Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração ao "Dia do Aviador"

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração ao "Dia do Aviador"
Aparteantes
Edison Lobão, Eduardo Suplicy, Gilberto Mestrinho, Iris Rezende, Pedro Simon, Roberto Saturnino, Sérgio Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2001 - Página 28425
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, AVIADOR, REGISTRO, HISTORIA, AVIAÇÃO, BRASIL, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, MINISTERIO DA AERONAUTICA (MAER), ELOGIO, AEROVIARIO.
  • APREENSÃO, PRECARIEDADE, RECURSOS, FORÇAS ARMADAS, ESPECIFICAÇÃO, COMANDO, AERONAUTICA, DEFESA, AUMENTO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA.
  • DEFESA, APOIO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, BRASIL, CRISE, SITUAÇÃO FINANCEIRA, POSTERIORIDADE, ATENTADO, TERRORISMO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nobres visitantes, meu querido amigo Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Damasceno, Ministro da Aeronáutica, Srs. Brigadeiros e Srs. Aviadores civis aqui presentes, existem muitas datas comemorativas, mas algumas devem ser destacadas, sendo esta uma comemoração que fazemos com muita alegria.

            Não fosse a invenção do avião, não teríamos conseguido chegar à lua. No início, parecia diletantismo, mas mostrou-se invenção de suma importância, seja para uso civil, seja para uso militar.

            O Brasil foi um dos países pioneiros na utilização do avião. Em dois de fevereiro de 1914, nasceu a Escola Brasileira de Aviação, no Campo dos Afonsos. Mediante acordo governamental, uma missão militar francesa veio ao Rio de Janeiro treinar pilotos militares da Marinha e do Exército, visando ao emprego de aeronaves em objetivos militares.

            Em 12 de outubro de 1931, surgiu o Correio Aéreo Militar, CAM, como resultado de uma viagem realizada por dois Tenentes da Aviação Militar, Nélson Freire Lavenère-Wanderley e Casimiro Montenegro Filho. Eles saíram do Rio de Janeiro e chegaram a São Paulo conduzindo uma mala postal com duas cartas.

            Certo tempo depois, recebeu a denominação de Correio Aéreo Nacional, CAN, com a missão de assegurar a presença do Governo nos mais longínquos rincões do território nacional. A continuidade desse serviço foi garantida pelos constituintes na Carta Magna promulgada em 1988.

            O Ministério da Aeronáutica foi criado em 20 de janeiro de 1941. A partir daí, a aviação passou a ter muita importância para o Brasil, seja por se tratar de um país com dimensões continentais, seja porque, pela dificuldade de suas fronteiras, quem chega primeiro é a Aeronáutica. Inclusive para levar os soldados que vão combater em terra, é a Aeronáutica que precisa ir até lá.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todas as Forças Armadas estão sacrificadas. Temos sido padrastos com as Forças Armadas, mas a Aeronáutica - e falo isto não é por estarem aqui o Comandante e muitos brigadeiros; tenho dito isto em outras ocasiões - tem pago um alto preço. As nossas aeronaves são velhas, o que faz com que se comprem peças de aeronaves de pessoas que as guardaram e cobram mais caro. Mas o motivo não é só esse. Mesmo se aprovando nesta Casa o Sivam - o que foi necessário; sabemos disso -, o dinheiro não foi investido no País até hoje. E sai do orçamento da Aeronáutica, de seus parcos recursos, a grande maioria dos investimentos.

            Hoje, a nossa Aeronáutica tem dificuldade até com combustível para treinar os aviadores. E me pergunto: o que pode o País fazer para melhorar essa situação? Se dependesse de nós, desta Casa, fiquem certos os aviadores militares de que já estaríamos com isso tudo resolvido. Mas vivemos uma conjuntura mundial. Em economia e administração, não há milagre. Em que pese o bonito discurso de que precisamos fazer isso ou aquilo, quando chega a hora do preto no branco, verificamos que a crise das empresas aéreas é mundial. As empresas aéreas estão quebrando no mundo todo. No Brasil, também é adverso o meio ambiente para essas empresas, e - repito - não há milagre em economia e administração.

