Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação pela eleição do Senador Ramez Tebet à Presidência do Senado Federal. Necessidade de agilização, no Congresso Nacional, das reformas política e tributária.

Autor
Lúdio Coelho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Lúdio Martins Coelho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. LEGISLATIVO.:
  • Satisfação pela eleição do Senador Ramez Tebet à Presidência do Senado Federal. Necessidade de agilização, no Congresso Nacional, das reformas política e tributária.
Publicação
Publicação no DSF de 22/09/2001 - Página 22558
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. LEGISLATIVO.
Indexação
  • ANALISE, ELOGIO, ELEIÇÃO, RAMEZ TEBET, SENADOR, PRESIDENTE, SENADO, CONGRESSO NACIONAL.
  • ANALISE, CRITICA, SITUAÇÃO, BRASIL, EXCESSO, VALORIZAÇÃO, MOEDA, REDUÇÃO, EXPORTAÇÃO, DESESTATIZAÇÃO, EMPRESA, AUMENTO, DIVIDA EXTERNA.
  • DEFESA, AGILIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, IMPLEMENTAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMA POLITICA, REGISTRO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, QUANTIDADE, PARTIDO POLITICO, OBJETIVO, COMBATE, CONFLITO, INTERESSE.

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            O SR. LÚDIO COELHO (Bloco/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna, neste momento, seguindo a mesma linha de raciocínio do Senador Carlos Patrocínio. Quero transmitir às Srªs e aos Srs. Senadores, principalmente à população do meu Estado, a satisfação com a eleição do Senador Ramez Tebet para ocupar a Presidência do Senado Federal e, conseqüentemente, do Congresso Nacional.

            Mato Grosso do Sul tem uma expressão eleitoral pequena, e, pela terceira vez, um mato-grossense preside o Senado da República: primeiramente, foi o então Senador Filinto Müller, depois o Senador José Fragelli e agora o Senador Ramez Tebet.

            Também quero dizer aos meus companheiros do Senado que considero muito importante essa eleição ocorrida ontem aqui.

            Neste ano, o desempenho de minhas atribuições nesta Casa não me trouxeram nenhum prazer, nenhuma satisfação. Gosto de trabalhar, gosto que as coisas dêem certo. O prazer maior de quem trabalha não é ganhar as coisas, mas o de que o seu trabalho dê certo. Contudo, neste ano, as atividades do Senado Federal foram inadequadas de maneira geral. Houve uma constante retaliação entre pessoas, e os assuntos principais da Nação brasileira não foram tratados.

            Penso que, com a eleição do Senador Ramez Tebet, com seu equilíbrio e com sua parcimônia, S. Exª terá condições de criar um clima de tranqüilidade, buscando um entendimento em todas as áreas, o que é absolutamente necessário entre nós, políticos brasileiros.

            O País está passando por transformações muito profundas. Ouvia há pouco o Senador Ademir Andrade - não o aparteei, porque estava presidindo esta sessão -, fazendo restrições permanentes ao desempenho de Sua Excelência, o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

            O Brasil passou um período enorme em que gastar recursos públicos era considerado uma qualidade positiva do administrador. Fui Prefeito de Campo Grande por duas vezes e era constantemente criticado, porque não endividava a nossa Prefeitura. Os modernistas diziam que era necessário fazer dívidas - um administrador faz a dívida, e o outro a paga. E assim foi administrada a coisa pública por muito tempo, sempre se gastando mais do que se podia, independentemente dos recursos disponíveis.

            Chegou-se a uma inflação fantástica. E, agora, o Presidente Fernando Henrique está tentando recuperar a economia nacional. Conseguimos uma relativa estabilização da moeda, o que parece ter sido o maior ganho do ponto de vista social, porque a inflação corrói permanentemente os recursos, principalmente os daqueles que ganham menos. As maiores vítimas da inflação são os assalariados, pois todo dia diminui o seu salário.

            Hoje, pelo menos, existe uma relativa estabilidade. No entanto, essa estabilidade custou caro para a Nação brasileira, porque, ao supervalorizarmos a nossa moeda para se assegurarem os preços internos, diminuímos muito as nossas exportações. Não temos nenhuma tradição de país exportador. Aquela supervalorização da nossa moeda, o real, por um período longo, atingiu-nos profundamente.

