Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-presidente da Academia Mineira de Letras, jornalista Vivaldi Moreira. (como lider)

Autor
Arlindo Porto (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MG)
Nome completo: Arlindo Porto Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do ex-presidente da Academia Mineira de Letras, jornalista Vivaldi Moreira. (como lider)
Aparteantes
Casildo Maldaner.
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2001 - Página 24484
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VIVALDI MOREIRA, JORNALISTA, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ELOGIO, ATUAÇÃO, IMPRENSA, LITERATURA, POLITICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como representante do Estado de Minas Gerais, não poderia deixar de registrar nos Anais desta Casa uma data significativa para a cultura mineira e nacional. No último dia 28 de setembro, teria completado 90 anos de vida o inesquecível Presidente da Academia Mineira de Letras, o de fato imortal acadêmico Vivaldi Moreira.

            Vivaldi Moreira foi um dos espécimes raros da raça humana, que fundiu a cultura enciclopédica, o culto às letras, o amor a Minas e ao Brasil, a dedicação à sua gente, a integridade intelectual e moral. A tudo isso se soma ainda a lealdade aos amigos e a coragem cívica com que, na qualidade de Presidente da Academia Mineira de Letras, abriu suas portas a personalidades perseguidas nos árduos tempos da censura e do obscurantismo político.

            Natural de Tombos do Carangola, cidade da Zona da Mata mineira, viveu intensamente até o final de janeiro passado, quando faleceu, em Belo Horizonte. Com sua saída de cena, fica mais pobre nosso cenário cultural. Pelo menos nos últimos 60 anos, não deixou de valorizar a vida, o jornalismo que honrou, a política que viveu com dignidade e sabedoria, a literatura com que encantou seus leitores.

            Valorizou não só as letras como a todos que fizeram ou se interessaram pela literatura em Minas, na última metade do séc. XX, a partir de sua atuação na Academia da histórica Rua da Bahia, instalada no nobre e imponente “Solar dos Borges da Costa”, desde que Vivaldi o tornou sede das Letras de Minas Gerais. Com esse registro, nada mais pretendo que reconhecer a sabedoria e as virtudes pessoais desse acadêmico que fez história e é parte da vida mineira dos últimos 60 anos.

            Ainda no calor da Segunda Guerra Mundial, o pacifista e humanista Vivaldi Moreira bacharelou-se pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, e se iniciou no jornalismo, no jornal A Notícia. Voltando à sua terra, foi em Belo Horizonte que construiu sua carreira jornalística, fundando a Revista da Associação Comercial de Minas e trabalhando no extinto jornal Folha de Minas, um marco da imprensa mineira na época. Pouco depois, aos 35 anos, foi chefe de gabinete do então Secretário de Finanças José de Magalhães Pinto, mais tarde Deputado Federal, Senador, Governador do Estado e Senador que honrou e presidiu esta Casa. Indicado para membro do Tribunal de Contas de Minas, ali aposentou-se, em 1980, após brilhante e marcante trabalho.

            Eleito Presidente da Academia Mineira de Letras, exerceu o cargo com tal eficiência, dinamismo, ousadia e criatividade que sua gestão confundiu-se com a própria instituição, que hoje vive a sua maioridade e é respeitada no mundo da intelectualidade como a mais autêntica casa de cultura de Minas Gerais. E o fato mais marcante da sua coragem e destemor foi quando indicou o nome do ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, durante o regime militar - portanto, enquanto estava cassado e era odiado pelos comandos dominantes -, para ocupar uma cadeira na Academia. Foi a resposta mineira ao veto imposto ao grande estadista, visionário e construtor de Brasília, logo que este se viu injustamente derrotado na eleição para a Academia Brasileira de Letras.

            Sua existência comprovou que, realmente, Vivaldi Moreira foi um ser humano inigualável, imortal para as letras, a política e o jornalismo mineiros, razão por que todos devemos homenageá-lo nesta data de ausência que seria a comemoração dos seus 90 anos, levando essa lembrança aos seus familiares, amigos e admiradores. Esta é uma singela lembrança, uma homenagem ao personagem que incorporou seu nome, definitivamente, entre os grandes luminares de nossa geração.

            Minas não deixa de reverenciar a memória de seus grandes filhos. É isso que fazemos, neste instante, em um tributo de justiça e reconhecimento ao ensaísta, memorialista, historiador e jornalista que por 25 anos dirigiu a Academia Mineira e em muito influenciou a intelectualidade e as letras nacionais pelos valores humanistas que sempre defendeu.

            Nos vinte livros que publicou, Vivaldi Moreira resgatou o que há de mais expressivo do sentimento das montanhas de Minas, do espírito de seu povo. Deu exemplo de vida e de ação. É por isso que deixo aqui registrada nossa homenagem, a homenagem de Minas e do Brasil, a Vivaldi Moreira.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Arlindo Porto, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG) - Com muito prazer, ouço o Senador Casildo Maldaner.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Arlindo Porto, neste momento em que V. Exª enaltece Vivaldi Moreira, eu gostaria de dizer que é bem merecida a homenagem que Minas presta a ele, não somente pelos 20 livros, mas também pelas lutas que empreendeu em Minas Gerais. Ele foi da Academia Brasileira de Letras e merece a homenagem que Minas presta a seus próceres, seus ilustres. Como catarinense, eu gostaria de associar-me a V. Exª, pois Minas tem aberto grandes caminhos para o País. Com Tiradentes, nas lutas para a nossa independência, nos primeiros caminhos de resistência, temos aprendido com Minas e com nossos antepassados mineiros, e isso está cravado em todos nós brasileiros. Nessa homenagem que V. Exª e Minas prestam a Vivaldi Moreira, eu diria que os brasileiros também querem associar-se a Minas e a V. Exª neste momento.

            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG) - Agradeço a manifestação de solidariedade de V. Exª, que representa o Estado de Santa Catarina. Nós sentimos orgulho dos mineiros que contribuíram com Brasília. Nós reconhecemos e reconhecem outros brasileiros que Minas é a síntese do Brasil. É um Estado central, um Estado que convive com grandes divergências e com grandes distorções econômicas, sociais e políticas. Com esse sentimento, eu acolho e incorporo o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento enfatizando o grande trabalho de Vivaldi Moreira e, ao lado de Vivaldi Moreira, muitos políticos, muitos homens da cultura, da ciência, do trabalho, do sindicalismo e da economia mineira que ele acompanhou de perto. Não há dúvida de que este momento é para nós um momento de reflexão. Agradeço o aparte de V. Exª.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo14/30/246:30



Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2001 - Página 24484