Pronunciamento de Ney Suassuna em 13/11/2001
Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Pronunciamento de despedida do Senado Federal, em virtude da assunção ao cargo de Ministro da Integração Nacional.
- Autor
- Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Ney Robinson Suassuna
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Pronunciamento de despedida do Senado Federal, em virtude da assunção ao cargo de Ministro da Integração Nacional.
- Aparteantes
- Eduardo Siqueira Campos, Eduardo Suplicy, Emília Fernandes, Francelino Pereira, Iris Rezende, José Alencar, José Coelho, Leomar Quintanilha, Luiz Otavio, Marina Silva, Mauro Miranda, Paulo Hartung, Roberto Saturnino, Romero Jucá.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/11/2001 - Página 28469
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- REGISTRO, AFASTAMENTO, ORADOR, MANDATO, SENADO, POSSE, CARGO PUBLICO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, COMPROMISSO, ATUAÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, BRASIL, ESTRUTURAÇÃO, AGENCIA, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO NORDESTE, REGIÃO NORTE, ATENDIMENTO, RECUPERAÇÃO, AREA, POBREZA, ESTADOS, AGRADECIMENTO, APOIO, SENADOR, SERVIDOR.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao deixar o convívio dos nobres colegas, ainda que temporariamente, para assumir o Ministério da Integração Nacional, sinto-me afetado por um vago sentimento, que, à falta de melhor definição, chamaria de saudade antecipada.
Efetivamente, não há como negar que, de um lado, honra-me o convite feito pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para participar do grupo de Ministros que tocam o seu Governo. Eu estarei, a partir de amanhã, à frente da pasta da Integração Nacional.
A par dessa consideração com que sou destinguido, também me orgulha o fato de, sendo nordestino, ser chamado a comandar exatamente o Ministério que tem a maior influência naquela região e que, com certeza, tem um papel importante no combate às desigualdades regionais, de forma a propiciar uma vida mais digna e menos sofrida a milhões de brasileiros desafortunados.
De outro lado, Sr. Presidente, ainda que tenha pela frente essa perspectiva desafiadora, levo comigo a lembrança dos momentos aqui vividos, em um ambiente de fraternidade e de busca do entendimento, não obstante os embates ocasionados pelas divergências ideológicas ou de perspectivas, sendo essa postura, aliás, o cerne da atividade política: a pacífica convivência dos contrários.
Há poucos minutos, eu falava com o nobre Líder do PT, com quem, na semana passada, tive pequena divergência, mas esta Casa é assim. Cumprimento o Senador José Eduardo Dutra, que teve a lhaneza de me dizer que não poderíamos ficar brigados. Em absoluto, nós, nesta Casa, divergimos, mas jamais brigamos. E eu levo do Senador José Eduardo Dutra uma imagem muito boa, a de quem está defendendo os seus ideais, as suas posições, embora, às vezes, seja um pouco mais incendiário do que eu gostaria.
Sr. Presidente, durante boa parte da minha vida dividi-me entre as atividades acadêmicas e empresariais. Naquela ocasião, porém, já me voltava para as atividades de caráter público e para a ação política. Sou professor, até hoje, embora licenciado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Minha longa experiência na assessoria técnica do Ministério do Planejamento, tendo trabalhado com três Ministros sucessivos - Roberto Campos, Hélio Beltrão e João Paulo dos Reis Velloso -, já sinalizava para uma vocação política que viria a consolidar-se ao longo do tempo.
Filiado ao PMDB em 1982, concorri ao Senado da República e tive a felicidade de poder inspirar-me no exemplo de conterrâneos cuja ação política extrapolou, e muito, os limites da Paraíba e dignificaram e honraram o nosso Estado, como o Presidente João Suassuna, João Pessoa, Argemiro de Figueiredo, Humberto Lucena, Antônio Mariz, José Américo e outros. Aliás, foi justamente por intermédio do saudoso Senador e Governador Antônio Mariz, do qual eu era suplente, que logrei unir-me a este egrégio Plenário na 49ª e na 50ª legislaturas.
Por generosidade do povo paraibano, que me fez depositário da sua confiança, a este Plenário retornei em 1999, para o exercício de novo mandato, desta vez sagrado nas urnas, inclusive depois de ter enfrentado um dos grandes mitos da Paraíba, um Governador de dois mandatos, o Deputado Federal mais votado em toda a história da Paraíba, de quem fui um adversário leal, tanto é que, dois dias depois, eu estava lá apertando-lhe a mão e parabenizando-o, porque foi uma campanha bonita, leal, muito bem conduzida.
Minha nomeação para o Ministério da Integração não rompe os meus compromissos para com o povo da Paraíba, pelo contrário, vem consolidar e enriquecer esse pacto que agora, embora temporariamente, se dará no âmbito da ação executiva e se estenderá a maiores contingentes de brasileiros com ênfase naqueles segmentos mais carentes.
Minha atuação nesta Casa, aliás, tem sido sempre voltada para a defesa inegociável de um projeto no sentido da construção de um Brasil mais homogêneo. Muitas foram as oportunidades em que pude contribuir de maneira mais direta para esse projeto.
Gostaria de agradecer a confiança dos nobres colegas que me confiaram a Presidência da Comissão Mista de Orçamentos, em 1997; da Comissão Temporária da Seca, em 1998 e 2001; da Comissão de Assuntos Econômicos, em 1999 e 2000; da Comissão de Fiscalização e Controle e da Comissão Especial de Revitalização do São Francisco, em 2001.
Entre os trabalhos que participei nesta Casa, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, orgulho-me especialmente de ter sido o Relator do projeto que resultou na Lei n.º 9.279, a Lei de Patentes, que regulamenta direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
Ainda hoje, conversava com o Ministro José Serra, que está em Catar, e S. Exª me dizia do sucesso que tivemos com a nossa legislação. Fico muito feliz de ter lutado pela legislação das licenças compulsórias, que nos permitiu fazer toda essa revolução no campo dos remédios para o combate à Aids e a outras doenças.
