Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à atuação do setor industrial durante a crise de energia elétrica.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Elogios à atuação do setor industrial durante a crise de energia elétrica.
Aparteantes
Arlindo Porto, Carlos Wilson, Lindberg Cury, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2001 - Página 29740
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, INDUSTRIA, MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO, EMPREGO, PERIODO, CRISE, ENERGIA ELETRICA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PAULO ANTONIO SKAF, PRESIDENTE, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, INDUSTRIA TEXTIL, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, RECUPERAÇÃO, PRODUÇÃO AGRICOLA, ALGODÃO, INVESTIMENTO, TECNOLOGIA, CRIAÇÃO, EMPREGO.
  • NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, PRIORIDADE, INCENTIVO, INDUSTRIA TEXTIL, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a população brasileira está aplaudindo o alívio que lhe foi concedido, por dois meses, no racionamento de energia elétrica. Ao lado dessas manifestações de júbilo, eu gostaria de ressaltar os meus aplausos à performance do setor industrial brasileiro, não beneficiado com esse abrandamento do racionamento. Os nossos empresários da indústria têm tido uma atuação exemplar nessa crise - vejo ali o Senador Arlindo Porto e me recordo de que um dos seus conterrâneos é um dos maiores empresários no setor têxtil -, pois oferecem, com grande sacrifício, a sua colaboração, alterando cronogramas e planejamentos de trabalho para se situarem em um contexto que não prejudique ou prejudique o menos possível a política econômica do nosso País.

            Recorde-se de que, em julho deste ano, a Confederação Nacional da Indústria divulgou uma pesquisa qualitativa, relacionada com a crise energética, que suscitou preocupações ao nosso País. Depois de ouvir centenas de empresários nos principais centros do território nacional, avaliaram os técnicos que ocorreria uma grave redução na produção industrial: cerca de 76% dos entrevistados disseram que a redução de suas produções seria inevitável se cumprissem a meta de racionamento que lhes fora imposta; e 63% das indústrias ouvidas admitiram que, reduzindo a produção, não poderiam fugir à necessidade das demissões de empregados.

            Apenas dois setores mostraram-se menos pessimistas: os calçadistas e os têxteis, que esperavam não ter de efetivar cortes. Isso se deu com a indústria calçadista, porque esta já estava racionalizando o seu uso de energia para atender a demanda crescente no segundo semestre de 2001, e com a indústria têxtil, porque esta se esforçaria para tornar a meta compatível com os meses de maiores ou menores vendas de cada setor.

            Essas avaliações pessimistas felizmente não vão se confirmando. As indústrias brasileiras, do mesmo modo que a nossa população, estão mostrando grande criatividade para superar, ao menos em parte, a crise energética. Utilizaram-se os mais variados processos - tecnológicos e experimentais - para a necessária redução do consumo de energia elétrica que se alcançou em todo o País. Na indústria, lança-se mão de alternativas para evitar cortes como o chamado banco de horas, a redução dos turnos e a reorganização do tempo de uso dos equipamentos.

            Ao contrário do que se previa, houve, inclusive, aumento de produção em determinados segmentos industriais, com a abertura de novas vagas para empregos.

            Um dos exemplos mais notáveis desse crescimento está no segmento têxtil, que vai recuperando para o Brasil a sua vocação para esse setor. Recorde-se que, no Brasil Colônia, Portugal mandava queimar os teares brasileiros para proteger a sua própria indústria àquela época. Outros tropeços, em períodos não tão longínquos, embora sem a violência dos primórdios, obstacularizaram entre nós a fabricação têxtil, mas não impediram o seu ressurgimento em bases mais sólidas e duradouras.

            A cadeia produtiva têxtil - fiação, tecelagem, malharia, tinturarias, estamparias e confecções - responde atualmente por 13,5% do PIB industrial e também por 13,6% dos empregos gerados na indústria de transformação.

