Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo da jornalista Eliane Cantanhêde, publicado no jornal Folha de S. Paulo, intitulado "Cháves se Trumbica", que faz referências ao surpreendente crescimento econômico da Venezuela.

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Comentários ao artigo da jornalista Eliane Cantanhêde, publicado no jornal Folha de S. Paulo, intitulado "Cháves se Trumbica", que faz referências ao surpreendente crescimento econômico da Venezuela.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2001 - Página 31418
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ELOGIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, ELIANE CANTANHEDE, JORNALISTA, ANALISE, EFICACIA, ATUAÇÃO, HUGO CHAVEZ, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, CRESCIMENTO, POPULARIDADE, MELHORIA, ECONOMIA, PAIS.
  • CRITICA, IMPRENSA, NECESSIDADE, MELHORIA, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONTRADIÇÃO, ATUALIDADE, SITUAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, PROTESTO, EMPRESARIO, DESAPROPRIAÇÃO, PROPRIEDADE IMPRODUTIVA, DISTRIBUIÇÃO, AGRICULTOR, REFORÇO, EMPRESA DE PETROLEO, RESTRIÇÃO, INVESTIMENTO, EXTERIOR.
  • ADVERTENCIA, POSSIBILIDADE, ATENTADO, REGIME, DEMOCRACIA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA.

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB - RJ. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na Folha de S.Paulo, de ontem, na Coluna da Jornalista Eliane Cantanhêde, sob o título: Chávez se Trumbica, pode-se ler o seguinte:

Você sabia que nos três anos de governo Chávez [referindo-se ao Presidente da Venezuela] todos os indicadores macroeconômicos da Venezuela melhoraram?

A inflação caiu acentuadamente, o crescimento era negativo e foi de 3,2% em 2000, as reservas internacionais passaram do vermelho para o azul, as taxas de juros caíram pela metade.

Se você não sabia é porque os meios de comunicação locais não param de martelar que tudo está um desastre e o país está à beira do caos.

Sr. Presidente, ao final do editorial, a jornalista diz o seguinte:

Chávez mantém impressionante popularidade (entre 45% e 55%) para quem leva tanta pancada, mas perde apoio rápida e drasticamente. Ou abre os olhos e o regime, ou a coisa vai de mal a pior na política e logo na economia. Na comunicação simplesmente não há como piorar.

Sr. Presidente, realmente é surpreendente a notícia. Pela primeira vez a imprensa brasileira nos brinda com uma notícia bastante favorável em relação ao Presidente Chávez e à situação econômica da Venezuela. O que se lê nos demais jornais do País, naturalmente tendo como origem a própria mídia venezuelana, é que a Venezuela está à beira de um caos, na iminência de o Presidente Chávez ser derrubado por grandes movimentos de opinião pública. Aliás, empresários venezuelanos assim como as organizações de classe fizeram um lockout no início desta semana, protestando contra medidas que, pelo menos para nós que estamos de longe, nos pareceram justas, tais como medidas de desapropriação de terras, para distribuição aos agricultores, medidas de reforço na empresa estatal petrolífera venezuelana, restrições a investimentos estrangeiros na área do petróleo. Quer dizer, essas medidas nos pareceram muito justas. Entretanto, o protesto dos empresários veio forte, como costuma acontecer em ocasiões e contra medidas dessa natureza. Ao que parece, também entidades sindicais entraram, em apoio ao lockout empresarial, e não sabemos até que ponto isso reflete efetivamente uma opinião de trabalhadores conscientes, ou se há realmente toda uma articulação, que pode ser até internacional, para derrubar o Presidente Hugo Chávez, à semelhança do que foi feito no Chile, com o ex-Presidente Salvador Allende.

O Presidente Chávez, sabe-se, há pouco fez restrições à atitude do Presidente Bush no Afeganistão. Para ele o combate ao terrorismo deveria ser feito por outra forma, convocando-se a ONU a ter um papel decisivo nesse conflito. Pode ser, quem sabe, Sr. Presidente, que essas questões sejam provenientes de fatores das mais diferentes origens, mas o fato é que o povo venezuelano, a Nação venezuelana pode sofrer até um atentado a seu regime democrático, em decorrência desses fortes interesses atingidos que movimentam a opinião pública contra o Presidente Chávez.

Nós, brasileiros, ficamos perplexos e desinformados. Aproveito a oportunidade para fazer um apelo ao jornalista Mino Carta, para que, em sua revista Carta Capital, revista na qual ainda se pode ter confiança, faça uma reportagem mais profunda e extensa sobre a situação da Venezuela, a fim de que possamos ter uma informação fidedigna. O fato é que essa publicação da Folha de S.Paulo no artigo da jornalista Eliane Catanhêde nos surpreendeu e nos deixou perplexos pelo contraste com o noticiário negativo que predomina na nossa imprensa.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2001 - Página 31418