Quanto aos projetos de minha autoria, malgrado os percalços de sua tramitação, acredito ser o da Renda Mínima Escolar aquele que mais gratificou, pelo seu extraordinário alcance social. Nós não conseguimos a aprovação completa nesta Casa, no Congresso Nacional, mas o projeto colou e decolou na grande maioria dos Estados e Prefeituras deste País.
À frente do Ministério da Integração Nacional, Sr. Presidente, ainda que no estreito limite imposto pela temporalidade, terei desafios enormes. Porém os enfrentarei, por acreditar que não são intransponíveis. Certamente, teremos muitas vitórias.
De qualquer modo, essa exígua temporalidade me estimula a superar-me. Gosto de desafios. Todos nesta Casa sabem que sou de pouca conversa e de muita ação, e tenho claro diante da minha consciência que os homens de bem não podem e não se devem jamais intimidar pelos limites do tempo. É o que digo aos meus alunos na Universidade Federal, quando me refiro à Lei de Parkinson: Gastamos o tempo de que dispomos. Se temos seis meses para escrever uma carta, gastamos esse tempo para fazê-lo. Se dispomos apenas de cinco minutos, redigimos a carta nesse espaço de tempo. Então, vamos agir como o nosso Presidente Juscelino Kubitschek, segundo o qual venceríamos cinqüenta anos em cinco, o que, de fato, ocorreu. Essa é uma prova viva do acerto da minha tese.
Talvez a razão básica de ser daquela Pasta será contribuir com todas as ferramentas do saber, da técnica e da vontade para reduzir as desigualdades sociais.
O Ministério da Integração Nacional, erroneamente, tem sido citado pela imprensa como uma Pasta de menor importância, e não o é, pois cuida das nossas fronteiras e - como V. Exª, Sr. Presidente, tem conhecimento, porque foi Ministro daquela Pasta - da área de fruticultura e piscicultura como instrumento para a igualdade. Trata-se de um Ministério que busca compensar as populações menos aquinhoadas, inclusive aquelas que sofreram catástrofes, como enchentes, incêndios, secas e todas essas mazelas que, de quando em quando, nos assolam.
O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me concede um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Senador Eduardo Siqueira Campos, ouço V. Exª com muito prazer.
O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Eminente Senador Ney Suassuna - amanhã, nosso Ministro da Integração Nacional -, gostaria de dar um depoimento da Bancada que representa o Estado do Tocantins de que, desde que cheguei a esta Casa, logo identifiquei ser V. Exª um dos mais operosos Senadores que a integram, um dos mais combativos representantes do seu Estado. Tive a oportunidade, como membro da Comissão de Assuntos Econômicos, de compartilhar da sensatez, do equilíbrio e da eficiência de V. Exª como Presidente daquela Comissão, bem como nos inúmeros jantares que V. Exª concedia a parlamentares. Até mesmo eu, como um dos mais simples e jovens representantes desta Casa, tive a oportunidade de estar não só com as autoridades, mas com as melhores cabeças da República, que participavam dos generosos jantares oferecidos por V. Exª para discutir este País, até altas horas da noite, depois de um longo e extenso dia de trabalho. Senador Ney Suassuna, tenho a mais absoluta convicção de que não somente para a Paraíba, para o Nordeste e para a região Norte, mas para o próprio País, a nomeação de V. Exª foi, sem dúvida alguma, um ato bastante pensado e muito oportuno por parte do Presidente da República. Congratulo-me com V. Exª e parabenizo o Presidente Fernando Henrique pela escolha. Tenho a convicção de que o País também poderá comemorar toda esta capacidade de trabalho que V. Exª possui, sempre agindo de forma humilde, competente e determinada. Registro a presença nesta Casa, na tarde de hoje, de estudantes do Estado de Tocantins, da cidade de Arapoema, comandados pelo nosso Prefeito Tazinho, abrilhantando este plenário. Faço isso, Senador Ney Suassuna, para dar o testemunho deste representante do Estado do Tocantins, na presença de estudantes do meu Estado, desejando que Deus ilumine V. Exª nessa nova missão.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Eduardo Siqueira Campos. V. Exª está sendo extremamente modesto, pois é um dos grandes Senadores desta Casa. Agradeço-lhe pelas palavras proferidas. Com muita honra, elas farão parte deste discurso. Muito obrigado.
O Sr. José Alencar (PL - MG) - V. Exª me concede um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo um aparte ao Senador José Alencar.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo um aparte ao Senador José Alencar.
O Sr. José Alencar (PL - MG) - Eminente Senador Ney Suassuna, nós, que temos a honra de representar o Estado de Minas Gerais, trazemos um abraço de congratulações, com votos de muito sucesso a V. Exª, à frente desse importantíssimo Ministério. Conhecemos bem a importância desse Ministério para as regiões menos favorecidas do País. É claro que é um Ministério nacional - é Ministério da Integração Nacional -, mas, por ter sido no passado o Ministério do Interior, no início da Sudene de Juscelino Kubitschek e da Sudam, um pouco mais tarde, esse Ministério levou às regiões menos favorecidas o apoio e a presença constante do Governo Federal, atendendo àquelas diferenças regionais. Por circunstâncias, tenho tido oportunidade de conhecer essas regiões. Por essa razão, congratulo-me com o Governo por ter escolhido o nome de V. Exª. Sei que V. Exª é um homem do trabalho, um homem dinâmico. Tive a oportunidade de participar da Comissão de Assuntos Econômicos sob a sua Presidência e posso testemunhar a dedicação, a eficiência e tudo aquilo que V. Exª representou para o engrandecimento daquela Comissão. De modo que trago o voto de Minas Gerais, como representante que sou desse Estado, para que V. Exª seja muito feliz e que realize tudo aquilo que lhe vai na alma, naquele grande Ministério que irá assumir.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador José Alencar, fico muito feliz com as palavras de V. Exª. Tenho certeza de que estaremos juntos, porque estaremos regulamentando, se Deus quiser, o Estatuto da Agência de Desenvolvimento do Nordeste - Adene. Também estaremos fazendo, se Deus quiser, rapidamente, a regulamentação da Ada - Agência de Desenvolvimento da Amazônia. Estaremos cuidando das mesmas regiões. Embora V. Exª seja um Senador mineiro, é também o quarto Senador da Paraíba. Digo isso com muito orgulho para nós, paraibanos. Sei que lá no Estado de V. Exª, o Vale do Jequitinhonha é uma das regiões que precisamos soerguer, toda aquela região do semi-árido de Minas tem o apoiamento e terá, com toda certeza, a nossa preocupação em tentar ajudar aquelas populações para que se equiparem ao restante de Minas Gerais, que é umas grandes potências deste País.