            Precisamos ajudar essas empresas, mas, antes disso, precisamos pensar no poder nacional, e o poder nacional presume uma força de dissuasão, e isso é Marinha, Exército e Aeronáutica.

            Alertei, no início de minha fala, Srªs e Srs. Senadores, para o fato de que é a Aeronáutica que chega primeiro, seja para jogar as bombas, seja para trazer o infante. De qualquer forma, ela deve estar atuante. E, das oitocentas aeronaves existentes, menos de 50% estão podendo voar; as outras estão paradas esperando que as peças cheguem, ou melhor, que o Orçamento permita comprá-las. Isso não é justo e não é correto para essa Força, que é tão necessária e que tanta glória tem trazido para o nosso País. O que seriam das nossas fronteiras na Amazônia se não houvesse alguém sempre circulando, acompanhando e, pioneiramente, levando medicamentos, transportando doentes, enfim, fazendo todo esse trabalho que fazem os nossos pilotos, os nossos aviadores militares e civis?

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Nobre Senador Edison Lobão, concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Ney Suassuna, estamos comemorando o Dia do Aviador, o que significa uma palavra em favor da Força Aérea Brasileira, pela qual tenho a maior estima, o maior respeito e a maior admiração. Esses foram sempre os meus sentimentos em relação a esse ramo das Forças Armadas de nosso País. Recordo-me que, muito jovem ainda, jornalista, por volta de 1964, fui a Minas Gerais, a Araxá, com um jovem Deputado àquela época, José Sarney, e lá nos encontramos com uma figura excepcional da Força Aérea Brasileira: o Brigadeiro Eduardo Gomes, hoje Patrono da Aeronáutica. Durante quinze dias, conversamos diariamente com Eduardo Gomes. Eu não o conhecia, mas José Sarney sim. Tornei-me seu amigo a partir dali. A conversa diária com ele era uma aula permanente sobre democracia e sobre a instituição que ele tanto amava. Dos poros daquele homem, saíam demonstrações de honradez, de dignidade e de amor à Pátria. Se precisássemos dar uma demonstração nas Forças Armadas do que seria esse sistema de honra, poderíamos, naquele momento, e agora ainda, mencionar o nome de Eduardo Gomes. O estamento militar brasileiro é desses que só contribuem para a elevação do Brasil. O Brasil já é uma grande Nação. É a oitava ou nona Nação do mundo, e, diga-se, isso ocorreu a partir de 1964, com a presença dos militares no Governo, tantas vezes injustiçados. O Brasil era a quadragésima oitava Nação econômica do mundo, tornou-se a oitava. O Brasil deve muito às suas Forças Armadas, ao seu patriotismo, ao seu espírito democrático. Não se diga que as Forças Armadas têm espírito revolucionário permanente ou totalitário, porque isso não é verdadeiro. Elas jamais tiveram interesse em assumir o Governo, mas o fizeram para salvar a democracia que se implantou no passo seguinte. Sei o que foi a luta do Presidente Castelo Branco; a do Presidente Costa e Silva; a do Presidente Geisel, que revogou o instrumento revolucionário; a do Presidente Figueiredo, que era também um democrata. Enfim, todos eles contribuíram fortemente para o que hoje somos. Ouvimos o discurso emocionado do Senador Romeu Tuma, e eu diria que todos sentimos a mesma emoção quando falamos sobre a Força Aérea Brasileira. Falamos aqui do que foi e do que é a Embraer. Falamos de Alcântara, que aí está com uma extraordinária base de lançamento de satélites, mas não falamos ainda do que constituiu a defesa dos nossos vôos civis comerciais: a diretoria de aeronáutica civil. Como a Força Aérea se comportou bem e como trabalhou bem no exercício dessa função, que, em geral, é civil, mas que a ela foi delegada! Só temos motivos para nos orgulharmos da Força Aérea Brasileira, da nossa Aeronáutica, desse trabalho que ela exerceu sempre e que ainda exerce, da integração com as distâncias brasileiras, com a Amazônia distante, nos confins deste País. É preciso ter vivido ou ter andado por lá para perceber a profundidade desse trabalho. Sou do Maranhão. Quantas vezes vi, em Carolina, o avião da Força Aérea chegar e os maranhenses presentes, uns para ver, outros para se valerem da Força Aérea Brasileira em suas maiores necessidades! Digo a V. Exª, Senador Ney Suassuna, amanhã Ministro de Estado, que esta é uma das homenagens mais merecidas que este Senado tem realizado ao longo deste ano. A Força Aérea merece tudo aquilo que, em sua homenagem, foi dito na tarde de hoje. Meus cumprimentos, portanto, a V Exª e aos Senadores que requereram esta homenagem.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Edison Lobão. Peço que o aparte de V. Exª faça parte do meu discurso.

