Discurso durante a 167ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, ontem, dos 97 anos de vida do jornalista Roberto Marinho.

Autor
Iris Rezende (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Iris Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso, ontem, dos 97 anos de vida do jornalista Roberto Marinho.
Aparteantes
Artur da Tavola, Francelino Pereira, Gilvam Borges, José Alencar, José Fogaça, Lindberg Cury, Maguito Vilela, Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2001 - Página 30171
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA, PROPRIETARIO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EFICIENCIA, QUALIDADE, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, FUNDADOR, FUNDAÇÃO, BENEFICIO, EDUCAÇÃO, CIDADANIA, DESENVOLVIMENTO CULTURAL, POPULAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, 3 de dezembro, transcorreu a data comemorativa de mais um aniversário do jornalista Roberto Marinho, que completou 97 anos de uma vida profundamente enlaçada com a história do Brasil contemporâneo.

            Para falar sobre Roberto Marinho, basta examinar os fatos mais importantes das últimas décadas deste País. Em cada passagem histórica, em todos os momentos realmente decisivos, ele foi uma constante testemunha ocular por intermédio da presença inconfundível dos seus veículos de comunicação.

            Sr. Presidente, Roberto Marinho é o visionário que construiu a Rede Globo, uma das cinco maiores redes de difusão de notícias, entretenimento e conhecimentos que operam no mundo.

            A Rede Globo, agora sob o comando dos filhos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, é atualmente uma estrutura que absorve quase 10 mil funcionários, atuando em todos os setores da mídia com mais de 100 empresas que cobrem praticamente 100% do território nacional. São 32 emissoras de televisão, 15 estações de rádio, jornais, revistas, produtoras, Internet e TV a cabo.

            No campo das telecomunicações, a Rede Globo nunca se descuidou das suas profundas responsabilidades com a educação e com a informação do nosso povo. Para Roberto Marinho, a atividade empresarial não deve ser voltada apenas para o sucesso dos negócios, mas, antes, caracteriza-se pelos seus compromissos com a cidadania, com a ética, com o combate às desigualdades sociais e com a consciência cívica.

            Por isso, entre todo o vastíssimo elenco de atividades da Rede Globo, merece um grande carinho especial do seu comandante a Fundação Roberto Marinho, uma das maiores do País, que se dedica prioritariamente a desenvolver projetos educacionais, culturais e de promoção dos valores comunitários. Somente a Fundação Roberto Marinho seria bastante para demonstrar que esse grande jornalista é antes de tudo um humanista verdadeiro, um pioneiro sonhador, que soube construir uma rede de comunicações de padrão internacional, porém sem jamais esquecer o atendimento ao povo brasileiro como objetivo primordial do seu trabalho.

            A Fundação Roberto Marinho é uma das principais instituições não governamentais no Brasil de apoio à Educação, Cultura e Cidadania. Sua meritória atuação abrange as ciências, as artes, a literatura, a preservação do patrimônio histórico e artístico, além do mecenato e da recuperação de tesouros históricos nacionais ameaçados pela carência de recursos.

            O jornal O Globo, hoje um dos diários do primeiríssimo escalão da Imprensa Nacional, foi o ponto de partida e o baluarte seguro que permitiu a estruturação do projeto de comunicação liderado pelo jornalista Roberto Marinho. Já nas suas origens, ele mostrou sua vocação para enfrentar e vencer desafios. O jornal O Globo foi fundado por Irineu Marinho, pai de Roberto, em 1925. Poucos dias depois da circulação do primeiro número, o destino tiraria a vida de Irineu Marinho, com apenas 49 anos de idade, deixando para o filho a tarefa de conduzir um jornal diário em meio a ebulição política que logo a seguir, em 1930, produziria uma revolução histórica no Brasil.

            Assim, surpreendido pelo acaso, aos 20 anos de idade, Roberto Marinho, o mais velho de cinco irmãos, iniciou a trajetória jornalística que o levaria a se transformar em personagem ativo dos acontecimentos mais marcantes dos tempos modernos do Brasil. Mas ele nunca se esqueceu do seu pai: “O jornalista que sou, devo a meu pai” - costuma dizer.

            Roberto Marinho começou como foca, ou seja, aprendiz de jornalista. Antes de assumir a direção de O Globo, o que só veio a ocorrer em 1931, passou por uma escalada profissional meticulosa, ocupando inúmeras funções jornalísticas, como redator-chefe, secretário de redação e editor de textos. Com humildade, preparava-se cuidadosamente para as tarefas grandiosas que o esperavam.