O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Pois não, Excelência.
O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, quando V. Exª, nesta tarde, despede-se desta Casa para, temporariamente, assumir o Ministério da Integração Nacional, vejo-me no dever de congratular-me com V. Exª pela assunção de importante posição no Governo deste País. Congratulo-me, ao mesmo tempo, com o Presidente Fernando Henrique por escolher V. Exª para Chefe daquela Pasta. Ao longo da vida, aprendemos a antecipar o sucesso ou o fracasso de um governante pela escolha de sua equipe. Sem desmerecimento de qualquer integrante da equipe do Presidente da República, Sua Excelência foi extremamente feliz ao escolhê-lo não apenas por V. Exª, com muita dignidade, representar o querido Estado da Paraíba, mas também porque, desde o dia em que chegou a esta Casa, a cada dia, mês e ano, V. Exª vem conquistando a admiração e o respeito de seus Pares pela sua competência, responsabilidade e determinação em estar presente em todas as discussões de interesse do nosso País que se travam nesta Casa e pela agilidade com que se comunica. Não sei como pode um Senador encontrar tempo para ir a tantos gabinetes num único dia, discutir tantos problemas e convocar tantos Ministros e tantas autoridades. Muitas vezes, V. Exª faz da sua casa um prolongamento de alguns Ministérios da República para, a pretexto de oferecer gostosos jantares, discutir problemas, visto que o tempo dos Ministros ou dos Senadores em seus gabinetes não é suficiente. V. Exª tem demonstrado ser uma figura extraordinária. Congratulei-me com o Presidente da República, no início do meu aparte, pela escolha de V. Exª, porque sei que V. Exª dará um show naquele Ministério e, mesmo desprovido de recursos, encontrará soluções para inúmeros problemas. Esse é um momento feliz para o Ministério, como o foi quando assumiu o nosso Presidente Ramez Tebet, que, para ocupar um cargo talvez até mais importante, de Presidente desta Casa, se viu obrigado a deixar a Pasta. Devemos aplaudir a escolha de V. Exª. Em nome de Goiás, congratulo-me com V. Exª e peço a Deus que lhe ilumine os passos, ajudando-o a prestar, naquela posição, mais serviços ainda ao nosso querido povo brasileiro.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Amém. Agradeço-lhe, nobre Senador Iris Rezende. Sei do que V. Exª fez quando ocupou várias Pastas Ministeriais neste País. Tentarei seguir-lhe as pegadas, com o dinamismo, a capacidade, a agilidade e a inteligência que V. Exª sempre soube demonstrar à frente das Pastas desta República. Muito obrigado por suas palavras, que me dão mais responsabilidade para cumprir essa missão.
O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Concede-me V. Exª um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte ao Senador Francelino Pereira.
O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Meu caro Senador e amigo Ney Suassuna, felicito V. Exª pelo desafio, pela oportunidade que lhe é oferecida de revelar mais uma vez a sua capacidade de trabalho, a sua inteligência, o seu dinamismo, a sua presença múltipla em toda a vida nacional. Agora chegou o momento de colocar mais uma vez em prova a sua capacidade de trabalho. Na sociedade apressada de hoje, V. Exª simboliza essa pressa com que o Brasil vive hoje debatendo os seus problemas. E a sociedade tem de ser apressada, porque não há nada mais sedutor que representar o Brasil nesta Casa ou na Câmara dos Deputados exatamente porque constituímos uma sociedade que enfrenta um desafio que, na verdade, precisa ser vencido, seja como for. Acompanhei de perto a chegada e a saída de meu queridíssimo Presidente Ramez Tebet do Ministério. Vi o seu tormento e a sua angústia diante de um Brasil imenso e da responsabilidade de trabalhar no sentido de sua integração. A integração de Minas Gerais é fácil, porque somos integrados. Quanto mais fronteiriços somos em relação aos Estados limítrofes, mais mineiros somos, e, com a chegada de um representante da Paraíba no Ministério da Integração Nacional - um Estado pequeno, mas dinâmico e expressivo -, Minas Gerais coloca-se à sua disposição. Não sei se V. Exª fará cinqüenta anos em cinco. Milton Campos comentava com certa ironia sobre um Presidente que honra o Brasil e que é uma expressão da vida pública nacional. Desejo a V. Exª extrema felicidade. Jamais compareci a um jantar em sua casa por falta de tempo. Quem representa Minas Gerais - somos dezoito milhões de mineiros, oitocentas e cinqüenta e três cidades, quase cem metrópoles - não tem tempo nem para ver a querida Paraíba ou para visitar a sua cidade, para onde fui tantas vezes. V. Exª está convidado, desde logo, pelos mineiros, a conhecer Minas Gerais em sua inteireza, a Minas pobre e a rica; e a Minas pobre, nessa hora, precisa de um representante de um Estado que é pobre, mas que terá um Ministro muito forte e determinado a vencer na vida. Parabéns ao amigo.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Francelino Pereira. É uma honra ouvir as palavras de V. Exª. Fico emocionado. Tenha a certeza de que estaremos preocupados com a parte pobre de Minas Gerais e lutando para ajudá-la. Os recursos não são muitos, mas, com força de vontade, superaremos obstáculos e conseguiremos recursos para pelo menos amenizar a situação. Lutaremos por isso.
O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte ao Senador Roberto Saturnino.