            Recebi recentemente do Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Sr. Paulo Antônio Skaf, um relatório que analisa a atuação das 30 mil empresas representadas por essa entidade. Elas empregam 1,5 milhão de trabalhadores e faturam cerca de US$22 bilhões por ano. Exportaram US$1,2 bilhão em 2000, um crescimento de 22% em relação a 1999.

            O setor têxtil avança nas exportações e no propósito de aprimorá-la. O objetivo dos exportadores é chegar a US$4,3 bilhões por ano, equivalente a 1% do mercado mundial, o que já não será pouco.

            No Ceará, cujo setor têxtil exportou US$30,3 milhões (FOB) entre janeiro e abril de 2001, procura-se, por meio de formação de cadeias produtivas, exportar o produto acabado, que está interessando aos compradores estrangeiros.

            Esse entusiasmo que cerca o setor têxtil está proporcionando o ressurgimento, em várias áreas do território nacional, inclusive no meu Estado do Maranhão, do incentivo à cultura do algodão. Mato Grosso já responde por mais de 50% da produção de algodão no Brasil, toda ela adquirida pelas indústrias têxteis nacionais. Na safra deste ano, proporcionou ao Brasil uma economia de US$500 milhões.

            Nos próximos oito anos, programam-se a modernização de máquinas, o desenvolvimento e a aquisição de tecnologia, a capacitação profissional em investimentos da ordem de US$12,3 bilhões.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Edison Lobão, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Edison Lobão, desculpe-me por interromper um discurso tão importante para o segmento econômico. V. Exª, sempre lúcido e inteligente, com uma visão política bastante avançada e independente, direciona a sua argumentação da tribuna desta Casa acreditando na capacidade de trabalho daqueles que produzem a economia em nosso País. V. Exª trata de um setor que fez parte de toda a minha juventude e da minha idade adulta: o segmento têxtil. No Brasil, a mudança da atividade agrícola para a atividade industrial ocorreu no ramo têxtil. Ele nasceu com as indústrias Matarazzo e conseguiu progredir nessa atividade. O Brasil era quase auto-suficiente no plantio de algodão, e havia uma qualidade boa na indústria têxtil. Repentinamente, a abertura praticamente total das importações trouxe uma atividade deletéria à indústria nacional têxtil e a concorrência com o algodão de vários países, principalmente da Ásia. O sofrimento foi grande. A agonia da indústria têxtil se fez sentir na produtividade, no faturamento, e o contrabando cresceu incontrolavelmente, principalmente no ramo de fios sintéticos ou fios de algodão, fazendo com que aquela indústria tivesse que adquirir fôlego. O Sr. Paulo Skaf, citado por V. Exª, teve uma presença muito forte na reestruturação que a indústria têxtil vem sofrendo - sua atividade foi estendida de São Paulo para o Nordeste, para o Ceará, o Maranhão e outros Estados - e na produção do algodão. Lembro-me de que o PFL, há dois ou três anos, discutia a possibilidade de liderar um movimento para recuperar a lavoura do algodão. V. Exª estava lá presente. O Senador José Agripino também fez referência a isso. Há até um livreto do PFL a respeito dessas comparações, de tudo o que o Brasil perdeu nessa atividade, em razão da desleal concorrência externa, que inviabilizou o preço do algodão nacional, que hoje vem se recuperando. Senador Edison Lobão, não é só a indústria têxtil que tem aumentado a sua capacidade de empregar. Também as confecções, resultantes da atividade têxtil, têm progredido muito; isso ocorre com as pequenas e microempresas. Hoje, uma costureira pode trabalhar em casa, produzindo para uma indústria que consegue terceirizar seus produtos. Cumprimento V. Exª pelo discurso. Ouvi o início do seu pronunciamento quando vinha para esta Casa e me dirigi rapidamente ao plenário, porque vibramos ao saber da recuperação da indústria têxtil, que ressoa neste plenário pelas palavra de V. Exª.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Senador Romeu Tuma, V. Exª não perdeu nada do meu discurso, até porque é um dos especialistas no assunto. V. Exª foi um dos madrugadores na reunião do nosso Partido pela luta em favor da retomada e da recuperação do parque têxtil nacional. Esse parque - realmente poderoso, generoso e fecundo em anos anteriores - foi simplesmente abandonado, de um lado, pela concorrência a que V. Exª se refere e, por outro, também pela negligência de alguns dos nossos governantes.

