Discurso durante a 123ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Condenação ao terrorismo e à intolerância.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Condenação ao terrorismo e à intolerância.
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2001 - Página 23187
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • CRITICA, PROCESSO, GLOBALIZAÇÃO, BRASIL, MOTIVO, AUMENTO, DEPENDENCIA ECONOMICA, PAIS ESTRANGEIRO.
  • CONDENAÇÃO, TERRORISMO, REPUDIO, GUERRA, NECESSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), BUSCA, PAZ.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, embora, Sr. Presidente, nobres Senadores, tenha manifestado desta tribuna, com prioridade, minhas preocupações com questões relativas ao meu Estado e ao País, neste mundo globalizado e interdependente, não há como ignorar os acontecimentos de fora e suas repercussões sobre a realidade nacional.

            Devo dizer, inicialmente, que essa repercussão há de ser tanto mais forte e inevitável - seja boa ou ruim - quanto maior for a forma e a dimensão da inserção do País nesse processo.

            Sob esse aspecto, quero registrar que não têm sido poucas as críticas levantadas desta tribuna sobre a forma como o País vem sendo conduzido no processo de globalização, uma forma que a cada dia mais faz aumentar nossa dependência externa, nossa dependência da ciranda financeira internacional e seu modelo especulativo, à custa do aproveitamento de nossos imensos recursos naturais e do exercício de nossa soberania.

            Essa dependência cresce em amplitude na medida em que se expande da área econômica para a área política, inibindo nossa capacidade de definir as políticas e os rumos do país como Estado e Nação soberanos, objeto, portanto, de aspirações, objetivos e interesses próprios que, embora inseridos no sistema da globalização, devem ser por nós definidos.

            Sob esse aspecto, toda a História do Brasil, a cultura nacional e o sentimento brasileiro sempre têm sido pautados pelos valores da paz, da fraternidade e da cooperação, sendo o apelo à forma violenta de resolver os problemas - a guerra e o conflito - exceção absoluta na nossa História.

            Mesmo porque, Sr. Presidente, nobres Senadores, a resposta com igual violência ou com maior violência aos marginais da violência - bandidos, terroristas -, seja qual for a forma que atuem, de certa maneira eqüaliza as partes, gera mais violência e pode levar o mundo ao extremo da ameaça, do desequilíbrio e da destruição dos mais inocentes.

            Na verdade, Sr. Presidente, num mundo em que o monopólio do poder de destruição - poder que se tornou global - cada vez mais foge das mãos e do controle do Estado para poder cair nas mãos de indivíduos e de marginais, continuar concebendo as relações humanas ou a segurança das pessoas ou dos países na base da vingança, do poder de retaliação ou da guerra é ter chegado ao século XXI sem ter percebido que o mundo mudou - que o entendimento e a paz deixaram de ser apenas valores éticos, ou morais, para se transformarem em pressuposto da sobrevivência do mundo - seja esse mundo o dos poderosos, ou o dos pobres, o dos detentores do poder e da riqueza, ou o dos excluídos.

            A globalização iguala nações e países, e esse fato exige dos líderes que conduzem o processo uma enorme mudança de mentalidade, de consciência e de estratégias na condução das relações globais, não apenas como uma questão de justiça ou de equidade - valores morais - e sim de sobrevivência, repito.

            Por essa tendência instintiva que sempre tem feito com que a sociedade caminhe na frente dos que a conduzem, é que em todo o mundo se manifesta o desejo da paz. Mais do que a guerra, a construção de um mundo de paz, justiça e solidariedade há de ser a forma de vencer a barbárie, o terrorismo e a violência.

            Por essa razão, mesmo que o povo americano, ou alguns líderes mundiais clamem por vingança, as pesquisas mostram que a maioria absoluta da população do planeta condena a guerra como forma de resposta à barbárie e à brutalidade das ações do terror, como as que ocorreram em Washington e Nova Iorque.

            Mais de 70% da opinião pública européia e mais de 80% da opinião pública da América Latina, condenam a guerra como resposta à barbárie, por mais que se condene a barbárie, porque a própria guerra é uma forma bárbara de resolver os problemas humanos. Com essa percepção pode-se dizer que não existem guerras justas. Não por causa de seus objetivos, que esses podem ser justos, mas por causa de sua natureza - à qual se devem somar hoje suas conseqüências possíveis.

            Por isso quero deixar registrado desta tribuna, Sr. Presidente, em consonância com o sentimento do povo brasileiro, com o sentimento da humanidade que ora pela paz, por meio das pessoas individualmente e por meio das religiões e por meio dos grupos de toda espécie, das crianças, dos jovens, dos intelectuais, quero deixar registrado desta tribuna, junto à condenação ao terrorismo, o meu apelo pela paz e pelo entendimento entre os homens, como único caminho de vencer a barbárie, a intolerância e a violência, promovendo a segurança coletiva, o bem-estar entre os homens e a garantia da manutenção dos valores civilizados.

            Creio, Sr. Presidente, nobres Senadores, que dessa forma estaremos construindo efetivamente um mundo justo e humano

            Muito obrigado.


            Modelo111/24/2412:23



Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2001 - Página 23187