Discurso durante a 133ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contrariedade pelo veto presidencial ao projeto recém aprovado pelo Congresso Nacional, que prevê o ensino da Sociologia e da Filosofia no ensino médio brasileiro. (como lider)

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Contrariedade pelo veto presidencial ao projeto recém aprovado pelo Congresso Nacional, que prevê o ensino da Sociologia e da Filosofia no ensino médio brasileiro. (como lider)
Publicação
Publicação no DSF de 12/10/2001 - Página 24619
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VETO (VET), PROJETO DE LEI, IMPLANTAÇÃO, FILOSOFIA, SOCIOLOGIA, ENSINO MEDIO, FALTA, NEGOCIAÇÃO, GREVE, FUNCIONARIO PUBLICO, UNIVERSIDADE FEDERAL, TENTATIVA, DESTRUIÇÃO, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), DIRETORIO CENTRAL DO ESTUDANTE (DCE).
  • NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, EDUCAÇÃO, DEFESA, CONGRESSO NACIONAL, DERRUBADA, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB - PA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em nome do Partido Socialista Brasileiro, quero manifestar o meu protesto pela decisão do Presidente Fernando Henrique Cardoso de vetar o projeto aprovado pelo Congresso Nacional - Câmara dos Deputados e Senado da República - que previa o ensino da Sociologia e da Filosofia no Ensino Médio brasileiro.

            Imagino o infernal astral em que deve viver o Ministro da Educação, Paulo Renato. Pretenso candidato a Presidente da República, tem sido obrigado, por uma questão de economia do Governo - ao contrário do Ministro José Serra, que tem tomado algumas medidas no sentido de conquistar a população -, a tomar decisões que vão frontalmente de encontro aos interesses do povo brasileiro e, principalmente, da educação brasileira.

            Entendemos que a Filosofia e a Sociologia abrem a reflexão dos estudantes à questão da sociedade, aumenta o senso crítico e, portanto, seriam fundamentais à formação do povo brasileiro.

            O Governo alega dois motivos para vetar o projeto: primeiro, que não há dinheiro para pagar os professores que deveriam ser contratados; segundo, que não há profissionais suficientes para atender à demanda, em função dessa obrigação legal.

            Ora, em primeiro lugar, um governo que gasta R$12 bilhões por mês com o serviço da dívida - mesmo que não pague essa quantia, tira mensalmente R$4 bilhões do povo para pagar essa dívida, que permanece sempre crescendo -, um governo que só se preocupa com o sistema financeiro nacional e internacional e não pensa no futuro deste País não é um governo que pode ser, efetivamente, levado a sério. Além disso, há profissionais em número suficiente no Brasil inteiro, pelo menos todos os levantamentos mostram isso, para cobrir a necessidade do ensino da Filosofia e da Sociologia. Aliás, o Presidente, que já foi sociólogo, pediu que se esquecesse tudo o que falou até hoje. É lamentável que Sua Excelência obrigue o Ministro da Educação a tomar uma decisão como essa.

            São três as decisões terríveis que o Ministro teve de tomar. Primeiro, a de vetar o ensino da Sociologia e da Filosofia no Ensino Médio brasileiro; segundo, a de tentar destruir as organizações estudantis - a UNE, os DCEs, a Ubes -, impedido-as de recolherem os recursos que devem ser pagos pelos estudantes para retirarem as suas carteiras; terceiro, a decisão de querer acabar com a greve a qualquer custo e a qualquer preço, sem diálogo.

            Só no Brasil, Sr. Presidente, só num país que não valoriza a educação, só num país que não leva a sério o ensino superior é que acontece algo dessa natureza, em que as universidades entram em greve durante um mês, dois meses, três meses, semestres são perdidos, vestibulares ficam sujeitos a adiamento e o Governo não entra em diálogo com os funcionários, não negocia, não discute, não apresenta proposta, não há consenso. É como se a educação não fizesse qualquer diferença. Acredito que seria diferente se os funcionários do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento ou outros que envolvem a questão de dinheiro e de recursos paralisassem. Talvez aí o Governo sentasse para negociar. Mas, como se trata dos Ministérios da Educação e da Previdência, para o Governo é até bom. Enquanto o INSS permanecer paralisado pela greve, não se poderão fazer novas aposentadorias, evitando que o Governo gaste dinheiro. É isso que o Governo quer.

            Entendo que se trata de um desrespeito com a população brasileira e com o Congresso Nacional. Espero que o Poder Legislativo derrube esse veto do Presidente da República. Essa foi uma questão muito pensada e discutida por todos os Parlamentares. Não é possível que, depois de aprovada, venha a receber um simples veto do Presidente da República, por questão de economia. Na realidade, o que se reivindicavam eram duas horas de aulas semanais, o que não seria um grande custo diante dos absurdos que o Governo gasta com o pagamento da dívida.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo15/15/2410:30



Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/10/2001 - Página 24619