Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a contribuição do Teatro Amazonas à indústria do turismo cultural naquela região.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. TURISMO.:
  • Considerações sobre a contribuição do Teatro Amazonas à indústria do turismo cultural naquela região.
Aparteantes
Bernardo Cabral.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2001 - Página 26055
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. TURISMO.
Indexação
  • ELOGIO, AMAZONINO MENDES, GOVERNADOR, ROBERIO DOS SANTOS PEREIRA BRAGA, SECRETARIO DE ESTADO, CULTURA, INES LIMA DAOU, DIRETOR, FUNCIONAMENTO, TEATRO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), REALIZAÇÃO, FESTIVAL, MUSICA ERUDITA.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, TEATRO, INCENTIVO, TURISMO, REGIÃO AMAZONICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estava aguardando, há alguns dias, a chance de registrar, neste plenário, o renascimento de um dos maiores e mais tradicionais centros artísticos da América Latina - uma sala de espetáculos que, construída no coração da selva amazônica, alia valores privilegiados, como localização urbana, funcionalidade, beleza e acústica.

            O Teatro Amazonas, nos últimos cinco anos, retomou seu papel de vanguarda histórica no cenário cultural do País. Hoje, não existe a riqueza dos tempos da heveicultura portentosa, em que a borracha cobria os custos das maiores loucuras e das aventuras mais ousadas; em compensação, vemos, satisfeitos, a ousada competência de quem se propõe a promover grandes eventos.

            No primeiro semestre deste ano, foi realizado o V Festival Amazonas de Ópera, cuja programação, eclética, começou com La Bohème, de Puccini, e terminou com a A Flauta Mágica, de Mozart; os outros cartazes foram Manon e a A Ópera dos Três Vinténs, peças líricas que podem, sem qualquer dúvida, ser incluídas na lista dos expoentes de três séculos de genialidade, daquela sublime inspiração que Deus propicia aos gênios da humanidade.

            O que chama a atenção, nas seguidas temporadas promovidas pelo Teatro Amazonas, é a conjugação de talentos: músicos, cantores e técnicos, aliados aos administradores, que se imbuíram da responsabilidade de programar, com louvável antecedência, os eventos do ano seguinte e até mesmo de jornadas posteriores.

            Isso, que deveria ser uma rotina, é algo muito raro no Brasil.

            Os artistas e os profissionais envolvidos nas grandes montagens assinam seus contratos com antecedência de muitos meses - no caso dos mais renomados, até mesmo de anos; achar brechas em suas agendas, compatíveis com o calendário local, não é uma fácil tarefa. No entanto, hoje, a programação de 2002 e até mesmo os primeiros compromissos para 2003 já estão definidos pelo Teatro Amazonas, garantindo aos futuros VI e VII Festivais Amazonas de Ópera a reedição do sucesso colhido nas edições anteriores.

            Quando digo “temporada do Teatro Amazonas”, refiro-me, na verdade, ao brilhante trabalho desenvolvido pela equipe liderada por Inês Lima Daou, sua Diretora, com o decidido apoio do Secretário Estadual de Cultura, Robério dos Santos Pereira Braga, que têm no Governador Amazonino Mendes o inspirador maior. Para se ter uma idéia da coragem com que estão trabalhando, basta citar um fato que os apreciadores de ópera saberão entender e valorizar: a partir da próxima temporada, será montado integralmente o ciclo maior da obra de Wagner, O Anel dos Nibelungos, começando com A Valquíria, já em abril de 2002.

