Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pronunciamento de despedida do mandato de Senador para assunção ao cargo de Governador do Estado do Piauí, em decorrência de decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral.

Autor
Hugo Napoleão (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Hugo Napoleão do Rego Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Pronunciamento de despedida do mandato de Senador para assunção ao cargo de Governador do Estado do Piauí, em decorrência de decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral.
Aparteantes
Alberto Silva, Antonio Carlos Valadares, Artur da Tavola, Carlos Patrocínio, Carlos Wilson, Casildo Maldaner, Edison Lobão, Eduardo Siqueira Campos, Eduardo Suplicy, Emília Fernandes, Francelino Pereira, Geraldo Melo, Gerson Camata, Gilvam Borges, Jorge Bornhausen, José Agripino, José Coelho, Juvêncio da Fonseca, Leomar Quintanilha, Maria do Carmo Alves, Marina Silva, Marluce Pinto, Moreira Mendes, Ney Suassuna, Ricardo Santos, Romero Jucá, Romeu Tuma, Sérgio Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2001 - Página 28082
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, DESPEDIDA, SENADO, CUMPRIMENTO, DECISÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), POSSE, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), MOTIVO, FRAUDE, ELEIÇÃO, CORRUPÇÃO, EX GOVERNADOR.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Senador Edison Lobão; Sr. Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Senador Jefferson Perez; Srªs e Srs. Senadores, assomo à tribuna, na sessão de hoje, para um despedida.

            Cheguei ao Congresso Nacional, nos idos de 1975, representando o povo do Piauí na Câmara dos Deputados; já lá ia, àquela época, com 38.075 votos. De lá para cá, fui reeleito Deputado Federal em 1978, dessa feita, com 53 mil votos.

Aqui vejo no plenário, por exemplo, o estimado amigo, Senador Nabor Júnior. Juntos chegamos à Casa em 1975. Desempenhei funções: fui vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e vice-líder do antigo PDS. E, em 1982, após vinte anos de eleições indiretas para Governador, fui eleito Governador do Estado do Piauí pelo voto direto e secreto dos meus conterrâneos. Quero dizer que, desde a campanha de 1974, Sr. Presidente, defendi ardorosamente a extinção do AI-5, dos atos institucionais, dos atos complementares e da Lei de Segurança Nacional. Defendi a sua revogação, com a extinção do banimento da prisão perpétua e da pena de morte. V. Exª deve lembrar-se bem, Sr. Presidente Edison Lobão, porque fomos colegas e vice-líderes juntos, e tive a subida honra de desfrutar da sua inteligente companhia e, também, dos seus sábios conselhos, sugestões e orientações. Defendíamos, também, a extinção dessas penas. Enfim, eu era um liberal dentro do meu partido. Naquela época, havia efetivamente televisão, horário eleitoral gratuito, só que o programa não era produzido, era direto e ao vivo. Mais adiante, veio a Lei Falcão, já proibindo, em 1978, como em 1982, que nós, candidatos, aparecêssemos ou comparecêssemos diante das câmeras. Então, sempre me considerei liberal, até porque na universidade onde estudei, Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, fui representante de turma, vice-presidente, presidente do diretório e orador da turma, sempre defendendo, ardorosamente, as idéias de renovação e de mudança do sistema de então. E essa bandeira levei, também, para o escritório do ex-ministro Vítor Nunes Leal, de quem fui colega - obviamente ele era meu chefe - no seu escritório do Rio de Janeiro.

Lá, tive, inclusive, a subida honra, embora num momento difícil, de ser advogado do ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Ainda há poucos dias, enviei uma cópia dessa procuração, apenas para conhecimento, ao eminente jornalista Marcos Moreira Alves. A procuração era outorgada para Heráclito da Fontoura Sobral Pinto, para Cândido de Oliveira Neto, Evaristo de Moraes Filho, Noé Azevedo e o modesto orador que assoma à tribuna neste instante, perante a Comissão Geral de Investigações, numa investigação sumária feita em função do AI-5.

Então, sempre me considerei um liberal na acepção política do termo. Nunca, embora alguns pudessem assim pensar, tive a pecha de um reacionário ou de um direitista conservador. E foram essas idéias que levei para o governo do Piauí, onde, politicamente, fui advogado da campanha de Tancredo Neves para Presidente de República.

A Assembléia Legislativa do meu Estado, sob a minha orientação e meu comando - sabe bem o Senador José Coêlho, aqui presente, que sempre me honrou e distinguiu com a sua amizade -, foi a primeira do Brasil a eleger os seis delegados ao Colégio Eleitoral, todos eles do PDS, mas para votar em Tancredo Neves. Afinal, era um rompante daquele jovem liberal ainda, que, desejando ver as coisas modificadas no Brasil, estava a defender o regime democrático e eleições limpas.

No Governo, tive a felicidade de ter tido uma obra, da qual me dispenso de falar, mas que foi marcante, atuando em favor do funcionalismo público, que sempre defendi, pagando rigorosamente em dia bons salários, até que, nos idos de 1996, candidatei-me ao Senado, onde, novamente, voltei a encontrar V. Exª, Sr. Presidente, nesta Casa, como Senador pelo seu querido e glorioso Estado do Maranhão.

Novamente, percorri estradas. O Presidente José Sarney, por quem nutro grande admiração e profunda estima, nomeou-me para dois Ministérios - o da Cultura e o da Educação. No primeiro, entre Celso Furtado e José Aparecido; no segundo, sucedendo Marco Maciel e Jorge Bornhausen, dois dos meus mais diletos e queridos amigos. O primeiro, não há dúvida, é uma espécie de ideólogo do Partido da Frente Liberal, Marco Maciel. Homem reconhecidamente de vida limpa, ilibada, correta. Inclusive, Srªs e Srs. Senadores, S. Exª tinha mais noticiário quando era Senador da República do que hoje, como vice-presidente, porque é discreto. Ele usa da discrição para não trazer, de forma alguma, o menor embaraço ao Senhor Presidente da República. Mas, como dizem, é um “senhor político”.

E o que dizer do Senador Jorge Bornhausen? Fui Presidente Nacional do PFL por duas vezes. Eleitos em convenção, o primeiro foi o Senador Jorge Bornhausen; o segundo, o vice-presidente; e eu, o terceiro. Tive a honra de presidir o Partido da Frente Liberal, após haver sido, como já havia dito, Senador por duas ocasiões.

Candidatei-me novamente às eleições como Senador em 1994. Já, aí, tive a felicidade de ser sufragado por mais de meio milhão de piauienses, o que me trouxe muito estímulo e muita força. Fui também Ministro de Estado das Comunicações no Governo do Presidente Itamar Franco, na época em que o Senador Pedro Simon era o seu líder nesta Casa.

Em todos esses postos - não vou alongar-me nas ações que fiz - procurei servir ao Brasil e, servindo ao meu País, também servir ao Nordeste e ao meu querido Estado do Piauí, de povo glorioso, sofrido, mas aguerrido, forte, corajoso. Procurei servir, também, por meio da dinamização do sistema de comunicações.

Vejo aqui, também, a estimada amiga Senadora Maria do Carmo Alves, cujo esposo, Governador João Alves Filho, um dos bons amigos que a vida me deu, foi Governador do Estado de Sergipe quando fui Governador do Piauí.

Este é, portanto, um momento de sentimentos, porque é um momento de despedidas. Todos têm conhecimento - não vou mais moer e remoer os fatos - de que anteontem, terça-feira, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, fui levado à condição de assumir amanhã novamente o Governo do Estado do Piauí.

O que aleguei à época? Aleguei as benesses, desenfreadas em todos os campos, em todos os sentidos, em todos os setores; aleguei que houve corrupção eleitoral e abuso do poder econômico por parte do ex-governador do Piauí, cujo mandato foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral nessa decisão de anteontem, juntamente com o seu vice-governador. E demonstrei, à saciedade, com documentos, com provas, com depoimentos pessoais de testemunhas, a verdadeira aberração que se constituiu a ação do Governo do Piauí no ano de 1998, quando me candidatei a Governador do Estado e não fui eleito por uma diferença ínfima, no final.

E o Tribunal Superior Eleitoral declarou que houve nexo de causalidade, ou seja, houve, nas ações desenvolvidas em torno da corrupção eleitoral e do abuso do poder econômico, alteração nos resultados das eleições. No entanto, não me aprofundei, exatamente, naqueles elementos do processo, para não remoer e não revolver coisas do passado.

Na verdade, Sr. Presidente, estou assumindo um governo que ganhei. Estou assumindo o Governo do Estado do Piauí, que me foi outorgado pela escolha livre dos meus queridos conterrâneos para uma missão árdua, dura. Fui aguerrido e sou reconhecido pelas pesquisas de opinião pública como o oposicionista autêntico ao Governo anterior e ao ex-governador do Estado do Piauí, porque levei as denúncias à televisão, ao rádio, ao jornal, aos órgãos de imprensa do meu Estado, não abdicando desse direito, um momento sequer, embora sob ameaças e constantes aleivosias do Chefe do Poder Executivo de então.

Porém, repito, não vou remoer esse assunto, porque vamos cumprir a decisão da Corte Eleitoral do nosso País. Chegarei ao meu Estado amanhã para receber uma missa em ação de graças que será rezada pelo padre João, na Igreja de São Cristóvão, às 9h da manhã. Fui comunicado oficialmente pelo Tribunal Regional Eleitoral, que irá diplomar a mim e ao ex-Deputado Federal Felipe Mendes de Oliveira, do PPB, candidato a vice-governador, e que, às 11h da manhã, no Plenário da Assembléia Legislativa do Estado do Piauí, seremos empossados. Estará no exercício um dileto e muito estimado amigo, o Deputado Estadual Sebastião Leal Júnior, que também tem representado essa luta de oposição junto com outros colegas da Assembléia Legislativa. Finalmente, às 12h30min, no Palácio do Karnak, em Teresina, o Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Kleber Dantas Eulálio, fará a transmissão. Já conversei com S. Exª pelo telefone e acertamos essas solenidades.

Percebo que vários Srs. Senadores desejam apartear-me, porém, antes de conceder, com o maior prazer, o aparte ao eminente Senador Edison Lobão, que passou a V. Exª, Senador Jefferson Péres, a presidência dos trabalhos desta Casa, saúdo tantos e tão brilhantes colegas, como o nobre Senador Artur da Távola, Líder do Governo, o Senador José Agripino, que foi meu colega de Governo, quando fui Governador, o Senador Geraldo Melo e Senador Gerson Camata, que também foi colega. Concederei a todos um aparte.

Gostaria de dizer que chegarei com os olhos da paz, da concórdia e da bonança. Parafraseando o meu amigo Juscelino Kubitschek, lançarei os olhos sobre o amanhã do meu Estado, pensando no seu desenvolvimento glorioso, nos grandes programas, a fim de transformá-lo em um celeiro de alimentos. Desenvolverei o Projeto Grande Teresina, que foi aprovado nesta Casa e na Câmara dos Deputados e sancionado pelo eminente Presidente Fernando Henrique Cardoso, que me deu a alegria de telefonar-me, antes de sua viagem a Nova Iorque, cumprimentando-me. Enfim, chegarei com os olhos da concórdia.

Tenho sido atiçado, desafiado, provocado, mas a tudo isso responderei com ações que procurarei converter em créditos junto à opinião pública e ao povo do Piauí.

Nesse espírito de concórdia, repito, de pacificação, de harmonia, de entendimento, tomarei as medidas moralizadoras que forem necessárias - não abrirei mão disso -, sem alarido, com eficiência, sem vinditas nem vinganças.

Sr. Presidente, sou um homem em cujo coração não cabe o sentimento do ódio. Desse sentimento, Deus poupou-me.

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo, com muito prazer, o aparte ao eminente Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Hugo Napoleão, pedi ao Presidente da Comissão de Relações Exteriores, Senador Jefferson Péres, que assumisse a Presidência dos nossos trabalhos, já que eu não poderia aparteá-lo naquela condição, porque não poderia deixar de fazê-lo. Aqui estou para dizer que sou seu companheiro de Partido, seu colega no Senado e seu amigo há tantos e tantos anos. Temos convivido ao longo desse tempo todo - antes de ser 1º Vice-Presidente do Senado, fui seu 1º Vice-Líder -, e muito aprendi com V. Exª, inclusive em alguns aspectos hoje pouco usuais na vida pública, que é a renúncia. V. Exª mais me entregava a Liderança do que desejava exercê-la, num preito de confiança e amizade. Exercia-a, sim, mas desejava que eu a exercesse também. Devo contar, pela primeira vez, um episódio, e vou fazê-lo apenas porque isso honra V. Exª e demonstra o quanto o nosso Partido tem um sentimento de solidariedade para com esse nobre político que nos veio do Piauí. Quando V. Exª foi eleito Líder, por nós, há sete anos, e eleito por unanimidade, ficou acertado que a cada ano elegeríamos um outro líder. E o que aconteceu? Todos os anos, por unanimidade, reconduzíamos V. Exª ao mesmo cargo; e eu, seu 1º Vice-Líder, tomava a iniciativa de ser o primeiro subscritor sempre da lista que o reconduzia. E por que o fazíamos? Porque tínhamos a consciência de que V. Exª, mais do que qualquer de nós, era o Líder que melhor representava as aspirações do nosso Partido. O que é o líder? O líder é aquele que sabe ser tolerante com os seus companheiros, que sabe ouvi-los, que sabe ser solidário com todos nos momentos mais difíceis. Todas essas qualidades e todos esses predicamentos tem V. Exª. Neste momento em que V. Exª se retira do Senado, para nossa tristeza - embora, também para nossa alegria, porque V. Exª retoma aquilo que lhe foi tirado, que é o Governo do Estado -, nós queremos dizer que V. Exª irá para o Governo do Piauí, mas levará sempre a nossa lembrança da sua presença, da sua correção, da sua decência, da sua dignidade e levará a nossa mais absoluta solidariedade. Político jovem, ainda, pode-se dizer que é um homem caminhado pelas grandes posições da vida pública e a nenhuma delas chegou se não pelo absoluto merecimento. V. Exª, como acabou de relatar, foi Ministro três vezes, Governador de Estado, Senador duas vezes, Deputado Federal e Presidente do nosso Partido, e tudo isso por absoluto merecimento. Todos nós, nesta Casa, nos lembramos, ainda, de Petrônio Portella. Ainda há pouco, eu conversava com o nobre Senador Jefferson Péres sobre ele, sobre aquela personalidade marcante da vida pública brasileira.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Eu fui seu liderado.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - E V. Exª foi liderado dele e, na época, eu era jornalista. Ele foi um dos mais importantes homens públicos que este País já produziu, e veio do Piauí. Pois V. Exª foi seu sucessor, com todos os talentos que tinha, com toda a inteligência e com toda a decência com que Petrônio Portella exercia o seu mandato. Senador Hugo Napoleão, V. Exª tem sido um exemplo para nós, do PFL, e sei que também para esta Casa, pela forma com que exerce o seu mandato. V. Exª foi um extraordinário Governador e não tenho dúvida que voltará ao Piauí para exercer novamente um grande governo para o povo da sua terra. E digo isso com a experiência que hauri no exercício do mandato de Governador do meu Estado. Seja feliz e faça com que aquele templo, que é o Palácio de Karnak, volte a ser o templo que sempre deveria ter sido.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Recolho, emocionado, Senador Edison Lobão, as observações de V. Exª. Procede o fato de que estou há sete anos na Liderança do Partido da Frente Liberal no Senado Federal com a benevolência, a boa vontade, a atenção, o desvelo e a amizade dos meus pares, dentre os quais avulta V. Exª.

O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - V. Exª me permite um aparte, Senador Hugo Napoleão?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo, com prazer, o aparte ao Senador Artur da Távola. Vejo também chegar ao plenário o Senador Alberto Silva, ex-Governador do Estado do Piauí, que me honra com a sua amizade.

O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - Senador Hugo Napoleão, hoje é um dia complexo para o espírito de V. Exª e ao afeto dos seus pares. Disse bem o Senador Edison Lobão, que ficamos, ao mesmo tempo, alegres e tristes, esse intercâmbio de emoções variadas de que a política é pródiga. V. Exª acabou de fazer uma conclamação à concórdia. V. Exª entra novamente no Governo do Piauí num momento traumático para o Estado, e, nesse caldeirão de ódio e pequenas paixões - “paixiúnculas”, se houvesse essa palavra - que é a política, V. Exª não toma o que a Justiça lhe concedeu como um instrumento de vindita, de violência, porque é isso que empobrece a política. Só fica na história o gesto generoso. Ademais, se fizéssemos um raciocínio prático, eu diria a V. Exª que quem ganha não briga; quem ganha pacifica, porque essa é a vitória. A vitória não está no ganhar e sim em saber ganhá-la, e sabe ganhá-la quem a utiliza na direção da concórdia, do avanço, nada obstante a sua necessidade de agir como Governador nos casos que lhe pareçam insuperáveis. É uma conclamação muito importante de ser ouvida, fora do nosso âmbito também, por jovens que queiram fazer política, porque o normal da política é o ódio contra o ódio; e o ódio que substitui o ódio nada cria. Agora, isso faz parte - a meu juízo - de algo a que quem convive com V. Exª aqui já se habituou. V. Exª é um mestre da cordialidade. Com essa sua cara de garoto e essa alma e essa sabedoria de Matusalém, que também é uma outra mistura muito interessante na personalidade de V. Exª, faz parte daqueles políticos que fazem a diplomacia da política, que implica a compreensão do outro, que implica estender a sua tolerância para o próximo, conceber as razões de todos e buscar um ponto comum. Essa não é a figura mais exaltada, porque, em geral, se quer da política a heroicidade, a grandeza, a voz tonitruante. Fazendo aqui uma comparação: quer-se da política não o brado retumbante do nosso hino, mas o bardo retumbante, aquele poeta dos grandes vôos. V. Exª opera numa direção distinta, na direção desse trabalho anônimo, a que aludia agora mesmo o Senador Edison Lobão, facultando a liderança para os vice-líderes, ouvindo todo mundo e obtendo as respostas desse trabalho ao ser eleito por unanimidade, respeitado por seus pares. Esse caráter sutil da atividade política de V. Exª é uma marca também do Partido de V. Exª, que é muito interessante desse ponto de vista, porque é um Partido extremamente unitário, em que todos se entendem como que magicamente, é o único Partido que não precisa se reunir. Então, essas características fazem de V. Exª uma pessoa extremamente estimada, porque tudo isso não é posto a serviço disso mesmo. A sutileza de V. Exª não é posta a serviço da sutileza, a cordialidade de V. Exª não é posta a serviço da cordialidade, mas são postas a serviço do País, da causa. É uma forma até de ajustar-se às dificuldades do dia-a-dia da política e buscar sempre o avanço, o passo adiante, o novo caminho. Por tudo isso, nós, seus companheiros de trabalho, ficamos, de antemão, com a saudade, mas certos de que V. Exª vai cumprir o seu desígnio, o seu destino, vai fazer um belo trabalho no tempo que lhe cabe. A nós, cabe-nos, sim, talvez, fazer uma reflexão para que possamos dar condições permanentes - no momento em que estamos votando a reforma da Justiça, e é verdade que o caso de V. Exª tramitou na Justiça Eleitoral - para que a Justiça não seja tão demorada no Brasil. Veja V. Exª, a Justiça, afinal, consagra as teses que V. Exª defendeu na representação três anos e meio depois! É realmente um prazo terrível para quem é dono de direito, sobretudo no caso de um governador de Estado. Bem, a lista de aparteantes é muito grande e ficaria muito tempo nesta despedida. Vá V. Exª com Deus!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Eminente Senador Artur da Távola, nosso querido e estimado Paulo Alberto, realmente essa carga de diplomacia em mim é muito forte, vem de três gerações - é genética, como diz V. Exª -, o meu querido pai, Aluizio Napoleão; o meu avó, Edmundo Quinto Alves; e o meu bisavô, Pecegueiro do Amaral, que foi Chefe de Gabinete do Barão do Rio Branco, a quem se atribuía a frase: “Dinheiro haja, Sr. Barão”, porque o Barão, eventualmente, seria um homem propenso a gastar. Sempre fui admirador de V. Exª e tive a ventura de embeber-me em suas palavras plenas de humanismo, de cultura e de conhecimento. Se eu tivesse que definir V. Exª, eu diria: Artur da Távola, um homem que sabe das coisas. Muito obrigado.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Concede-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Pela ordem, concedo o aparte ao Senador José Agripino.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Meu caro Senador e amigo Hugo Napoleão, se estivéssemos numa sessão de quarta-feira, V. Exª passaria quatro horas em pé, porque o plenário estaria cheio e não tenho nenhuma dúvida de que cada um dos seus Colegas iria querer lhe dirigir uma palavra, que seria uma palavra de apreço sincero, pela sua atuação neste Senado sempre profícua, competente e, acima de tudo, amena, que é a marca de sua presença na vida pública do País. Quando eu aqui cheguei, vindo da reunião da Executiva Nacional, ouvia V. Exª dizer que voltava ao Piauí com os olhos da concórdia.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - É verdade.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) -É muito bom que isso seja dito aqui, porque V. Exª está voltando ao Governo do Piauí por decisão da Justiça. Quem decidiu isso foi o Tribunal Superior Eleitoral, que, à luz de fatos e à luz de evidências, achou que V. Exª deveria ser o Governador do Estado do Piauí. Minha opinião pessoal é: graças a Deus e para a felicidade do povo do Piauí! Mas quero dirigir a palavra ao meu Líder, que, como disse o Senador Edison Lobão, foi Líder durante esses quase sete anos em que aqui estamos juntos. Líder é aquele que é capaz de interpretar o sentimento dos seus liderados. O líder pode ser bom e pode ser ruim. O líder bom é aquele que, como V. Exª, pauta o seu comportamento pelo cumprimento da palavra e dos compromissos; que não é arrogante, é tolerante e sabe conduzir as coisas com isenção. Essa é a marca fundamental da personalidade de V. Exª como político, que já foi Governador do Piauí, que é um homem cercado de êxitos, e que agora volta a governar o seu Estado, deixando no Senado a marca de sua presença, pela amizade demonstrada nos depoimentos que lhe são prestados. E essas amizades vão lhe ser úteis no exercício do novo cargo. Eu não o invejo, Senador Hugo Napoleão, pois V. Exª vai receber uma carga pesada. Não sou eu quem diz isto, são opiniões diversas, de ponta a ponta: o Piauí não vai bem. Tenho certeza de que o seu talento e a sua competência vão ser colocados à prova no limite máximo. Se V. Exª precisar de ajuda, toque o trombone que seus amigos de Brasília vão ajudá-lo. Eu vou estar ao seu lado, em Teresina, amanhã, na hora em que V. Exª estiver sendo diplomado, na hora em que estiver assumindo o Governo do Estado. Estarei lá para, como seu amigo - e somos amigos há muito tempo, os meus filhos são amigos dos seus filhos -, levar-lhe o meu testemunho, o testemunho do seu Partido e também os votos de bons augúrios para que o Piauí entre numa nova jornada, passe a ser de novo bem-conduzido pelo novo Governador Hugo Napoleão. Que Deus o proteja e guie seus passos!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Amém, Senador José Agripino! A V. Exª, Presidente em exercício do meu Partido, que me dará orgulho de estar presente às solenidades de investidura no Governo do Piauí, quero dizer que me recordo, com exatidão, daqueles tempos idos e vividos quando, juntos, pela democracia - V. Exª, Governador do Estado do Rio Grande do Norte, e eu, do Piauí -, procurávamos a defesa do que considerávamos o melhor para o País. Seguramente, aquele passo que demos juntos, em momentos sofridos, foi um passo vigoroso para o nosso País. Muito obrigado, Senador José Agripino.

O Sr. Geraldo Melo (Bloco/PSDB - RN) - Senador Hugo Napoleão, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço o aparte de V. Exª, Senador Geraldo Melo.

O Sr. Geraldo Melo (Bloco/PSDB - RN) - Senador Hugo Napoleão, à semelhança do Senador Artur da Távola, divido-me hoje entre a alegria de ver V. Exª viver um momento de afirmação e de reafirmação de seu talento e do seu merecimento na vida pública, e o desapontamento de ver V. Exª nos deixar. Lamento porque isso acontece quando eu - já havia lhe dito isso pessoalmente - estou praticamente estreando na condição de Líder do meu Partido e desejava ter a sua companhia como Líder do PFL.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Já havíamos combinado algumas conversas.

O Sr. Geraldo Melo (Bloco/PSDB - RN) - A experiência parlamentar, a experiência anterior de V. Exª, principalmente nos momentos mais difíceis, sempre foi construída numa trajetória positiva de superação de crises e de dificuldades. Vejo V. Exª como uma espécie de tecelão de harmonias. Por isso, não me surpreende a afirmação de que V. Exª vai para o Piauí, imbuído de um grande espírito de concórdia. Sou dos que acreditam, como Senador de um Estado pobre como o de V. Exª, que nós todos, da nossa região, somos muito pobres para nos dar ao luxo de nos dividir em relação às questões essenciais. Talvez, além da rotina administrativa de um Governador, a grande tarefa e o grande exemplo sempre virão de pessoas capazes de dar a essa função e ao exercício dessa tarefa uma dimensão superior às pequenas questões que às vezes nos dividem tanto, porque todos sabemos que a vida é, como já foi dito em muitas ocasiões, um assunto local. V. Exª leva para o assunto local a sua dimensão de homem público, de envergadura nacional, de experiência nas várias hierarquias e nos vários níveis das funções que desempenhou. E deixa aqui, nesta Casa, uma trajetória marcante de competência, de seriedade, que não posso deixar de assinalar. Sirvo-me da ocasião para, secundando as palavras do meu Líder, Senador Artur da Távola, dizer, em nome do meu Partido, que o momento em que V. Exª se despede do Senado é o momento em que o meu Partido deve registrar, com alegria e sentimento de justiça, a homenagem ao seu desempenho. Ao mesmo tempo, desejo a V. Exª um grande êxito nas tarefas difíceis, nos desafios que terá de enfrentar, para o que peço a Deus que lhe dê a luz, a serenidade e a sabedoria que nunca lhe faltaram. Felicidades, Senador Hugo Napoleão!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Sou-lhe muito grato, eminente Senador Geraldo Melo, Líder do Partido da Social Democracia Brasileira nesta Casa e uma das mais raras inteligências do nosso Nordeste, que também governou o seu Estado.

Lamento que eu tenha de sair agora, quando já havíamos encetado diversos compromissos.

Consigno, com prazer, a presença no plenário dos Deputados Federais Heráclito Fortes, Ciro Nogueira Filho e Paes Landim, todos do PFL do meu querido Estado.

Ouço o aparte, pela ordem, do Senador Ricardo Santos e, em seguida, o do Senador Gilvam Borges.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB -- AP) - Senador Hugo Napoleão, como tenho uma audiência, vou à tribuna dar-lhe um abraço, enquanto V. Exª ouve o aparte do Senador Ricardo Santos. Eu gostaria realmente de me pronunciar, mas deixarei para outra oportunidade.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL -- PI) -- Perfeitamente. V. Exª, indiscutivelmente, é uma das mais afetivas e afetuosas personalidades do Senado Federal, Senador Gilvam Borges.

Ouço, com prazer, o aparte do Senador Ricardo Santos.