            Senador Romeu Tuma, fui Governador do Estado do Maranhão, que, nos seus primórdios, foi um dos grandes produtores de algodão. Quando lá cheguei, aquele Estado já não produzia nada: menos de cinco mil toneladas por ano. Não conseguia entender como aquilo ocorrera e comecei a estimular, como Governador, a produção de algodão, e já avançamos para mais de 50 mil toneladas em pouco tempo. Isso significa que o povo brasileiro é extremamente capaz de ingressar numa linha de produção de alta tecnologia quando recebe liderança e estímulo.

            Todos sabemos o que foram as Indústrias Matarazzo neste País. Mas, de fato, com o correr do tempo, aquela indústria e as demais, desassistidas, praticamente feneceram. Outras surgiram ao longo do tempo, como as indústrias do nosso colega Senador José Alencar, de Minas Gerais, que hoje é o maior produtor de malhas do mundo. Isso ocorreu em pouco tempo. Toda a sua produção é destinada à exportação, porque há mercados para isso.

            A conclusão a que quero chegar, neste momento, respondendo ao aparte de V. Exª, é que nós brasileiros devemos ter a responsabilidade dos nossos deveres e a consciência da nossa capacidade.

            Agradeço a V. Exª.

            O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Ouço o aparte do Senador Arlindo Porto, ex-Governador de Minas Gerais.

            O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Senador Edison Lobão, ao promover este aparte, eu gostaria de ressaltar, à luz da sua avaliação e análise, o momento por que passamos com a perspectiva de falta de energia. A capacidade de resposta da sociedade brasileira, do cidadão, do consumidor de energia e dos empresários fez com que pudéssemos viver agora um momento de mais tranqüilidade. V. Exª chama atenção para a capacidade de ajuste que cada empresa teve naquele momento crítico. Aproveito a oportunidade para cumprimentar o nosso colega Senador José Jorge, hoje Ministro de Minas e Energia, por sua postura equilibrada, por sua maneira tranqüila de expor a gravidade da questão, sem alarde, sem fazer cair sobre cada um de nós a preocupação que é menos a da falta de energia e mais a da crise que enfrentamos. O Ministro José Jorge merece o nosso respeito. Desejamos que S. Exª agora consiga administrar bem a recomposição dos nossos estoques hídricos e elaborar um planejamento para o próximo ano, pois a rotina climática nos lembra que, seguramente, haverá seca. Esperamos que o trabalho do Ministro José Jorge norteie essas ações, para que não enfrentemos, com a mesma gravidade e intensidade, o risco da falta de energia. Paralelamente a isso, V. Exª faz um retrato da importância do setor têxtil para o Brasil, lembrado que foi, pelo Senador Romeu Tuma, dos altos e baixos na produção de algodão. Hoje desponta o Centro-Oeste como um grande pólo produtor de algodão. Mas o fundamental é que, a partir da matéria-prima, grandes empresários têm realizado um bom trabalho, entre os quais o Senador José Alencar, já mencionado por V. Exª, que é o maior empresário do setor têxtil no meu Estado e no Brasil. S. Exª, por meio da Coteminas e também de outras empresas, entre elas a Cedro Cachoeira, promove a geração de emprego e de renda e desenvolve matéria-prima para a cadeia produtiva na linha de confecções. O pronunciamento de V. Exª é importantíssimo e é feito com otimismo, mostrando a realidade e a importância do setor têxtil, a oportunidade de geração de emprego e renda para o País. Temos capacidade de produção e de exportação, e entendo que o caminho aí está. V. Exª, como Governador do Estado do Maranhão, e eu, como Vice-Governador do meu Estado - tendo eu assumido algumas vezes o Governo de Minas Gerais -, tivemos a oportunidade de discutir esse assunto em reuniões da Sudene, entre outros encontros, em que avaliamos a importância do algodão para o norte de Minas, para o Nordeste brasileiro e, de maneira muito forte, para o Maranhão. Meus cumprimentos por colocar em debate esse assunto e pelas informações consistentes, eficientes, produtivas e otimistas que nos são apresentadas. Muito obrigado, nobre Senador.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - A minha intenção aqui, Senador Arlindo Porto, e também a de V. Exª, com o seu aparte, é a de incentivar os nossos compatrícios brasileiros. Não podemos nos entregar ao pessimismo, ao ceticismo e à depressão.

