O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (Bloco/PSDB - TO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocorre uma falha na história quando fatos históricos de singular significado são relegados ao esquecimento e seus personagens igualmente esquecidos. Se a História é a mestra da vida, e é ela que nos ensina acerca do bem e do mal, do que deve ser feito e do que deve ser evitado, o esquecimento de fatos, personagens e seu correspondente significado se transforma em lição não aprendida, em oportunidade desperdiçada.

            Neste momento em que toda a Nação clama por um novo senso de patriotismo, por um novo exercício de cidadania, é oportuno que alguns episódios importantes e significativos da nossa História sejam resgatados e oferecidos à sociedade brasileira, especialmente às novas gerações, tantas vezes alienada da realidade e dos valores da História brasileira.

            É nesse contexto que se situa o resgate de um dos movimentos mais significativos da História brasileira, representado pelas revoltas tenentistas que sacudiram o Brasil na década de 20.

            Essa seqüência de eventos inclui, entre outros, o episódio dos 18 do Forte; o Levante de 24 de Julho, da Força Pública de São Paulo e culmina com o Levante do 1º Batalhão Ferroviário de S. Ângelo, comandado pelo então Capitão Luiz Carlos Prestes, que deu origem à Coluna Prestes - movimento iniciado a 28 de outubro e cujo 77º aniversário se comemora, portanto, no corrente mês.

            A Coluna Prestes que, em seu deslocamento, se encontraria em São . Paulo com os remanescentes do Levante em 24 de Julho, agora comandados pelo Major Miguel Costa, percorreria 25 mil Km pelos sertões do Brasil, durante quase 3 anos, enfrentando as agruras dos cerrados e da caatinga, as emboscadas das milícias do governo de Arthur Bernardes, que mantinha o País em estado de sítio em favor das oligarquias dominantes da Velha República, as quais, a bico de pena, produziam os resultados das eleições, frustando a vontade do povo e fazendo da República um feudo a serviço dos coronéis da política brasileira.

            Os episódios envolvendo os jovens tenentes, sacrificados de peito aberto pelas balas da repressão na praia de Copacabana, mortos nos bombardeios sobre a cidade de São Paulo, sacrificados por 3 anos de perseguição pelos caminhos dos sertões brasileiros, enfrentando as emboscadas das forças oficiais sem nunca serem vencidas, constituem uma das páginas mais belas, mais significativas, de maior civismo e de doação à pátria, a ser gravada não só na História do Brasil, mas também na história de qualquer povo, em qualquer época.

            Nomes como os de Joaquim Távora, Miguel Costa, Luiz Carlos Prestes, Lourenço Moreira Lima, Juarez do Nascimento Távora, Antonio de Siqueira Campos, Oswaldo Cordeiro de Farias, João Alberto, Soares Dutra e mais uma dezena de jovens oficiais, últimos da repressão em nome da liberdade que defenderam, deveriam brilhar nas páginas da nossa História, servir de exemplo de civismo, honra e moralidade pública, nominar ruas e logradouros das nossas cidades, servir de exemplo, enfim, numa história em que, às vezes, tanto se atribui a espertos e caudilhos, esquecendo os mais legítimos valores da nacionalidade.

            Faço esses comentários, Sr. Presidente, não apenas pela necessidade de resgatar a dignidade e o orgulho pátrio neste momento de tanta descrença e de tantos exemplos negativos, faço-o não apenas pela passagem da data de 28 de outubro que se aproxima, data que deu início à epopéia da Coluna Prestes, mas quero fazê-lo sobretudo para registrar um fato que passou quase despercebido da mídia nacional no contexto das celebrações dos 13 anos de criação do Estado de Tocantins, quando, com a presença do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, foi inaugurado o aeroporto de Palmas e acionada a turbina que deu início à geração de energia elétrica na Usina Luiz Eduardo Magalhães.

            Naquele mesmo dia, Sr. Presidente, nobres Senadores, o Governador Siqueira Campos, juntamente com um grande número de autoridades e do povo do Tocantins, inaugurou o Memorial à Coluna Prestes, integrado ao Monumento dos 18 do Forte, para resgatar para o povo tocantinense e o para o Brasil a saga desses heróis tão esquecidos da nacionalidade: os tenentes revolucionários da década de 20 e os heróis da Coluna Prestes, lembrando à Nação e aos brasileiros um exemplo de civismo, ética, indignação contra a decadência das elites e fé, enfim, um exemplo para a construção de uma Pátria efetivamente grande, digna do povo brasileiro.

            O Memorial constitui um projeto doado ao povo do Tocantins pelo arquiteto Oscar Niemeyer e sua equipe, no qual colaboraram arquitetos e urbanistas de sua equipe. O monumento constitui uma obra de excepcional valor, não apenas histórico ou simbólico, mas também arquitetônico e artístico.

            Ao fazer esse registro Sr. Presidente, nobres Senadores, deixo um convite para que incluam Palmas e Tocantins em seus roteiros, e estando em Palmas e Tocantins, dediquem um momento de reflexão aos valores da Pátria diante do Memorial Coluna Prestes e do Monumento aos 18 do Forte, que tão bem representam esses valores.

            Muito obrigado.

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