O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Nobre Senador Ney Suassuna, cumpro um dever de justiça, falando em nome da população de meu Estado e reconhecendo a colaboração inestimável que V. Exª tem dado ao Rio de Janeiro, razão pela qual é freqüentemente chamado de “quarto Senador do Estado”. V. Exª tem sido, durante toda a sua vida, e muito particularmente no período em que convivemos no Senado Federal, um homem extremamente operoso, dinâmico, trabalhador. Realmente V. Exª é um exemplo de dinamismo e operosidade na Casa. Todos reconhecemos o seu trabalho e a sua operosidade, que vão além dos serviços desenvolvidos no âmbito do Senado Federal, pois V. Exª realizou em sua casa verdadeiras sessões de convivência e argüição com personalidades governamentais, para discutir problemas do País. Assim, somos todos nós muito reconhecidos, certos de que V. Exª desenvolverá esse mesmo dinamismo, esse mesmo ritmo intenso à frente do Ministério que em tão boa hora assumirá. Obviamente, o Estado do Rio sentirá a perda da sua colaboração no Senado, mas, de qualquer maneira, agradecido por tudo que já ganhou do trabalho de V. Exª, quer também cumprimentá-lo e desejar o maior êxito nessa nova missão que assumirá.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Roberto Saturnino. Devo ao Rio de Janeiro, quando saí da Paraíba, o abrigo e a possibilidade de lá ter vencido. Sou muito grato ao Rio de Janeiro, o que já me custou em campanhas na Paraíba a alcunha de Senador carioca, o que não o funcionou, e nós vencemos a eleição, apesar dessa colocação.
Com certeza, quem não gosta do Rio neste País não é bom brasileiro, porque o Rio é o coração do Brasil, todos nós sabemos disso. Fico muito feliz com as palavras de V. Exª , mas não se preocupe, pois continuaremos atentos. No ano passado, tivemos duas emendas relativas ao Rio de Janeiro que não foram até hoje liberadas, e este ano temos três grandes emendas para o ano de 2002. Nós já nos voltamos para o Rio de Janeiro, logo depois de ter cuidado da Paraíba. Então, V. Exª fique tranqüilo, porque estamos olhando o que pode ser feito, como estamos atentos para todos os Estados. Nós já nos dedicamos, nestas duas semanas, aos problemas de cada Estado, ao que pode ser feito, porque, quando assumimos um Ministério, não somos de um partido nem de uma região, nós temos obrigação para com todo o País. Temos, com certeza, preocupações com todas as questões atinentes ao nosso Ministério, com as questões de fronteira, com as mesorregiões, com as populações mais pobres, com a piscicultura - pois temos 500mil hectares de água, de superfície de espelho d’água, que não estão sendo usados na intensidade que poderiam.
Todas essas preocupações foram do Senador Ramez Tebet e, agora, daremos continuidade ao trabalho, mas com a pressa que temos tido sempre na vida de tentar falar menos e agir mais.
O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, permite-me V. Exª um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Ouço V. Exª com prazer, Senador Mauro Miranda.
O SR. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, V. Exª sabe da admiração que tenho pela sua pessoa. Em decisões importantes do nosso Partido, tive oportunidade de manifestar pessoalmente a V. Exª a minha preferência por posições de liderança de Partido, de liderança de comissão, por saber da sua capacidade, inteligência, determinação a tudo que se dedica. Mas o seu grande mérito é ser apaixonado pela aldeia em que nasceu, pelo canto em que nasceu. Quem é apaixonado, como V. Exª é pela Paraíba, é apaixonado pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil, é apaixonado pelo mundo e quer o bem de todos. Tenho certeza de que foi uma excelente escolha a de V. Exª para aquele Ministério, e a Paraíba pode estar tranqüila porque, em qualquer palavra que pronuncie, em qualquer frase, percebemos o tom, o sotaque e a paixão que V. Exª tem pela querida Paraíba, essa terra tão sofrida, querendo que ela se iguale, pelo menos em desenvolvimento, ao restante do País. Como Senadores, estamos felizes e torcemos pela sua vitória. Como o nobre Senador Ramez Tebet, Presidente desta Casa, temos certeza da sua vitória naquele Ministério. Parabéns, Senador Ney Suassuna. Que Deus o acompanhe nessa missão, na qual V. Exª representará, num primeiro momento, a sua terra querida, a Paraíba, pela qual todos nos apaixonamos por intermédio de V. Exª. Muito obrigado.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Mauro Miranda, cuja companhia tive a honra de privar numa viagem a Taipé, quando percebi como somos almas similares, almas parecidas na nossa simplicidade, no nosso modo de agir, o que me aproximou ainda mais de V. Exª.
Recebo as palavras de V. Exª como uma homenagem que muito me sensibiliza e também como um desafio, porque com certeza vamos lutar para prestar serviços ao nosso País, mesmo sabendo que não será uma missão fácil.
Muito obrigado pelo incentivo e pela fé de V. Exª.
O Sr. Luiz Otávio (Bloco/PPB - PA) - Senador Ney Suassuna, concede-me V. Exª um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Ouço o aparte de V. Exª, Senador Luiz Otávio.
