Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

SAUDAÇÃO AOS PARTICIPANTES DA SESSÃO DE APRESENTAÇÃO E LANÇAMENTO DOS TRATADOS DA AGENDA 21 INFANTIL.

Autor
Emília Fernandes (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Emília Therezinha Xavier Fernandes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • SAUDAÇÃO AOS PARTICIPANTES DA SESSÃO DE APRESENTAÇÃO E LANÇAMENTO DOS TRATADOS DA AGENDA 21 INFANTIL.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2001 - Página 30764
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ELOGIO, CONFERENCIA, CRIANÇA, BRASIL, APRESENTAÇÃO, TRABALHO, SOLICITAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAUDE, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, PAZ.
  • SOLICITAÇÃO, PERDÃO, CRIANÇA, JUVENTUDE, DESTRUIÇÃO, MEIO AMBIENTE, FALTA, SOLIDARIEDADE, PAZ.

A SRª EMILIA FERNANDES (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ilustres representantes da Conferência Criança Brasil no Milênio, demais convidados, pessoas que nos honram com suas presenças, queridas crianças, o Senado Federal vive um dos seus dias mais belos.

Este plenário está repleto de crianças, brancas, negras e índias, que sentam em nossas cadeiras, usam nossos microfones e trazem algo à Casa que faz as leis, à Casa que representa todos os Estados brasileiros, com a presença de três Senadores ou Senadoras por Estado da Federação; na essência do que leram, do que expressaram, do que estão sentindo no fundo do coração está aquilo que o Brasil e o mundo precisam colocar nas suas decisões, nas suas políticas, na destinação de recursos.

Associamo-nos, inicialmente, ao Presidente desta Casa, Senador Ramez Tebet, proponente, juntamente com outros Senadores, deste momento especial que vive o Senado da República. A Casa cedeu a Hora do Expediente desta sessão - período em que as Srªs e Srs. Senadores poderiam estar falando sobre muitos assuntos, neste final de ano -, apoiando e aplaudindo a iniciativa de trazermos aqui crianças, algo que é inédito na história do Brasil. A ONU estava pensando em fazer o mesmo nos Estados Unidos, o que não aconteceu. Estamos à frente desse grande órgão internacional.

Trouxemos a esta Casa crianças, que, numa leitura singela, mas com conteúdo altamente significativo, expressaram aquilo que, muitas vezes, falta no coração e na consciência dos adultos. Ouvimos o apelo das crianças ao amor, à solidariedade, à fraternidade, a uma educação de qualidade que se faça com o acesso de todos. Elas pediram saúde para ricos e pobres. Alertaram para que os meios de comunicação - importantíssimos neste momento de desenvolvimento tecnológico, em que ficamos sabendo, em um segundo, o que acontece no outro lado do mundo - ajudem a formar bons sentimentos no coração daqueles que assistem aos programas; que diminua a violência, a exploração da figura da mulher, a competição que se trava, inclusive dentro de programas ditos infantis. Clamaram para que se cuide do meio ambiente.

E cabe a nós, Senadores e Senadoras, um pedido de perdão às crianças e aos jovens do nosso tempo. Se tivéssemos acordado mais cedo, se tivéssemos sido sacudidos, pensando no futuro em que falamos sempre... Até quando dizemos que “as crianças são o futuro do Brasil” há um equívoco nessa forma de expressão. Entendo que as crianças são o presente do Brasil e da humanidade, para que tenhamos futuro. Esse é o sentimento que precisamos cultivar.

Então, fico profundamente feliz de estar vivendo neste dia, neste tempo, nesta hora, neste momento histórico do Senado Federal, quando nós, mulheres, lutamos também pela participação em todos os setores da sociedade, com o mesmo salário, com o mesmo respeito. Dizemos não à violência contra as mulheres, contra as meninas, que são exploradas no turismo, na prostituição, nós, mulheres, que estamos nesta Casa entre 81 Senadores. Apenas cinco mulheres representam o Brasil.

Pedimos que as crianças do Brasil e do mundo saibam que a política é um espaço positivo. Ela não é aquilo que muitas vezes passam: que tudo é corrupção, que não existe pessoa séria, honesta. Nós queremos dizer que a política é uma coisa importantíssima na vida de cada pessoa. Mas precisamos de políticos sérios e comprometidos com as grandes causas, com a ética, com a honestidade, com a seriedade, com o trabalho.

Temos presente um prefeito-mirim, que queremos cumprimentar, o Marcelo, que está acompanhando a autoridade máxima do seu Município, o Prefeito da cidade de Costa Rica, em Mato Grosso do Sul. Ele está vendo as dificuldades por que passam os políticos do nosso País: falta de recursos e precariedades na infra-estrutura: falta água potável, falta esgoto, falta calçamento e faltam recursos para a Educação e para a Saúde.

Agora, temos que nos levantar contra a grande quantidade de recursos que é desviada pela corrupção, por aqueles que muitas vezes entram para o setor público para se beneficiar, para tirar dinheiro, quando deveriam estar dando casa, comida, terra, respeitando os nossos índios, os nossos negros e essa cultura maravilhosa que tem o Brasil.

Então, senhoras e senhores, agradeço a Deus por estarmos aqui. Como professora, como mãe, como avó de três netos que já tenho: um de 12 anos, um de 9 anos e outro de 6 anos. Se não me falha a memória, o trabalho que está sendo realizado integra crianças de 6 a 13 anos. Portanto, meu compromisso é redobrado, como cidadão deste País e como Senadora do Rio Grande do Sul e do Brasil. Não apenas com meus familiares, mas com as crianças e os jovens de todo o País.

Que Deus nos ilumine, que as mensagens, o sentimento que foi colocado neste documento singelo, mas de significado muito profundo, seja incorporado por todas as autoridades brasileiras, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, para que não mais se queime índio nas ruas da nossa Capital, não mais se prostituam crianças nas nossas praias, não mais haja crianças nas ruas abandonadas às drogas e à exclusão social.

Pela educação, pela saúde, pelo respeito, pela valorização de todos!

O nosso abraço e os nossos cumprimentos pela iniciativa, Sr. Presidente, com a certeza de que se nós, os adultos, deixarmos o nosso coração falar um pouco do nosso sentimento de criança, que não tem idade e não envelhece com o tempo, este mundo pode ser bem melhor para se viver.

Concluo com as palavras do Mário Lago: “Perdão foi feito para se pedir”.

Perdão, crianças e jovens, pelo que se fez contra vocês, contra o meio ambiente, contra aquilo que há de mais sagrado, que é o amor, a solidariedade e a paz. Tenhamos esperança! Este Brasil e este mundo têm jeito.

Um abraço a todos e cumprimentos por este evento. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2001 - Página 30764