Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de despedida do Senado Federal. Críticas à falta de condições do empresariado nacional para concorrer no mercado internacional, em decorrência da pesada carga tributária imposta às empresas.

Autor
Pedro Piva (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Pedro Franco Piva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA NACIONAL.:
  • Discurso de despedida do Senado Federal. Críticas à falta de condições do empresariado nacional para concorrer no mercado internacional, em decorrência da pesada carga tributária imposta às empresas.
Aparteantes
Ademir Andrade, Alvaro Dias, Antero Paes de Barros, Antonio Carlos Júnior, Antonio Carlos Valadares, Arlindo Porto, Artur da Tavola, Bernardo Cabral, Carlos Patrocínio, Carlos Wilson, Casildo Maldaner, Eduardo Siqueira Campos, Eduardo Suplicy, Fernando Bezerra, Francelino Pereira, Geraldo Melo, Gilberto Mestrinho, Heloísa Helena, Iris Rezende, Jefferson Peres, José Agripino, José Coelho, José Fogaça, José Sarney, Juvêncio da Fonseca, Lindberg Cury, Luiz Otavio, Lúcio Alcântara, Maguito Vilela, Marluce Pinto, Mauro Miranda, Moreira Mendes, Nabor Júnior, Osmar Dias, Paulo Hartung, Paulo Souto, Pedro Simon, Renan Calheiros, Ricardo Santos, Roberto Requião, Roberto Saturnino, Romeu Tuma, Sebastião Bala Rocha, Sérgio Machado, Valmir Amaral.
Publicação
Publicação no DSF de 20/02/2002 - Página 353
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA NACIONAL.
Indexação
  • DESPEDIDA, ORADOR, SENADO, COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, NECESSIDADE, CUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO, MELHORIA, SEGURANÇA PUBLICA, REDUÇÃO, IMPOSTOS, BENEFICIO, EMPRESA, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Ramez Tebet, Srªs e Srs. Senadores, faço hoje o discurso de encerramento do meu trabalho nesses seis longos anos de Senado, sempre junto com V. Exªs. E o faço com forte dose de emoção.

            Nesses anos, acumulei experiência e conhecimento sobre a situação do nosso País que nunca imaginei pudesse obter. Aqui, onde todas as regiões e toda a diversidade cultural do nosso País estão representadas, conheci verdadeiramente o Brasil e os brasileiros. Acumulei também valiosos amigos de quem não gostaria de me afastar e não me afastarei ao deixar este plenário. São pessoas que aprendi a admirar, independentemente de suas tendências políticas. Nas horas que passamos neste plenário ou nas comissões, desenvolvemos uma amizade semelhante à dos bancos escolares: conversas paralelas, discussões acaloradas e abraços amigáveis. Não há como citar um só companheiro sem que se desmereça a amizade de outro. Assim, Sr. Presidente, abraço todos igualmente neste discurso.

            À emoção se alia uma imensa frustração por não poder ter feito mais pelo meu País.

            A pobreza e a formação de um País melhor são problemas nossos, de todos nós. Desses anos, ficou a frustração mais geral por não termos ainda eliminado a pobreza deste País. O Brasil herdou das gerações anteriores uma concentração de renda injusta e cruel, muito difícil de ser corrigida rapidamente, como sabem todos os brasileiros.

            Ficou, também, a frustração mais pontual de ver, ao longo desses anos, o empresariado industrial sufocado por uma taxa básica de juros incompatível com o crescimento do setor privado nacional e, em conseqüência disso, a crescente desnacionalização da indústria, já que nossos empresários não tinham e não têm condições de isonomia para concorrer com as empresas estrangeiras.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, e também Deputados, meus amigos paulistas e de outros Estados que aqui, hoje, me prestigiam, meu muito obrigado pela presença.

            Não que me tenha faltado disposição para trabalhar pelo nosso Estado. Fui incansável na defesa de propostas importantes para que o Brasil saísse da paralisia: alterações na Lei das Sociedades Anônimas, que se arrastava há anos; renegociação da dívida dos Estados e Municípios, que inviabilizava qualquer novo investimento social; revitalização da precária situação de nosso sistema financeiro.

            Não procurei as manchetes nem os holofotes. Quis, simplesmente, ajudar a longa e trabalhosa costura do possível e do patriótico, aparando arestas de opinião ou ideológicas, procurando os consensos que pudessem ser transformados num sólido tecido político.