            Nos episódios que culminaram com a Revolução de 30, muito jovem, afrontou o poder para apoiar a candidatura presidencial de Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal, que não ganhou, mas acabou como Presidente da República. Em 1937, quando Vargas implantou a ditadura do Estado Novo, Roberto Marinho discordou frontalmente, passando a ser oposição ao novo regime de exceção. Na luta contra o arbítrio, chegou a enfrentar pessoalmente os policiais da ditadura, como na ocasião em que pôs para fora da redação, com as próprias mãos, os censores que insistiam em vetar notícias e fotos desfavoráveis ao Governo Vargas.

            Roberto Marinho firmou-se, desde os primórdios, na vertente liberal, e sua conduta política sempre considerou os mais altos interesses do País, oferecendo extraordinária contribuição no combate ao atraso e na busca da prosperidade.

            A primeira concessão de TV veio em 1957, por meio do então Presidente Juscelino Kubitschek, mas a TV Globo viria a ser criada bem depois, em 1965, no Rio de Janeiro, logo passando a dividir a audiência com as emissoras Tupi, Record e Excelsior, que já existiam.

            Rapidamente, sob o comando de Roberto Marinho, a TV Globo conseguiu firmar um padrão de qualidade respeitado em qualquer canto do mundo, mas a preferência do público foi conquistada para valer com as coberturas jornalísticas. O forte da Rede Globo sempre foi a reportagem, refletindo a personalidade do seu criador. Afinal, Roberto Marinho foi e é um jornalista inveterado, profissional escolado das redações, que ainda hoje faz questão de ser chamado única e exclusivamente pelo título de que mais se orgulha e de que não abre mão: jornalista Roberto Marinho.

            Ele nunca deixou de escrever. Nunca abandonou a trincheira da imprensa. Nunca se omitiu, participando dos capítulos fundamentais da nossa história, defendendo os valores democráticos e a economia de mercado. Igualmente, jamais, deixou de encaminhar as decisões na Rede Globo, educando os filhos para a dedicação total ao trabalho e aos negócios da família. Mesmo passando o comando aos seus herdeiros, mantém-se firme na condução da estratégia de crescimento das empresas, com a lucidez que trouxe do berço e a experiência da sua longa e bem sucedida carreira.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, transformou-se também em autor de livros, sendo convocado para a imortalidade da Academia Brasileira de Letras e honrosamente escolhido para a cadeira número 39. Roberto Marinho é o patrono de dezenas e dezenas de intelectuais brasileiros. Muitos deles, quando perseguidos pela intolerância política, tiveram abrigo nos veículos de comunicação da Rede Globo, protegidos e garantidos pela força moral desse patriarca da imprensa brasileira.

            Logo após o golpe militar de 1964, reagiu com firmeza quando foi instado a expurgar intelectuais de esquerda que trabalhavam na sua organização. Não aceitou, recusando a lista negra dos militares. Ninguém foi demitido. Um desses intelectuais era o romancista Jorge Amado.

            Não há como negar que Roberto Marinho deu contribuição fundamental para que o País avançasse nos caminhos da modernidade, rompendo fronteiras e alcançando conquistas imprescindíveis no plano cultural que impulsionaram a nossa inserção no mundo globalizado. Ele trouxe para o País o que existia de mais avançado em termos de comunicação, e sua linguagem acurada teve influência decisiva para que outros setores da vida nacional igualmente atingissem o crescimento.

            Devemos, sim, Sr. Presidente, reconhecer que a Rede Globo foi fator essencial para que o conjunto da Nação brasileira pudesse vencer obstáculos, destruindo concepções arcaicas e trazendo o contemporâneo para o dia-a-dia da sociedade.

            Com sua ousadia, Roberto Marinho comandou a revolução cultural brasileira ao adaptar para a TV as grandes obras da nossa literatura e ao se propor ao debate permanente dos grandes temas que fomentaram o novo ambiente do País.

            Ele desbravou o Brasil de norte a sul, de leste a oeste e integrou as regiões por meio do poder da comunicação, disseminando uma nova linguagem, levando lazer, cultura e educação a todos os lares, trazendo o mundo para perto de todos nós.

            Roberto Marinho sempre foi um companheiro, um amigo que manteve a mão estendida para auxiliar quem precisava de ajuda. Entre os políticos, conquistou a posição de conselheiro e articulador de soluções em momentos de crise, patriota até as últimas conseqüências. Tomou as posições que julgou úteis para o País e condizentes com a sua consciência. Por tudo isso, tornou-se uma lenda viva.

            Sr. Presidente, segundo a Bíblia, Salmos 91, versículos 15 e 16, Deus sacia com longevidade, glorifica e mostra a sua salvação àqueles que são justos. Tem sido assim com Roberto Marinho, um líder premiado pelo Criador com o triunfo da longa vida. Ele recebe a dádiva sagrada que consiste no tempo suficiente para lapidar e concluir com carinho uma obra.