O Sr. Luiz Otávio (Bloco/PPB - PA) - Senador Ney Suassuna, a quem já podemos chamar de Ministro Ney Suassuna, sabemos da honra da Paraíba por tê-lo como Senador da República, como seu representante no Congresso Nacional, e terá muito mais ainda com o trabalho que V. Exª fará pelo Brasil, em especial pelas regiões mais carentes, tendo em vista que o Ministério da Integração Nacional tem grandes responsabilidades perante a Amazônia, perante o Norte do País, principalmente perante o meu Estado, o Pará, sede da Agência de Desenvolvimento da Amazônia, perante o Nordeste, de onde V. Exª vem e onde reside, e perante a Paraíba, Estado que V. Exª defende com unhas e dentes desde que chegou a esta Casa. Estou certo da oportunidade que V. Exª dará de nos orgulharmos ainda mais, primeiro por sermos amigos pessoais - amigos de sua família, de seus filhos -, e por sabermos da sua dedicação em casa, na criação de seus filhos, no seu trabalho, no sucesso empresarial que possui. V. Exª é reconhecido não só no Brasil, mas em vários países do mundo. Apesar de trabalhar em um ramo difícil, a educação, detém a liderança nesse setor. Atua em uma área em que o próprio Governo tem dificuldades: o controle, a direção do ensino de 3º grau. V. Exª o faz com habilidade, competência e com o auxílio de uma equipe permanente de trabalho. Com certeza, dará o toque de que o Governo Federal precisa. O Presidente Fernando Henrique Cardoso foi muito feliz em sua escolha. Tenho certeza de que V. Exª terá um grande resultado, dando uma grande satisfação ao Presidente e ao seu Partido, o PMDB, que terá a honra de tê-lo à frente de um Ministério tão importante. V. Exª é criativo, inteligente, trabalhador e leal com seus amigos, com seus correligionários, com seu Estado e com seu País. Com certeza, teremos orgulho de vê-lo novamente em outros Ministérios. Quem sabe teremos que abrir mão de sua presença para ser Governador da Paraíba. Faremos tudo para que V. Exª continue como Ministro, porque sabemos que será o melhor para o Brasil e, especialmente, para o Pará. Muito obrigado.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador.
Não me conformo quando vejo a Agência de Desenvolvimento da Amazônia desestruturada, mas dispondo de R$400 milhões, enquanto há empresas precisando dessa verba. São empresas que poderiam alavancar o desenvolvimento daquela região. Não me conformo quando vejo, em uma época de crise como a que vivemos, verbas imprescindíveis, que em uma situação de normalidade já seriam necessárias, paradas. Se no Nordeste sequer há recursos e ainda temos que lutar junto à equipe econômica, no caso da Amazônia, o recurso está lá, paralisado, e, por falta de estruturação, não está sendo distribuído. Que se prenda quem fez errado, mas que se dê o incentivo ao projeto, que está correto. Estarei buscando essa agilização. Tenha certeza V. Exª de que o Pará, assim como toda a região Amazônica, estará muito bem visto por nós porque essa é uma riqueza do País que não podemos abrir mão. Não podemos, de maneira alguma, demorar nas soluções para aquela região. Muito obrigado.
A Sra. Emilia Fernandes (Bloco/PT - RS) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Tem a palavra a nobre Senadora Emilia Fernandes.
A Sra. Emilia Fernandes (Bloco/PT - RS) - Senador Ney Suassuna, V. Exª sabe, acompanhando os trabalhos desta Casa, do meu posicionamento contrário à política do Governo Fernando Henrique Cardoso e, inclusive, das críticas que temos feito na tentativa até de serem apresentadas como sugestão para o Brasil e para o próprio Governo. Porém, V. Exª também tem conhecimento de que as diferenças no País são enormes. O Brasil, imenso, rico, de um povo generoso e trabalhador, vive em situações profundamente diferentes não apenas em relação às regiões, mas, inclusive, dentro dos próprios Estados. Em Minas, encontramos grande concentração de pobreza e diferença entre o que é Minas no contexto nacional. No Rio Grande do Sul, também vamos encontrar uma região bastante estrangulada do ponto de vista político, social e econômico. Confesso a V. Exª que, quando foi criado o Ministério da Integração Nacional eu até - com as reservas necessárias - depositei uma grande expectativa em relação às atribuições, aos objetivos e ao trabalho desse Ministério, tanto que reconheço que todas as ilustres figuras políticas - Senadores, inclusive - que passaram pela liderança daquele Ministério desempenharam um importante papel, um importante trabalho. Tenho certeza de que, se não conseguiram realmente atingir aquilo a que se propunham, fizeram o máximo ao seu alcance. Particularmente, muitas vezes fomos àquele Ministério, mantivemos um diálogo respeitoso, inclusive com os Ministros que visitavam o Estado do Rio Grande do Sul, e nós os acompanhamos, em momentos de debate junto a universidades, às forças vivas daquele Estado - produtores, empresários, a Assembléia Legislativa, enfim. Neste momento, entendo que, não por falta de disposição e vontade daqueles que assumiram aquele Ministério, a alternância talvez não tenha permitido a eles mostrar o que foi feito e o que poderia ter sido feito. Então, ao cumprimentar V. Exª e respeitosamente aqui registrar a forma do relacionamento de V. Exª com todos os Parlamentares, independente de Partidos - da Situação ou de Oposição, como é o nosso caso -, a forma fidalga, respeitosa, o seu dinamismo de trabalho, a sua determinação, desejo a V. Exª êxito à frente dessa nova missão proporcionada por sua carreira política. Peço, mais uma vez, a exemplo do que fiz com todos os outros que assumiram o Ministério da Integração Nacional, que dê transparência às ações daquele Ministério com a visão que V. Exª acabou de registrar, a visão nacional. Em primeiro lugar, precisamos ter uma resposta a respeito do que realmente foi feito em todas as regiões do País e em todos os Estados em primeiro lugar. Em segundo lugar, apelo aqui, ainda em nome do povo do Rio Grande do Sul, que V. Exª resgate - até como compromisso do Presidente Fernando Henrique Cardoso - um trabalho, um olhar e uma dedicação especial a projetos nossos junto ao Governo, ao Ministério da Integração, no que se refere, principalmente, à questão da metade sul do Estado. Particularmente, dar-lhe-ei uma sugestão, por meio da qual poderíamos alavancar todas as outras atividades para que houvesse desenvolvimento econômico e, conseqüentemente, social na região da metade sul do Rio Grande, que represento - porque venho dessa região da fronteira, do extremo sul do Estado -, que é o projeto de irrigação daquela região. Com a irrigação, multiplicaremos a fruticultura e outras culturas. Peço isso a V. Exª, lamentando essa alternância ministerial. Parece-me que, de certa forma, há uma interrupção, e, por maior boa vontade que tenham, as pessoas precisam iniciar seu trabalho com estilo próprio, com suas características. Mas resgate V. Exª junto ao Presidente Fernando Henrique Cardoso o compromisso de campanha de Sua Excelência, feito em 1994, quando publicamente reconheceu que o Rio Grande do Sul também precisava de uma política diferenciada. E ainda estamos aguardando esse tratamento. O Dr. Sanguinete, que assumiu a Pasta neste período - e ainda nela está se desempenhando - realizou um trabalho muito qualificado, do ponto de vista técnico. Diante dos apelos que o Rio Grande do Sul fez durante a última cheia que atingiu inúmeros municípios do Estado, S. Exª foi sensível e se somou à nossa voz junto ao Governo Federal. Com isso, recursos da ordem de R$10 milhões -- embora as necessidades fossem no mínimo de R$15 milhões -- estão sendo aportados no Rio Grande do Sul. Fazemos esse reconhecimento público, quando o trabalho é realizado. Portanto, desejo sucesso a V. Exa e que Deus o acompanhe. Que V. Exª leve o mesmo dinamismo e vontade de trabalhar apresentados nesta Casa ao Ministério da Integração Nacional, vendo o Brasil como um todo. Os meus cumprimentos a V. Exª.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, Senadora Emilia Fernandes.
