Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REGISTRO DO ENCONTRO DOS EX-DISTRIBUIDORES DE VEICULOS DA MARCA FORD, COM DESTAQUE AO PROCESSO JUDICIAL VISANDO INDENIZAÇÃO PELOS PREJUIZOS DECORRENTES DAS PRATICAS COMERCIAIS DAQUELA MONTADORA EM TERRITORIO NACIONAL.

Autor
Lindberg Cury (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Lindberg Aziz Cury
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL. :
  • REGISTRO DO ENCONTRO DOS EX-DISTRIBUIDORES DE VEICULOS DA MARCA FORD, COM DESTAQUE AO PROCESSO JUDICIAL VISANDO INDENIZAÇÃO PELOS PREJUIZOS DECORRENTES DAS PRATICAS COMERCIAIS DAQUELA MONTADORA EM TERRITORIO NACIONAL.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2001 - Página 30279
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • REGISTRO, ENCONTRO, DISTRIBUIDOR, VEICULOS, CONFIRMAÇÃO, ENCAMINHAMENTO, PROCESSO JUDICIAL, OBTENÇÃO, RESSARCIMENTO, PREJUIZO, POLITICA, EMPRESA MULTINACIONAL, FABRICAÇÃO, VEICULO AUTOMOTOR, TERRITORIO NACIONAL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, ABANDONO, MERCADO, DEMISSÃO, DISTRIBUIDOR, NEGAÇÃO, INDENIZAÇÃO, EMPRESARIO, ALEGAÇÕES, FALTA, ADAPTAÇÃO, SISTEMA, EMPRESA, PROCESSO, GLOBALIZAÇÃO.
  • CRITICA, FALTA, ETICA, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA.

O SR. LINDBERG CURY (PFL - DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou ocupando novamente a tribuna para fazer um registro muito importante: hoje estamos realizamos um encontro de ex-distribuidores da Ford. Representações de todo o Brasil estão aqui presentes para marcar e acompanhar de perto os trabalhos do Senado.

Nesta oportunidade, quero agradecer a recepção dada por V. Exª a todos eles. O Brasil está aqui representado por todos esses distribuidores.

Sr. Presidente, é importante mais uma vez registrarmos a luta do empresariado nacional por seus direitos legais e inalienáveis e participarmos que, hoje, os mais de 300 ex-distribuidores Ford estão reunidos aqui no Congresso Nacional, no auditório do Anexo IV da Câmara dos Deputados, para firmar um compromisso de encaminhamento à Justiça, nos próximos dias, de uma ação coletiva contra a montadora Ford, no sentido de reaver todos os prejuízos a que foram submetidos com a política cruel e perversa da multinacional, cujo objetivo foi esmagar, um a um, seus principais colaboradores, alguns deles com serviços prestados durante 80 anos de atividades. Eles se encontram presentes aqui, Sr. Presidente.

Como é sabido, a Ford tinha, em 1985, uma participação no mercado de cerca de 25%, figurando como a terceira montadora do País, atrás da Volkswagen e da GM. Em agosto deste ano, a empresa registrava a incrível participação de apenas 3,93%. Esta é a hora oportuna de se fazer uma pergunta: quem pode sobreviver com uma participação de apenas 3,93%? Em outubro, com uma maciça campanha publicitária, envolvendo, inclusive, o Presidente da companhia, houve uma pequena melhora, aumentando-se essa taxa para 5%. Apesar disso, é muito pouco para uma multinacional do porte da Ford, líder no mercado em vários segmentos, em seu país de origem.

O que está acontecendo é fácil deduzir. A Ford, desde 1987, esteve para deixar o mercado brasileiro e o faria à custa da derrocada de todos os seus distribuidores. Ou seja, como acontece com a maioria dos grandes conglomerados que se instalam no País, aproveitando-se de uma legislação frágil, a Ford queria encerrar sua participação no mercado sem dar o mínimo retorno àqueles que apostaram na sua marca e investiram nome e patrimônio, acreditando na solidez de uma empresa pioneira e líder na fabricação de veículos automotores.

Acabou por associar-se à Volkswagen, numa tentativa de salvar-se, com a criação da holding Autolatina. Mas a Volkswagen percebeu logo ter-se metido em canoa furada e tratou de desfazer a sociedade. Mesmo assim, essa sociedade foi penosa e muito difícil para os distribuidores Ford. Agora, a Ford, além de forçar a quebra de contratos, teima em não indenizar sua rede de ex-distribuidores, valendo-se de um plano maquiavélico e vergonhoso. Alega a montadora que a culpa do fechamento de mais de 300 distribuidoras é dos próprios empresários, que não se adaptaram ao processo de globalização. Isso não é verdade, porque ela mesma não conseguiu manter-se no mercado. Hoje, a Ford figura como a sexta montadora do País, atrás, inclusive, das francesas Renault e Peugeot, que estão no mercado brasileiro há pouco mais de dois anos.

            A Ford não teve a decência de jogar de acordo com as regras de mercado. Pegou pesado, jogou sujo, fazendo exigências absurdas aos distribuidores, exigindo que estivessem sempre capitalizados, o que os obrigava a recorrer a empréstimos bancários, dentro do seu próprio banco, para honrar seus compromissos com a empresa e os clientes. Não havia possibilidade de resistir a isso.

O que queremos, agora, é mostrar que nós, ex-distribuidores, temos nossos direitos e não podemos deixar que grandes empresas multinacionais se aproveitem de brechas na legislação para impor suas políticas de benefícios unilaterais.

Nós temos documentação suficiente para exigir, na Justiça, o ressarcimento dos investimentos que fizemos e que a Ford dilapidou com sua política egoísta e centralizadora.

Achamos que não somente os concessionários Ford lesados, mas, igualmente, todos aqueles que se sentem prejudicados, como os ex-franqueados da McDonald’s, os distribuidores da AmBev, os ex-concessionários da Volkswagen e da GM, deverão estar conosco nessa luta pelos direitos do pequeno e médio empresariado nacional.

Por fim, Sr. Presidente, não é preciso fazer pesquisa, nem gastar valores altos, para apurar a atuação da Ford no mercado; basta olhar pela janela ou nos estacionamentos para ver que sua performance é insignificante, pequena. A Ford acabou com sua rede e está acabando, também, com aqueles que ainda perduram.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2001 - Página 30279