O Sr. Ricardo Santos (Bloco/PSDB -- ES) -- Senador Hugo Napoleão, durante este ano e meio em que estou no Senado Federal, conheci V. Exª de uma maneira mais estreita e mais próxima na Comissão de Educação. Sempre admirei a sua posição de alta cordialidade e de equilíbrio, mesmo nos momentos tensos e críticos que vivemos no Senado Federal. Confesso a V. Exª que, na Comissão de Educação, sempre que nos deparamos com problemas de maior complexidade, a minha principal referência sempre foi a personalidade de V. Exª, pela sua cultura, pela sua qualificação de ex-Ministro da Educação e pela sua sensibilidade de homem público. Portanto, eu não poderia deixar de dar este testemunho neste momento em que V. Exª assume novas responsabilidades perante o valoroso povo do Piauí. Também desejo-lhe felicidades. Que V. Exª continue como o grande homem público que sempre foi! Muito obrigado.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Agradeço ao valente capixaba, Senador Ricardo Santos, as palavras de entusiasmo. Agradeço-lhe, sobretudo, por me haver concedido projetos da maior importância para relatar na Comissão de Educação.

Com muito prazer, concedo um aparte ao Senador Alberto Silva, obedecendo a ordem de inscrição. S. Exª é o Presidente Regional do PMDB do meu Estado, cujos conselhos, como também bom engenheiro que é, procurarei seguir.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Meu caro Senador, ouvi bem as palavras do nosso Artur da Távola e de outros companheiros seus que aqui lhe saudaram e lhe desejaram êxito. Há uma singularidade neste aparte: o Governador que deixa o Governo é do meu Partido, mas se trata de uma decisão da Justiça; V. Exª ganhou na Justiça e, naturalmente, tem que obedecer o que está escrito. V. Exª assume o Governo do Estado para terminar o mandato, que talvez seja de um ano e dois meses. Conhecemo-nos há muito tempo, durante as minhas duas gestões no Governo. V. Exª era Governador, e eu, Senador. Entendemo-nos muitas vezes a respeito dos interesses do nosso Estado. Quando Governador, cheguei a propor um governo de união em torno do Piauí. Lembro-me de que V. Exª e a maioria dos membros do seu Partido concordaram com isso, mas alguns disseram “não”, e essa união não foi possível.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - O Deputado Federal Paes Landim bem sabe disso.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Quero dizer-lhe neste instante - e V. Exª o sabe bem, porque foi Governador duas vezes, no período entre os meus dois Governos - que sabemos do que o nosso Estado precisa. Está tão atrasado em relação aos outros, que dá pena! Sou engenheiro de eletricidade e mecânica e digo: enquanto o Ceará consome 1.400 megawatts de energia - e fui eu quem eletrificou aquele Estado -, o meu Estado, que também eletrifiquei juntamente com V. Exª, consome 200 megawatts. Mede-se o grau de desenvolvimento de um povo, em primeiro lugar, pelo índice de consumo de energia elétrica, e ele está lá em baixo! Portanto, para grandes males, grandes remédios. Há potencialidade no cerrado, um rio a ser navegado, uma estrada de ferro, um porto, uma cidade conturbada, empobrecida e violenta. Como eu disse a V. Exª, quero colocar, primeiro, um engenheiro à disposição de V. Exª, e, em seguida, dependendo dos acordos políticos, quem sabe o PMDB não formaria uma coalizão em benefício do Piauí no seu Governo?! Que V. Exª seja feliz! Esses são os meu votos, em favor do Piauí. Muito obrigado.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Eminente Senador Alberto Silva, recolho, sensibilizado, o aparte de V. Exª. Consigno que, conquanto tenhamos sido de partidos diferentes e adversários, sempre mantivemos uma relação pessoal de amizade, em extremo nível de respeito, de consideração e, por que não dizer, até de confiança. Praza aos céus que o que V. Exª está a dizer agora seja um vaticínio. Farei tudo para agir sob a inspiração desse pensamento e nesse sentido. Sou-lhe efetivamente muito grato.

O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Senador Hugo Napoleão, V. Exª me olha, eu olho nos seus olhos, e V. Exª há de compreender o ineditismo desta cena. Temos a mesma origem terrena.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - O Piauí.

O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - O Piauí. Quando deixei o Piauí, para fazer de Minas a minha pátria - somam-se dezoito milhões de mineiros em quase novecentas cidades -, vi à distância a nossa Capital, Teresina. A cidade não ia ao rio Poty, não ia além da Vermelha, mal chegava ao Porenquanto e não chegava ao aeroporto, à Praça Marechal Floriano, à Imprensa Oficial, à Assembléia Legislativa, ao Palácio do Karnak. Mudou o homem, mudou o cidadão, que fez de Minas a sua terra, a sua pátria, sem perder a identidade, em nenhum momento, com a origem terrena, com a minha família, com a minha contemporaneidade piauiense. Por isso mesmo é que estou aqui. Todo homem público deseja governar o seu Estado. Eu também desejava governar Minas e governei. E destinei às Minas dos mineiros o Governo que exerci à frente do maior símbolo da democracia no Brasil: o Palácio da Liberdade. Ao mesmo tempo, imaginava que o Piauí deveria ter sempre uma administração completa, correta. Não penetro na intimidade da Justiça, que, para mim, é um mito. Quando a Justiça decide, não se discute. Portanto, estou aqui para louvar a decisão da Justiça, que não se discute, que se respeita, que não pode ser violada, pelo seu retorno ao Palácio do Karnak, ao Palácio do Governo do meu Estado de origem. V. Exª também sempre desejou governar o seu Estado. E já o fez, assim como Expedito Resende, que lá não chegou, mas terminou morrendo em Roma, o seu outro grande amor. Hoje, V. Exª retorna à sua pátria, e, naturalmente, nesta hora, devo concordar que a política é a mais nobre das atividades humanas, como bem dizia o nosso amigo íntimo e companheiro Petrônio Portella, o maior homem de Estado que o Piauí deu ao Brasil. Essa sua nova missão, na linha da concórdia e do entendimento, representa um passo decisivo para a vida e a projeção de um Estado que necessita cada vez mais do apoio do Brasil. Desejo felicidades mil a V. Exª. Não irei hoje. Ao amanhecer, chego e vejo os rios Poty e Parnaíba, olho lá pela ponte e vejo Timom, chego ao Palácio do Karnak, passo pelo Clube dos Diários e pela rua Paissandu, lembrança dos velhos tempos...

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Coisa tão bonita!

O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - E vou voltar exatamente para abraçar o meu Líder. Desde o dia em que cheguei a este Senado da República, disse-lhe que V. Exª seria o nosso Líder na vida partidária. V. Exª continua Líder no Piauí. Por isso mesmo, quando amanhecer, estarei lá. Vou pela manhã e volto ao meio-dia para Minas Gerais, para abraçar os mineiros e dizer-lhes que admiro muito o nome de Hugo Napoleão, um dos cidadãos mais ilustres e competentes da vida pública deste País, inclusive das minhas Minas Gerais. Muito obrigado.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - O aparte de V. Exª, eminente Senador Francelino Pereira, é uma verdadeira benção.

V. Exª tem uma rica vida. De maneira semelhante a Juscelino, menino pobre que saiu de Diamantina para vencer, o menino também pobre, de vida ilibada e de reputação exemplar, foi para as Alterosas, para Belo Horizonte, para a sua nova pátria, Minas Gerais, como bem disse, tendo sido, inclusive, Governador daquele grande Estado, o Estado da libertação. Desse modo, fico extremamente sensibilizado e muito agradecido.

Concedo o aparte ao Senador Leomar Quintanilha. Posteriormente, ainda farão apartes, além do Senador José Coêlho, os Senadores Gerson Camata, Emilia Fernandes e Romeu Tuma.

O Sr. Leomar Quintanilha (PFL - TO) - Eminente Senador Hugo Napoleão, quando nos decidimos a assumir a condição de homens públicos, temos que estar preparados para mudanças bruscas na nossa vida, guinadas de cento e oitenta graus. V. Exª se programou para governar o Piauí há três anos, mas injunções as mais diversas fizeram com que permanecesse no nosso convívio, defendendo os interesses do seu Estado e do Brasil. Eis que, de repente, essa notícia faz com que V. Exª tenha que repensar novamente a sua programação de vida, mas, seguramente, atendendo a um sentimento que cala fundo no seu coração, vai mais de perto defender os interesses da valorosa gente piauiense e governar, mais uma vez, o seu Estado. É claro que vamos sentir muito a falta do Senador fidalgo no trato, solidário, firme nos seus posicionamentos, mas estaremos gratificados por saber que à frente do Estado do Piauí estará um homem com elevado espírito público, pensando, sobretudo, na promoção social e na valorização de sua gente e no desenvolvimento do Piauí e do Brasil. Conte, Senador Hugo Napoleão, com a nossa solidariedade, o nosso aplauso e a nossa contribuição, para que a sua gestão seja seguramente embasada nas plenas condições que conquistou ao longo da sua trajetória de vida pública. Nesta Casa, V. Exª conquistou não só o respeito, mas também a admiração dos seus Pares. Por isso, conte com todos nós nesse enfrentamento de mais um desafio em sua vida.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senador Leomar Quintanilha, V. Exª, em suas palavras, sintetizou a ação que pretendo ter. É exatamente isso.

Convidei V. Exª para ser meu colega na Liderança do PFL, mas não vou poder desfrutar das suas sempre boas intenções e dos seus sábios conselhos. No entanto, ficam registrados esse companheirismo e essa amizade com que me distingue. Muito obrigado.

Ouço, com prazer, o Senador Gerson Camata.

