Discurso durante a 167ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a realização do evento Amazontech 2001, nos dias 20 a 25 de novembro último, em Boa Vista/RR.

Autor
Marluce Pinto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Maria Marluce Moreira Pinto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Comentários sobre a realização do evento Amazontech 2001, nos dias 20 a 25 de novembro último, em Boa Vista/RR.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2001 - Página 30143
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, FEIRA, SIMPOSIO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE RORAIMA (RR), APRESENTAÇÃO, PROJETO, INCENTIVO, COMERCIO, PESQUISA TECNOLOGICA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO AMAZONICA.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, PARTICIPAÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, FEIRA, SIMPOSIO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, AUMENTO, LUCRO, EMPRESA NACIONAL, ALIMENTOS, BEBIDA, INFORMATICA, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), EXERCITO, AERONAUTICA, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, INCENTIVO, COMERCIO, PESQUISA TECNOLOGICA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO AMAZONICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARLUCE PINTO (PMDB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aconteceu em Boa Vista, a capital de Roraima, durante a semana de 20 a 25 de novembro recém-passado, o Amazontech 2001. Na realidade, um evento que proporcionou uma sucessão de diferentes e grandes encontros, onde novos rumos para a ciência, a tecnologia e negócios sustentáveis para a Amazônia foram profunda e sistematicamente debatidos. Sem sombra de dúvidas, um acontecimento de importância ímpar tanto para nós, roraimenses, quanto para a Região Amazônica e também para o Brasil.

            Durante aqueles seis dias de novembro, Boa Vista foi sede do maior e mais extraordinário evento comercial jamais realizado na região.

            Além do espetacular número de presenças registradas, superior a 64 mil pessoas que passaram por todos os nove encontros realizados na forma de cursos, feiras, palestras, debates, balcões e rodadas de negócios e apresentações de projetos para os mais diversos segmentos comerciais - como a pecuária, a agricultura e a indústria, etc. -, o evento também reuniu em Boa Vista um número jamais visto de líderes governamentais, empresários tradicionais, novos empreendedores, profissionais liberais, estudantes, dirigentes de instituições públicas e privadas e a comunidade amazônica em geral.

            Sr. Presidente, ressalto que esse evento só auferiu tamanhas proporções e até mesmo superou as expectativas iniciais graças à congregação de esforços havida entre o Sebrae, a Embrapa, a Universidade Federal de Roraima e a iniciativa privada.

            Aliás, justiça deve ser feita, principalmente a estas duas forças que dispensam maiores apresentações, o Sebrae e a Embrapa, cujos trabalhos realizados em nível nacional e a favor das micros, pequenas e médias empresas todos conhecemos e aplaudimos. Suas presenças, somados os apoios da Universidade Federal de Roraima e da iniciativa privada, foi o casamento ideal que redundou naquilo que hoje chamamos de uma gigantesca vitrine de negócios e de oportunidades, traduzidas em potencialidades ecologicamente corretas e lucrativas para a região.

            Os segmentos-alvos do empreendimento, entre outros, foram as indústrias madeireiras e moveleiras, com projetos de reflorestamento e manejo florestal; a fruticultura tropical; a aquicultura; o extraordinário potencial amazônico de plantas medicinais e flores ornamentais; o ecoturismo, o turismo rural e o turismo científico; a pecuária intensiva; a horticultura; a agricultura de grãos; a avicultura; a indústria da borracha; a mineração; nosso potencial energético; fontes de gás natural; máquinas e implementos agrícolas; biotecnologia; sementes; informática e transportes.

            Tudo isso, Sr. Presidente, com a finalidade de se abrirem novos mercados; de se promover o intercâmbio de tecnologias e, principalmente, incentivar o debate sobre o desenvolvimento sustentável da região, conscientizando a sociedade amazônida das novas perspectivas de seu desenvolvimento, tendo em mente a conservação de seus recursos naturais.

            Em síntese, jamais se viu, na região Amazônica, um evento tão sério, tão recheado de conteúdo e que tenha gerado tanta confiança e euforia, quanto esse da Amazontech-2001, estruturado com a finalidade de promover o desenvolvimento racional da Amazônia, vislumbrando uma perfeita integração entre o homem, o meio ambiente e a tecnologia.