            Roberto Marinho é um homem necessário e indispensável, tendo contribuído para que o Brasil alcançasse a estabilidade política e erigisse uma cultura de massas tão rica e tão plena de manifestações artísticas.

            A sua contribuição ao País tem o pleno reconhecimento dos brasileiros que, todos os dias, aplaudem a criatividade e o talento que fundamentam o extraordinário Sistema Globo de Comunicações.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Concedo o aparte ao Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Iris Rezende, a magia do seu discurso descreve a vida de um homem que tanto serviço prestou e vem prestando à Nação por meio do seu trabalho sério não só como homem de imprensa. Nas atividades mais expansivas das áreas social e cultural, utilizou sua inteligência para que a Nação brasileira colhesse os frutos dessa gama de objetivos e de estratégia que o seu trabalho revela. O Senador Bernardo Cabral solicita que, por intermédio do discurso de V. Exª, possamos cumprimentar o Dr. Roberto Marinho. Quando Bernardo Cabral era Ministro da Justiça e em vários trabalhos planejados e desenvolvidos pela Polícia Federal, houve integral apoio da Rede Globo, uma demonstração do sucesso da sua realização. Dr. Roberto é um homem vivo, trabalhador e ainda continua escrevendo a história deste País e confirmando o seu passado. Desejo ser um avalista do seu pronunciamento e tenho a certeza de que ele ficará feliz com a homenagem do Senado Federal. Sabemos que seus filhos, Roberto Irineu, João e José Roberto, continuam em atividade na grande Rede Globo. Não sei se consta do seu discurso, mas, comprando hoje o Diário Popular e transformando-o em Diário de São Paulo, haverá mais uma prova da grandeza da Rede Globo circulando em meu Estado.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma. A palavra do povo de São Paulo, dita por V. Exª, realmente dá um sentido muito especial a homenagem que prestamos nesta tarde ao grande brasileiro Roberto Marinho.

            Ontem, participando com seus amigos da festa de aniversário na sua residência, entendi que não devemos deixar as homenagens para aqueles que já foram. Devemos homenagear pessoas como Roberto Marinho ainda em vida, a fim de que sintam na própria carne o sentimento do Brasil relativo ao trabalho que vêm prestando.

            O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Concedo o aparte ao Senador Francelino Pereira.

            O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Senador Iris Rezende, merece louvor a iniciativa do amigo em homenagear outro amigo, do Jardim Botânico, do Cosme Velho, do Brasil inteiro, um homem do mundo. Não estamos na tribuna louvando um cidadão porque dispõe de 32 emissoras de televisão e rádios regionais neste País. Convivo bastante com Roberto Marinho - ultimamente, menos. Antes, durante e após o Governo de Minas, sempre almoçamos juntos no Jardim Botânico, na sede da Rede Globo, e percebia que no fundo ele adorava mesmo era o jornal O Globo. Conversamos muito sempre, sempre, sobre sua família, sobre seus filhos, que hoje estão no comando da instituição, enaltecendo sempre o pioneirismo de seu pai. É um homem da História do Brasil. Quando se escrever a história deste País, há de se fazer uma referência aos testemunhos de Roberto Marinho, à vida de prosperidade, de amor ao Brasil e de tenacidade, que merece o nosso louvor. Ao amigo Roberto Marinho, aos seus filhos queridos e ao amigo que está na tribuna, o abraço cordial de Minas e dos mineiros.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador Francelino Pereira. O aparte de V. Exª, que fala em nome do grande Estado de Minas Gerais, vem, como disse anteriormente, dar um sentido muito especial a este pronunciamento, a esta homenagem que prestamos nesta tarde. Sinto que a homenagem é de toda a Casa, do Senado Federal como um todo.

            Agradeço a V. Exª e peço autorização para que o seu aparte, bem como o do Senador Romeu Tuma e de outros Srs. Senadores integrem o meu pronunciamento.

            O Sr. Lindberg Cury (PFL - DF) - Senador Iris Rezende, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Concedo o aparte ao Senador Lindberg Cury.

