Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial da Alimentação.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração do Dia Mundial da Alimentação.
Aparteantes
Mauro Miranda.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2001 - Página 24803
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ELOGIO, INICIATIVA, PROJETO, COMBATE, FOME, COORDENAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), IMPLANTAÇÃO, POLITICA, DISTRIBUIÇÃO, ALIMENTOS, CRIAÇÃO, EMPREGO, REFORMA AGRARIA, INCENTIVO, AGRICULTURA, FAMILIA.
  • SOLICITAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), POPULAÇÃO, BRASIL, COMBATE, FOME, NECESSIDADE, URGENCIA, GARANTIA, DISTRIBUIÇÃO, EXCESSO, ALIMENTOS, PAIS, OPORTUNIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, ALIMENTAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não posso usar os mesmos cinco minutos que usou o Senador Eduardo Suplicy? Procurarei estar atento aos cinco minutos.

            Tive a grata satisfação de participar, hoje, no Auditório Petrônio Portella, aqui no Senado Federal, do lançamento do projeto Fome Zero, do Instituto Cidadania, que tem como um dos seus coordenadores, o Presidente de Honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

            Trata-se, realmente, de uma proposta muito bem elaborada, que visa à implantação de uma ampla política de segurança alimentar para o Brasil.

            É um projeto excepcional, porque, além de propor alternativas de geração de empregos, aumento da renda, intensificação da reforma agrária e incentivo à agricultura familiar, prevê, também, investimentos em programas emergenciais, como a distribuição do Cupom da Alimentação e também de cestas de alimentos.

            Sempre entendi que a fome é um problema emergencial, que não espera, mata! Não é possível falar em combatê-la apenas com medidas de longo prazo, ações estruturais, que levam tempo para apresentar resultados. É lógico que concordo com isso e temos que lutar com ações estruturais, estas são prioridade. Mas tem de haver também ações emergenciais, porque a fome não espera, a fome come a vida.

            De acordo com estudos divulgados pelo Instituto Cidadania, há, em nosso País, pelo menos 9,3 milhões de famílias, ou seja, 44 milhões de pessoas com renda inferior a R$80 por mês.

            São pessoas - homens, mulheres, idosos, crianças, pessoas com deficiência - que não conseguem comprar o de comer. Muitas delas incapacitadas para o trabalho, seja em função da velhice avançada, de doenças ou de deficiências que impedem o seu ingresso no duro mercado de trabalho.

            São pessoas que não podem esperar, porque estão morrendo à mingua, morrendo de fome, morrendo pela mais humilhante e indigna de todas as mortes, especialmente num País como o Brasil, com tantas riquezas e tantas facilidades para se produzir alimento.

            Já disse aqui outras vezes sobre os programas de segurança alimentar que implantamos em Goiás, na época em que tive oportunidade de governar aquele Estado. E digo, Dom Mauro Morelli, que o Betinho inclusive acompanhou de perto os nossos programas. Eu o visitava constantemente no Rio de Janeiro. Naquela época, atendíamos 147 mil famílias com a distribuição mensal de cestas de alimentos e com a doação diária de 92 mil litros de leite pasteurizado e 92 mil pães vitaminados para 92 mil criancinhas pobres, de todas as cidades do Estado de Goiás.

            Certamente, foi o dinheiro mais bem aplicado pelo Governo, porque socorreu quem realmente precisava, quem vivia na indignidade da fome, impotente diante de uma morte que chegaria, mais cedo ou mais tarde, por desnutrição.

            Então, neste Dia Mundial da Alimentação, devemos erguer a nossa voz em defesa de programas de combate à fome, pois são programas de cidadania e de proteção à vida. O saudoso Betinho sempre nos ensinou que a fome exige ações urgentes, porque é fatal: ela mata, e mata rapidamente.

            Cumprimento o Presidente de Honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e todos os integrantes do Instituto Cidadania pela iniciativa acertadíssima. Cumprimento o Partido dos Trabalhadores, que incluiu em seu projeto de governo para o Brasil a necessidade de se adotar medidas emergenciais de combate à fome, como, inclusive, a distribuição de alimentos. Esse é um ponto importantíssimo, que deveria ser encampado por todos os partidos políticos, por todos os governantes. Já disse isso inclusive pelo meu Partido, o PMDB. Já estou rouco de lutar para que o PMDB também encampe a luta contra a fome, essa vergonha nacional que nos humilha e que nos diminui como seres humanos. Infelizmente, o meu Partido continua fazendo ouvidos moucos ao problema da fome em nosso País.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reitero o meu compromisso de homem público de lutar sempre, esteja eu onde estiver, contra essa vergonha nacional que é a fome e a miséria.

