Discurso durante a 138ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com a greve nas universidades federais. Regozijo com a terceira colocação obtida pela Universidade Federal de Santa Catarina no Ranking Nacional das Instituições Brasileiras de Ensino Superior, de acordo com o Guia do Estudante para 2002.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA. ENSINO SUPERIOR.:
  • Preocupação com a greve nas universidades federais. Regozijo com a terceira colocação obtida pela Universidade Federal de Santa Catarina no Ranking Nacional das Instituições Brasileiras de Ensino Superior, de acordo com o Guia do Estudante para 2002.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2001 - Página 25657
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA. ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, GREVE, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC), MANIFESTAÇÃO, PROFESSOR, MELHORIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, REAJUSTE, SALARIO, CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), COLOCAÇÃO, OBSTACULO, NEGOCIAÇÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, SENADO.
  • ELOGIO, RESULTADO, PESQUISA, AVALIAÇÃO, EDUCAÇÃO, SUPERIORIDADE, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC), QUALIDADE, ENSINO SUPERIOR.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CASILDO MALDANER (PMDB - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a minha proposta vem ao encontro do que, há pouco, acabou de expressar o Senador Romero Jucá, a preocupação com as greves no Brasil, principalmente, neste momento, com as greves nas universidades federais, que estão paralisadas.

            Em função disso, faço algumas considerações sobre a Universidade Federal de Santa Catarina, até pelo que ela representa no contexto do sul do País.

            Quando assistimos à greve dos professores e servidores das universidades federais, lamentamos profundamente o prejuízo que tal atitude traz ao País. Não vamos culpar os grevistas, que dedicam sua vida ao ensino de nossos jovens, na maioria das vezes percebendo - vamos ser sinceros - salários irrisórios, sequer suficientes para a manutenção de um digno padrão de vida. O poder aquisitivo caiu, pois os salários não são atualizados há sete anos. E por maior estabilidade que haja, há uma inflação vegetativa, que é natural, mas o poder aquisitivo não vem acompanhando essa inflação e, sem dúvida alguma, os compromissos a serem pagos estão aí colocados.

            É em razão disso que faço esta análise. Não sei o porquê, mas há uma intransigência, há uma dificuldade do Ministro em negociar com a Comissão de Educação do Senado. Quando a Comissão marcou uma audiência com S. Exª o Ministro da Educação, ele designou um técnico do segundo ou do terceiro escalão para recebê-la.

            Creio que, neste momento, há que enfrentar o diálogo com a sociedade representativa, deve haver transparência. Não há como fugir desse debate e não conversar com os diversos setores da sociedade sobre isso, com transparência. Ainda mais se uma das partes pretende construir uma candidatura à Presidência da República. Dialogar quem sabe até para convencer a Comissão do Senado a ser uma aliada! Do debate sai o convencimento. Se S. Exª está com a razão e consegue convencer a maioria dos membros da Comissão de Educação do Senado - e por quê não? -, ele terá um aliado! Não dialogar é pior.

            Sempre tenho dito - mesmo quando era Governador do meu Estado, enfrentei greves; e quem não as enfrentou? - que é melhor duas horas de diálogo do que cinco minutos de tiroteio. É melhor! Por não receber, já se cria a oportunidade para um tiroteio; se receber, conversam. Ou um lado convence o outro ou se faz uma conciliação. Quem sabe se retira dali um entendimento maior!

            Por isso, venho aqui fazer esta análise. A nossa universidade, por exemplo, a Universidade Federal de Santa Catarina, está em terceiro lugar no ranking das instituições brasileiras de ensino superior elaborado pelo Guia do Estudante para o ano 2002, logo após a Unifesp, Universidade Federal de São Paulo, e a USP, Universidade de São Paulo. 

            E essa colocação é motivo de orgulho para nós, catarinenses, Sr. Presidente, ciosos de manter os cursos universitários em excelente nível, a fim de que os alunos estejam devidamente preparados para o mercado de trabalho, complexo e difícil, nestes tempos de globalização. O levantamento envolveu 1.091 cursos em 134 das principais faculdades e universidades do País, a maioria pública.

            A Universidade Federal de Santa Catarina recebeu o índice de 89,5% de cursos “estrelados”, sendo que seis dos seus cursos receberam grau máximo, cinco estrelas: Enfermagem, Jornalismo, e as Engenharias de Controle e Automação, Elétrica, Mecânica e Sanitária. Este é o décimo-primeiro ano em que esse tipo de análise é feita, considerando como ponto de partida quatro fatores: infra-estrutura oferecida, incluindo laboratórios, equipamentos e acervo bibliotecário; qualificação do corpo docente; produção científica e currículo.