            O Sr. Lindberg Cury (PFL - DF) - Senador Iris Rezende, agradeço esta oportunidade. Gostaria de acrescentar, aos posicionamentos dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, o do nosso Distrito Federal. V. Exª, com muita probidade, falou da importância de Roberto Marinho, por ocasião do nonagésimo sete aniversário desse homem público que teve um comportamento maravilhoso, extraordinário na formação da nossa cultura. Gostaria de abordar outro lado ainda não citado. No nosso País, com essa “globalização”, as Organizações Globo propaga, principalmente pela TV, a imagem que vai espalhando-se por todos os rincões de nosso País. Com isso, divulga-se a cultura pela qual a Globo é responsável e que se expressa na maneira de vestir, que hoje é idêntica numa cidade do interior ou numa capital como Brasília, Goiânia ou Rio de Janeiro. Os costumes estão se padronizando, principalmente a nossa língua brasileira, que não tem mais aquele tom regional típico dos gaúchos, dos goianos, dos nortistas ou dos maranhenses. Enfim, estamos criando um novo brasileirismo, ou seja, uma língua padronizada em todos os rincões, graças à capacidade de Roberto Marinho, que colocou o País dentro de um Estado menor, e, com isso, formamos uma nova geração. Quero parabenizá-lo por este pronunciamento e, ao mesmo tempo, dizer que Roberto Marinho é, atualmente, uma expressão da mídia mundial pela sua característica típica de colocar o Brasil em evidência. E uma das mais altas culturas no setor da televisão está sendo imposta a todo o mundo. Tivemos a oportunidade de acompanhar isso lá fora. Parabenizo-o pela iniciativa. Meus cumprimentos.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador Lindberg Cury.

            O aparte de V. Exª realmente acrescenta muito a nossa fala, uma vez que analisa o resultado do trabalho realizado pelas Organizações Globo, sobretudo no aspecto social e cultural, e na integração deste País de dimensão continental. V. Exª, como empresário e político ilustre, vem trazer à população brasileira mais esse resultado de um grande trabalho do qual Roberto Marinho, indiscutivelmente, é o autor.

            O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Iris Rezende?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Concedo o aparte ao nobre Senador Artur da Távola.

            O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - Senador Iris Rezende, ontem à noite, tive a honra e o prazer de, assim como V. Exª, encontrar-me no jantar oferecido pelo Dr. Roberto Marinho em sua casa no Cosme Velho. Todos pudemos constatar o grau de afeto que ele recebe de seus amigos, a pluralidade da representação brasileira ali presente, os membros da Academia Brasileira de Letras, a classe política, jornalistas, médicos, escritores, enfim, pessoas representativas, com êxito em cada uma de suas atividades. E eu, que trabalhei 15 anos com o Dr. Roberto Marinho, estou muito à vontade para saudá-lo e a V. Exª. Fui com muito prazer - e não pela primeira vez - ao seu aniversário. Quando trabalhei com ele, brigávamos muito. No entanto - este testemunho posso dar -, ele sempre manifestava sua opinião respeitando a do seu subordinado no trabalho, mesmo quando era discordante. Por acaso eu escrevia sobre televisão e, mesmo quando não ele não gostava, conversava comigo; jamais teve um gesto de censura. Manifestava discordância pessoal, quando manifestava. E, assim, fiquei 15 anos a trabalhar ali. Foi um período no qual os seus filhos estavam, digamos assim, na casa dos 20 anos, e pude observar um ato do Dr. Roberto Marinho que, visto após duas décadas praticamente, é muito importante: três dos seus quatro filhos - um morreu bem moço em acidente - passaram por todas as seções das Organizações Globo - não tão grande quanto hoje - e tiveram um aprendizado com um grau interessantíssimo de atitude de um futuro patrão diante da profissão. Eles trabalharam em cada setor do jornal, em cada setor das revistas, então Rio Gráfica, hoje Editora Globo. Depois fizeram o mesmo itinerário na televisão, sendo que um deles o fez no rádio. Isso é uma demonstração de um cuidado excepcional. Por isso, hoje, esses três ainda jovens empresários conseguem um grau de harmonia, de entendimento, capaz de levar adiante o trabalho nas complexas Organizações Globo de hoje, não apenas com grau de unidade, mas sobretudo com conhecimento do que estão fazendo. É muito raro um empresário de êxito que faz os seus filhos trabalharem na atividade desde a mais humilde função para poderem chegar à mais elevada, com um grau de conhecimento profundo. São gestos, atos assim que explicam o sucesso de uma atividade. O Dr. Roberto é um homem bafejado pela fortuna no sentido tradicional da palavra, da sorte. O mundo lhe foi grato, as oportunidades se lhe abriram, porém, ele construiu paulatinamente aquilo que o destino fazia questão de propiciar-lhe. V. Exª o viu, ainda ontem, com 97 anos, à porta da sua residência, recebendo uma a uma das pessoas e se despedindo após o jantar, ali de pé, talvez menos cansado do que todos nós porque animado pelo calor da homenagem, do afeto de seus amigos. De maneira que tome as palavras deste modesto Senador. Associo-me ao seu pronunciamento, sobretudo tendo eu trabalhado lá tantos anos, com grau completo de independência, e tendo visto de perto a sua qualidade moral, ética. Eram tempos de ditadura, eu era cassado politicamente. Dr. Roberto, nas suas organizações, abrigou pessoas perseguidas, partindo do princípio do que acreditava ser a competência. Várias vezes o vi enfrentar a Situação, com a qual concordava - e nós não -, na defesa de um funcionário que lá trabalhava. Por tudo isso, merece uma homenagem como a que V. Exª presta de modo tão magnífico, tão elegante. Muito obrigado pela concessão do aparte, Senador.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Sou eu que agradeço, Senador Artur da Távola. É um aparte que nos sensibiliza muito. Em primeiro lugar, porque um aparte de V. Exª honra e dignifica qualquer Colega nesta Casa. Em segundo, por ser V. Exª um Senador do Estado o Rio de Janeiro, sede das Organizações Globo. Em terceiro lugar, por ser V. Exª uma pessoa que sempre conviveu com o Dr. Roberto Marinho. É realmente um aparte de muito valor para a homenagem que estamos prestando a esse grande amigo, a esse grande brasileiro.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PFL - RR) - Senador Iris Rezende, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Com muita satisfação, Senador Mozarildo Cavalcanti.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PFL - RR) - Senador Iris Rezende, V. Exª faz uma justa homenagem ao grande homem que é o jornalista Roberto Marinho. Um trecho de seu pronunciamento, especificamente, chamou a minha atenção e provocou este aparte. Falo da grande integração feita por iniciativa de Roberto Marinho por intermédio da Rede Globo de Televisão. Como Senador por Roraima, sou testemunha viva, lá no extremo norte do País, dessa integração. A Rede Globo de Televisão tem afiliadas em toda a Região Amazônica e, numa época em que meu Estado estava isolado do resto do Brasil e não havia sequer uma estrada que o interligasse à capital mais próxima, Manaus, mostrou-nos tudo o acontecia no resto do País. Isso acentuou o sentimento de brasilidade dos habitantes do extremo rincão da Pátria. Portanto, quero dar o testemunho da importante ação integradora que exerceu a Rede Globo de Televisão, principalmente na extensa Amazônia brasileira.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado pelo aparte, Senador Mozarildo Cavalcanti. V. Exª traz de longe o sentimento de uma gente sofrida, pioneira, desbravadora, o que valoriza muito esse posicionamento que assumimos nesta tarde ao proferir este discurso.

