Pronunciamento de Romero Jucá em 30/10/2001
Discurso durante a 145ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Análise do sucesso alcançado pela Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
- Autor
- Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INDUSTRIAL.:
- Análise do sucesso alcançado pela Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/10/2001 - Página 26876
- Assunto
- Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
- Indexação
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- REGISTRO, QUALIDADE, RELATORIO, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER).
- ANALISE, DESENVOLVIMENTO, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER), AUMENTO, RECEITA BRUTA, CRESCIMENTO, PRODUTIVIDADE, ALCANCE, SUPERAVIT, CONTRATAÇÃO, EMPREGADO, MELHORIA, QUALIDADE, PRODUTO, MODERNIZAÇÃO, TECNOLOGIA.
- ELOGIO, INICIATIVA, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER), DIVERSIFICAÇÃO, CONSUMIDOR, PRODUTO, IMPLEMENTAÇÃO, ACORDO DE COOPERAÇÃO ECONOMICA E INDUSTRIAL, EMPRESA, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, RUSSIA.
O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, faz pouco tempo, vim a esta tribuna para falar sobre o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - o INMETRO e como ele representa o Brasil que dá certo, o Brasil do Primeiro Mundo, o Brasil que gera tecnologia e se impõe como parceiro dos mais desenvolvidos e, também, exporta saber.
Hoje, Sr. Presidente, quero tecer alguns comentários sobre mais um pedaço do Brasil que é sucesso - a EMBRAER, nossa Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
Em primeiro lugar, uma referência à qualidade gráfica e à objetividade do Relatório Anual 2000 da empresa. Trata-se de um documento de primoroso acabamento, mostrando o quanto nossos profissionais de comunicação e editoração estão capacitados a concorrerem com os melhores do mundo. Ele é mais uma prova de que o Brasil pode dar certo, se souber e quiser confiar em seus profissionais. Se der chances aos brasileiros e brasileiras de desenvolverem e aplicarem seu elevado potencial de trabalho.
Feito esse elogio preliminar, volto à EMBRAER propriamente dita. É espantoso o gigantesco desenvolvimento alcançado pela empresa no relativamente exíguo período de cinco anos, de 1996 a 2000. Sua receita bruta aumentou de sete vezes, alcançando, em 2000, 2,9 bilhões de dólares ao ano. Paralelamente a EMBRAER saiu de um prejuízo de 122 milhões de dólares, em 1996, para um lucro de 353 milhões em 2000. O valor dos pedidos em carteira praticamente decuplicou no mesmo espaço de tempo, chegando a 11,5 bilhões de dólares, em 2000. E isso tudo foi alcançado com um aumento expressivo de produtividade, pois a receita por empregado passou de 101 mil dólares ao ano, em 1996, para 307 mil, em 2000, apesar de a empresa ter quase triplicado o número de seus empregados, para poder responder ao aumento da demanda por seus produtos.
Sr. Presidente, o ano de 2000 foi particularmente frutífero para a EMBRAER. Ela tornou-se a líder mundial no segmento de jatos regionais de até 60 lugares, enquanto que, em julho, lançava simultaneamente suas ações nas Bolsas de Nova Iorque e de São Paulo. O aporte de capital que daí decorre é a via necessária para lastrear o crescimento da empresa em face do sucesso dos produtos que oferece ao mercado.
Vender 400 aeronaves em um só ano equivale a mais de um aparelho por dia. Essa foi a façanha da EMBRAER em 2000. Se adicionarmos a esses aviões as opções sobre outros 295, vemos que a companhia comercializou quase dois aparelhos por dia no ano passado. E se juntarmos a essas duas cifras o total das encomendas dos anos anteriores, chegamos ao expressivo número de 1.212 unidades entre pedidos firmes e opções de compra a serem entregues, num montante de 24 bilhões de dólares.
