Discurso durante a 172ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Marinheiro.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração do Dia do Marinheiro.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2001 - Página 30646
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MARINHEIRO, OPORTUNIDADE, ELOGIO, MARINHA, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, VULTO HISTORICO.
  • COMENTARIO, HISTORIA, NAVEGAÇÃO MARITIMA, BRASIL, BRAVURA, PERSONAGEM ILUSTRE, AMPLIAÇÃO, CARTOGRAFIA, MUNDO, NAVEGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Sérgio Chagas Teles, Sr. Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra Luiz Fernando Portella Peixoto, demais membros da Marinha aqui presentes, Srªs e Srs. Senadores, moro em Aracaju, capital do meu Estado, banhada pelo rio Sergipe do meu rincão amado, cidade bonita, pequena, ribeirinha, também servida por nossa querida e austera Marinha.

            Quero agregar minha palavra, nesta sessão de homenagem ao Dia do Marinheiro, como manifestação de apreço e de admiração aos bravos militares da Marinha do Brasil, que cumprem a missão de organização da defesa do mar territorial e assumem perante a Pátria outras tarefas institucionais.

            A história da Marinha brasileira é pontilhada de exemplos de bravura, que aqui foram registrados com muita propriedade e com muito brilhantismo por todos os oradores que me antecederam, principalmente pela Professora Emilia Fernandes, que, em um discurso que emocionou a todos nós, provou, com as letras da nossa história, a grandiosidade da Marinha brasileira.

            As campanhas do passado, desde que os portos brasileiros foram abertos ao mundo, afirmam a coragem, a consciência cívica, a capacidade da Marinha brasileira. Figuras como Tamandaré, o velho marinheiro, Barroso, Maris e Barros, Marcílio Dias, edificaram o patrimônio e o valor da nossa história. Mediante o esforço que realizaram, conseguiram aperfeiçoar no tempo e na história, como testemunhas, os feitos navais na Campanha Cisplatina, na guerra contra o Paraguai e, mais recentemente, nos conflitos mundiais.

            A Marinha firmou sua imagem ao longo do processo de afirmação do próprio País, no Império e na República, como força essencial sempre a serviço das causas nacionais. Os troféus conquistados, como vitórias da ousadia, da estratégia, da perícia, adornam a história da Marinha e, ao mesmo tempo, são triunfos da história do Brasil.

            Os homens do mar descendem da audácia da aventura humana. Desde os primeiros barcos, pouco mais que pedaços simples de madeira, árvores que flutuavam transportando pessoas e grupos nos rumos novos e desconhecidos. O modo intuitivo e rústico da navegação ganhou os remos e expandiu os horizontes das viagens. Por muito tempo, a força humana, os braços remantes, transportaram vida e riquezas na ocupação das terras.

            Os fenícios empreenderam a ação comercial em seus cáravos, evoluindo, do remo para a vela, a força das embarcações. As naves singraram rios e mares, marcando a história por muitos e muitos séculos.

            Foi com suas velas, marcadas pelo sinal da cruz, que Pedro Álvares Cabral, à frente de uma frota, deixou o Porto de Belém, em Lisboa, para descobrir o Brasil, na rota das Índias, muitas vezes navegada por bravos marinheiros italianos, portugueses, espanhóis, cujos nomes ecoam ainda hoje, como notáveis nautas, merecedores da chamada simbólica dos seus feitos: Bartolomeu Dias, que, em 1488, ultrapassou o Cabo da Boa Esperança e descobriu, em 1500, Madagascar; Américo Vespúcio, que viajou algumas vezes fazendo descobertas como cosmógrafo, tendo, em 1498, tocado terras brasileiras ao norte, em 1501, em nova viagem, arriou suas âncoras nas terras do nordeste, na foz do rio a que deu o nome de São Francisco; Vasco da Gama esteve em Calicute, na Índia, em 1498; Fernando de Magalhães fez a primeira circunavegação da terra com cinco naves, em 1519; Colombo, o grande Almirante Cristóvão Colombo, a serviço da Espanha, realizou viagens que revelaram ao mundo, a partir de 1492, as Américas; João Caboto viajou para a China, desembarcando em Terranova.

            Foram muitas as viagens, muitos os nomes desses marinheiros predestinados que dilataram a cartografia da terra, desvendaram os segredos desconhecidos de mundos novos, que deram outros rumos à história humana.

            Foram as caravelas e outras embarcações movidas pelos ventos que construíram a civilização americana, desenvolveram as relações com a Europa e com outros continentes, até que o vapor, incorporado como força motriz aos barcos, aprimorasse a navegação, aumentasse a velocidade, tornando mais curtas e confortáveis as viagens.

            Nós, brasileiros, que descendemos dos marinheiros lusos que descobriram e povoaram o Brasil, bem sabemos o valor das viagens a partir do século XV, continuadas por todo o século XVI, com novas descobertas e conquistas, com as quais o mundo alterou seu mapa, refez sua economia, mudou seus Estados, organizou as sociedades.

            Hoje, quando as tecnologias trazem avanços que são incorporados sucessivamente, quando a Marinha do Brasil é credora de todos os louvores pelo seu esforço de atualização técnica, administrativa e operacional, não há como esquecer as lições do passado, nem aquelas que avolumam as experiências dos mareantes europeus, descobridores do novo mundo, mediadores de culturas e embaixadores de povos, nem os feitos bravos dos heróis brasileiros, que fizeram da luta e da defesa do Brasil uma das mais destacadas páginas de patriotismo.

            É, portanto, recorrendo ao passado e à história que se pode fazer, no Dia do Marinheiro, hoje festejado, um dia nacional de festa cívica, de compromisso com a liberdade e com a paz e com os demais valores que exaltam a condição humana e justificam a vida social. Quero, por fim, cumprimentar a Marinha do Brasil, seus marinheiros, do mais novato ao mais graduado homem do mar, como testemunho do reconhecimento e da admiração que inspiram a Marinha e o Almirante Tamandaré.

            Muito obrigado. (Palmas!)


            Modelo14/23/247:17



Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2001 - Página 30646