            Quanto às privatizações, diferentemente de afirmativas que ouço aqui a toda hora, mais importante do que vender as empresas e receber os recursos, principalmente de financiamento externo - todas essas empresas foram formadas com recursos externos, mas à custa de empréstimos -, é o fato de que a família brasileira deixou de ser subsidiada pelo Governo. Sobre as elevações de preço, o Senador Ademir Andrade alega que o consumidor está pagando o preço do transporte, do combustível, de tudo, enfim. A Nação subsidiava permanentemente o consumidor brasileiro.

            Conversei muitas vezes com meus auxiliares e pergunto-me se a parcela da família brasileira que recebe salários tão pequenos, com uma renda tão baixa, teria condições de usufruir da modernidade, pagando os custos do conforto, porque o telefone, a energia e o transporte são caros. A sociedade brasileira receberá os serviços de acordo com as nossas receitas.

            E hoje o mundo inteiro sofrerá os reflexos desse desastre ocorrido nos Estados Unidos. Recursos preciosos serão desviados para a guerra, uma guerra diferente da tradicional. Haverá gastos enormes com inteligência, com técnica e com deslocamento de forças. Esses recursos seriam preciosos para os consumidores americanos e europeus, que poderiam comprar mais do resto do mundo. Inevitavelmente, a vida da população mundial será diferente. Estamos sendo mais afetados nos setores de transporte, de turismo e de hotelaria, mas, de qualquer forma, seremos afetados de maneira generalizada.

            Outro dia, eu conversava com a minha mulher, e dizíamos que pensamos muito, mas não sabemos nada. Esses atos de desrespeito e esse fanatismo religioso vêm ocorrendo através dos tempos. Parece que esses acontecimentos são proporcionais ao desenvolvimento da humanidade.

            Há 500 anos, quando houve a dissidência religiosa na Inglaterra, uma parcela da população inglesa transferiu-se para os Estados Unidos, transferiu-se para o desconhecido, enfrentando os perigos do oceano. É que a situação era muito grave na Inglaterra. No tempo das cruzadas, milhares de pessoas foram sacrificadas. Enfim, dissidências religiosas de todo tamanho ocorreram sem que fossem bem divulgadas, porque, naquele tempo, havia pouca gente e não existiam os meios de comunicação.

            Então, essa grave ocorrência nos Estados Unidos talvez seja proporcional aos desentendimentos entre pessoas que já vinham acontecendo. E penso que nós, aqui no Senado Federal, somos responsáveis diretamente pelo nosso País. Precisamos refletir para nos entender, para limitar a ambição desmedida por cargos e posições. Estamos vendo que há desentendimentos dentro de todos os partidos políticos brasileiros, desde os maiores até os menores, essa fartura de partidos políticos que há aqui. Temos - parece-me - 34 partidos políticos. E o Congresso Nacional não faz a reforma política.

            Penso que, se formos esperar que a família brasileira se aglutine em torno dos partidos que melhor representem o interesse público para que dois, três ou quatro partidos - como acontece nos Estados Unidos, na Inglaterra e nas democracias mais antigas - exerçam o Governo, vamos demorar muito a ter uma melhoria de qualidade na administração pública no nosso País.

            Os partidos representam a base do regime democrático. E é isso que está funcionando em nosso País. É preciso ter muita paciência e muita tolerância para absorver essas questões.

            De maneira que, ao manifestar a minha alegria pela eleição de um matogrossense do sul para dirigir o Senado, transmito a minha confiança de que vamos conseguir um período de trabalho mais frutífero, de que iremos conseguir fazer as reformas de que a nação brasileira precisa: a reforma política, a reforma tributária e a reforma do Judiciário, e que isso influa na reforma de comportamento dos homens públicos, porque a reforma mais importante de que a Nação carece é a reforma de comportamento dos indivíduos.

            Estamos aqui no Senado, nessas CPIs, apurando fatos do passado, por falhas de comportamento, por falhas de desempenho de órgãos responsáveis. Esses assuntos que estão sendo apurados da Sudam, há quantos anos estão sendo investigados? Esse assunto do Banpará, se cada setor da administração pública estivesse cumprindo corretamente com suas responsabilidades, esses fatos já teriam tido suas conseqüências, e nós não estaríamos perdendo um tempo precioso a investigar questões do passado.

            Penso que temos que cuidar muito do presente. Se cada um cuidar para que o dia-a-dia funcione bem, evitaremos essa ocupação enorme na apuração de fatos acontecidos no correr do tempo.

            Muito obrigado.


            Modelo15/3/242:00



Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/09/2001 - Página 22558