            Num País tão rico e produtivo como o Brasil é inadmissível que ainda possamos permitir que irmãos nossos morram vítimas da fome e da desnutrição.

            Acompanhei hoje o filme exibido pelo PT, baseado nas reportagens da Rede Globo. A Rede Globo é que saiu pelo Brasil afora e filmou as pessoas passando fome. E uma senhora entrevistada, já cansada, totalmente desnutrida, veio a morrer de fome uma semana depois.

            Como é que nós, brasileiros, podemos aceitar essa condição? Por isso é que digo que um País tão rico como o nosso tem que declarar guerra à fome, vencer esse mal. Mais uma vez, apelo ao meu Partido, o PMDB, para, a exemplo do PT, lutar fortemente contra a fome no Brasil.

            O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Permite-me um aparte, Senador Maguito Vilela?

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Com muito honra, ouço o ilustre Senador Mauro Miranda.

            O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Maguito Vilela, com toda ênfase e com o coração, V. Exª fala de sua vontade imensa em extinguir a fome no Brasil, vontade essa colocada a serviço de Goiás quando V. Exª foi Governador do Estado. Naquela época, V. Exª deu alimentos aos goianos subnutridos, matando-lhes a fome. Percebemos hoje que, do ponto de vista técnico, não existe nenhum motivo que justifique a fome no Brasil. Nossa agricultura é adiantada, a genética é de última geração, a biotecnologia ajuda na produção de alimentos. Nosso Estado de Goiás é celeiro do Brasil. É o maior produtor de tomates, e a produção é sofisticada. V. Exª falou do nosso querido PMDB, como fez ressalva à atuação do PT nessa direção. Tenho certeza, Senador Maguito Vilela, que 90% dos peemedebistas de verdade, aqueles que lutaram pela democracia do País, lutarão pela democracia social e preocupar-se-ão com os mais humildes, providenciando-lhes mais moradias, por exemplo. Seis milhões de brasileiros não têm onde morar, mas temos tudo para fazer as casas: há tijolos, telhas, madeira e mão-de-obra ociosa, mas falta vontade política e preocupação com o social. A alimentação é fundamental, e V. Exª tem todo o direito de falar sobre isso, porque cumpriu o seu dever quando foi Governador do Estado. V. Exª mostrou ao Brasil que, se um governante quiser resolver o problema da fome no Estado, ele resolve - como V. Exª fez naqueles quatro anos de governo. Está aqui a meu lado o Senador Iris Rezende Machado, que foi Ministro da Agricultura e Ministro da superssafra, que sabe da necessidade de se juntarem as vontades políticas. Quantos agricultores neste País estão esperando alento, estímulo para produzir mais? Quantos produtores de leite estão voltando para as cidades, numa inversão da reforma agrária? Lembre-se de que o leite poderia ser distribuído para milhares de crianças no Brasil, pois estão pagando ao produtor apenas R$0,17 pelo litro. Um litro de leite dá para comprar apenas um copo d’água na cidade. Um litro de leite, verdadeiro alimento, dá para comprar apenas um cafezinho. Mas V. Exª distribuiu milhares de litros em Goiás, democratizando a distribuição no Estado inteiro. Agradeço a V. Exª pela concessão do aparte. V. Exª é admirado pelo povo goiano e pelo PMDB. E a nossa luta é pelo convencimento de todo o nosso Partido para que o próximo candidato do PMDB à Presidência da República coloque em seu programa de governo o lema da “fome zero”, que deve estar acima de qualquer partido político. Muito obrigado.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Agradeço a V. Exª pelo aparte, que incorporo ao meu pronunciamento.

            Para terminar Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez, concito todos os brasileiros a fazerem como faz Dom Mauro Morelli e tantos outros que pregam o fim da fome, que a combatem, lutando pelos necessitados, pelos miseráveis, famintos, desempregados e excluídos da nossa Pátria.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo16/15/247:48



Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2001 - Página 24803