            Acredito que precisamos fazer cumprir as leis que já temos. Seria um avanço. O grande Aristóteles já nos ensinava com sua imensa sabedoria: “O hábito de alterar levianamente as leis é um mal; e quando a vantagem da mudança é pequena, é melhor enfrentar certos defeitos, quer da lei, quer do governante, com uma tolerância filosófica. O cidadão irá ganhar menos com a mudança do que perderia ao adquirir o hábito da desobediência.”

            Reitero, Sr. Presidente, a frustração e o meu inconformismo com a falta de segurança do cidadão brasileiro, tema que abordei diversas vezes neste plenário e em conversa com Senadores e Ministros; com os juros absurdos que inviabilizam a empresa nacional; com a dificuldade que temos de exportar nossos produtos; com a carga de impostos que se coloca nos ombros de cada um dos brasileiros; com o crescimento da carga tributária. É preciso rever esse sistema que onera a vida dos brasileiros e os deixa sem confiança no futuro.

            O futuro do Brasil está em nosso povo. Precisamos acreditar na capacidade de produção, mas devemos, acima de tudo, dar condições de crescimento aos nossos cidadãos, dar confiança ao jovem. A falta de perspectiva de futuro mata uma sociedade. Não podemos deixar que isso aconteça no Brasil. O nosso futuro está aqui: na agricultura, na indústria, nos serviços que geram a riqueza nacional.

            Para mim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não existem correntes desenvolvimentistas ou monetaristas. O que defendo é um projeto de um Brasil maior, mais produtivo, com menos pobreza, mais emprego e mais justiça social. Um Brasil que olha reto, sempre para frente. Não devemos esquecer o passado, que nos ensina, principalmente, o que não devemos repetir. Mas, precisamos olhar o futuro com confiança. É para isso que a sociedade brasileira conta com o trabalho de todos os senhores.

            Precisamos de reduzir os impostos para estimular o empreendimento privado dentro da economia formal; olhar mais de perto para os setores que geram riqueza e não apenas para um contínuo endividamento da Nação. Olhem para a impressionante multiplicação agrícola brasileira que estamos presenciando: milhões e milhões de toneladas de grãos do cerrado brasileiro ainda irão invadir a Europa. Veremos isso ainda na nossa geração.

            Não nos esqueçamos que se dizia que o Brasil não tinha petróleo. Somos quase auto-suficientes e, se fôssemos parte do Oriente Médio, estaríamos inscritos na OPEP.

            Não precisamos de xenofobia, mas de muito respeito ao talento do empresariado brasileiro e ao seu povo para que tenha condições de realizar o seu trabalho. Por exemplo, Srªs e Srs. Senadores, como só existe no Brasil um banco para financiar projetos de longo prazo, que os recursos desse banco - falo aqui do o BNDES -, sejam direcionados de maneira preferencial para a empresa e para o cidadão brasileiro.

            Nas crises brasileiras, contamos sempre uns com os outros, uma lição que não devemos perder de vista neste novo e moderno capitalismo globalizado.

            Na crise internacional, os capitais estrangeiros tendem a mostrar grande nervosismo, quando não fogem ou desaparecem. E não falo apenas dos fluxos financeiros, mas, especialmente, dos investimentos diretos que prometiam ser mais estáveis, como aqueles do setor de energia nacional.

            Relembro aqui uma observação do Presidente Fernando Henrique: “Se é certo que a globalização aproxima mercados e sistemas produtivos, não é menos certo que a paz do mundo depende de uma ética de solidariedade.”

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dizer que tive meus primeiros contatos com a política e o Parlamento quando ainda jovem - os filhos pequenos e a família se formando. Uma opção até certo ponto egoísta - o Brasil precisa de cidadãos que se envolvam com os problemas da Nação -, mas que me prendeu ao trabalho em São Paulo. Nunca, porém, me afastei inteiramente da política e dos políticos, e, em minha vida, sempre tive em mente a definição do grande Rui Barbosa: “Toda política há de se inspirar na moral. Toda política há de emanar da moral. Toda política deve ter a moral por norte, bússola e rota”.

            E foi nessa direção que mergulhei, caros Senadores, ao longo desses anos, dando tudo de mim, dedicando-me integralmente ao interesse público, tendo sempre como norte, ao obedecer a lição de Rui, a moral e a justiça.