            Todos sabem que sou pessoa de poucas palavras, gosto mesmo é de ação e, por essa razão, não quero fazer um discurso longo. Mas quero louvar e parabenizar os civis que fazem da aviação o seu meio de vida e a sua labuta, porque esses prestam um serviço relevante ao País, não tenho dúvida disso. No ano passado, foram transportadas neste mundo 1,7 bilhão de pessoas e empregamos cerca de 40 milhões de trabalhadores nesse setor. São números relevantes e muito importantes para a nossa economia. Temos que ajudar as nossas empresas a passarem por esse gargalo.

            Neste dia, eu não poderia deixar de parabenizar os civis. Aos militares, quero dizer da minha gratidão. O Senador Edison Lobão referiu-se ao Brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da Aeronáutica e da minha turma da Escola Superior de Guerra, razão pela qual passamos a conhecê-lo muito melhor do que qualquer um outro, não só pelos trabalhos que desenvolvemos.

            Estou convicto de que a Aeronáutica merece a nossa admiração. É a mais sacrificada das três Forças, fato decorrente do alto preço dos equipamentos e do orçamento minguado que temos dado a ela, mas, apesar disso, o trabalho que eles fazem é muito importante, seja no Cindacta, seja no Sivam. Aliás, no caso do Sivam, esse trabalho passou a ser uma cruz nas costas da Aeronáutica, mas continua sendo realizado com dedicação, pois os militares são disciplinados e têm a Folha de Alteração - que nós, civis, também deveríamos ter -, na qual está consignado tudo o que dizem, como também se registram todos os momentos em que o militar saiu da linha. Por esse motivo, já se conhece o militar e o seu comportamento antes que chegue a determinado lugar, coisa que não existe na vida civil - e eu digo graças a Deus, pois muitos não teriam continuidade em sua carreira. Na do militar, eles precisam dessas informações e sabem que isso é permanente; por isso, ninguém reclama de nada.

            Contudo, nós, que conhecemos a Força e seu sacrifício, pedimos desculpas pelo tratamento dado pela República à Aeronáutica, que merecia no mínimo dez vezes mais do que lhe temos feito. A Aeronáutica tem pago um preço muito alto para cumprir seu papel patriótico.