            V. Exª faz uma homenagem ao Ministro José Jorge, que é absolutamente justa. Eu estenderia essa homenagem ao Ministro Pedro Parente. Eles geriram o processo energético nesse período com extrema competência.

            Nesse ponto, lembro-me do início do racionamento, quando o pessimismo era avassalador em todo o País. E eu me recordava das lições do Presidente Jefferson - o grande estadista Jefferson -, que nos dizia que as grandes desgraças são aquelas que em geral não acontecem. E não acontecem exatamente porque há estadistas, há homens públicos que fazem com que elas não ocorram com a sua ação indormida.

            Agradeço, portanto, a participação de V. Exª.

            O Sr. Lindberg Cury (PFL - DF) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Ouço V. Exª, Senador Lindberg Cury.

            O Sr. Lindberg Cury (PFL - DF) - Senador Edison Lobão, acompanhei os apartes que foram feitos ao pronunciamento de V. Exª e gostaria de acrescentar algumas informações. Estive recentemente no Catar, especificamente em Doha, compondo a delegação brasileira à Conferência da OMC. Ao lado de Ministros e representantes do Congresso, senti a verdadeira vitória do nosso País no que diz respeito à abertura no campo da exportação, devido à queda gradativa dos subsídios concedidos pelos países europeus, especialmente a França, que, na maioria das vezes, usa esses subsídios de estatais para bancar a sua produção. A tônica, depois dessa IV Conferência, foi justamente aumentar nossas exportações. Temos que abrir as nossas fronteiras para o mundo. E é importante lembrar que o Brasil é um país imenso, de dimensões continentais, que tem os privilégios que a natureza lhe concedeu, como chuvas regulares, mas havia essa barreira que impedia a nossa exportação. Dentro de praticamente dois ou três anos, estaremos abertos para o mundo e, com toda nossa produção agrícola, nos transformaremos no grande fornecedor dos mercados mundiais. O pronunciamento de V. Exª vem a propósito e traz a luz da sua inteligência trabalhando em benefício de uma proposta que interessa a todos nós. Cumprimento V. Exª pela exposição que faz e pela maneira segura com que vem defendendo esse posicionamento.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Muito obrigado, Senador Lindberg Cury, meu companheiro do PFL, empresário também, que tem a consciência muito nítida do que são esses problemas em nosso País.

            O Brasil é um País afeito à produção de um modo geral, seja de minério de ferro, seja de algodão de boa qualidade. O algodão brasileiro, aliás, é um dos melhores do mundo. Vejo, muitas vezes, o algodão do Egito, que é considerado o melhor do mundo, de fibra longa: é exportado para a Inglaterra, onde é feito o tecido e, dali, é reexportado para países europeus e até para Hong Kong, que então preparam grandes confecções de primeira qualidade e reexportam, pela terceira ou quarta vez, para diversos outros países. Esse passeio todo poderia ser evitado se aqui produzíssemos aquilo que somos capazes de produzir. E as nossas terras são tão boas e generosas que nos ofereceriam essa oportunidade. Mas haveremos de chegar lá! Com otimismo, perseverança, dedicação e obstinação, sobretudo, faremos isso.

            O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Ouço o meu colega Carlos Wilson, com muito prazer.