O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Senador Hugo Napoleão, creio que serei até redundante naquilo que todos já acentuaram sobre a personalidade de V. Exª. Todos aprendemos, na convivência com V. Exª - tenha sido ela breve ou longa -, a admirá-lo pela fidalguia, pela delicadeza, pelo approche, pelo savoir-faire, pela amabilidade. Aprendemos também a gostar muito de V. Exª. E creio ser esse o mesmo amor que o povo do Piauí lhe tem. V. Exª conquistou aquele povo e o coração dos seus companheiros. Quando V. Exª subiu à tribuna, a sua primeira palavra tocou o coração de todos nós e acredito que também o da sua gente piauiense. V. Exª disse que vai desarmado, sem ódio, no sentido de construir.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Exatamente.

O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Quem abre o Evangelho de São Lucas, no Sermão da Montanha, encontra nele as Dez Bem-aventuranças. Elas prometem ao bem-aventurado nove prêmios no paraíso e um prêmio na terra: “Bem-aventurados os mansos de coração, porque eles possuirão a terra”. V. Exª, com a mansidão de coração que o caracteriza, possui a admiração dos seus companheiros e o amor dos seus conterrâneos. Parabéns!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI.) - Senador Gerson Camata, a bela imagem bíblica citada por V. Exª me faz evocar os dias passados em que estive em Israel em companhia de alguns Colegas, dentre os quais o Deputado Nelson Marchezan, e fui justamente ao local do Sermão da Montanha, olhando para as Colinas de Golan.

Quero recordar que, quando éramos Governadores, telefonávamos um para o outro, de Teresina para Vitória e vice-versa, para sugestões, opiniões, troca de idéias e impressões sobre a realidade brasileira, embora fôssemos de Estados pertencentes a regiões diferentes e com problemas diversos.

Muito obrigado a V. Exª.

O Sr. José Coêlho (PFL - PE.) - Senador Hugo Napoleão, V. Exª me concede um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo um aparte ao Senador José Coêlho.

O Sr. José Coêlho (PFL - PE) - Meu prezado Senador Hugo Napoleão, não sei se devo cognominá-lo de Líder, de timoneiro ou de gentleman, porque tantas são as qualidades que ornam a sua personalidade que fica difícil fazer um quadro sobre a figura extraordinária do Líder do meu Partido, que é V. Exª. No Piauí, duas vezes marchamos juntos quando da inauguração e da ampliação de uma indústria, oportunidade que tivemos o privilégio e a satisfação de tê-lo presente. O Piauí é um Estado rico, de gente que tem determinação e que quer crescer. É um Estado que tem, em seu subsolo, o maior lençol freático que se conhece neste País. Falta apenas a compreensão, o sentimento, esse espírito aberto que V. Exª tem demonstrado, na alegria que tem ao receber qualquer pessoa. Ninguém se aproxima de V. Exª sem sair contagiado pela alegria e o entusiasmo que V. Exª transmite. Estas são as qualidades que eu lhe atribuo, assim como também lhe atribuem - acredito - todos os demais Senadores. Acredito na determinação de um grande governo que V. Exª vai empreender no Estado do Piauí, porque possui o desejo de fazer com que aquela terra continue crescendo. Deus proteja e guarde o seu Governo!

            O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Amém!

E quero dizer: eis, Senador José Coêlho, a têmpera de um verdadeiro “guararape”, de um pernambucano de escol, que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do meu Estado.

Muito obrigado.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Permite-me, V. Exª, um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço o Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Hugo Napoleão, depois dos apartes recebidos por V. Exª por parte dos eminentes Senadores, creio que pouco ou nada eu teria a acrescentar, porque, a cada aparte, novas emoções vão se somando no coração e na alma da gente. O Senador Francelino Pereira foi poético ao descrever o Estado que V. Exª governará, descrevendo-nos os locais por onde V. Exª passará amanhã antes de sua posse; locais esses que tive a oportunidade de conhecer.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Estava o Senador Francelino realmente com a veia poética.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - O Senador José Agripino referiu-se à concórdia. Realmente V. Exª é um homem admirável, que revoga, antes do início de sua gestão à frente do governo do Piauí, o ódio, a discórdia e a intolerância. V. Exª estará à frente do Estado do Piauí para dirigi-lo com todos esses princípios revogados. A harmonia, sem dúvida, lhe dará a estabilidade para colocar em ordem o seu Estado, conforme a descrição feita pelo Parlamentar do PMDB, Senador Alberto Silva. Quanto às dificuldades e a violência, tenho a certeza de que V. Exª as administrará com tranqüilidade. O Senador Gilvam Borges, com o seu espírito aberto, levou o seu coração e sua alma, em nosso nome, para sentir as batidas do seu coração nessa emoção da despedida, e na certeza de sucesso na nova missão que Deus lhe concede. Senador Hugo Napoleão, dando o meu testemunho, quero dizer que aprendi a admirá-lo durante esses sete anos em que fui liderado por V. Exª, principalmente pela maneira como trata os seus companheiros de trabalho, sua amizade e seu carinho para com todos, enfim, um conselheiro de primeira grandeza! Sempre tivemos em nosso Pai Celestial o amor ao seguirmos os seus conselhos. E, por quantas vezes, na minha visão de espiritualidade, ao conversar com V. Exª, pude sentir a presença do meu pai - talvez a pouca idade de V. Exª não me permita pensar isso de V. Exª, mas o Senador Artur da Távola disse que V. Exª tem a cabeça de Matusalém. Assim sendo, posso considerar como paternos os conselhos dados por V. Exª. V. Exª nunca se negou a receber quem quer que seja, tampouco a mim. Aprendi a respeitar V. Exª, um homem de mãos limpas, que governará o Estado do Piauí com o espírito de revolucionar a administração pública em busca do emprego correto do dinheiro público. Nobre Senador, todos, sem exceção, pediram a Deus que o abençoe e o acompanhe nessa nova jornada. Mas tenho a certeza de que Deus não o abandonará, porque Ele está com V. Exª desde o instante em que V. Exª buscou a vida pública para seguir o seu caminho de servir ao seu semelhante. Ao passar por Ministérios e por várias situações em que se exigia a dignidade e o respeito à coisa pública para bem administrá-la, e V. Exª foi sempre um exemplo. Deus está com V. Exª e jamais o abandonará! Temos a certeza de que os 81 membros desta Casa, inclusive o nosso Presidente Ramez Tebet, serão o sustentáculo, o respaldo, sempre que necessário, a todas as reivindicações do Piauí, a fim de que aquele Estado seja bem administrado - e o será - para exterminar a pobreza descrita pelo nobre Senador Geraldo Melo. Deus estará com V. Exª, tenho a certeza disso!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senador Romeu Tuma, V. Exª comoveu-me profundamente com a imagem bela que fez. Fico realmente profundamente sensibilizado. Quem neste País não admira Romeu Tuma, o intrépido Bandeirante paulista que, desassombradamente, enfrentou toda sorte de crimes, dirigindo a Polícia Federal, sendo um nome nacional e internacionalmente respeitado na passagem pela Receita Federal, igualmente, e no brilho de suas permanentes intervenções, eivadas de sapiência, de sabedoria, de bondade, de correção, de lhaneza e de têmpera! V. Exª também hoje, como o Senador Francelino Pereira, com a veia poética, a mim, realmente, me emocionou.

Muito obrigado.

Quero também agradecer a benevolência do Presidente da Casa, Senador Ramez Tebet, que, aliás, a ela chegou com o mesmo sentimento que eu pretendo chegar ao Governo do Piauí: chegou com os braços da concórdia.

O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - A Mesa nada mais tem feito, Senador Hugo Napoleão, Srªs e Srs. Senadores, do que seguir o ritual de sempre desta Casa em momentos dessa natureza, apenas pedimos aos Srs. Senadores a maior brevidade possível nos seus respectivos apartes.

A Srª Emilia Fernandes (Bloco/PT - RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo, com prazer, à Senadora Emilia Fernandes, o aparte.

A Srª Emilia Fernandes (Bloco/PT - RS) - Senador Hugo Napoleão, em nome do Bloco de Oposição, queremos também fazer algumas considerações no momento em que V. Exª renuncia ao seu mandato de Senador para assumir o governador do Estado do Piauí, logicamente que pressionado, vamos dizer, exatamente por esse resultado judicial, mas que está diante do quadro de sua trajetória política. Registramos o bom convívio que os integrantes do Bloco de Oposição tiveram com V. Exª, uma figura sempre respeitosa. Ressalto a fidalguia de V. Exª não apenas no trato pessoal, mas, também, no encaminhamento das questões aqui debatidas. Neste momento, questionamos algo que deve ser corrigido no âmbito do Poder Judiciário: a morosidade com que são tomadas as decisões. Esse questionamento quanto ao Governador que foi eleito estendeu-se por mais de dois anos e meio para que se chegasse a uma conclusão. Essa decisão poderia ter sido mais rápida, mais ágil. Entretanto, acontece neste momento. Temos que respeitá-la e nos somar àqueles que desejam que o povo do Piauí seja respeitado e ouvido em seus anseios do ponto de vista econômico, social e político. Fazemos uma conclamação a V. Exª no momento em que vai assumir esse cargo de Governador: que chame o povo para participar das decisões do Governo. O povo é a voz da sabedoria e a voz do Piauí necessita ser ouvida cada vez mais. Cumprimento V. Exª e que Deus lhe acompanhe nesse novo desafio. Esses são os votos do Bloco de Oposição.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senadora Emilia Fernandes, consigno que, do meu programa de 1998 constavam dois pontos básicos do partido de V. Exª, que eram o orçamento participativo e a bolsa escola, que defendi com ardor e cheguei a dizer, na comemoração dos 20 anos do PT, em aparte à Senadora Marina Silva, que houve efetivamente essa decisão de minha parte.