            Para se ter uma idéia da grandiosidade do evento, faço questão de ler os números finais registrados pelo diretor de estratégias e negócios, Alexandre Henklain, que nos forneceu as seguintes informações:

-     marcaram presença mais de 64 mil pessoas, sendo mais de 500 de outros Estados e quase 100 de outros países;

-     esse contingente gerou uma receita imediata para o Estado de quase R$2 milhões apenas nos setores hoteleiro, de alimentação, entretenimento, compras diversas, passagens aéreas e serviços;

-     a exposição de produtos e serviços tecnológicos ultrapassou o volume de R$7,7 milhões realizados com 138 empresas expositoras, sendo 58 empresas de Roraima, 44 de Estados da Amazônia Legal, 16 de outros Estados brasileiros e 13 da Guiana, 6 da Venezuela e 1 vinda de Trinidad e Tobago;

-     na Rodada de Negócios, mais de 170 empresas participaram. Cento e quarenta realizaram contatos empresariais e as perspectivas de realização de negócios até meados do próximo ano ficou em torno de R$1 milhão;

-     os dois setores que mais se destacaram na Rodada de Negócios foram os de alimentos e bebidas, com perspectivas de negócios na ordem, respectivamente, de R$600 a R$200 mil;

-     o setor de informática gerou negociações em torno de R$80 mil; o de máquinas e equipamentos, R$60 mil e o de cosméticos ficou na ordem dos R$40 mil;

-     a Rodada de Projetos do Amazontech apresentou 73 projetos, sendo 41 de Roraima, 27 de outros Estados brasileiros e 5 da Venezuela. Dezoito desses projetos despertaram enorme interesse de empresários, pesquisadores, produtores rurais e de instituições financiadoras, que os consideraram empreendimentos de alta viabilidade técnica e econômica em médio prazo;

-     afirmou o Dr. Alexandre que “dentre os projetos originados no Estado, a Embrapa foi a instituição pesquisadora que mais se destacou, principalmente aqueles que dizem respeito ao beneficiamento do dendê e ao setor madeireiro”.

            Vale ressaltar, Sr. Presidente, meus nobres Pares, que, durante todo o evento, onde foram realizadas 50 palestras, 9 cursos técnicos e 10 cursos de cozinha experimental, mais de duas mil pessoas foram capacitadas ao desempenho de novas tecnologias. Inclusive, sabe-se que um grupo de donas de casa, entusiasmadas com seu aprendizado, já se mobilizam para a criação de uma agroindústria para o total aproveitamento do caju. Essa fruta, natural e farta em nosso Estado, apresenta condições de invejável riqueza se for explorada com técnica e racionalidade. Praticamente não existe ainda seu aproveitamento comercial, cujo consumo se faz nas formas de suco, doces e outros subprodutos, além da castanha, principal riqueza, que é do gosto nacional e de grande procura no estrangeiro.

            Faço votos, portanto, de que essas donas de casa também tenham sucesso em seu empreendimento.

            Já o Superintendente do Sebrae em Roraima, Dr. Armando Ladeira, afirmou literalmente: “O total da movimentação financeira produzida pelo Amazontech foi de R$26,6 milhões, um retorno bem maior do que o investido, de quase R$2 milhões. Diante desses resultados, hoje sabemos que podemos fazer algo para melhorar nossas vidas”.

            Não restam dúvidas, Sr. Presidente. Roraima, a região Amazônica e o Brasil só ganharam com essa união de forças que resultaram nessa maravilha que, diante de tais resultados, nos anima e nos dá força para continuar esse trabalho cujos resultados vão diretamente atender antigo clamor de nosso povo: progresso, riqueza, pujança e bem-estar social.

            Isso só foi possível, meus nobres Colegas, graças, além da iniciativa desses três pilares de sustentação, que foram o Sebrae, a Embrapa e a UFRR, também o apoio e a ativa participação de universidades privadas, governos federal, estaduais e municipais, agências de fomento, agentes financeiros, empresas comerciais, industriais, agrícolas e outras que desenvolvem pesquisas, produtos e serviços voltados ao agro-negócio sustentável.

            Devo também, por dever de justiça, enaltecer outras forças, sem as quais esse evento talvez não teria o mesmo brilho: as presenças de competentes autoridades da Aeronáutica e do Exército brasileiro, que foram e serão sempre marcos vivos em nossas fronteiras para a consolidação de quaisquer outros benefícios na região. Devemos reconhecer o inestimável trabalho da Aeronáutica no evento, com apresentação de palestras sobre a consolidação do Sivam, o Sistema de Vigilância da Amazônia. Igualmente, nosso reconhecimento e gratidão ao Exército Brasileiro pelas extraordinárias informações sobre os trabalhos desempenhados no Programa Calha Norte. Aliás, ambas as Forças se misturam num trabalho social de vulto, cujos benefícios atingem diretamente aquelas comunidades quase esquecidas em meio à floresta, que garantem a soberania nacional vivendo nas fronteiras inóspitas da parte mais setentrional deste País. Da mesma forma, Sr. Presidente, rendo aqui minhas homenagens aos bravos homens da lei de Roraima, policiais bombeiros, civis e militares, responsáveis diretos pela manutenção da ordem no decorrer do Amazontech 2001. Aliás, por coincidência, está presente aqui uma comitiva da Polícia Militar de Roraima, que nos prestigia nesta sessão.