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - V. Exª concede-me um aparte, Senador Iris Rezende?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Com muito prazer, Senador Gilvan Borges.

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Iris Rezende, em primeiro lugar quero congratular-me com V. Exª pela brilhante iniciativa de fazer esta justa homenagem. Roberto Marinho e Assis Chateaubriand, dois gigantes da comunicação, em certo momento entraram numa grande disputa, e chegou a ser constituída, em 1953, uma CPI. Na juventude, o esporte predileto de Roberto Marinho era o boxe; depois, optou pela pesca submarina e pelo hipismo. Sempre fui muito curioso, gostava de estudar e li algo sobre Roberto Marinho. Realmente, ele é um homem admirável, um vencedor que conseguiu constituir uma família estruturadíssima, superando todas as dificuldades. O Senador Artur da Távola, que trabalhou nas Organizações Globo, viu como Dr. Roberto Marinho incentivou seus filhos, ainda adolescentes, a trabalhar, preparando-os para o futuro. Ele é um empreendedor. V. Exª vem à tribuna fazer essa justa homenagem a Roberto Marinho. Congratulo-me com V. Exª. Não o conheço pessoalmente. Na verdade, só vemos o mito. A Rede Globo tornou-se um mito e Roberto Marinho sempre é muito admirado no País, de norte a sul, e na América Latina, em virtude desse empreendimento fantástico. Portanto, é um homem vitorioso, competente e eficiente. As pessoas que vencem são merecedoras de elogios e homenagens. Gostaria que V. Exª, ao fazer essa justa homenagem, incorporasse em seu pronunciamento nosso registro, como brasileiro do extremo norte, do Amapá. O Senador Mozarildo Cavalcanti insiste em dizer que o extremo norte é em Roraima, mas. o extremo norte é no Oiapoque, no Amapá. Portanto, como representante do extremo norte, quero deixar isso registrado e parabenizar V. Exª pela iniciativa. Geralmente essas pessoas, quando crescem, quando ascendem, quando são vitoriosas, recebem as manifestações daqueles que sabem respeitar a luta e a ascendência pelo trabalho, um trabalho artesanal, bem-feito. Infelizmente há também os invejosos - isso é da natureza humana e gera uma porção de coisas. Portanto, Exª, meus parabéns. Quero apresentar à família Marinho, ao patriarca Roberto Marinho, votos de muita saúde, muita felicidade, e nossos sinceros reconhecimentos pelo grande trabalho que tem feito pelo País mediante seus veículos de comunicação.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador Gilvam Borges. A manifestação de V. Exª é, como as demais, de um valor extraordinário, porque também expressa o reconhecimento de uma parte dos brasileiros de uma região tão distante que acreditam no Brasil e reconhecem o esforço e a participação de todos os bons brasileiros nesse processo de desenvolvimento que experimentamos.

