Pronunciamento de Ramez Tebet em 26/09/2001
Fala da Presidência durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários aos acontecimentos da Sessão Conjunta realizada ontem, no Plenário da Câmara dos Deputados.
- Autor
- Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
- Nome completo: Ramez Tebet
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Comentários aos acontecimentos da Sessão Conjunta realizada ontem, no Plenário da Câmara dos Deputados.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/09/2001 - Página 22900
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
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- COMENTARIO, PRESIDENCIA, ORADOR, SESSÃO CONJUNTA, CONGRESSO NACIONAL, VOTAÇÃO, PLANO PLURIANUAL (PPA), OCORRENCIA, PROBLEMA, AMBITO, REGIMENTO COMUM, DESRESPEITO, CONGRESSISTA, PROVOCAÇÃO, ENCERRAMENTO, SESSÃO.
- RECEBIMENTO, VISITA, AECIO NEVES, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, SOLIDARIEDADE, ORADOR, REGISTRO, APOIO, MESA DIRETORA, LIDERANÇA, SENADO, SENADOR.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - Srªs e Srs. Senadores, antes de dar início à Ordem do Dia, quero pedir licença à Casa e chamar a atenção de V. Exªs para umas rápidas palavras que, como Presidente do Senado da República, e impulsionado pelo que me dita a consciência nesta hora e neste momento, devo dizer.
A minha eleição deu-se na última quinta-feira e a recebi como uma missão das mais difíceis, porém, sem dúvida nenhuma, como uma das mais nobres da minha vida. E quero encará-la com a seriedade devida, compreendendo a gravidade do momento por que passa o Poder Legislativo e, especialmente, o Senado da República.
Ontem, logo de manhã, juntamente com o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Aécio Neves, a convite de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, estive no Palácio da Alvorada e ali ouvimos as considerações do Senhor Presidente da República sobre o momento internacional. Fizemos uma avaliação do quadro político e dos problemas nacionais, ocasião em que pude constatar que Sua Excelência o Presidente da República reafirmou o desejo de ter do Congresso Nacional a mais viva colaboração neste instante pelo qual passa a humanidade e, como conseqüência, também o nosso País.
Saí dali e vim para cá para presidir os trabalhos desta Casa. Tínhamos de comparecer a uma reunião do Congresso Nacional, e fui ao plenário da Câmara dos Deputados para presidi-la. Quero fazer uma confissão a V. Exªs: cheguei ao plenário da Câmara para presidir, pela primeira vez, uma sessão do Congresso Nacional, com o coração aberto, com o espírito leve e solto, com o espírito de quem ia cumprir mais uma missão. Sabia que havia uma matéria importante para ser votada: o PPA, cuja votação seria iniciada pelo Senado da República. Quando estávamos votando o PPA, por questões regimentais, confesso que fui colhido inteiramente de surpresa. Eu nunca esperava, Srªs e Srs. Senadores, que eu viveria um fim de noite como aquele. Eu estava ali para presidir o Congresso Nacional, para ajudar no processo de votação das matérias, para, com o espírito leve, dialogar com todos os partidos, para, em suma, cumprir o meu dever de Presidente do Senado e do Congresso Nacional.
Houve questões regimentais, de mérito, e sobre elas não quero me referir. O que ficou da reunião de ontem foi um triste espetáculo presenciado pela Nação brasileira. Positivamente, foi um espetáculo a que ninguém esperava assistir. Como Parlamentar que sou, eu poderia imaginar que pudesse ser contestado, e a vida de um parlamentar é a do debate, da contestação, da controvérsia, mas da controvérsia democrática, transparente, límpida. Mas eu nunca poderia imaginar que, por questões regimentais, por matérias de mérito já votadas, eu tivesse que, primeiramente, suspender a sessão, para, depois, encerrá-la, ouvindo um linguajar incompatível com o decoro parlamentar, um linguajar que - permitam-me dizer - ninguém quer ouvir.
Não é esse o Congresso Nacional que o povo brasileiro deseja e quer. O povo brasileiro quer e deseja um Congresso Nacional altivo, forte, destemido, disposto a debater os programas nacionais, afinado com a realidade brasileira, discutindo os seus problemas e procurando solucioná-los da melhor maneira possível. Cada um dos Parlamentares tem seu ponto de vista, mas deve defendê-lo de acordo com a linguagem verdadeiramente parlamentar, dentro de princípios que devem nortear a vida não só dos Parlamentares, mas de todos os cidadãos, no dia-a-dia de seus relacionamentos e de suas atividades.
Fui dormir entristecido, mas também acordei diferente, Srªs e Srs. Senadores, com a solidariedade de companheiros do Senado da República, de conterrâneos meus, de Parlamentares. E, por volta das 12 horas, quando me reunia no meu gabinete com lideranças de todos os partidos políticos da Casa, com toda a Mesa que preside o Senado da República, a fim de traçar o rumo para os nossos trabalhos - é objetivo desta Presidência governar democraticamente, ouvindo todos os Srs. Senadores, recebendo sugestões para melhor direcionar e posicionar esta Casa neste momento de crise que, sem dúvida alguma, atravessamos -, tive uma surpresa profundamente agradável. Recebi a visita do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Aécio Neves - e comigo estavam todos os companheiros da Mesa Diretora e os Líderes partidários desta Casa -, que foi levar a sua solidariedade, por certo, não à minha pessoa e sim à pessoa do Presidente do Senado da República, a quem incumbe, por disposição constitucional, ser também Presidente do Congresso Nacional. Disse-me S. Exª, naquela ocasião, que ali se encontrava para emprestar sua solidariedade e dizer que não concordava com a adjetivação que me foi atribuída na noite de ontem, na sessão do Congresso Nacional. Eu tinha que ressaltar essa visita e, por isso mesmo, e mais por ela, estou falando para que esta Casa leve em consideração que o Presidente da Câmara dos Deputados nos visitou para nos emprestar solidariedade pelos lamentáveis acontecimentos que ocorreram na noite de ontem.
Repito que o Congresso Nacional, não o que eu quero, mas o que o povo brasileiro quer, é outro; positivamente não é aquele. Aquele, não! A mim, que recebi aquelas adjetivações que não tenho coragem de repetir, aquelas palavras soam mais como uma necessidade premente de, cada vez mais, compreender a minha responsabilidade, a nossa responsabilidade de, neste momento, redobrar nosso esforço, minha vontade, minha crença, minha fé de que o Congresso Nacional vai palmilhar, se Deus quiser, e vai retornar, sem dúvida alguma, ao seu passado, ao passado que honrou a democracia e ajudou a construir a Pátria brasileira.
Descer às trevas da maledicência não é do meu feitio; não vou fazê-lo. Retribuir o linguajar, não vou fazê-lo. Descer ao charco das retaliações pessoais não é da minha formação, Srªs e Srs. Senadores, mas haverei de defender a dignidade e a honra desta Casa nas prerrogativas que me cabe como Presidente do Senado Federal, com a presença e com a ajuda de todos os Srs. Senadores, como ficou demonstrado na reunião de hoje, pela manhã.
Srªs e Srs. Senadores, encerro, assim, este meu pronunciamento na mais absoluta convicção de que, para mim, aqueles fatos de ontem serviram apenas para robustecer a fé inquebrantável que tenho nos destinos do Congresso Nacional, na democracia brasileira e na contribuição que todos nós temos que dar para que esta Pátria seja cada vez mais justa e mais humana.
Muito obrigado a todos.
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