            O destino, ou teria sido o nosso inesquecível Mário Covas e o Ministro José Serra, colocou o Parlamento novamente em minha vida ao ser convidado para compor a chapa para o Senado. Dessa vez, quando os filhos já estão criados e os netos são a grande atração de nossas vidas, acreditei que havia chegado a minha hora de contribuir com meu País.

            Fiz o que acreditei ser o pagamento de minha dívida para com o Brasil. Todos sabem que o trabalho político nos afasta da família, diminui nossos momentos de lazer, abala nossa saúde. Como V. Exªs, passei por todos esses problemas. Não me arrependo de forma alguma. Acredito que um estágio no Congresso deveria ser uma obrigação no currículo dos candidatos a dirigir esta Nação.

            O Senado tem, hoje, uma outra forma. A reforma interna que aqui foi feita nos revela isso. Esta Casa pode e deve ser o futuro do País. E, para isso, Sr. Presidente, é preciso sangue novo, forte, e é só passar os olhos por este plenário para ver que este sangue novo está aqui, e eu gostaria de continuar ao seu lado na luta por um Brasil muito melhor. Digo muito porque não basta melhorar, temos que superar nossas expectativas. Devemos isso aos nossos filhos. Temos o dever de ensinar a eles o que dizia Francis Bacon: “Só os deuses e os anjos devem ser espectadores”. Somos todos agentes de nosso futuro.

            Dentro de alguns dias, deixo o Senado para que o ministro José Serra retome sua vaga nesta Casa e inicie sua nova caminhada política pelo Brasil. Sabemos que o homem público José Serra tem diante de si um destino ainda mais elevado do que as excepcionais posições que, por seu talento e por sua inteligência, ele já soube conquistar. De minha parte, nele reconheço o homem de Estado que deixará a marca de sua personalidade na história do Brasil.

            O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Com grande prazer.

            O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Senador Pedro Piva, antes que entre nesse caminho, preciso interrompê-lo. Ainda há pouco eu lhe dizia que V. Exª não enriqueceria o meu discurso e corria o risco de eu empobrecer o de V. Exª.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - De forma alguma, Excelência.

            O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Mas quero registrar que se tivéssemos aqui um condomínio da amizade, V. Exª seria um síndico imbatível. Não há como lhe tomar esse lugar. V. Exª chega à Casa pela suplência, com ares de quem é o efetivo da Cadeira. Isso é muito importante. Sai daqui com as cicatrizes orgulhosas do dever cumprido. Eu dou o meu testemunho do quanto V. Exª brigou pelo seu Estado, às vezes até despertando a inveja de alguns, o despeito de outros e, quem sabe, a animosidade de tantos. Eu não poderia deixar de fazer este registro. Volte. Só que dessa vez V. Exª não voltará pela suplência, por certo com a titularidade. O número imenso de Deputados Federais que estão aqui assistindo ao seu pronunciamento de “até breve”, não de despedida, está a confirmar que, em verdade, esse será o passo. Volte. Como Pedro - já que seu nome é Pedro -, nós sabemos qual é a igreja que vai construir na pedra que lhe dedicaram.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Bernardo Cabral. V. Exª confirma o meu acerto em não aparteá-lo para que V. Exª pudesse me aparteasse, a fim de que ficasse escrito nos Anais, no meu discurso, o seu aparte, que me é muito caro, pois vem de um dos maiores tribunos desta Casa, meu grande amigo, meu grande inspirador.

            Obrigado Senador Bernado Cabral.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP ) - Permita-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Com muita honra, nobre Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Pedro Piva, a princípio entendi que não deveria interrompê-lo, já que V. Exª faz uma descrição do seu trabalho e de alguns pontos importantes da vida nacional, os quais V. Exª tão bem conhece. Refiro-me às atividades empresarial e produtiva, responsáveis pela criação de empregos, às quais dão fôlego a este País. Portanto, V. Exª, na sua área, tem uma importância vital, tanto entre os seus Pares, na área legislativa, como em outros segmentos. Não posso e não quero me despedir de V. Exª, porque o meu coração está sempre feliz quando V. Exª me chama de irmão. Senador Pedro Piva, a nossa parceria é permanente, anterior mesmo à nossa vinda para esta Casa. V. Exª não nos deixa, em hipótese alguma, porque os projetos propostos por V. Exª e as suas relatorias permanecerão até o fim do nosso mandato. Além disso, todos os dias nas Comissões V. Exª será sempre citado, tendo em vista todo o seu trabalho em benefício da Pátria.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Acredito que, em São Paulo, na parceria da representação do Estado que nos mandou para cá, ainda nos encontraremos muitas vezes na Praça da Sé, na Praça do Correio, na Avenida São João e em tantos outros recantos históricos da nossa cidade. Que Deus o proteja! Não se esqueça de deixar o telefone sempre ligado para podermos consultá-lo nas horas difíceis de decisão!

