Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INTERPELAÇÃO AO MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • INTERPELAÇÃO AO MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/2001 - Página 23957
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, CELSO LAFER, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), APOIO, BRASIL, ATUAÇÃO, GEORGE W BUSH.
  • BUSH, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DECLARAÇÃO, GUERRA, PAIS ESTRANGEIRO, AFEGANISTÃO.
  • ANALISE, TERRORISMO, MANIFESTAÇÃO, REVOLTA, PAISES ARABES, DESIGUALDADE SOCIAL, INJUSTIÇA, MUNDO.
  • QUESTIONAMENTO, OPORTUNIDADE, DIPLOMACIA, BRASIL, APOIO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA, OBTENÇÃO, TERRITORIO.
  • QUESTIONAMENTO, CRIAÇÃO, AGENCIA, FISCALIZAÇÃO, LAVAGEM DE DINHEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), BRASIL, PERDA, SOBERANIA NACIONAL.
  • QUESTIONAMENTO, CELSO LAFER, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), PROVIDENCIA, BRASIL, COMBATE, FACILITAÇÃO, LAVAGEM DE DINHEIRO, PAIS ESTRANGEIRO.

            O SR. JEFFERSON PÉRES (Bloco/PDT - AM. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Sr. Ministro, primeiramente, agradeço a presteza com que V. Exª atendeu ao convite, de minha iniciativa, formulado pelo Senado, para este debate.

            Esteja tranqüilo, pois não lhe pedirei previsões ou conjecturas a respeito mesmo do futuro imediato, porque, mais do que nunca, estou convencido de que o mundo passa realmente pela era da incerteza de que nos falava John Keneth Galbraith. Hoje, é impossível fazer previsão de 24 horas, quanto mais de 24 meses, Sr. Ministro.

            Formularei quatro perguntas muito objetivas e assim espero sejam as respostas.

            Sr. Ministro, apenas para situar-me quanto à maneira como procede a diplomacia brasileira e como agiu o Governo do Brasil nos momentos dramáticos que se seguiram ao 11 de setembro, quando parecia que o Governo norte-americano responderia àquela insensatez com outra, bombardeando indiscriminadamente o Afeganistão e outros países, o Governo brasileiro fez sentir ao Governo norte-americano, pelos canais adequados, a sua preocupação: em que pese a nossa solidariedade à dor do povo norte-americano, não concordaria com um ato impensado por parte de Washington?

            A segunda questão é a seguinte: o terrorismo, às vezes, não tem cabeça, mas quase sempre tem raízes. Não há dúvida de que, por trás da ação de grupos islâmicos, está o sentimento de injustiça de alguns povos árabes, muito particularmente do povo palestino. Não seria o caso, Sr. Ministro, de o Brasil assumir um papel mais ativo no cenário mundial e de fazer sentir ao Estado de Israel que, em que pese a nossa solidariedade também com o direito do povo judeu a ter um estado nacional como tem, é hora de o governo israelense flexibilizar sua posição e reconhecer o legítimo direito do povo palestino a ter um Estado nacional? Isso agora é um clamor mundial, em face das conseqüências que todos estamos sentindo, dessa que me parece ser intransigência do Governo de Telaviv.

            A terceira pergunta: Sr. Ministro, o Governo brasileiro está autorizando a instalação de uma agência - creio, do tesouro americano - para nos ajudar a fazer o monitoramento e a fiscalização da lavagem de dinheiro. Sr. Ministro, em face de ser algo tão polêmico, considerando que essa agência pode amanhã servir de fachada para outras agências menos desejáveis e tendo em vista a reação que suscita sentimento em grande parte da população brasileira de que isso pareça, embora equivocadamente, um ato de submissão a uma potência estrangeira, não teria sido melhor que tivéssemos recusado o oferecimento da instalação dessa agência?

            Finalmente, a última pergunta: Sr. Ministro, uma chaga no mundo hoje são os chamados paraísos fiscais. Servem de abrigo e de passagem a toda sorte de operações clandestinas e de dinheiro, fruto da corrupção, do narcotráfico e, agora sabemos, também do terrorismo. Já não seria tempo de assumirmos um papel mais firme, de tomarmos uma atitude mais firme, sugerindo até mesmo a mudança, se for o caso, da Carta das Nações Unidas, para extirpar esses Estados ditos soberanos que facilitam esse trânsito de dinheiro sujo no plano internacional?

            Eram apenas essas as perguntas.

            O SR. JEFFERSON PÉRES (Bloco/PDT - AM) - A frase não é minha. Eu a ouvi de alguém.

            O SR. JEFFERSON PÉRES (Bloco/PDT - AM) - Obrigado, Sr. Ministro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/2001 - Página 23957