A banda sul do Rio Grande do Sul é uma mesorregião. Temos de nos dedicar a soerguê-la, deixando-a no mesmo patamar de todo o Estado. Mas ainda há a área de fronteira, sem contar que de, quando em vez, há pequenas secas, mas há, de quando em quando, enchentes.
Estaremos atentos nesse período em que lá estivermos. Vamos cumprir as nossas obrigações, fique certa V. Exª.
Muito obrigado pelas palavras carinhosas de V. Exª.
O Sr. Romero Jucá (Bloco/PSDB - RR) - V. Exa. concede-me um aparte, Senador Ney Suassuna?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo-lhe o aparte, Senador Romero Jucá. Em seguida, à Senadora Marina Silva e, depois, ao Senador Leomar Quintanilha.
O Sr. Romero Jucá (Bloco/PSDB -- RR) - Meu caro Senador e Ministro Ney Suassuna, em um país de dimensões continentais como o Brasil, o Ministério da Integração ganha relevância. Tem o Ministério, entre suas ações precípuas, o objetivo de implementar o desenvolvimento regional e combater o desequilíbrio regional. Portanto, na prática, funciona também como um Ministério do desenvolvimento e da recuperação dos Estados mais pobres, sem contar com a ocupação das áreas de fronteira, enfim, com toda uma política de ocupação racional do nosso território, que é imenso. V. Exª, com sua formação cosmopolita, mas com a visão do sofrimento da Paraíba, terá a sensibilidade necessária para implementar ações que façam com que os Estados mais pobres se recuperem mais rapidamente, e os Estados menos pobres também se desenvolvam. No Brasil, as carências são muitas. Por isso, V. Exª terá de fazer uma ginástica muito grande no sentido de buscar atender a todos os Estados. O meu aparte é para dizer-lhe que todos nós estaremos ao seu lado, à disposição para, na Comissão de Orçamento, lutarmos pelo descontingenciamento de recursos, enfim, procurando dar instrumentos - apesar de poucos - úteis a V. Exª, para que as ações possam ser realmente implementadas. V. Exª assume como representante do Senado e, portanto, tenho certeza, com o apoio de todos os Senadores, independentemente de Partido político, para realizar um grande trabalho. O Presidente fez uma grande escolha. V. Exª tem uma visão nacional e internacional; tem a visão local das necessidades, como eu disse, por defender a Paraíba. Portanto, possui todas as qualidades para ser um grande Ministro da Integração. Vamos trabalhar, torcer por V. Exª e apoiá-lo para que possa fazer o trabalho que eu sei que se predispõe a fazer, porque conheço a sua capacidade de trabalho e a sua seriedade. Desejo-lhe felicidades. Estaremos ao seu lado, marchando para desenvolver o Brasil e integrá-lo principalmente às regiões mais distantes.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Romero Jucá. Fico muito feliz com o apoiamento de V. Exª e dos demais Colegas. Com toda a certeza, vamos precisar de toda ajuda, porque não somos donos da verdade e não temos poder para, sozinhos, tornar dinâmicos esse Ministério.
Minha querida amiga, Senadora Marina.
A Sr.ª Marina Silva (Bloco/PT - AC) - Senador Ney Suassuna, quando cheguei a esta Casa, V. Exª assumiu a empreitada de relatar o projeto referente a patentes no nosso País. Lembro-me do esforço de V. Exª ao concorrer com um outro relatório. Naquela oportunidade, V. Ex.a operou como um espaço de referência mesmo para as demandas da sociedade, da comunidade científica, das entidades, das pessoas que desejavam uma lei de patente em acordo com os interesses do nosso País. Então, ressalto o trabalho de V. Exª, aqui no Senado, desejando-lhe boa sorte nesta nova empreitada. Fazer integração é um processo complicado que requer uma certa operosidade democrática, principalmente com o olhar para aqueles que ainda não estão no mesmo patamar e que precisam ser alavancados. De sorte que os Estados do Norte e do Nordeste sempre estarão incluídos entre os Estados que necessitam dessa âncora. Espero que o trabalho de V. Exª dê essa contribuição. Almejo também que tenhamos uma política de continuidade no Ministério - não estou aqui advogando a continuidade dos que já passaram por aquele Ministério -, em que se pensem projetos estratégicos, de alcance global, e que não fiquemos o tempo todo operando no varejo em relação a uma Pasta tão importante como a da Integração Nacional, visando eliminar essas diferenças regionais como muito bem salientaram os Senadores Romero Jucá e Emilia Fernandes. Boa sorte na sua nova empreitada!
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, Senadora Marina Silva. Sabemos da religiosidade de V. Exª e vamos precisar muito do seu apoio e oração. Fique certa de que estaremos lutando sobremaneira no Ministério, como fizemos, por exemplo, na Lei de Informática, para que a Região Norte não ficasse desassistida, o que seria injusto. Lutamos de todas as formas para que a região amazônica continuasse recebendo aqueles beneplácitos porque era o direito, o correto, o constitucional.