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Romeu Ruma.

            Como os Srs. Senadores podem observar, o Senador Romeu Tuma é o irmão de Estado, o irmão de espírito e o irmão de alma. Continuaremos sempre assim, Senador, juntos, caminhando por esta vida.

            Muito obrigado.

            O Sr. Paulo Hartung (PSB - ES) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª, Senador Paulo Hartung.

            O Sr. Paulo Hartung (PSB - ES) - Senador Pedro Piva, quero aparteá-lo não só em meu nome mas em nome dos capixabas. Conheci V. Exª quando eu estava organizando a diretoria da área social do BNDES. V. Exª me ligou, num pleito extremamente justo - à época, o Banco já se inclinava a financiar projetos na área hospitalar e V. Exª estava lutando por um belo projeto de ampliação do Incor, operação posteriormente concluída. Cheguei ao Senado. E durante três anos tenho a oportunidade de conviver com V. Exª. Por isso falo em nome dos capixabas e em nome do Senador Gerson Camata, que me pediu que o cumprimentasse - creio que o Senador Ricardo Santos certamente usará da palavra. Senador Pedro Piva, conheci V. Exª discutindo a nova Lei das S.As.; lutando por uma outra política monetária no País; brigando pela construção de um outro modelo de política industrial que permitisse o País crescer, assim como a nossa indústria, a geração de emprego, de renda, de impostos. Conheci V. Exª lutando por uma política agressiva na área de exportação, sabendo o papel que elas têm no nosso balanço de pagamento, na nossa realidade, na nossa relação com o mundo. V. Exª não é um Senador paulista, é um Senador do Brasil, que pensa no País como um todo! Assim sendo, quero aparteá-lo como capixaba e como um Senador representante de um Estado que, quando dependeu de V. Exª - fato ocorrido recentemente - sempre obteve seu apoio. Faço este registro sobre o Parlamentar Pedro Piva, e, por último, farei uma observação que, creio, todo o Plenário gostaria de fazer sobre o amigo Pedro Piva, sobre a civilidade do convívio com V. Exª, do carinho e do entendimento que a divergência não distancia na democracia. Saiba V. Exª que sentiremos muito a falta do amigo Pedro Piva, que luta pelo Brasil e por São Paulo - o que é seu dever. Recentemente pude observar a atuação de V. Exª quando relatei o empréstimo solicitado pela Prefeitura de São Paulo, oportunidade que tive V. Exª “no meu calcanhar” o tempo inteiro. Senador Pedro Piva, vamos sentir muito a falta de V. Exª, um homem que tem a capacidade de visualizar este Brasil de carne e osso que, apesar das dificuldades, tenta obter um desenvolvimento com justiça social. Minha saudação carinhosa. Quero vê-lo novamente como Senador eleito e não como suplente, como disse o Senador Bernardo Cabral. V. Exª, durante seis anos, mostrou-nos que tem um papel a cumprir na luta política e democrática do nosso País. Um grande abraço do amigo Paulo Hartung e, fundamentalmente, dos capixabas.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Paulo Hartung. Destinei um trecho do meu discurso em homenagem à sua geração, quando me referi aos jovens que ocuparão este Plenário do Senado. Fico feliz com a citação de que não sou apenas um Senador por São Paulo. Esforcei-me aqui justamente para ser um Senador do meu País, como disse V. Exª.

            Obrigado, Senador Paulo Hartung.

            O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Senador Pedro Piva, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª com prazer, Senador José Sarney.

            O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Este meu aparte tem a suspeição de uma estreita e velha amizade. Mas quero deixar consignado em seu discurso que V. Exª sempre deixa um vazio nesta Casa quando se despede: pela sua figura humana, pela sua cordialidade, pelo prazer do seu convívio que a Casa toda tem desfrutado, pelo seu gosto pelo trabalho parlamentar - que todos aqui descobrimos -, pela defesa que sempre fez do seu Estado, pelo seu conhecimento dos problemas brasileiros e pela grande contribuição que tem dado aos trabalhos do Senado Federal. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Presidente.