            O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O Sr. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - Senador-Ministro Ney Suassuna, primeiramente, agradeço a V. Exª pelo aparte que me concede, permitindo-me, nesta tarde, tecer rápidas considerações a respeito da Aeronáutica, da Força Aérea Brasileira e de seus componentes, que labutam nessa área importante na vida dos povos, que é a aviação. Cumprimento o Ministro Ney Suassuna pelo pronunciamento, pedindo escusas pela interrupção. Entendo que, das homenagens prestadas por esta Casa ao longo dos anos, esta de hoje é das mais significativas, justamente pela importância que esse setor, a cada dia, apresenta na vida dos povos. Na verdade, foi do Brasil que saiu o Pai da Aviação, Santos Dumont. Foi no Brasil, pela sua dimensão territorial, que a Aeronáutica - mais especificamente, a Força Aérea Brasileira - desenvolveu um papel muito importante, principalmente naquela época em que o centro do País via-se muitas vezes impedido de se comunicar com as regiões mais desenvolvidas. A costa brasileira tinha o seu meio de transporte permanente, seguro. Muitas regiões contavam com estradas de ferro, mas o Centro-Oeste, ilustre Ministro, não contava praticamente com nada, a não ser com os rios que permitiam a navegação fluvial. Assim, Goiás não podia calar-se nesta homenagem, pois, entre todas as regiões do Brasil, o Estado de Goiás, a Região Centro-Oeste foi a que mais se serviu da Aeronáutica, por intermédio da Força Aérea Brasileira. Não tínhamos meios de comunicação. Era tudo muito difícil. Lembro-me bem de que Goiás, com seus mais de dois mil quilômetros de extensão, indo do Paranaíba até o Bico do Papagaio, era acudido pela Força Aérea Brasileira, que transportava doentes e, muitas vezes, até autoridades administrativas para o desempenho de suas funções em cidades do extremo norte do Estado. Devemos reconhecer também que, da Aeronáutica - mais especificamente, do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica -, saíram os técnicos realmente competentes para a consolidação e a fundação da Embraer. Isso nos leva a afirmar que o Governo brasileiro deve muito à Aeronáutica, hoje representada nesta Casa por inúmeros oficiais superiores, entre eles o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Carlos de Almeida Baptista, Comandante da Aeronáutica, e o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Henrique Marini e Souza, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Por meio dessas ilustres figuras, cumprimento todos os demais que dignificaram esta Casa com suas presenças, atendendo ao convite da Mesa do Senado para que participassem desta homenagem simples, que - tenham a certeza - partiu do coração de todos. Todos deste Senado devem realmente aos senhores estas honrarias, altamente merecidas. Gostaria também de salientar, na condição de membro desta Casa, que as autoridades da área econômica do Governo brasileiro precisam entender que, a cada dia em que o mundo se moderniza, a cada dia em que percebemos interesses além-mar voltados para as riquezas nacionais, a Aeronáutica brasileira torna-se mais importante para a segurança nacional. Ressalte-se que, nas últimas guerras vivenciadas, a Aeronáutica é a garantia maior de um país e de um povo. Nos embates travados nos últimos dias no Afeganistão, são os aviões que chegam primeiro e garantem o trânsito dos soldados para a ocupação de territórios. O Governo brasileiro precisa ficar muito atento a isso e, mesmo com as dificuldades financeiras salientadas por V. Exª, deve repassar à Aeronáutica recursos suficientes para que esta se equipe e se estruture melhor, a fim de trazer tranqüilidade ao nosso povo na área de segurança nacional. Muito obrigado.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Senador Iris Rezende, agradeço a V. Exª pelo aparte, que incorporo, com destaque, ao meu discurso.

            Sr. Presidente, ao encerrar meu discurso nesta sessão em comemoração ao Dia do Aviador, eu diria aos pilotos civis que a missão deles ficou mais difícil depois do 11 de setembro último. Depois dessa data, a aviação civil passou a ser vista como mais um perigo, o que é um fator complicador a mais na vida dessas pessoas.

            O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte a V. Exª, com muita satisfação.

            O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Senador Ney Suassuna, esta homenagem à Aeronáutica e ao aviador é muito merecida. Falo isso com muita tranqüilidade, porque, talvez, eu seja o mais vivido entre os presentes nesta tarde. Por isso, como homem da Amazônia, sou testemunha da importância da Aeronáutica no passado, no processo de integração, civilização, colonização e na assistência ao índio, por meio do Correio Aéreo Nacional. Na minha juventude, com o interesse de conhecer bem a região, tive a oportunidade, por dezenas de vezes, de freqüentar os mais diferentes locais: Tarauacá, Feijó, Cucuí, pontos distantes. Quem conhece a região sabe que, naquele passado, os habitantes dessas localidades, para irem a Rio Branco, Capital do Território do Acre, viajavam quase um mês, descendo o Juruá e subindo o Purus. A FAB, por intermédio do Correio Aéreo Nacional, semanalmente fazia essa viagem. Era um avião de esperança, porque transportava doentes, remédios, encomendas urgentes; transportava a civilização e, sobretudo, o carinho. Quando chegavam os aviões da FAB, lembro-me das festas nas comunidades indígenas do rio Negro as populações indígenas cercavam o avião atrás de presentes, brinquedos, etc. Quantos por lá passaram com essa dedicação! Nós, da Amazônia, temos o sentimento de que ela só continua brasileira porque temos as Forças Armadas do nosso lado. Era o que tinha a dizer.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Gilberto Mestrinho. Seu aparte é uma honra para mim. Quando V. Exª se dizia o mais vivido, eu afirmava que não aparentava. V. Exª está bem, com grande vitalidade. Fico muito feliz por isso. Se Deus quiser, V. Exª ainda terá muita vitalidade para contribuir com este Brasil.

