A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL - SE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a propósito da matéria, no último dia 7 de dezembro, a Rede Globo de Televisão apresentou programa acerca do rio São Francisco.

Iniciativas como a que me refiro são uma forma não só de tornar o definhamento do Velho Chico conhecido de todos os brasileiros, mas, também, de recrutar cada vez mais defensores para as causas do nosso Rio da Integração.

Em sessenta minutos de programa, foi mostrada a rica fauna da região do rio, as raras ararinhas azuis, o macaco guariba e as grandes traíras. Também o ribeirinho foi assunto, com suas lendas, sua arte e seus dramas. Porém, o mais impressionante foram as imagens que contrastaram o Velho Chico e o rio de hoje, apenas uma sombra da grandiosidade de três mil quilômetros de águas de outras épocas. Ao ver o que um dia foi o Rio da Integração Nacional, choquei-me com a urgência em implantarmos o projeto de revitalização da Bacia do São Francisco.

O programa se referiu, também, ao movimento que tenta transformar o São Francisco em patrimônio da humanidade. Eu, que me criei às margens do rio, que brinquei em suas águas, fico extremamente feliz e apóio inteiramente a iniciativa. Não tenho nenhuma dúvida de que a fauna, a flora e a população que vive às margens do rio têm muito a ensinar ao mundo. No entanto, assim como fez o apresentador do programa, pergunto-me se será necessário que o mundo reconheça primeiro a importância do Velho Chico para, então, o Brasil entender a sua importância e investir na solução dos problemas que enfraquecem sua força e diminuem sua grandiosidade.

Já, variadas vezes, desde que cheguei a esta Casa, tenho chamado a atenção para o problema. O Povoado do Cabeço, que como mostrou o programa, foi tomado pelas águas do mar que invadem e salinizam o rio, já foi tema de minhas palavras aqui no Senado. Talvez as aterradoras imagens em cadeia nacional tenham mais força que minhas palavras de alerta, ainda que, entristecida pela surdez dos mandatários do país. Espero que sim!

Também a questão da geração de energia tem sido afetada. Como se não bastasse a falta de chuvas na região, que faz baixar os reservatórios, a perda de força das águas tem influenciado a produção hidrelétrica. Todas as hidrelétricas do rio estão sendo obrigadas a economizar água. Em Xingó, a última das barragens, a vazão liberada é pouco mais da metade do volume normal.

O programa termina em tom tão desafiador quanto assustador. O rio se transformará em saudades?

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como representante do povo sergipano, como nordestina e como brasileira, quero mais uma vez alertar que não podemos deixar essa ameaça pairando no ar. Não só a bancada mineira e a nordestina, mas todos os parlamentares, temos que nos unir e buscar soluções para essa questão, seja aprovando iniciativas como essa, do Senador Antônio Carlos Valadares, que protejam e tragam recursos para a recuperação do rio, seja pressionando os órgãos responsáveis pela busca de alternativas para a melhoria da situação do Velho Chico.

O ano de 2001 está findando e as iniciativas esperadas para, de imediato, começar a reverter o processo de definhamento e, até porque não dizer, evitar a morte do rio São Francisco ainda não foram efetivamente implementadas.

Por isso, Sr. Presidente, fica aqui mais esse registro e o meu apelo aos nobres Colegas, para que nos unamos na aprovação dessa e de outras propostas que venha em socorro do Rio São Francisco.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigada.