Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao conteúdo apresentado pelos livros didáticos norte-americanos sobre a região amazônica.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SOBERANIA NACIONAL.:
  • Críticas ao conteúdo apresentado pelos livros didáticos norte-americanos sobre a região amazônica.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2001 - Página 29752
Assunto
Outros > SOBERANIA NACIONAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, REFERENCIA, CONTEUDO, LIVRO DIDATICO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DESRESPEITO, SOBERANIA NACIONAL, DISCRIMINAÇÃO, BRASIL, TRANSFERENCIA, RESPONSABILIDADE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DOMINIO, REGIÃO AMAZONICA.
  • SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), INVESTIGAÇÃO, VERACIDADE, INFORMAÇÃO, ATENTADO, SOBERANIA NACIONAL, RETIRADA, DOMINIO, REGIÃO AMAZONICA, BRASIL, TRANSFERENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde o tempo do ginasial, ouço, como um homem da Amazônia, muitas conversas a respeito da atuação, no mínimo estranha, de estrangeiros na região amazônica.

            Desde então, ouve-se falar no processo de internacionalização da Amazônia. Parece-me, justamente porque faz tanto tempo que isso vem sendo falado - e eu o disse no pronunciamento que fiz ontem, nesta Casa, lendo uma carta da maçonaria brasileira sobre o problema, basicamente em Roraima -, que, na verdade, as nossas autoridades e a própria elite brasileira já estão anestesiadas ou, pelo menos, descrentes de que esse processo de dominação realmente esteja em franca implantação - um processo inteligentemente armado, para anestesiar as camadas formadoras de opinião e evitar reação ou alguma crença nessa história.

            E fui surpreendido, Sr. Presidente, embora já tivesse ouvido falar, com a publicação feita no dia 21 deste mês de uma matéria, com mapa, texto em inglês e tradução para o português, sobre o que vem sendo ensinado nos livros de Geografia aos jovens americanos que estão no equivalente à 6ª série do ensino fundamental no Brasil. É publicado um mapa, onde aparece a América do Sul e o Brasil, apenas com as regiões Nordeste, Sul, Sudeste e parte da Centro-Oeste.

            Nesse livro, na página de número 76, existe a seguinte informação:

      Em meados dos anos 80, a mais importante floresta do mundo passou para a responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. [Vejam bem, isso está sendo ensinado para as crianças nos colégios dos Estados Unidos, quer dizer, estão formando a mentalidade dos futuros americanos, dos futuros dominadores.] Isso foi denominado Finraf (Former International Reserve of Amazon Forest), e sua fundação se deu pelo fato de a floresta estar localizada na América do Sul, em uma das mais pobres regiões da Terra e rodeadas de países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Ela era parte de oito diferentes e esquisitos países, os quais, na maioria dos casos, reinos de violência, comércio de drogas, intolerância e de povos ignorantes e primitivos.

      A criação da FINRAF foi apoiada por todas as nações que formam o G-23 e foi realmente uma missão especial de nosso País e um presente para o resto do mundo. Enquanto a possessão dessas valiosas terras por países e povos primitivos poderia condenar o resto do mundo ao desaparecimento e a completa destruição em poucos anos.

      Nós podemos considerar que essa área tem a maior biodiversidade do planeta, com um vasto número de espécies de todo o tipo de animais e vegetais. O valor dessas terras é imensurável (não tem preço), mas o planeta pode estar certo que os Estados Unidos não poderiam deixar que aqueles países latino-americanos explorassem e destruíssem esse real patrimônio de toda a humanidade.

      FINRAF é como um parque internacional, com várias maneiras de exploração.

            Sr. Presidente, faço novamente esse registro - e já estou cansado de tanto falar sobre isso - porque quero ser como aquele beija-flor que, indo e vindo, levando uma gotinha d’água, tentava apagar o incêndio na floresta. Ou seja, quero fazer uma denúncia toda vez que tiver conhecimento de algum fato novo.

            Peço a V. Exª que esta matéria publicada conste do meu pronunciamento, para que fique registrada e as autoridades do Poder Executivo e também esta Casa, que tem a responsabilidade de zelar pela Federação, pelos Estados, tomem conhecimento e apurem em profundidade a realidade desses fatos.

            Faço, também, um apelo ao Ministro das Relações Exteriores para que nos informe se isso está sendo pregado abertamente nas escolas dos Estados Unidos, conforme foi denunciado, o que considero um atentado à soberania do País e à soberania da Amazônia. Assim, mais uma vez, faço essa denúncia no sentido de ajudar na imensa luta para a manutenção da Amazônia brasileira.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO, INSERIDO NOS TERMOS DO ART. 210 DO REGIMENTO INTERNO.

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            Modelo15/18/241:14



Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2001 - Página 29752