            O Sr. Sérgio Machado (Bloco/PSDB - CE) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Ouço V. Exª, Senador Sérgio Machado.

            O Sr. Sérgio Machado (Bloco/PSDB - CE) - Senador Ney Suassuna, Presidente Ramez Tebet, Brigadeiro Carlos Baptista, é uma satisfação muito grande falar nesta tarde. Talvez seja o seu último dia como Senador nesta Casa, e V. Exª está fazendo uma homenagem a uma Força tão importante para o Brasil. Não dá para imaginar o mundo, hoje, sem o avião; não dá para deixarmos de pensar no papel do avião de integração, de desenvolvimento. Não dá para imaginar a nossa vida sem o avião. E não podemos pensar em avião no Brasil sem a Força Aérea, que nos tem dado os índices mais baixos de acidentes do mundo, graças ao profissionalismo, à competência, ao trabalho desenvolvido, quer na proteção ao vôo e de nossas fronteiras, quer na área de tecnologia. Hoje, para nosso orgulho, o Brasil tem a quarta empresa de avião do mundo, graças a todo esse desenvolvimento. A Força Aérea teve um papel fundamental na integração deste Brasil. Quando não havia estradas, prestava atendimento às populações distantes; muitas vezes, com toda a dificuldade, até em aventuras, estava lá cumprindo o seu papel. Como brasileiros, temos muito orgulho da nossa Força Aérea. E nós, do Congresso, temos um papel relevante neste momento. Por compreendermos a sua importância, temos que transformar em orçamento, em números, a necessidade mínima da nossa Força Aérea, das nossas Forças Armadas. Penso que temos de começar a discutir com mais ênfase as suas prioridades para que possam continuar cumprindo aquele papel que tanto nos orgulha e que tanto representa para cada um de nós que estamos sempre viajando de avião, que é o de garantir a nossa segurança e as nossas fronteiras. Fico muito feliz por estar participando desta homenagem justa, necessária, ao olhar para trás e relembrar o que essa Força representou para cada um dos brasileiros, sobretudo para aqueles que moram nas localidades mais distantes, que tinham na Força Aérea a única esperança de curar uma doença.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Sérgio Machado. Também incorporo as palavras de V. Exª ao meu discurso.

            O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Senador Ney Suassuna, permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Ouço V. Exª, nobre Senador Roberto Saturnino, com muita satisfação.

            O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Senador Ney Suassuna, estar aqui presente, escutando os pronunciamentos oportunos, lúcidos e justos de V. Exª, da Senadora Emilia Fernandes e do Senador Romeu Tuma é também uma forma de homenagear. Entretanto, gostaria também de expressar, num breve aparte, todo o reconhecimento, toda a admiração que o Rio de Janeiro - Estado que represento nesta Casa - tem pelas Forças Armadas, por tudo que já representou para o Brasil em episódios militares - na participação de um pequeno grupo de pilotos brasileiros da FAB na Itália, o que muito nos orgulhou, no patrulhamento da costa brasileira naquele momento -, por todo esse serviço de natureza civil de integração nacional que foi tão mencionado aqui e por essa extraordinária contribuição ao desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Por tudo isso, as Forças Armadas, juntamente com a aviação civil, merecem o reconhecimento, a manifestação e a homenagem que muito justamente o Senado brasileiro hoje está prestando. Cumprimentos a V. Exª por seu discurso e a todos os oficiais das Forças Armadas aqui presentes.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, Senador Saturnino. Foi um prazer ouvi-lo.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte ao Senador Pedro Simon.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Considero este dia que estamos vivendo muito importante pela homenagem que prestamos ao aviador, à aviação civil e, em especial, à Força Aérea. É muito importante destacar aqui o que a Força Aérea representou, representa e representará para o nosso País, pela organização, seriedade e competência com que desenvolvem suas atividades. Não vejo o Brasil potência, o Brasil grande, vencendo as crises de hoje e se transformando numa grande Nação, sem que, paralelamente, cresça, desenvolva e progrida a Força Aérea, porque não há setor ao qual mais devamos o nosso crescimento. Estivemos, há poucos dias, a Senadora Emilia Fernandes, eu e outros na Amazônia, no Calha Norte, e pudemos verificar que há regiões enormes que só com a presença da Força Aérea Brasileira podemos entender como nossa. E, nesta hora em que a cobiça internacional olha para a Amazônia como se fosse patrimônio da humanidade, para garantirmos a nossa soberania naquele território, temos que ter à frente a Força Aérea Brasileira. Por isso, este é um momento de felicidade. Nós, políticos e militares, que, muitas vezes, estivemos em lances diferentes, vemos agora, no Governo Fernando Henrique, este entrosamento entre civis e militares. Com profundo e recíproco respeito, e com orgulho, podemos festejar o Dia do Aviador, felicitar a aviação civil e, de modo especial, a nossa Força Aérea, dizendo que hoje é um dia que toca a todos nós.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Pedro Simon.