            O Sr. José Alencar (PL - MG) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Com muito prazer e muita honra, concedo o aparte a V. Exª, Senador José Alencar.

            O Sr. José Alencar (PL - MG) - Eminente Senador Iris Rezende, V. Exª presta uma homenagem a um grande brasileiro. Eu, como mineiro da Zona da Mata, que fica no sudeste de Minas Gerais, sempre recebi grande influência cultural do Rio de Janeiro. Nossos jornais eram os do Rio. Torcíamos por times de futebol do Rio. Nós não tínhamos sequer acesso de boa qualidade a Belo Horizonte. Então, toda influência que chegava à Zona da Mata era a do Rio de Janeiro no que diz respeito aos teatros e tudo o mais. Quando fui candidato a Governador do meu Estado, em 1994, fui convidado para almoçar com o Dr. Roberto Marinho, no gabinete dele, com outros dois amigos. Este é um testemunho que eu gostaria de dar. Naquela oportunidade, ele, com muita satisfação, contou-nos uma passagem que eu quero revelar aqui. Disse que o pai dele, com problema de saúde, acabou perdendo a grande participação como sócio de um jornal vespertino importantíssimo do Rio de Janeiro: A Noite. No Rio havia, naquele tempo, os jornais matutinos de grande importância: o Correio da Manhã, O Jornal, o Diário Carioca, o Diário de Notícias e o Jornal do Brasil . O próprio jornal O Globo também era vespertino. Quando seu pai faleceu, ele tinha 19 anos e foi trabalhar no jornal. Sua mãe, então, segundo a informação dele, nomeou seu tutor um jornalista, de quem ele deu o nome. Dr. Roberto Marinho chegou a trabalhar na própria rotativa das oficinas de produção do jornal e, a partir de um certo momento, sentiu que deveria transformar O Globo em um matutino, mas seria voto vencido se fizesse essa proposta abruptamente. O Globo circulava por volta de cinco, seis horas da tarde. Então, ele convenceu aos seus pares e tutores de que o jornal deveria circular mais cedo porque as pessoas saiam dos restaurantes, do almoço e poderiam encontrar o jornal nas bancas. Então, O Globo passou a circular mais cedo, por volta de três horas. Mas logo se constatou, dizia ele, que ainda era meio tarde, deveria circular um pouco mais cedo, porque havia alguns que almoçavam mais cedo. Então, o jornal passou a circular às duas horas. Depois, argumentou que alguns que saiam do seu escritório para os restaurantes e passavam nas bancas levavam o jornal, porque enquanto pediam o prato podiam dar uma olhada nas notícias. Assim, o jornal passou a circular por volta do meio-dia. Isso demorou meses, segundo ele. Em seguida, trouxe uma reclamação de leitores que queriam que o jornal circulasse mais cedo; afinal de contas, o jornal estava circulando muito tarde. Nessa altura, o jornal ainda era um vespertino e já era um matutino e, como matutino, circulando tarde demais. Pois bem. A partir daí, o Jornal passou a ser matutino e ganhou este lugar de destaque na imprensa carioca e nacional como um dos matutinos mais importantes do jornalismo brasileiro. Isto é Roberto Marinho. Ninguém chega a esse ponto por acaso. É um homem que trabalhou muito. Eu estava no meu gabinete, recebendo uns amigos do meu Estado, quando ouvi um aparte ao discurso de V. Exª, trazido pelo Senador Artur da Távola, no momento em que falava dessa característica de trabalho dos filhos do Dr. Roberto. Ele, como um ex-profissional daquela grande empresa jornalística, trouxe o testemunho de que seus filhos trabalharam em todos os setores do jornal, o que é uma prova de que sempre levou a sério o seu trabalho. Queremos, então, associar-nos à homenagem que V. Exª presta a esse grande brasileiro, Dr. Roberto Marinho, que realmente é um orgulho da imprensa nacional.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador José Alencar, digno representante do nosso querido Estado de Minas Gerais. Mais uma vez, saliento a relevância do aparte de V. Exª, que, além de fatos novos e relatos importantes da vida de Roberto Marinho, traz a solidariedade do povo mineiro a esta homenagem que procuramos, nesta tarde, prestar ao Dr. Roberto.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Permite-me V. Exª um aparte, eminente Senador Iris Rezende?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Sr. Presidente, com a compreensão de V. Exª, concedo o último aparte ao Senador José Fogaça, representante digno do Rio Grande do Sul.