Agradeço a V. Exª que, nos idos de 1998, me aparteou. Eu estava na outra tribuna e narrava as barbaridades que estavam ocorrendo na campanha do meu Estado. V. Exª me aparteou dando-me grande estímulo. Sou admirador de V. Exª. Muito obrigado.

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Meu Líder, eminente Senador Hugo Napoleão, V. Exª já recebeu, sem dúvida nenhuma, os mais importantes apartes no dia de hoje. Mas, dono de um grande coração, vai receber também os de menor importância mas - tenha certeza - de igual sinceridade...

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Apoiado na sinceridade, mas não na menor importância.

            O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - V. Exª, que tem toda essa experiência relatada de vida pública, essa respeitabilidade, soube também ter paciência com os mais novos. Senador Hugo Napoleão, recebi de V. Exª todo o apoio e amparo na chegada a esta Casa. V. Exª, dispondo de um plantel de nomes ilustres, de uma bancada dos nomes mais importantes da vida pública nacional, me fez seu Vice-Líder, teve comigo a paciência de quem soube ensinar, encaminhar, conduzir. Juntamente com o Senador Edison Lobão, posso dizer que o pouco que fiz nesta Casa eu o fiz com o apoio de V. Exª. Dou aqui também o depoimento e o testemunho do povo tocantinense, que comemora nas fronteiras com o glorioso Piauí a chegada de V. Exª, que, sem dúvida nenhuma, terá as condições de dividir com o Governador Siqueira Campos as preocupações e desenvolver as ações mais importantes, frutos do clamor do povo de sua terra, que passará a ter agora não só oportunidade de tê-lo no Governo do Estado mas de propiciar a reeleição de V. Exª, já que foi notadamente sabido por todos de sua região a sua vitória já nas eleições passadas, apenas empanada pela ação que a Justiça bem reparou na data de ontem. Senador Hugo Napoleão, não apenas desejo sucesso a V. Exª, porque sei que V. Exª terá, mas estaremos, não apenas no Tocantins, mas, também, junto com os seus pares na Bancada do Senado, prontos a apoiá-lo. Neste momento, o Piauí retoma um caminho grandioso, tendo à frente este grande Líder de tanta tradição nesta Casa, em seu Estado e na história política brasileira. Parabéns a V. Exª. 

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senador Siqueira Campos, V. Exª trouxe a esta Casa as luzes da inteligência e do brilhantismo que lhes são peculiares, acompanhados de uma oratória impecável daquele que foi Líder também na Câmara dos Deputados, daquele que é filho do meu estimado amigo e colega há praticamente 30 anos, o Governador Siqueira Campos. V. Exª traz essa alma tocantinense com fibra, vigor e coragem. Muito obrigado.

A Srª Maria do Carmo Alves (PFL - SE) - Senador Hugo Napoleão, V. Exª me concede um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo o aparte a V. Exª, Senadora Maria do Carmo.

A Srª Maria do Carmo Alves (PFL - SE) - Senador Hugo Napoleão, eu não poderia deixar de saudar V. Exª neste momento, embora tome como minhas as saudações e os elogios feitos aqui. Mas há um aspecto que quero ressaltar em sua fala, quando V. Exª diz que vai para o Piauí com os olhos da paz. Parabenizo V. Exª por essa expressão porque, na verdade, o que estamos precisando não só no Piauí mas no mundo inteiro são desses olhos da paz. Parabenizo V. Exª por essa assertiva, desejando-lhe muito sucesso que, com certeza, a sua competência o fará.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Muito obrigado, nobre Senadora Maria do Carmo. Recolho o aparte de V. Exª, tão singelo e, ao mesmo tempo, tão profundo. São os olhos da paz realmente que devem mover o mundo. Agradeço a V. Exª, que é um exemplo de companheira de Partido. Muito obrigado.

O Sr. Sérgio Machado (PMDB - CE) - Senador Hugo Napoleão, V. Exª me permite um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Sérgio Machado.

O Sr. Sérgio Machado (PMDB - CE) - Senador Hugo Napoleão, na qualidade de Líder, convivi com V. Exª durante sete anos, aqui, no Senado Federal, discutindo todo esse processo de mudança por que passou o nosso País. Nos momentos de dificuldade e de angústia V. Exª sempre teve aquele papel de olhar para o futuro, de pensar no País, de lutar pelo País, sempre com esse jeito singelo, amigo e em todo o tempo com muita coragem. Essa foi uma convivência extremamente importante para mim. Hoje V. Exª nos abandona para governar o seu Estado. Neste momento, registro a amizade que tivemos. Tenho a certeza de que, em seu Estado, V. Exª continuará exercendo o papel que desempenhou no Senado. Vá e tenha consciência da amizade que construímos no Senado. Estou certo de que, embora em Partidos diferentes, sendo filhos da mesma região, continuaremos sonhando e lutando pelo Brasil que desejamos.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Quero dizer a esse alencarino ilustre que, quando fomos colegas de liderança, todos os compromissos assumidos por S. Exª foram cumpridos. O Senador Sérgio Machado não deixou de cumpri-los em momento algum. Sou grato a V. Exª pelo aparte, pelo seu testemunho e pela sua amizade.

O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo o aparte a V. Exª.

O SR. Carlos Wilson (PTB - PE) - Senador Hugo Napoleão, não poderia deixar de aparteá-lo nesta hora em que V. Exª deixa o mandato de Senador para assumir o governo do Estado do Piauí. Iniciamos as nossas carreiras políticas juntos na Câmara dos Deputados, em 1974.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Isso mesmo.

O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - Sempre tive por V. Exª uma admiração muito grande. Sempre olhei para V. Exª - todo o Plenário do Senado é testemunha disso - com muita admiração, pela maneira inteligente, cavalheira e, acima de tudo, fidalga com que trata os correligionários, os aliados e os adversários. V. Exª vai assumir o governo do Estado do Piauí, com certeza, em um momento de muitas dificuldades, quando mais da metade do tempo desse Governo já foi concluída. Mas V. Exª já foi Governador do Piauí uma vez, tendo sido reconhecido nacionalmente como um dos melhores governadores do nosso País. Como amigo e admirador de V. Exª, não tenho dúvida do sucesso de V. Exª como Governador do Piauí novamente. Externo a minha satisfação e o meu orgulho de poder privar da amizade de V. Exª, bem como a certeza de que V. Exª, lá no Estado do Piauí, nunca deixará a convivência de seus Pares no Congresso Nacional. Portanto, Senador Hugo Napoleão, receba os meus votos de sucesso à frente do Governo do Estado do Piauí.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Eis aí que fala outro “guararape” valoroso, cuja amizade me distingue há muitos e muitos anos, o qual, diante de todas as posições que assumiu, incluindo a de Senador pelo Estado de Pernambuco, assumiu-as sempre com a marca reconhecida da coragem, da têmpera, aliada a uma indiscutível tolerância.

Muito obrigado.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço o aparte de V. Exª.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Hugo Napoleão, não desejo entrar, absolutamente, no mérito da questão judicial. Quero apenas dar meu testemunho da convivência de sete anos aqui no Senado com V. Exª, pessoa de relações diplomáticas em todos os Partidos, que alegra e aconselha a todos. Além disso, quero relembrar que, quando eu governava Santa Catarina, nos idos de 1990, V. Exª era Ministro da Educação e visitou o Estado, mais precisamente a cidade de Brusque, ocasião em que conheci V. Exª um pouco mais de perto e aprendi a admirá-lo. Desde aqueles tempos idos, V. Exª já começou a encantar a nós, catarinenses, pelas relações cordiais, simpáticas, animadoras e diplomáticas. Nossos cumprimentos a V. Exª.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Muito obrigado, eminente Senador Casildo Maldaner. Recordo-me, com emoção e saudade, da visita que fiz, entre muitas, ao Estado de V. Exª quando eu era Ministro da Educação. De lá para cá, temos mantido uma convivência que me dá realmente motivo de satisfação e até de vaidade.

A Srª Marluce Pinto (PMDB - RR) - Senador Hugo Napoleão, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço o aparte de V. Exª.

A Srª Marluce Pinto (PMDB - RR) - Nobre colega Senador Hugo Napoleão, da mesma maneira que o Senador Casildo Maldaner, não quero entrar no mérito da questão, até porque V. Exª sabe que sou do PMDB, e, como partidária que sou, temos de considerar esse caso sem analisar-lhe o mérito. Mas eu não poderia deixar de apartear V. Exª, porque já temos onze anos de convivência neste Senado. Nunca fomos do mesmo Partido, mas posso dizer que me considero amiga de V. Exª, já que tive convites até para ir à residência de V. Exª por ocasião de seu aniversário. Essa maneira gentil com que V. Exª trata a todos, a maneira como se porta como político, respeitando o ser humano como ele é e não por olhar a qual Partido ele pertence, faz com que eu não me furte, nesta hora, de lamentar que o Senado não terá mais a presença de V. Exª, pelo menos até o final desta Legislatura. E não importa como V. Exª assumirá o Governo. Ouvi, com cautela, suas palavras. Quando o ser humano tem pureza no coração, seu destino é sempre abençoado por Deus. Temos a obrigação de respeitar a todos. Nesta hora, quero dizer a V. Exª que amigos há bastantes aqui neste Senado e em toda Brasília. Então, mais uma vez, fico feliz pelos onze anos de convivência com V. Exª neste Congresso, onde muito aprendi com esse seu jeito ameno, com essa educação que lhe é peculiar, que todos aqui, homens e mulheres, admiram - tenho certeza disso. Por isso, faço votos de que leve em frente a sua luta, as suas conquistas, que sempre serão bem-vindas, porque partem de um coração sem ódio. O ódio nada constrói, só destrói. Parabenizo V. Exª. Mesmo como peemedebista, sentirei a falta de V. Exª neste plenário.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Nobre Senadora Marluce Pinto, respeito profundamente o sentimento partidário de V. Exª. Quero dizer que, também nesta tribuna, em nenhum momento fiz referência desairosa ao ex-Governador. Eu realmente disse que irei com os olhos da paz e com a mente da concórdia. Mas sempre recolhi de V. Exª um tratamento impecável e percebi as ações de V. Exª nas Comissões e no plenário, sempre voltadas para o seu querido Estado e para o nosso País.