            Quem tem que agradecer a V. Exª, Presidente, sou eu, porque, no breve período em que estive fora deste Parlamento, V. Exª - e não me esquecerei jamais - me distinguiu com a maior comenda deste Congresso, mesmo eu estando fora do Senado: a Ordem do Congresso Nacional.

            Muito obrigado pelo carinho, Presidente, muito obrigado pela sua amizade, muito obrigado pela sua inteligência que me ilumina nos momentos mais escuros.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL) - Senador Pedro Piva, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Renan Calheiros.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL) - Senador Pedro Piva, em nome da Bancada do PMDB e daqueles que aqui não puderam aparteá-lo, quero falar sobre o que V. Exª significa - e significou - como Senador e, sobretudo, como amigo de todos nós. Neste momento, somos obrigados a dar o melhor testemunho do que V. Exª acrescentou para esta Casa, para o País e para a representação política do Estado de São Paulo. Conte sempre com a amizade e, especialmente, com o respeito de seus amigos.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Renan Calheiros. Tivemos embates duros, algumas vezes, divergências, mas a divergência com honestidade e convicção une as pessoas; não as desune. Foi o caso de V. Exª. Tivemos algumas posições divergentes que nos uniram ainda mais pelo respeito mútuo que temos um pelo outro.

            Muito obrigado.

            O Sr. Valmir Amaral (PMDB - DF) - Permite-me V. Exª, um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Valmir Amaral.

            O Sr. Valmir Amaral (PMDB - DF) - Caro amigo, Senador Pedro Piva, V. Exª já está sendo aparteado por vários Senadores, mas eu gostaria de fazer o meu humilde aparte. V. Exª está saindo hoje, mas deixará um admirador, um amigo. Conte sempre comigo. Faço das palavras dos meus Pares as minhas palavras também. Boa sorte e sucesso em sua nova vida de empresário. Parabéns, Senador Pedro Piva.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Valmir Amaral. A minha vida, depois dessa breve passagem pelo Senado, muda um pouco. A vida do cidadão que entra nesta Casa, que convive com as pessoas com as quais convivi - e convivo - muda um pouco de perspectiva. Vou trabalhar mais - espero - pelo País do que, egoisticamente, para as empresas e como empresário.

            O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Senador Pedro Piva, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Gilberto Mestrinho.

            O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Nobre Senador Pedro Piva, V. Exª foi uma das primeiras lideranças com que convivi aqui no Senado. Desde então, passei a admirar o seu trabalho, a sua dedicação e a sua vontade de servir ao País. O trabalho nas Comissões, muitas vezes veemente, mas sempre cordial, demonstra que V. Exª não é apenas um Senador pelo Estado de São Paulo, como disse o Senador Paulo Hartung, V. Exª é um Senador da República brasileira. Assim, pela manifestação do Plenário e por essa demonstração de carinho e solidariedade, V. Exª pode avaliar o conceito e a admiração de que desfruta entre todos nós e o sentido de que, apesar de ausente, teremos sempre o sentimento de sua presença até o fim deste mandato. Se Deus quiser e a vontade do eleitorado de São Paulo também for esclarecida e consciente, V. Exª estará aqui no próximo mandato.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Agradeço, Senador Gilberto Mestrinho, as palavras de V. Exª. A solidariedade em seu coração é do tamanho do seu Estado do Amazonas, é muito grande.

            O Sr. Paulo Souto (PFL - BA) - Senador Pedro Piva, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Paulo Souto, meu amigo da Bahia.