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Obrigado, Senador Iris Rezende. Peço licença a V. Exª para participar também desta homenagem. Em primeiro lugar porque, quem comemora 97 anos, não o faz apenas por uma feliz circunstância ou por uma feliz combinação de fatores biológicos. Eu ouso dizer e ouso imaginar que para se chegar aos 97 anos é preciso também ter muita convicção de vida, muita vontade e muita disposição de viver e de trabalhar, porque viver é trabalhar e trabalhar é viver. Portanto, 97 anos, por si sós já devem ser celebrados. Trata-se de um grande cidadão brasileiro chamado Roberto Marinho. É fundamental, neste momento, fazer um registro nesta Casa, do ponto de vista da sua importância para a cultura brasileira. A novela de televisão, a novela que foi aperfeiçoada, desenvolvida e delineada pela TV Globo é um produto e um fenômeno cultural absolutamente único no mundo. Em todos os países onde existem as chamadas novelas de televisão, em que se usa este veículo, que é a televisão, e se utiliza o vídeo digital, este é um produto de baixa qualidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, este produto cultural é chamado de soap opera, ópera sabão. Há um desprestígio, uma desconsideração, uma depreciação em relação a esse tipo de material narrativo na televisão. Sabemos que há outros países que investem também em novelas. O México é um deles e merece respeito. Entretanto, em nenhum país do mundo esse produto se tornou tão próximo, tão vinculado, tão enraizado na cultura nacional como no Brasil. Penso que Roberto Marinho descobriu e desenvolveu uma linguagem específica, própria, rica, criativa, diversificada, nova, interessante, atraente, bonita e profundamente brasileira. É tão brasileira essa linguagem que ela se tornou universal e, hoje, as novelas de televisão produzidas pela Rede Globo são vendidas e transmitidas a todo o mundo. Portanto, se há um elemento cultural que destaca o Brasil no exterior e nos torna distinguíveis do ponto de vista da cultura deste novo milênio, desse folclore urbano das cidades, é a novela de televisão. É um genuíno produto nacional de qualidade, que deu voz, vez, espaço e oportunidade a atores, escritores, redatores, coreógrafos, cenógrafos. Enfim, é um manancial de oportunidades que formou padrões culturais inteiramente próprios e brasileiros. É o momento que aproveito no brilhante pronunciamento de V. Exª, tão recheado de grandes apartes, para também tomar parte e dizer que se Roberto Marinho nada mais tivesse feito, somente esse elemento de valorização cultural, de presença cultural do Brasil no mundo já o tornaria um cidadão exemplar e notável. Por isso, é preciso registrar também a nossa homenagem aos seus 97 anos.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Caríssimo Senador José Fogaça, faltava a voz do povo gaúcho. E veio a homenagem por intermédio de V. Exª, um dos mais ilustres e competentes integrantes desta Casa, trazendo uma avaliação realmente importante e justa de mais um item de serviço prestado pela organização tão bem criada e presidida pelo Dr. Roberto Marinho.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Sr. Presidente, peço a compreensão de V. Exª para que eu possa ouvir o aparte do Senador Maguito Vilela.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Muito obrigado, Senador Iris Rezende, quero congratular-me com V. Exª pelo brilhantismo e a inteligência do pronunciamento e dos apartes e dizer que o Dr. Roberto Marinho é um dos empresários mais importantes do Brasil. Talvez tenha sido o empresário, na área de comunicação, mais importante do século que findou e deste que se inicia, até mesmo pelo que disse o Senador José Fogaça. Roberto Marinho, por meio de sua empresa, a Rede Globo, fez com que o Brasil se destacasse mundialmente não só no setor de novelas, mas também no setor de esportes e em outros mais. O esporte é cultura popular. Também apresento minhas congratulações a ele, a seus filhos, a toda a sua família e a toda a família da Rede Globo que, naturalmente, está em festa com o aniversário desse extraordinário homem público. Muito obrigado.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Senador Maguito Vilela, agradeço, do fundo da alma, o aparte de V. Exª.

