Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de declaração da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul sobre a crise argentina, elaborada em reunião realizada no último dia 20, no Uruguai. (como lider)

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Leitura de declaração da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul sobre a crise argentina, elaborada em reunião realizada no último dia 20, no Uruguai. (como lider)
Publicação
Publicação no DSF de 27/12/2001 - Página 32228
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), RESULTADO, DECLARAÇÃO, SOLIDARIEDADE, CRISE, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.
  • CRITICA, COMPORTAMENTO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSINATURA, DOCUMENTO, PROPOSIÇÃO, ENCAMINHAMENTO, NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), FUTURO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador José Fogaça já fez um relatório breve e preciso sobre a reunião que tivemos no Uruguai, representando o Senado, o Senador Fogaça, eu, como Presidente da Comissão, e o Senador Arlindo Porto.

            Dessa reunião da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, extraiu-se uma declaração sobre a crise argentina, que peço licença ao Senado para lê-la.

      Visto que a Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul e a Delegação de Parlamentares Chilenos [os chilenos estavam presentes como observadores nesse processo] entendem necessário que o desenvolvimento econômico e social dos países-membros se afiancem de forma eqüitativa e conjunta para dar plena vigência aos princípios fundacionais do Mercosul e à consolidação dos processos democráticos, que são a base do projeto comunitário;

      Considerando que a irmã nação argentina está enfrentando dificuldades sociais e econômicas que devem ser superadas para que o processo de integração se afirme na nossa região;

      A Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul declara:

      1. Sua solidariedade com o povo argentino e com o seu governo democrático e legitimamente constituído, expressando sua confiança em que essa grande nação superará fraternalmente os problemas que a afetam;

      2. Que se promova dentro dos Parlamentos de cada um dos Estados-membros ações de apoio e de boa vontade que possam contribuir para a recuperação da normalidade social e econômica do país irmão;

      3. O mais absoluto respeito pelo modo de solução de seus assuntos internos, mas confiando que isso se realizará no marco da ordem institucional democrática republicana vigente.

      Montevidéu, 20 de dezembro de 2001.

            Assinado por Washington Abdala, Presidente Pro Témpore do Grupo Parlamentar do Uruguai, por mim, Roberto Requião, Presidente da representação brasileira e pelo Senador Alfonso González Núñez, Presidente da Representação Paraguaia.

            Gostaria de sublinhar um fato que me deixa entristecido e que foi o documento firmado pelos Presidentes das Repúblicas, mais precisamente firmado pelo nosso Presidente da República.

            Ouvi os protestos contra a atitude americana votando aquele famoso TPA que condiciona a Alca a interesses de lobbies internos dos Estados Unidos e vi o protesto veemente do Presidente da República, que me entusiasmou. Pensei cá comigo: O Presidente da República acordou e passou a verificar com clareza que os interesses dos americanos não serão sempre os dos brasileiros, podendo, em determinadas situações, até coincidirem, uma vez que temos ligações econômicas e culturais. Acredito até mesmo que, na maior parte das vezes, devam coincidir, mas o Presidente do Brasil assina um documento se propondo a encaminhar até 2005, como o antigo protocolo firmado recomendava, a negociação da Alca.

            As críticas desapareceram. Haviam sido feitas aqui para consumo interno em véspera de eleição, ou seja, um comportamento barroco do Presidente da República, no sentido português da palavra. Barroco é o nome que se dá a uma pérola irregular, disforme. Essa falta de conformidade do comportamento e do discurso do Presidente da República dentro e fora do Brasil nos entristece sobremaneira. Perdemos a segurança, apaga-se a nossa alegria e diminui a esperança.


            Modelo14/20/2411:03



Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/12/2001 - Página 32228