            O Sr. Paulo Souto (PFL - BA) - Senador Pedro Piva, V. Exª foi aqui, durante todo este tempo, principalmente para mim que estou em meu primeiro mandato, um exemplo muito eloqüente de um Senador cumpridor dos seus deveres, de um amigo, de homem capaz de conviver com as divergências, enfim, de um democrata que, durante todo este período, deu grandes exemplos do bom exercício de seu mandato. Mas o que quero particularizar neste momento, rapidamente, é que, sendo V. Exª representante de um Estado rico e poderoso, que jamais deixou de defender com a maior veemência possível os interesses legítimos de seu Estado, sempre teve - e isto é importante - a compreensão de todos os problemas brasileiros, principalmente a compreensão daqueles outros Estados, sobretudo os das regiões, eu diria, mais pobres, daqueles Estados que procuram sempre um lugar ao sol na Federação. V. Exª sempre teve essa compreensão no exercício do mandato de Senador, sempre defendendo o seu Estado, brigando, como é dever de todos nós, pelo Estado de origem, mas tendo a compreensão exata, como um verdadeiro político, das necessidades de todas as Unidades da Federação. Esse é o grande exemplo, entre tantos outros, que V. Exª deixa nesta Casa. Por isso assistimos aqui, hoje, a essas manifestações que, tenho a absoluta convicção, são extremamente sinceras, de uma certa saudade que neste momento V. Exª nos deixa ao, temporariamente - temos todos esperança disso -, ausentar-se do nosso convívio aqui no Senado Federal.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Paulo Souto. V. Exª fala em Estados grandes e pequenos. Repito aqui Martin Luther King para dizer que o meu sonho não é que o meu Estado piore, que tenha menos riqueza ou que seja menos produtivo. O meu sonho é que todo o Brasil se transforme numa Federação de grandes e ricos Estados, de Norte a Sul.

            Muito obrigado pelas suas palavras, Senador Paulo Souto.

            O Sr. Luiz Otávio (Bloco/PPB - PA) - Senador Pedro Piva, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Luiz Otávio.

            O Sr. Luiz Otávio (Bloco/PPB - PA) - Senador Pedro Piva, em primeiro lugar, eu gostaria de, nesta oportunidade, deixar registrado aqui, em nome do povo paraense, a nossa admiração por V. Exª, sua família e pelo trabalho realizado dentro do Congresso Nacional como representante de São Paulo, o maior Estado de nosso País, e também como substituto de uma grande figura nacional, o Ministro José Serra. V. Exª orgulhou o povo paulista e representou, com muita altivez, o Ministro José Serra. Realmente, a Bancada de São Paulo, tendo à frente V. Exª, representa nesta Casa a maior quantidade de votos do País. V. Exª sempre foi o olho do Presidente Fernando Henrique nesta Casa, o olho que acompanhava e acompanha as votações, fazendo com que o Governo, quando necessário, tivesse informações precisas e imediatas. V. Exª, pelo canal aberto que tem com o Palácio do Planalto e como amigo pessoal do Presidente da República, sempre representou o Governo, em especial o Presidente Fernando Henrique, nesta Casa. Portanto, foi uma honra e uma satisfação imensa o convívio com V. Exª. V. Exª continua em nosso coração. Com certeza, no ano que vem, V. Exª estará retornando a esta Casa como Senador pelo Estado de São Paulo. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Agradeço a V. Exª, nobre Senador Luiz Otávio. Represento mais o meu Partido. Em diversas ocasiões, eu discordava de diretrizes do meu Partido e, por insistência do meu Líder de então, o Senador Sérgio Machado, era obrigado a votar com o Governo, mas contra as minhas convicções. Quem sabe se, nesse breve espaço de tempo em que ficarei fora, eu possa dar vazão àquilo que verdadeiramente penso sobre certos problemas. Muito obrigado pelo aparte.

            O Sr. Carlos Patrocínio (PTB - TO) - Senador Pedro Piva, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço o aparte de V. Exª, Senador Carlos Patrocínio.

            O Sr. Carlos Patrocínio (PTB - TO) - Eminente Senador Pedro Piva, congratulo-me com V. Exª pela rara felicidade com que V. Exª se desincumbiu de uma dificílima missão: representar o poderoso Estado de São Paulo e, sobretudo, substituir, aqui, nesta Casa, o grande Senador José Serra, até amanhã o nosso Ministro da Saúde. V. Exª soube conciliar a defesa do interesse do empresariado nacional, mas, principalmente, foi intransigente na defesa dos interesses maiores da Nação brasileira. V. Exª, eminente Senador, aliado a essas qualidades, tem uma capacidade muito grande de conquistar os seus companheiros. Convivi com V. Exª nesta Casa e fizemos aquela amizade que se faz nos bancos de escola e perdura eternamente. Portanto, desejo a V. Exª um breve regresso. Sei que São Paulo haverá de recolocá-lo aqui, porque V. Exª representa a aspiração do povo paulistano.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Carlos Patrocínio. V. Exª, representando um Estado novo, mas um dos que mais crescem neste País, certamente tem autoridade moral para dizer o que diz. Eu agradeço de coração suas palavras de amizade e de solidariedade.