            Um dos fatores que tem levado a UFSC a esse crescimento baseia-se na qualificação e dedicação exclusiva do seu corpo docente. Sessenta dos 65 professores do curso de Engenharia Mecânica, por exemplo, possuem doutorado. Entretanto, se o Governo continuar insistindo em manter baixo o salário de seus funcionários, se o arrocho salarial persistir, alguns desses professores acabarão procurando rumos diversos.

            Outro curso importante, porque tem apenas 180 alunos dividindo uma infra-estrutura de seis laboratórios, sendo dois de redação, equipados com 28 computadores, é o de Jornalismo. É um dos raros cursos do País que não está incluído entre os cursos de Comunicação Social, oferecendo ao aluno formação integral no jornalismo.

            Alguns cursos da Universidade Federal de Santa Catarina foram contemplados com quatro estrelas: Administração, Biblioteconomia, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Direito, Educação Física, Engenharia de Alimentos, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Química, Geografia, História, Letras, Matemática, Nutrição, Pedagogia, Química e Serviço Social.

            A classificação da UFSC dá-lhe o caráter de provedora de cursos de excelência, transformando-a num importante centro de tecnologia, que vem atraindo estudantes de várias partes do País. A apreciação feita pelo Guia do Estudante levou em consideração, entre outros itens, a vida no campus, as opções para bolsas de estudo e alojamentos, a oferta de cultura e lazer, os projetos desenvolvidos junto à comunidade e ao mercado, além da avaliação anual feita pelo MEC, o Ministério da Educação.

            Por isso, Sr. Presidente, a UFSC tem procurado, nos seus quarenta anos de existência, ampliar e aprofundar os compromissos com a pesquisa e a qualificação de seus mestres, a fim de que seus formandos comecem suas carreiras com a plena consciência dos processos de mudança social e possam vir a trabalhar para o aprimoramento da ordem democrática.

            Nossa universidade tem 1.665 professores, dos quais 53,5% são doutores e 31% são mestres. As publicações técnicas atingem nível elevado. Assim, no ano passado, foram publicados, pelos pesquisadores, 80 livros, 222 capítulos de livros, 890 artigos em periódicos indexados, 513 em não-indexados, além de 1.286 trabalhos completos e 1.774 trabalhos resumidos em anais de Congressos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para finalizar, quero deixar registrada neste meu pronunciamento minha admiração pelo trabalho desenvolvido pela UFSC em prol da juventude brasileira. Cumprimento o Magnífico Reitor, que vem lutando para encontrar uma solução para isso, Professor Doutor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, o corpo docente e os dedicados servidores, pelos esforços empreendidos para tornar a universidade, cada dia mais, um centro de excelência do ensino superior no Sul do País. E faço votos de que, finda a greve, possam todos retornar às suas funções, propiciando ao corpo discente a costumeira atenção.

            Sr. Presidente e nobres colegas, faço essas considerações em função até da gravidade do momento que estamos vivendo no País. Faço mais uma vez um apelo ao Ministro da Educação. O negócio é o diálogo, com os diversos setores. Sei que pode cansar, pode até causar uma certa perda de tempo. Mas para construir uma solução é preciso o diálogo, é preciso conversar com os diversos setores representativos, e conversar com transparência, apresentar e receber argumentos, e aí tirar, como pessoas maduras, adultas e responsáveis, o melhor para a educação brasileira, para darmos um exemplo ao País e aos outros setores que enfrentam também paralisações. Precisamos construir uma solução.

            Não é vergonha ceder alguma coisa, ceder em parte. Não é vergonha dizer: “Eu estava convencido de que o correto era desta forma, eu estava convencido de que não havia jeito! Mas agora estou vendo, ouvindo aqui e ouvindo lá, que tenho que ceder!” Vamos ceder uma parte daqui, outra de lá, e vamos construir juntos a solução.” Não é vergonha para ninguém. Não pode haver vencidos nem vencedores. Temos que encontrar uma solução para todos no País: para o corpo docente, para o corpo discente, para os servidores, enfim, para a educação brasileira.

            Este é o apelo que faço ao registrar que a nossa universidade federal ocupa o 3º lugar no ranking das universidades nacionais.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Agradeço a atenção de V. Exªs, Srs. Senadores.

 

            


            Modelo111/25/245:39



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2001 - Página 25657