            O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - Senador Edison Lobão, não vou tomar muito o seu tempo, porque V. Exª faz um pronunciamento com muita precisão e com muito brilho. Desejo apenas demonstrar o meu entusiasmo, pois acompanhei o trabalho desenvolvido por V. Exª como Governador do Maranhão. V. Exª destacou a recuperação da colheita do algodão no seu Estado, de que eu me lembro bem, pois, quando fui Governador de Pernambuco, o meu Estado foi um dos que mais plantaram e produziram algodão, e tinha uma indústria têxtil poderosa. V. Exª falou na indústria Matarazzo. Lá de Pernambuco, posso citar a indústria Bezerra de Melo e o Grupo Braspérola, do Espírito Santo, que também ficou em Pernambuco. Todas essas empresas enfrentaram grandes dificuldades por falta de apoio dos governantes da época no sentido de fortalecerem mais a indústria têxtil em nossa região. V. Exª, com a experiência que tem, toca num ponto fundamental. Numa hora de pessimismo, numa hora de tanto desemprego, numa hora em que se reclama tanto da falta de energia, a indústria têxtil podia estar sendo olhada como uma das alternativas econômicas de grande valia para nossa região. Parabéns, Senador Edison Lobão! V. Exª, sempre preocupado com os interesses nacionais, traz hoje ao Senado um assunto da maior importância para a economia da nossa região.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - A palavra de V. Exª é, sem dúvida nenhuma, também a palavra da experiência. Nenhum de nós é capaz de fazer algo duradouro e bem-feito sem a experiência. E V. Exª detém a experiência.

            Sr Presidente, eu teria muito o que falar ainda sobre esse tema, mas, como sou um dos fiscais do Regimento, por ser Vice-Presidente da Casa, devo, portanto, ater-me ao meu tempo.

            Vou concluir meu discurso, apenas fazendo uma homenagem ao Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Dr. Paulo Skaf. Nada funciona sem liderança. Eu não gosto muito da figura do chefe, prefiro a figura do líder, e o Dr. Skaf é um líder do setor têxtil, e lidera com firmeza, com segurança e com resultados. A indústria têxtil cresceu significativamente a partir do momento em que foi congregada em uma associação, cujo presidente, cujo líder é o Dr. Paulo Skaf.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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SEGUE A CONCLUSÃO DO DISCURSO DO SENADOR EDISON LOBÃO.

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            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Esse avanço, Sr. Presidente, deve ser creditado, entre outros motivos, ao grande desenvolvimento na fabricação de produtos à base de fibra de algodão. Na área tecnológica, o setor têxtil igualmente alcançou avanços notáveis com a descoberta de novas fibras.

            Em 1997, a produção anual de fibra havia despencado para 305 mil toneladas. Em 2000, a produção pulou para 700 mil toneladas.

            Cerca de 75% do vestuário brasileiro tem como matéria-prima o algodão, puro ou misturado a outra fibra.

            Em 1997, foram fabricados no Brasil 1 milhão e 300 mil artigos têxteis; em 2000, um milhão e 700 mil.

            Nesses mesmos períodos, as confecções chegaram, respectivamente, a 935 mil toneladas e a 1 milhão e 200 mil toneladas.

            Em 1999, o setor têxtil criou 17 mil postos de trabalho. Em 2000, 40 mil novas vagas. A meta até 2005 é criar cerca de 230 mil novas vagas entre os setores da agricultura e indústria.

            Senhoras e Senhores Senadores, esses dados otimistas, que apontam com bastante esperança o sucesso de setores da indústria brasileira, estão emergindo em período difícil da economia internacional. As indicações de especialistas são as de que os Estados Unidos, o líder do mundo econômico, estão em recessão desde março do corrente ano, antes, portanto, dos acontecimentos de 11 de setembro. No Japão, a economia vai diminuir este ano; e a zona do euro, embora tenha crescido, segundo dados disponíveis, 1,7% no segundo trimestre, sua produção industrial cairá 0,6%.