Muito obrigado, Senadora Marluce Pinto.

O Sr. Juvêncio da Fonseca (PMDB - MS) - Senador Hugo Napoleão, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Ouço o aparte de V. Exª.

O Sr. Juvêncio da Fonseca (PMDB - MS) - Senador Hugo Napoleão, a figura de V. Exª, um diplomata com experiência e com muita sabedoria, bem como a sua cultura fazem com que todos nós nos ressintamos um pouco pela sua ausência a partir de hoje. Mas toda essa qualificação pessoal V. Exª terá que colocar a serviço da realização do grande sonho do povo do Piauí. Abrimos mão de V. Exª, porque o sonho de V. Exª e do povo do Piauí é muito mais importante do que o nosso. O Congresso Nacional perde uma grande figura, respeitável, de bom trato, que dignificou e honrou a Casa por muito tempo. O Brasil o conhece, o Brasil o respeita, e nós o amamos muito, no sentido congressual de que o Brasil muito precisa para que o nosso Parlamento tenha, cada vez mais, um maior prestígio. E a presença de V. Exª angariou muito prestígio para o Congresso Nacional. Um abraço! Que V. Exª tenha o maior sucesso no Piauí!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Reconheço em V. Exª jurista dos mais eminentes, que sempre traz uma palavra abalizada em seus pronunciamentos, nas intervenções, nas participações, com aquela impecabilidade jurídica também peculiar ao Senador Moreira Mendes, a quem ouvirei a seguir.

Muito obrigado, Senador Juvêncio da Fonseca.

O Sr. Moreira Mendes (PFL - RO) - Eminente Senador Hugo Napoleão, o Regimento assegura-me o direito de apartear V. Exª sentado, mas quero fazê-lo de pé, para demonstrar, de forma inequívoca, o respeito, a consideração e o carinho que tenho por V. Exª. Eu, que cheguei aqui no Senado sem jamais imaginar que um dia pudesse ocupar tão honroso cargo, tenho a felicidade de contar que uma das pessoas que primeiramente me recebeu aqui de braços abertos foi V. Exª, sempre carinhoso, sempre com o sorriso largo. Aprendi muito com V. Exª e quero dizer que, enquanto o povo do Piauí está feliz por recebê-lo como Governador, nós, aqui no Senado, certamente ficaremos tristes - pelo menos eu - porque seremos privados da sua convivência, da sua liderança aqui no nosso Partido. Tenho certeza de que outros Senadores terão competência para exercer esse tão importante cargo de Líder do nosso Partido, mas certamente nenhum deles conseguirá suplantar a sua dedicação, o seu carinho e a forma como se portou sempre à frente do nosso Partido aqui no Senado. Que Deus ilumine V. Exª nessa nova missão à frente do Governo do Estado do Piauí!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Eminente Senador Moreira Mendes, o gesto de V. Exª a mim me emociona profundamente, pela lhaneza que teve neste instante, como tem tido em todos os dias da passagem brilhante de V. Exª por esta Casa. Agradeço-lhe pela amizade, que pretendo continuar a cultivar. E sou admirador do seu impecável trabalho.

Sr. Presidente, em seguida ouvirei os últimos aparteantes: os Senadores Roberto Saturnino, Antonio Carlos Valadares, Marina Silva, Romero Jucá, Ney Suassuna e Jorge Bornhausen.

Ouço V. Exª, Senador Roberto Saturnino. Aliás, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional teve a alegria de aprovar um projeto de V. Exª, com o meu parecer favorável.

O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - O seu brilhante parecer, que muito me orgulhou. Devo agradecer-lhe esse serviço ao meu trabalho nesta Casa. Quero subscrever tudo o que os Colegas disseram a respeito de V. Exª. Aos retardatários sobra pouco o que acrescentar ao tanto que já foi dito, e com muita justiça, sobre a personalidade de V. Exª. V. Exª é um exemplo de dignidade, de brilhantismo, de honradez, de cidadão democrata. O maior dever do homem público que exerce a atividade política é precisamente dar o exemplo. V. Exª constitui um exemplo para a Nação, para esta Casa, para o Parlamento brasileiro, para a opinião pública brasileira e, obviamente, para o povo do seu Estado. De forma que nos sentimos orgulhosos com a missão que V. Exª recebe neste momento. Trata-se de uma missão difícil, sim, árdua, V. Exª vai encontrar um Estado muito desorganizado, mas tem as condições, as credenciais, as aptidões para enfrentar isso e sair-se bem, reorganizar o Piauí e dar ao seu povo um rumo de progresso, de justiça, enfim, de democracia e cidadania. Cumprimento V. Exª por tudo o que tem feito em sua vida pública e pelo muito que ainda fará. Nós, seus colegas do Senado, ficamos orgulhosos com a missão que vai desempenhar no Piauí. Meus cumprimentos e, evidentemente, o nosso sentimento pela sua ausência aqui, mas a nossa certeza de que lá o chamamento é indeclinável e de que V. Exª vai cumprir muito bem essa missão.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senador Roberto Saturnino, da mesma maneira que recordei a minha ida a Santa Catarina quando o Senador Casildo Maldaner era Governador, tive a felicidade, quando era Ministro da Educação, de ir assinar um convênio com o então Prefeito do Rio de Janeiro, no Palácio da Cidade, naquela velha embaixada britânica. Eu, quando estudante, passava na rua São Clemente todos os dias para ir ao Colégio Padre Antonio Vieira e, mais adiante, para ir à Pontifícia Universidade Católica estudar Direito. Agradeço a V. Exª o estímulo, sobretudo partindo de quem parte. Muito obrigado.

Ouço, agora, o Senador Antonio Carlos Valadares.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (PSB - SE) - Senador Hugo Napoleão, a Justiça brasileira é citada como uma das mais demoradas do mundo, há uma procrastinação dos processos judiciais. No entanto, finalmente aparece uma luz no fundo do túnel, e a Justiça se reúne e decide uma causa que tem muito a ver com o momento que estamos atravessando: a crise de credibilidade, a corrupção que se alastra em nosso País. Veja V. Exª que o Estado do Piauí foi presenteado com uma pessoa cujas qualidades e virtudes, aqui enaltecidas por Parlamentares dos mais diferentes partidos, são reconhecidas por todos nós. V. Exª está se despedindo do Senado nesta fase difícil por que está passando o Brasil, mas tenho certeza absoluta de que, se perdemos a convivência diária de um homem que se comporta com a maior dignidade e lisura, dentro de uma ética invejável, temos certeza de que o Estado do Piauí vai reingressar no regime salutar da honradez, do trabalho e do desenvolvimento, porque conheço V. Exª há muito tempo. V. Exª esteve no Estado de Sergipe muitas vezes, inclusive na minha posse como Governador pelo mesmo partido de V. Exª. Hoje, estamos em partidos diferentes - V. Exª, apoiando o Governo, e eu, fazendo oposição -, mas nunca deixamos de reconhecer a eficiência do seu trabalho e, acima de tudo, a dignidade do seu comportamento, que deve ser um exemplo não apenas para aqueles que estão ingressando na política no Estado do Piauí, mas para todos aqueles que, no próximo ano, vão enfrentar as eleições para o Senado Federal e devem se espelhar na forma cordial, honrada e digna com que V. Exª trata os seus companheiros. Portanto, desejo que o Estado do Piauí ganhe muito - tenho certeza que vai ganhar - com a sua ação administrativa, política e, acima de tudo, de respeito ao cidadão. Deus o ajude!

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Muito obrigado, nobre Senador Antonio Carlos Valadares, tive, realmente, a subida honra de ir a Aracaju para a posse de V. Exª, que se tem revelado um dos mais eficientes, combativos e ardorosos companheiros nesta Casa.

Ouço a minha muito querida amiga Senadora Marina Silva.

A Srª Marina Silva (Bloco/PT - AC) - Senador Hugo Napoleão, em primeiro lugar, desejo a V. Exª boa sorte nessa empreitada que vai levar a cabo. V. Exª, como Líder do PFL nesta Casa, durante todo esse tempo de nossa convivência, exerceu essa Liderança de uma forma muito particular, que batizaria de não-ansiosa. Sempre muito discreto, nem por isso deixando de ser eficiente na defesa de suas posições. Assim, desejo que a correria do Executivo, todo o processo de desorganização que vai encontrar não tirem de V. Exª essa forma tranqüila de operar politicamente. Como Governador, espero que V. Exª faça um bom trabalho e leve para o seu Estado aqueles sonhos de combate à exclusão social, expressos durante os trabalhos da Comissão de Erradicação e Combate à Pobreza, que V. Exª acompanhou não como membro, mas como nosso parceiro. Que V. Exª tenha êxito naquilo a que se está propondo e permaneça com essa liderança não-ansiosa, que opera com convicção, mas, ao mesmo tempo, com uma forma muito particular de disputar politicamente. É um estilo que, de certa forma, nos educa. Muito obrigada.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Quero consignar que tudo farei para desempenhar minha missão exatamente nos termos das palavras que V. Exª tão generosamente profere, pensando também nas questões sociais e nos problemas que afligem a população do meu Estado. Muito obrigado a V. Exª.