            Quero dizer aos pilotos da aviação civil que é muito gratificante para mim parabenizá-los neste dia. E fiquem na certeza de que estamos, na Comissão de Assuntos Econômicos, verificando uma forma de tornar as coisas menos hostis às linhas aéreas, para que essas empresas continuem existindo.

            A América do Sul toda perdeu suas companhias, só o Brasil as manteve, e precisamos ajudá-las.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me, Senador Ney Suassuna, um breve aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Com muita satisfação, Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Ney Suassuna, eu estava inscrito para falar, mas, como já está quase na hora de encerrar esta homenagem, gostaria de expressar, em aparte a V. Exª, também a minha solidariedade aos aviadores civis e também da Aeronáutica brasileira. Como ressaltou V. Exª, sobretudo depois dos episódios de 11 de setembro, sabemos que, voando pelos céus do Brasil e de outros países, hoje os pilotos se sentem certamente com uma responsabilidade extraordinariamente maior, não apenas por suas próprias vidas mas também pelas vidas de tantas pessoas que estão nos aviões. Nós, Senadores, que viajamos com freqüência, estamos sempre dialogando com os que trabalham na aviação civil e sabemos das preocupações que estão tendo. Gostaria ainda de observar que, hoje, todos os que trabalham na aviação civil, os aeronautas, os aeroviários, todos aqueles que são trabalhadores de empresas de viação aérea estão também preocupados. Portanto, seria muito importante que o Congresso Nacional e o próprio Poder Executivo ficassem atentos às vozes daqueles que trabalham nas empresas aéreas e que têm esta missão tão importante de estar conduzindo os aviões brasileiros, seja aqui no Brasil, seja em todos os céus do Planeta Terra. Meus cumprimentos!

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Eduardo Suplicy.

            Eu acabava de saudar os pilotos civis, dizendo que, depois de 11 de setembro, eles passaram a ter um problema sério, que trouxe também para a área militar uma responsabilidade ainda maior: a de estar patrulhando e estar atento. Isso significa um uso maior de tecnologia e, por conseguinte, uma maior necessidade de verbas. Com toda certeza, a nossa gratidão poderá ser externada numa dotação orçamentária melhor para a Aeronáutica. Tenho estado com o Senador Wellington Roberto, sub-Relator da área, a quem tenho falado sobre a necessidade de manifestarmos essa gratidão por meio de mais verbas para uma força de trabalho que tem prestado muitos serviços de primeira qualidade ao País, mas que tem recebido um tanto quanto de incompreensão tendo em vista seus magros orçamentos.

            Poderíamos falar da Embraer, de Alcântara, do ITA, mas outros Srs. Senadores já o fizeram. Encerro, dizendo apenas que gostaria de abraçar cada um dos que aqui estão. Mas, como não seria possível no momento, vou dar um abraço no meu Ministro Carlos de Almeida Baptista, pedindo a todos que se sintam também abraçados por este dia, e me considerem uma força amiga, porque é assim que me sinto em relação aos senhores.

            Muito obrigado. (Palmas)


            Modelo17/1/241:25



Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2001 - Página 28425