            Além dos mais consagrados compositores estrangeiros, quem assistir ao VI Festival Amazonas de Ópera encontrará uma das mais belas e menos conhecida obras de Carlos Gomes, O Condor, nos dias 19, 22 e 25 de maio. Falta definir, apenas, ao que me consta, o elenco de todas as produções em pauta, mas, pelo que foi divulgado na imprensa, teremos novamente a mescla de nomes consagrados e jovens talentos nacionais, apoiados em músicos experientes, oriundos da Europa Oriental e integrantes do elenco permanente do Teatro Amazonas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao promover seus festivais anuais de ópera, o Teatro Amazonas não está apenas brindando os amantes brasileiros da boa música com belos espetáculos. Está, na realidade, abrindo uma grande porta para o turismo brasileiro, o turismo cultural. Existem dezenas de grandes agências, nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, especializadas em promover roteiros para os cidadãos de seus países - roteiros que, a pretexto de conhecer teatros e assistir a óperas, todos os anos, levam milhares de pessoas mundo afora.

            São viajantes de alto nível cultural, social e financeiro, que não dissociam as duas coisas: eles buscam, de fato, os espetáculos, mas não perdem a oportunidade de fazer turismo, puro e simples. Seus roteiros dividem-se entre as casas tradicionais da Itália, Alemanha, Áustria, França, Estados Unidos, mas também cobrem regiões exóticas, para os padrões do Primeiro Mundo, como Austrália, Nova Zelândia e América do Sul.

            No Rio de Janeiro, por exemplo, além das belezas naturais da cidade, encantam-se e surpreendem-se ao ver no Theatro Municipal uma réplica da Ópera de Paris, com a mesma qualidade acústica e o mesmo conforto.

            Um dos grandes fatores de atração turística, hoje, é a ecologia. E nenhum lugar do mundo está em condições de oferecer tanta riqueza, tantas maravilhas, como a Amazônia brasileira. E, em toda a grande região, é pacífico o fato de que Manaus apresenta as melhores condições para atrair, alojar e entreter os visitantes. Seus igarapés, seus portentosos rios, a flora luxuriante, a riquíssima fauna, a estrutura já existente, que oferecem exotismo sem prejudicar o conforto e a segurança, tudo isso ganhará uma importante alavanca se tiver, em paralelo, algo buscado por milhares de pessoas em todo o mundo: espetáculos de alto nível, em teatros dotados de invejáveis recursos técnicos e cênicos.

            A indústria do turismo é uma das mais promissoras neste início de milênio. São bilhões de dólares circulando, são milhões de empregos em hotéis, prestadores de serviços e transporte aéreo; é um filão que o Brasil não explora como devia, ao contrário, está muito aquém de seu potencial comprovado.

            As principais cidades brasileiras dispõem de excelentes teatros, além dos Municipais do Rio, de São Paulo e do Amazonas, em Manaus. Existe um público apaixonado, os chamados “Amantes da Ópera”, que ainda não foi eficazmente atraído para conhecer esses templos da arte lírica. Podem não ser tão ricos como os clientes das agências norte-americanas, canadenses e européias, mas, decerto, vão aderir a roteiros bem divulgados e em preços razoáveis, para percorrer as salas do País e, ao mesmo tempo, conhecer as atrações turísticas das respectivas cidades.

            O que o Teatro Amazonas está fazendo é mostrar o caminho. E espero que esse novo pioneirismo dos manauaras se consolide e marque uma nova página na história da arte, da cultura e da indústria turística no Brasil. Porque estas, sem qualquer sombra de dúvida, são coisas de que muito precisamos: o prazer da arte; o crescimento intelectual e social da cultura; e intelectual da cultura; e a criação de novas fontes e recursos financeiros, principalmente em moedas fortes, trazidos pelos clientes da indústria turística.

            Não podemos perder novamente a oportunidade histórica de auferir simultaneamente essas três riquezas.

            O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Senador Nabor Júnior, lamentavelmente, eu estava numa reunião do Partido e não pude cumprimentá-lo pelo seu magnífico discurso. Mas quero, ainda que tardiamente, pois V. Exª já terminou seu pronunciamento, que receba o meu apoio e os meus cumprimentos pela matéria que abordou no plenário.

            O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Bernardo Cabral.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.


            Modelo15/16/241:21



Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2001 - Página 26055