Ouço o Senador Romero Jucá.

O Sr. Romero Jucá (Bloco/PSDB - RR) - Meu caro amigo, Senador Hugo Napoleão, não poderia deixar de juntar minha voz a todas as vozes que aqui fizeram um reconhecimento unânime da personalidade, do caráter, da seriedade e da competência de V. Exª. Quero, como amigo e companheiro, registrar que o povo do Piauí ganha muito. O Senado perde, é verdade, mas dá ao Piauí a condição de se recuperar de problemas que, sabemos, vinha enfrentando com muita dificuldade. Só quero lamentar o atraso dessa decisão, pois V. Exª, se tivesse mais tempo, sem dúvida poderia recuperar mais rapidamente o seu Estado. Desejo-lhe felicidade e coloco-me à disposição de V. Exª, com a certeza de que, com a experiência de dois Ministérios, de Liderança do PFL, de uma vida pública irretocável, V. Exª saberá retomar os destinos do Piauí e fazer com que aquele Estado possa avançar, melhorando a qualidade de vida de toda a sua população. Meus parabéns e sucesso ao povo do Piauí.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Que assim seja, nobre Senador Romero Jucá. Vejo em V. Exª o combativo defensor das causas que sempre abraça. Muito obrigado.

Ouço o Senador e futuro Ministro Ney Suassuna.

O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - A Presidência insiste na brevidade dos apartes, por gentileza.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Nobre Senador Hugo Napoleão, é uma satisfação saudá-lo. Mesmo sabendo que V. Exª assume o Governo do Estado do Piauí em detrimento do meu Partido, eu não podia deixar de louvar esses seis anos de convivência nesta Casa, bem como a lisura, a lhaneza e o cavalheirismo de V. Exª, mas principalmente a sua capacidade de trabalho, que a todos nós encanta. Eu não podia deixar de fazer essa louvação, dizendo que sentiremos a sua falta no Senado, com certeza. Muito sucesso.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Muito obrigado a V. Exª, representante eminente do Estado do “Nego”, das virtudes democráticas, com os cumprimentos pelo trabalho operoso que desenvolve, durante todos esses anos, nesta Casa.

Vou ouvir então o último aparteante. Deixei-o para o final exatamente pelo respeito e admiração que lhe nutro, o Senador Jorge Bornhausen.

O Sr. Jorge Bornhausen (PFL - SC) - Eminente Senador Hugo Napoleão, desejo, nesta oportunidade, manifestar-me como Presidente do PFL, como Senador e como amigo. Como Presidente do PFL, trago a mensagem de toda a Comissão Executiva Nacional, que, hoje reunida, manifestou os votos de sucesso na sua próxima e árdua tarefa. Todos irão sentir, temporariamente, a sua falta nas reuniões semanais de quinta-feira, mas, como ex-Presidente do Partido, terá sempre V. Exª o lugar devido e de respeito, com voz e voto em todas as reuniões que puder participar. Quero, como Senador, trazer o meu abraço pelo fato de ter compartilhado como seu liderado nesta Casa, e ter assistido a maneira muitas vezes combativa - sempre diplomática, mas firme - com que liderou a Bancada do nosso Partido no Senado até o dia de hoje. Todos lhe reconhecem isso e certamente não lhe faltará a correspondência naquilo que, como Governador do Estado, vier a necessitar de aprovação nesta Casa. Como amigo, quero dizer que fico muito feliz ao ver a Justiça corresponder ao cidadão que disputou um pleito para governar o seu Estado e não chegou ao resultado a que merecidamente deveria chegar em razão dos obstáculos que encontrou no curso da campanha eleitoral e que, finalmente, foram estirpados pelo Tribunal Superior Eleitoral, e por unanimidade. Mas quero dizer que essa amizade, de mais de 20 anos, eu a tenho e a conservo como patrimônio, porque acredito que a amizade é o maior patrimônio que se pode ter nesta vida. E V. Exª, Senador Hugo Napoleão, é um homem leal, sério, solidário e tem sempre correspondido aos seus amigos nas boas e nas difíceis horas. Por isso, nas três condições, levo o meu abraço e o meu desejo de amplo sucesso na chefia do Estado do Piauí.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Senador Jorge Bornhausen, Presidente do meu Partido, estávamos juntos nos idos de 1985, na fundação da Frente Liberal e igualmente do Partido da Frente Liberal. Nessa trajetória toda em que acumulei essa riqueza que constitui a sua amizade, vi em V. Exª sempre um impecável homem público, seja como Ministro, Parlamentar, Vice-Governador, Governador ou em todas as funções em que abraçou a “causa Brasil” com muito patriotismo.

Muito obrigado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me, V. Exª, um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Concedo o aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Hugo Napoleão, gostaria de desejar a V. Exª um governo de frutos muito positivos para o Estado do Piauí, e sobretudo gostaria de transmitir a V. Exª que possa, como Governador daquele Estado, manter, com aqueles que porventura sejam seus opositores, o mesmo espírito de diálogo que V. Exª aqui tem tido para com seus Colegas de Oposição. Sou testemunha de que foram muitas as vezes que, mesmo discordando, mantivemos um diálogo construtivo - isso posso transmitir aos meus Colegas do Partido dos Trabalhadores - na nossa relação pessoal desde 1991, quando aqui passamos a ser Colegas. Que este clima de diálogo construtivo possa caracterizar a sua relação com seus opositores, o que normalmente ocorre numa democracia. O Partido dos Trabalhadores está representado na Assembléia Legislativa do Estado do Piauí. Como Senador de São Paulo, sempre que o Estado do Piauí necessitar, como aconteceu durante a gestão do Governador Mão Santa, quando foi preciso que examinássemos com atenção, olhando o interesse público, as solicitações daquele Estado, com o senso do dever a ser cumprido, analisarei as dificuldades e as necessidades do Estado, e assim procurarei continuar agindo enquanto V. Exª for também o Governador do Estado do Piauí. Minhas congratulações.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Nobre Senador, agradeço a V. Exª pelo aparte. Nutrirei pelo Partido dos Trabalhadores no Piauí o mesmo respeito que sempre tive. Sem dúvida alguma, reconheço em V. Exª um Parlamentar atuante e não apenas um bandeirante; mais do que isso, um brasileiro de muito respeito. Muito obrigado a V. Exª.

O Sr. Carlos Patrocínio (PTB - TO) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Pois não. Ouço, com prazer, para encerrar, o aparte de V. Exª, nobre Senador Carlos Patrocínio.

O Sr. Carlos Patrocínio (PTB - TO) - Eminente Senador Hugo Napoleão, eu gostaria de usar esta oportunidade que V. Exª me concede até para, perante V. Exª, me penitenciar por não tê-lo procurado para dar as satisfações que V. Exª merece por ocasião do meu desligamento do Partido da Frente Liberal. Mas quero prestar o meu testemunho do grande Líder que V. Exª foi desse Partido, certamente um dos seus sustentáculos maiores no Brasil. Desejo a V. Exª toda a sorte de sucesso e de êxito frente ao Governo do Estado do Piauí, Estado que, infelizmente, ainda mantém um PIB muito aquém daquilo que nós esperamos para um Estado próspero do nosso Brasil. Sei que V. Exª, como já fez em outras oportunidades, haverá de ser o grande empreendedor de vitórias e conquistas sociais para aquele querido povo piauiense. Portanto, receba as minhas escusas por não ter sido tão lhano com a sua pessoa como V. Exª sempre foi para com o seu liderado. Desejo-lhe e ao povo piauiense tudo que for melhor para aquele pedaço querido do nosso País.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI) - Agradeço, eminente Senador Carlos Patrocínio, a colaboração e o trabalho que sempre teve quando no nosso Partido e que continua a ter em favor desta Casa, de Tocantins e do Brasil.

Vou encerrar, Sr. Presidente, com três palavras. Em primeiro lugar, com palavras de agradecimento e de pedido de perdão pelos erros eventualmente cometidos, já que posso ter sido injusto em algum momento com algum Colega; em segundo, dizendo que, no livro Minha Vida, do grande Estadista Winston Churchill, em uma magnífica tradução de Carlos Lacerda, ele dizia, referindo-se à Câmara dos Comuns, “como foi bom ter participado daquela Casa”. Pois como foi bom ter participado do Senado Federal da República do Brasil.

Encerro, nesta hora, neste instante, lembrando o poeta maior do Piauí, Da Costa e Silva, da mesma maneira, Sr. Presidente, como fiz na Câmara dos Deputados quando me despedi e fui para o Governo do Estado pela primeira vez, referindo-se ao rio Parnaíba, que é um símbolo da nossa terra. “Parnaíba, o velho monge, as barbas brancas alongando e, ao longe, o mugido dos bois da minha terra.”

Muito obrigado.

            (Palmas!)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2001 - Página 28082