O Sr. Leomar Quintanilha (PFL - TO) - Permite-me V. Exª um aparte, eminente Senador Ney Suassuna?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Com muita satisfação, eminente Senador Leomar Quintanilha.
O Sr. Leomar Quintanilha (PFL - TO) - Nobre Senador Ney Suassuna, associo-me às diversas e oportunas manifestações aqui expendidas pelos eminentes Senadores que me antecederam. Cumprimento V. Exª pela assunção ao cargo extremamente relevante de Ministro da Integração Nacional. Cumprimento-o pela forma lhana, firme, competente, amiga e companheira com que se houve no desempenho da sua função nesta Casa, fazendo com que os seus companheiros não só o respeitassem, mas também o admirassem e nutrissem por V. Exª um sentimento de amizade profundo. Parabéns por conquistar simpatia praticamente unânime nesta Casa. Seguramente respaldado por esse sentimento forte de solidariedade, nascido aqui no Senado Federal, V. Exª assume um dos mais importantes Ministérios do Governo Fernando Henrique e o faz com a consciência de quem vive a realidade de uma das regiões mais sofridas do Brasil. Nesse processo de desigualdade regional, o Ministério da Integração Nacional tem papel fundamental. Fazemos um esforço nesta Casa para mitigar os efeitos danosos da brutal concentração de rendas, do fluxo quase inevitável do volume maior de recursos, sempre para as regiões mais ricas. Todos nós que representamos Estados que são, efetivamente, a parte sacrificada desse processo - como o de V. Exª e os demais das Regiões Norte e Nordeste - sabemos que estamos depositando nos ombros de V. Exª uma esperança, uma confiança de que o seu desempenho não será nada diferente daquele que marcou a passagem de V. Exª por esta Casa: seriedade, firmeza, larga visão da realidade nacional e permanente preocupação pela melhoria da qualidade de vida das pessoas das nossas regiões e do Brasil. Tenha todo o sucesso do mundo V. Exª no novo desafio de sua vida.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Leomar Quintanilha. Fico muito feliz, porque tenho tido o privilégio de conviver com V. Exª, e ao ver como o seu Estado tratou, em um momento de crise, a nossa Paraíba e o nosso Nordeste, oferecendo as águas do rio Tocantins. Em uma hora em que a transposição precisou ser praticamente paralisada porque precisávamos cuidar da revitalização do rio São Francisco, V. Exªs, autoridades do Tocantins, imediatamente disseram “estamos à disposição, a água está à disposição”. Isso nos sensibilizou. Hoje todos nós somos muito gratos. Os estudos não estão completos, porém jamais esqueceremos o oferecimento. Por isso fico muito feliz com as palavras de V. Exª. É mais uma cobrança firme da necessidade de acertarmos frente àquela Pasta.
O Sr. José Coêlho (PFL - PE) - V. Exª me concede um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Senador José Coêlho, V. Exª tem a palavra.
O Sr. José Coêlho (PFL - PE) - Senador Ney Suassuna, chegamos a um momento feliz ao receber a sua indicação para o Ministério da Integração Nacional. Não vou muito atrás da sua idade, vou apenas me lembrar da Revolução, do desaparecimento de João Pessoa, quando vocês compuseram um hino que dizia: “João Pessoa, João Pessoa, bravo filho do sertão, tua pátria espera, um dia, a tua ressurreição”. Não é a pessoa de João Pessoa que está ressuscitando, mas é a Paraíba que está ressuscitando na sua pessoa. De maneira que, com esse seu entusiasmo, com essa sua vibração, as palavras do companheiro aqui me foram roubadas: é que ouvi, muitas vezes, neste Senado, o seu entusiasmo quanto à transposição das águas do rio Tocantins. Agora o amigo se colocará numa situação de grande dificuldade para fazer essa transposição porque, sem ela, não poderemos pensar na transposição do rio São Francisco. Mas acredito no seu entusiasmo, na sua vibração, na sua coragem, no seu deslocamento parecendo um relâmpago nesta Casa; estou convencido de que vamos em busca dessa luz. E, na busca dessa luz, desejo-lhe sucesso absoluto, muito trabalho e uma tranqüilidade de horas bem dormidas, para que esses problemas todos sejam equacionados. E eu tenho um que já lhe foi entregue. Muito obrigado e felicidades, companheiro.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Não esquecemos, Senador José Coêlho, dessa ponte que sei é um elo de ligação entre o Norte e o Sul. Mas não esqueceremos também das áreas de irrigação e de todas as necessidades do Estado de Pernambuco, que é um Estado irmão da Paraíba.
Sr. Presidente, agradecendo a compreensão, finalizo o meu discurso dizendo o seguinte: quem faz uma nação não é a tecnologia, não é nada, a não ser a solidariedade. E é exatamente do que cuida o nosso Ministério, da solidariedade de toda a população com aqueles que estão mais sofridos.
O Sr. Paulo Hartung (PSB - ES) - Senador Ney Suassuna, V. Exª permite-me um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Se o Presidente me permitir...
O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti) - Eu gostaria de lembrar, com toda a importância do discurso do Senador Ney Suassuna, que está se despedindo, que o Senador já ultrapassou em 30 minutos o seu horário. Portanto, eu gostaria que fosse muito breve o aparte de V. Exª.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Com muita alegria, ouço meu caro companheiro.