Aplicando a estratégia de diversificação de mercados e produtos, a EMBRAER captou clientes em todos os cinco continentes e oferece produtos tanto para a aviação comercial como de defesa. Além disso não se restringe a um só tipo de clientela, buscando atingir todos os setores que necessitam de aviões do porte dos que fabrica e comercializa. Assim é que a EMBRAER lançou a linha de jatos corporativos Legacy, com três modelos de alta sofisticação. No momento mesmo de seu lançamento, como que atestando o sucesso e a competência da empresa, a companhia norte-americana Swift Aviation encomendou 25 unidades do Legacy, com opções de compra de outras 25 aeronaves.
Na aviação de defesa, a EMBRAER desenvolve aparelhos para o sistema SIVAM, na Amazônia, e tem produtos vendidos para as forças armadas da Grécia, do México, da Venezuela e da Bélgica. Outros países têm sido atraídos pela qualidade e confiabilidade dos aviões produzidos pela empresa, demonstrando que a tecnologia made in Brazil pode ser tão boa quanto as melhores do mundo.
Não é por outra razão que a canadense Bombardier ficou tão incomodada com as vendas da EMBRAER no mercado internacional. Podemos falar de igual para igual com os grandes, ou melhor, somos capazes de oferecer um diferencial que nos torna freqüentemente mais atraentes.
A esse propósito, cabe registrar o programa de investimento em qualificação de mão-de-obra da EMBRAER. Ela é uma das companhias que mais capta força de trabalho nas boas escolas de formação de engenheiros e técnicos. Além do mais, faz parte de sua política o incentivo ao aperfeiçoamento contínuo de seus quadros, seja em cursos técnicos de extensão ou formação, seja em programas de pós-graduação que incluem mestrado e doutorado. Eis uma empresa que pensa grande, valorizando seu pessoal e tornando-se atraente para os profissionais do ramo.
E muito mais faz a EMBRAER, Sr. Presidente! Desenvolver tecnologia significa buscar parcerias que otimizem recursos financeiros e maximizem o potencial humano. Assim a empresa tem acordos de cooperação com o grupo alemão Liebherr, para fabricação de trens de pouso e componentes hidráulicos; e com a GE Capital Aviation Training, para treinamento de pilotos e mecânicos de manutenção de sua mais recente linha de jatos regionais. A TsAGI, da Rússia, maior instituto de pesquisas aeronáuticas do mundo, tem acordo com a EMBRAER, permitindo que nossa empresa utilize os túneis de vento e laboratórios de aeroelasticidade e aerodinâmica computacional, instalações indispensáveis para projetar aparelhos confiáveis e seguros.
Sr. Presidente, sem querer me estender por muito mais tempo, gostaria de frisar, ainda, alguns detalhes que podem ser extraídos do Relatório Anual 2000 da EMBRAER.
Quando é política do Estado fomentar o desenvolvimento em determinada área do conhecimento humano e da tecnologia dela derivada, é sempre possível alcançar resultados de excelente qualidade. Bastam continuidade, dentro de um projeto e de uma estratégia bem definidos, o aporte dos recursos de modo racional e seu uso correto. A EMBRAER é o testemunho vivo do que pode ser feito nessa direção.
Esperamos que esse exemplo de sucesso empresarial e tecnológico do Brasil possa se estender às demais áreas da vida nacional, fazendo com que esses casos deixem de ser bolsões de Primeiro Mundo encravados num País de desigualdades e desequilíbrios, para se tornarem a barra de nivelamento de toda a sociedade brasileira, abaixo da qual não fique qualquer brasileiro excluído dos benefícios do desenvolvimento.
Eu sei que os recentes atentados no Estados Unidos da América causaram, além da comoção mundial, um forte impacto no setor aeronáutico, seja no de transporte de passageiros, seja no de produção de aeronaves. Como era previsível, também a EMBRAER sofre tal impacto. Esperemos que a lucidez e a temperança retornem ao mundo e que, com a sua competência mais do que demonstrada, a direção da empresa consiga fazê-la atravessar esta quadra sem maiores percalços.
Concluindo, desejo parabenizar todo os que trabalham na EMBRAER, fazendo de seu Diretor-Presidente Maurício Novis Botelho o portador de nossas congratulações a todos.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.