tipo de globalização pluralista e interdependente ocorra, como haverá de ocorrer por imperativo da evolução da sociedade humana, é necessário que as potencialidades de cada povo, como de cada indivíduo, tenham a oportunidade de se desenvolver ao máximo.

E é neste novo modelo, Sr. Presidente, que o Brasil tem a chance histórica de desenvolver-se e ocupar seus espaços no mundo globalizado nesta nova e necessária perspectiva da globalização. Esta chance decorre das imensas potencialidades ainda não exploradas deste País, que se encontram em todas as suas regiões, mas especialmente na Amazônia.

Retorno ao início deste pronunciamento e à razão de ocupar, neste momento, esta tribuna.

Dizia no começo que a cada novo estudo que se procede neste País sobre suas potencialidades descobrem-se novas alternativas para superação de seus problemas.

Assim é que estudos recentes realizados por professores pesquisadores da UNICAMP e da Universidade da Terra, de Brasília, revelam que a região do Jalapão, no Tocantins, em função de seu regime de ventos influenciado pelas características da região, se constitui em área ideal para a implantação de um grande projeto de usinas eólicas, capazes de abastecer cerca de três milhões de pessoas, isto é, quase três vezes a população do Estado do Tocantins, e bem mais que a população da maioria dos Estados do Norte ou do Nordeste. Uma energia limpa, ecológica e barata, que demanda recursos menos significativos para implantação do que os que demandam as usinas tradicionais.

Empresas e organizações privadas que ajudam no desenvolvimento desses estudos já manifestaram interesse na implantação do projeto, podendo citar-se a empresa Kaguciama - Energia Alternativa para a Amazônia, organizações não governamentais como a Associação de Preservação dos Botos da Amazônia e a Sociedade Americana de Energia Eólica.

De outra parte, Sr. Presidente, desejo realçar que a região do Jalapão, por ser área de imensos descampados, permite, como poucas áreas, a circulação de correntes eólicas, que, na época das secas, chegam a alcançar uma média de 60 km/hora.

No entanto, por essas razões também o Jalapão apresenta características únicas de belezas cênicas incomparáveis, que mesclam áreas de dunas desérticas, com abundantes fluxos de água, vegetação de cerrado, planícies e elevações de tipo serras de mesa, que constituem notáveis cenários de atração turística.

A descoberta do Brasil, deste Brasil de potencialidades imensas e não imaginadas pelo Brasil urbano e tradicional há de abrir novos caminhos para o nosso desenvolvimento - um desenvolvimento integrado no mundo, porém autônomo, em favor do povo brasileiro e da construção de um país sociedade justo e viável.

Mas para isto é necessário conhecer o Brasil e, conhecendo-o, acreditar nele e viabilizar instrumentos e meios, inclusive financeiros, para torná-los realidade.

Creio que este registro pode, igualmente, servir de contribuição à análise da proposta orçamentária ora em trâmite nesta Casa, para que o orçamento da União se transforme, efetivamente, num instrumento de desenvolvimento nacional e não constitua apenas um instrumento de equilíbrio de receitas e despesas, instrumento necessário, mas não suficiente para construir o grande País que os brasileiros merecem.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2001 - Página 22403