O Sr. Paulo Hartung (PSB - ES) - Senador Ney Suassuna, eu queria rapidamente em meu nome pessoal, em nome dos capixabas, entre os quais V. Exª tem tantos amigos, desejar-lhe boa sorte no Ministério, que faça um bom trabalho. V. Exª é muito dedicado, muito ativo, tem muita energia, em alguns momentos até energia de sobra. Espero que essa energia possa servir para sacudir o Ministério, fazer com que ele possa cumprir o seu papel muito importante para o Nordeste, o Norte, o Centro Oeste e para todo o Brasil. Sucesso é a minha palavra de amigo e de colega.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, Senador Paulo Hartung, o nosso Espírito Santo, que também está incluído em uma das mesorregiões, necessita do apoiamento das regiões mais desenvolvidas e estará presente nas nossas preocupações. Agradeço, penhorado, os votos de V. Exª.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª permite-me um aparte?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Pois não, Excelência.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Ney Suassuna, espero que V. Exª tenha, no Ministério da Integração Regional, o mesmo espírito de diálogo que tem tido com os Senadores dos mais diversos Partidos, inclusive comigo próprio, Senador do Partido dos Trabalhadores, seja durante o tempo em que V. Exª presidiu a Comissão de Assuntos Econômicos, seja quando presidiu a Comissão de Fiscalização e Controle. É muito importante para Senadores de diferentes Partidos terem um diálogo construtivo em defesa do interesse público, respeitando as opiniões dos demais, visando sempre a cooperação. Obviamente, em algum momento, poderá haver necessidade de formularmos críticas ao Poder Executivo, como muitas vezes ocorre, pois faz parte do nosso dever como Senadores da Oposição. Estaremos também formulando sugestões a V. Exª, esperando que possa desempenhar-se da melhor maneira possível no interesse do povo brasileiro. Muito obrigado.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Nobre Senador Eduardo Suplicy, agradeço a V. Exª o aparte. Muitas vezes, nós fomos parceiros de discussões, de sonhos e de projetos. Tive a honra não só de conviver mas de me considerar amigo de V. Exª, que é uma das pessoas mais transparentes, mais lhanas, mais educadas e corretas que conheci em minha vida. Digo isso alto e bom som.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Obrigado.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Sr. Presidente, ao afastar-me do Senado da República, quero agradecer ao povo da Paraíba, que me elegeu para o Senado, permitindo-me, inclusive, chegar a esse posto.
Agradeço, principalmente, ao meu PMDB e aos seus Líderes a confiança, em especial, ao meu Líder no Senado Federal, Senador Renan Calheiros. S. Exª e os demais Líderes empenharam-se para que nós, com tranqüilidade e lealdade, pudéssemos continuar servindo o Governo, embora nem sempre alcancemos plenamente nossos objetivos. Buscamos a governabilidade e o apoio a um Governo que tem feito muito pelo País.
Agradeço comovido e grato a esta grande escola humanista, que é o Senado Federal, a Casa da Federação. Muito aprendi e continuo aprendendo no cotidiano nem sempre fácil que nos obriga a testar diariamente os próprios limites.
Mais que colegas, tenho aqui inúmeros amigos e companheiros de ideais. Não vou citar nomes. Amizades sinceras prescindem desses rituais. Guardo na memória e no coração cada momento partilhado neste plenário.
Aos funcionários do Senado, em particular aos servidores da Mesa, das Comissões, da Consultoria Legislativa, da Advocacia-Geral da União e da Consultoria de Orçamentos, o meu sincero obrigado.
Ao meu gabinete, uma declaração pública de gratidão e apreço pela maneira generosa, competente e desprendida com que sempre esteve disponível para apoiar-me no desempenho das minhas atividades parlamentares.
Começo hoje uma nova etapa que sei que não será fácil. A Nação precisa da solidariedade dos mais dotados para com os menos dotados. Tentaremos desincumbir-nos dessa missão.
Sempre fui um homem de Partido. Sempre pertenci ao PMDB e nele comecei a minha militância política; nunca pertenci a outro Partido na vida. Por isso, digo, mais uma vez, que assumo o Ministério como Ministro do PMDB, indicado pelos Líderes do meu Partido em ambas as Casas do Congresso Nacional.
É para os companheiros do PMDB e para os seus Líderes que dirijo este “muito obrigado”.
Durante alguns meses, as Srªs e os Srs. Senadores não verão a minha cara neste plenário, a cara de um homem simples, de um homem do povo, de um homem transparente, que gosta de pouca conversa, como sempre costumo dizer, e de muita ação; a cara de um homem que não faz ironia com os companheiros; a cara de um homem que está sempre buscando promover a aproximação, nunca a discórdia; a cara de um membro do Partido que nunca usou o nome desse Partido a não ser quando recebeu missões oficiais, que não fala em nome do Partido porque é disciplinado; a cara de um brasileiro disciplinado; enfim, a cara de um homem religioso, que crê na religião com seriedade e por isso nunca acusa ninguém sem que as provas sejam muito concretas.
Mesmo que a imprensa cobre, as acusações nunca partirão deste brasileiro, deste cidadão, a não ser que estejam ali as provas e precise haver uma punição, porque, aí sim, sou inflexível. Entendo que quem erra tem de pagar, porém jamais acusarei alguém só para agradar a imprensa. Isso jamais verão.
Então, por alguns meses, V. Exªs não verão minha cara aqui, mas estarei lá, portas abertas. Se tocar o telefone, eu atenderei, porque continuarei com a minha simplicidade. Sei que terei de me desdobrar, porque serão missões mais complexas, mas estarei lá. Peço a cada um de V. Exªs que se lembre de mim em suas orações, mas principalmente que apóiem o companheiro Senador, que estará lá, pensando em todo o País, sem se preocupar com Partido nem com divisões, mas disposto a receber todos os Senadores, todos, independentemente de Partido.
Eu queria, ao encerrar, apresentar o meu suplente, a quem peço que fique de pé, que é o Senador Robson Viana, que tomará posse amanhã. Estamos fazendo a mudança para que ocupe o gabinete.
Sr. Presidente, agradeço a V. Exª a paciência e a condescendência de me ter concedido um tempo extra. Na quinta-feira, feriado, estaremos trabalhando no Ministério. Se alguém tiver alguma sugestão, irá encontrar-me no gabinete, mesmo sendo feriado, porque não tenho tempo a perder. Estarei lá à disposição de todos.
Muito obrigado. (Muito bem!)
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