            O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Com prazer, Senador Arlindo Porto.

            O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Senador Pedro Piva, existem várias formas de definir características de mineiro. Uma delas me veio, agora, à lembrança: a de que ser mineiro é ter simplicidade e pureza, coragem e bravura, fidalgia e elegância. Uso dessas expressões para traduzir meu sentimento em relação a V. Exª, um paulista que, de fato, tem grande relacionamento com Minas Gerais. Especialmente como amigo, como companheiro, quero traduzir meu sentimento de respeito e reconhecimento pelo seu trabalho, por sua presença constante nas Comissões e no plenário, pelo verdadeiro parlamentar que cumpre seu mandato com dignidade, altivez e determinação. Momentos difíceis nós vivemos, e V. Exª compartilhou de todos eles, mas o resultado, ao final, surgiu: a admiração e o respeito dos companheiros à lealdade que sempre demonstrou - e que naturalmente deve ter sido recíproca -, mas, principalmente, a vontade de fazer. A elegância, o comportamento de V. Exª, a sua fidalguia uniu todos neste momento, para fazermos não uma despedida, mas uma homenagem. A minha mensagem, a minha palavra é de homenagem ao Parlamentar que hoje deixa esta Casa. A homenagem é também do amigo, que reconhece sua dedicação, solidariedade e amizade. Que São Paulo possa reconhecer seu trabalho e que o Senado da República possa tê-lo de novo, em breve, para o bem de São Paulo e do Brasil. Felicidades, Senador Pedro Piva!

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Arlindo Porto, alguns companheiros me colocam como empresário, mas V. Exª sabe que a minha paixão está na terra. Quase toda semana me aconselho com V. Exª, para saber como está o nosso café, o nosso leite. E fico triste ao saber que o nosso leite é mais barato do que água, ao ver que o nosso café está com o preço mais baixo que já teve em toda a sua história. Homens como V. Exª, como o Senador Osmar Dias, que lutam pela agricultura - uma das bases deste País -, incentivaram-me a lutar pelo Brasil como um todo.

            Obrigado por suas palavras. Obrigado, meu amigo Arlindo Porto.

            O Sr. Osmar Dias (Bloco/PDT - PR) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Osmar Dias, ouço V. Exª.

            O Sr. Osmar Dias (Bloco/PDT - PR) - Senador Pedro Piva, foi uma grande honra para mim ter convivido, durante o mandato, com V. Exª. Chegamos praticamente juntos ao Senado, e durante esses seis anos em que V. Exª permaneceu aqui tivemos uma convivência de amigos. Muitas vezes, debatemos questões importantes de São Paulo e do Brasil. Quase sempre nos entendemos. Mas mesmo quando nos desentendemos, V. Exª mereceu meu respeito, porque há qualidades em V. Exª que ninguém pode negar, como a sinceridade, a seriedade. V. Exª tem convicção daquilo que defende, por isso representou São Paulo muito bem e foi um Senador do Brasil que todos nós passamos a admirar e a respeitar. V. Exª usou a humildade muitas vezes, mas nunca se afastou da sobriedade e da altivez, sobretudo, no desempenho do mandato, que, com certeza, o povo de São Paulo lhe concederá mais uma vez. Leve, por esse breve afastamento, o carinho de quem tem por V. Exª uma grande admiração. Não se esqueça de que V. Exª é um pouco Senador do Paraná. Sem dúvida, o Paraná tem respeito pela empresa de V. Exª e de seus sócios, pela forma como ela é conduzida. Senador Pedro Piva, leve o meu respeito, a minha admiração e o meu carinho.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Osmar Dias. O Paraná é uma extensão do Estado de São Paulo. Estamos irmanados não só pela divisa, mas também pela cidadania. Realmente, sou um pouco Senador do Paraná; tenho, inclusive, o título de cidadão do seu Estado. Somos irmãos de amizade e de Estado. Obrigado por suas palavras.

            O Sr. Álvaro Dias (Bloco/PDT - PR) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª, Senador Álvaro Dias.