            Sr. Presidente, tive conhecimento de que V. Exª teria de comparecer à reunião da Executiva do PMDB e, quando tomou conhecimento do assunto que abordaria nesta tribuna, V. Exª fez questão de continuar presidindo a sessão a fim de que, com a sua presença de Presidente, pudesse valorizar ainda mais a nossa intenção de, nesta tarde, prestar esta homenagem.

            Tenho comigo uma sensação muito gratificante, porque, há muitos anos, desde que me tornei amigo pessoal do Dr. Roberto Marinho, tenho comparecido à sua casa, todos os anos, para, nesta data, ou seja, 13 de dezembro, cumprimentá-lo pelo seu aniversário. Ontem, não sei por que, pensei: Amanhã, preciso ocupar a tribuna do Senado e manifestar a esse grande brasileiro o sentimento dos goianos e de todos aqueles que, sei, têm uma admiração por esta grande figura que é Roberto Marinho.

            Estou feliz, porque senti que também dei oportunidade para que todo o Brasil, por intermédio de seus Senadores, se manifestasse nesta tarde. Senadores de todos os Partidos políticos com representação nesta Casa, Senadores de todas as regiões, do sul, do norte, do leste e do oeste, tantos aparteantes, cada um, com o seu aparte, prestando a homenagem, trazendo depoimentos e elementos novos ao discurso que proferimos nesta tarde.

            Acrescento ainda e agradeço a manifestação do Senador Bernardo Cabral que, por meio do Senador Romeu Tuma, deixou também a sua manifestação, que, para nós e, tenho certeza, sobretudo para o Dr. Roberto Marinho, é uma manifestação muito cara.

            Sr. Presidente, agradeço a compreensão de V. Exª, e sei que foi em homenagem também ao Dr. Roberto Marinho que V. Exª permitiu que o Regimento Interno, nesta tarde, fosse, não digo desrespeitado, mas desconhecido, para que toda a Casa pudesse realmente prestar essa homenagem simples, porém relevante, porque significa que o pensamento, a manifestação de todos os brasileiros da totalidade dos Estados e de todas as classes sociais. Trata-se de um homem que, com o poder de comunicação na mão, jamais fez uso dele senão para o engrandecimento da Pátria.

            Obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - Senador Iris Rezende, peço-lhe que ainda permaneça nessa tribuna. Em verdade, aqui permaneci, porque um dos mais nobres sentimentos de um ser humano é o sentimento de justiça. E V. Exª, ao tomar a iniciativa de ocupar a tribuna desta Casa para saudar a Fundação Roberto Marinho e seu fundador, Roberto Marinho, interpretou o sentimento desta Casa, fez justiça a uma organização e a um homem que tantos e tão grandes serviços tem prestado ao nosso País.

            Se a Mesa tivesse que escolher alguém do Senado para falar em nome de nossa Instituição, saudando o Sr. Roberto Marinho, certamente, eu pediria que V. Exª fizesse isso, porque, há muito tempo, eu me lembro, conversando com V. Exª, V. Exª me falava de sua admiração, do seu respeito por esse grande homem da imprensa do nosso País. Realmente, Roberto Marinho, e toda a sua Organização, toda a sua Fundação, prestou e presta serviços à nossa democracia, fazendo-o com sentimento de justiça.

            Quero dizer a V. Exª e aos Srs. Senadores que nos ouvem que só estive com esse homem uma vez; foi o suficiente para admirá-lo. Recentemente, estive nas Organizações Globo para participar de um evento de grande importância. Lá estavam reunidos cientistas políticos e vários políticos, todos interessados em responder a uma pergunta e a debater um assunto de transcendental importância. Imagine V. Exª o tema deste seminário: “O Brasil que nós queremos”, qual é o país que nós queremos. Tenho certeza de que o País que queremos é o País que a Fundação Roberto Marinho defende, um País cada vez mais justo, mais humano e mais cristão. Ninguém chega, como disse um eminente Senador da Casa, aos 97 anos se não tem motivação. E a motivação de Roberto Marinho, com toda a certeza, foi a motivação da nossa Pátria, do seu sentimento cívico e do seu acentuado amor à causa pública.

            Quero cumprimentar a ele e cumprimentar V. Exª, porque assim o Senado Federal cumpriu hoje uma das suas grandes missões, que é a de fazer justiça a quem merece. O reconhecimento aos grandes vultos da História do nosso País. A Mesa se associa às palavras de V. Exª.

            Muito obrigado.

            O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Sr. Presidente, encerrando, quero dizer o seguinte: muito obrigado a V. Exª pelas suas palavras e confesso que estou realmente sensibilizado pelo gesto de V. Exª, que encerrou este momento de homenagens com chave de ouro.

 

            


            Modelo15/4/249:39



Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2001 - Página 30171