            Para se poder avaliar a repercussão mundial das variações econômicas, que possam ocorrer em determinadas Nações, recorde-se que, no ranking dos países desenvolvidos, é a seguinte a ordem em exportações, atualizada, dos principais:

            1º - os EUA, em 2000, exportaram 781 bilhões e 100 milhões de dólares e importaram 1 trilhão 257 bilhões 600 milhões de dólares.

            2º - a Alemanha exportou 551 bilhões e 500 milhões de dólares e importou 502 bilhões e 800 milhões de dólares.

            3º - o Japão exportou 479 bilhões e 200 milhões de dólares e importou 379 bilhões e 500 milhões de dólares.

            4º - o Reino Unido exportou 284 bilhões 100 milhões de dólares e importou 337 bilhões de dólares.

            5º - a França exportou 298 bilhões 100 milhões de dólares e importou 305 bilhões 400 milhões de dólares.

            Os Estados Unidos, portanto, têm uma participação de 18,9% no total das importações do mundo e de 12,3%, no total das exportações do mundo. Evidente que qualquer insucesso da economia norte-americana repercute sobre a nossa.

            Pelos dados que tenho em mãos, extraídos do site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil exportou, em 2000, cerca de 55 bilhões e 100 milhões de dólares. No mundo, as exportações de todos os países atingiram, em 2000, 6 trilhões 186 bilhões de dólares. Nossa participação no comércio exterior, portanto, é inexpressiva, mas renovam-se a cada dia, através das ações governamentais, os esforços para que o Brasil incremente suas exportações, instrumento fundamental para o nosso desenvolvimento.

            São promissoras as informações do Secretário Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Giannetti da Fonseca, de que exportações brasileiras vão se expandir, agora em 2001, entre 6% a 7%, o triplo da taxa de crescimento da economia mundial. Em 2002, acha ele que as exportações brasileiras podem crescer a taxas próximas de 15% a.a. E espera que o Brasil esteja abrindo espaços para, em 2002, gerar um superávit de US$5 bilhões.

            Há de destacar-se, nessa análise do sucesso conquistado pela indústria têxtil brasileira, a criatividade artística e a qualidade das marcas que atraem o interesse dos compradores europeus e norte-americanos. A moda “made in Brazil” faz sucesso no exterior, em desfiles de grande repercussão. É mundialmente reconhecido o prestígio crescente dos criadores brasileiros e das nossas modelos, como, entre outras, a bonita jovem Gisele Bündchen. Criadores de moda e modelos são disputados pelas casas internacionais mais famosas.

            Em 1999, tínhamos no Brasil 14 faculdades dedicadas à moda. Neste ano, já são 23 as escolas superiores que se dedicam a ensinar moda em nosso País.

            Nos dias correntes, o Brasil ocupa o 4º lugar de maior fabricante mundial de roupas, perdendo apenas para a China, Estados Unidos e Índia.

            Vê-se que o mercado têxtil está em franca expansão, em que pesem os tropeços. Mesmo sofrendo o grande impacto negativo da crise energética, a indústria têxtil tem tido criatividade para superá-la. Defronta-se, igualmente, com a conjuntura de uma redução do consumo têxtil interno, mas procura compensá-lo com o aumento das exportações.

            Eis um setor, Senhor Presidente, que naturalmente está a merecer uma atenção especial do governo federal. Segundo li nas informações que me foram encaminhadas pelo Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Dr. Paulo Antônio Skaf, esse segmento industrial tem reivindicações junto às nossas autoridades. Mais do que justo e oportuno que se lhe dêem prioridade, para o estudo que, não atravancado pela burocracia, conclua pelas soluções de interesse público. Há de se buscar os instrumentos que estimulem ainda mais o desenvolvimento do setor têxtil para o bem da economia brasileira e para o avanço do emprego.

            Era o que tinha a dizer.

            Obrigado.


            Modelo15/18/2412:35



Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2001 - Página 29740