            Em melhor hora não poderia acontecer esse evento. Ele ocorre exatamente quando a BR-174 é uma realidade - está asfaltada - e após a inauguração da energia elétrica em Roraima, importada de Guri, na Venezuela, duas obras de vital importância para o desenvolvimento de nosso Estado e de toda a Região Amazônica.

            Podemos dizer que esse evento foi a luz que nos faltava no fim do túnel. Afinal, nosso potencial é por demais conhecido: literalmente nos perdemos entre fauna e flora exuberantes, pisando em riquezas incalculáveis adormecidas no subsolo, enquanto na superfície a pobreza espalhada causa-nos indignação. Em toda a Região Norte, possuímos 510 milhões de hectares produtivos, praticamente intocáveis, além de 20% de toda a água doce disponível no planeta.

            No que diz respeito exclusivamente a Roraima, temos tudo o que almejam quaisquer empreendedores, quaisquer investidores. Possuímos terras férteis e baratas, fartos mananciais de água, um clima favorável doze meses por ano, variando entre 23 e 31 graus, e ocorrências regulares de chuvas. Nossa grandeza territorial é superior à da maioria dos países europeus, e nossas fronteiras internacionais somam 954 quilômetros lineares com a Venezuela e outros 958 com a Guiana, dois potenciais consumidores. Com tudo isso, somos pouco mais de 350 mil habitantes, a maioria concentrada em Boa Vista, a capital, que abriga 200 mil. Ou seja, com tanta riqueza e potencialidade, temos uma das menores taxas de habitantes por quilômetro quadrado neste País.

            Contradições, Sr. Presidente. Contudo, depois desse evento, a partir de seus ideais, a partir da constatação da viabilidade dos investimentos, a partir da vontade e da resposta do empresariado consciente deste País e, principalmente, a partir do trabalho e da competência do Sebrae, da Embrapa, de nossa Universidade Federal e de tantas outras entidades sérias que compuseram aquele cenário que foi o Amazontech 2001 em Roraima, novos rumos foram traçados para nossa economia e nossa realidade. De agora em diante, a dura realidade de nosso povo amazônida toma novo colorido para a materialização de nosso maior e mais antigo sonho: maior igualdade com as demais regiões deste imenso e rico País.

            E o melhor disso tudo, Sr. Presidente, é sabermos que o Projeto Amazontech veio para ficar na Região Amazônica e terá caráter itinerante. Este ano marcou presença em Roraima. Amanhã, com o mesmo fôlego e brilhantismo, marcará presença em outro Estado da Amazônia, e assim sucessivamente, até que consolide, em toda nossa Amazônia Legal, seus nobres objetivos, voltados, sempre e prioritariamente, para o desenvolvimento sustentável de toda a região.

            Esse foi, portanto, um acontecimento ímpar para os roraimenses e para toda a região. Quiçá seja o marco tão esperado por nosso povo, aquele que, em definitivo, crava a data de uma nova fronteira em direção ao conhecimento, à fartura e à bem-aventurança.

            Sr. Presidente, meus nobres Colegas, sempre que manifesto desta tribuna meus sentimentos para com Roraima e a Região Amazônica, faço-o na forma do apelo e do alerta. Hoje, foi diferente. Hoje falei não de sonhos, mas de realização. Não clamei por recursos, mas, sim, contei sobre resultados.

            Voltarei, tenho certeza, para muitas e muitas outras vezes reclamar por verbas, por projetos e tantas outras realizações para as quais necessitamos - como qualquer outro Estado necessita - do Orçamento da União, do qual somos dependentes. Mas tenho fé, também, de que muitas e muitas vezes aqui estarei para contar nossas conquistas e nossas realizações, como essa de agora. Minha fé vai além: a certeza de que Roraima e a Região Norte, mais breve do que imaginamos, será palco da maior revolução agroindustrial jamais vista neste País. O primeiro passo foi dado com o evento Amazontech 2001.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


            Modelo111/30/2410:16



Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2001 - Página 30143