            O Sr. Álvaro Dias (Bloco/PDT - PR) - Senador Pedro Piva, como se vê, o consenso que há nesta Casa ressalta uma de suas fundamentais qualidades de ser humano: a cordialidade. Eu o definiria como um homem cordial, que, com habilidade, respeito e muita sensibilidade política administra as discordâncias e consegue tornar-se amigo de todos, de companheiros e adversários. Um só poderia falar por todos nós e estaríamos economizando tempo, mas sei que cada um quer ter o prazer de manifestar a admiração que devota a V. Exª. Gostaria de dizer que o Brasil está mudando, e esta Casa está ajudando nessa mudança. A postura adotada nos últimos meses pelo Senado Federal, postura de afirmação ética, corresponde às expectativas da Nação. Podemos comemorar também sinais de mudança em outros segmentos da nacionalidade, sendo bom destacar o Ministério Público, o Poder Judiciário. Há um cenário de mudança real em nosso País, de mudança para melhor. Estamos sintonizados com os avanços que a sociedade está a exigir. Sem dúvida, a presença de V. Exª, neste momento, na vida pública nacional, passa a ser fundamental. Daí a nossa esperança de que essa despedida seja, realmente, por muito pouco tempo. É imprescindível a presença de V. Exª, de uma forma ou de outra, na vida pública do nosso País.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Álvaro Dias, os irmãos Dias são suspeitos, principalmente V. Exª, que me conhece há tanto tempo. Inauguramos juntos, quando V. Exª era Governador, a limpeza do rio Tabagi. Demos nova vida àquele rio, sob a sua orientação, sob a sua liderança e com a nossa participação. Quer dizer, somos partícipes e sócios nesse sonho de um Brasil melhor. Obrigado, Senador Álvaro Dias.

            O Sr. Moreira Mendes (PFL - RO) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Moreira Mendes, ouço V. Exª.

            O Sr. Moreira Mendes (PFL - RO) - Senador Pedro Piva, quando assumi o Senado em substituição ao Governador José Bianco, V. Exª foi um dos que guiaram os meus primeiros passos nesta Casa - e quero dizer que os guiaram bem. Aprendi muito. Mas essa é apenas uma das muitas razões que tenho para admirá-lo e respeitá-lo, além da sua conduta, sua postura, sua habilidade, sua integridade. Eu, como paulistano de nascimento e, hoje, rondoniense de coração, não posso deixar também de prestar uma homenagem a esse meu conterrâneo, que, durante o tempo em que esteve nesta Casa, soube tratar as coisas de interesse do Senado com muita habilidade, muita presteza e, sobretudo, muita determinação. Portanto, quero que V. Exª leve o registro modesto deste paulistano de nascimento que o admira muito e que se tem certeza de que temporariamente vai perder a sua companhia, sabe que certamente terá um amigo pela eternidade. Espero vê-lo em breve novamente aqui. Leve um grande abraço do povo do Estado de Rondônia.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Moreira Mendes. Em todos os meus discursos sobre o Estado de São Paulo sempre afirmei que São Paulo só é grande pelas pessoas que soube trazer de outros Estados e de outras nações.

            São Paulo é um exemplo de diversidade, é um amálgama de pessoas, de nações que o fizeram grande. V. Exª e todos os Estados que aqui estão representados, os paraibanos, os acreanos, enfim, os cidadãos de todo o Brasil fizeram o meu Estado grande.

            Por isso defendo tanto este Brasil, este País, igualmente com o meu Estado.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Casildo Maldaner, ouço V. Exª.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Pedro Piva, pedi o aparte para dizer que V. Exª não é só paranaense, não é só paulista, não é só pernambucano, V. Exª também é catarinense. E não apenas por ter o título de cidadão catarinense. Nós o queremos bem em Santa Catarina. V. Exª é alguém que está acima das questões partidárias, das questões ideológicas daqui ou de lá. V. Exª representa uma espécie de patrono, de buda, de bispo. É verdade!

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - V. Exª está acima das dissidências, é um contemporizador, é um aglutinador. V. Exª é um homem que nos inspira a vontade de lutar. Por isso, é uma marca para nós todos. Todo mundo quer bem a V. Exª, devido a sua cordialidade, ao seu jeito de lutar, a sua maneira de conquistar. Tenho certeza de que se os Senadores Geraldo Althoff e Jorge Bornhausen o aparteassem diriam a mesma coisa. Enfim, nós, catarinenses, admiramos muito V. Exª, assim como todos os brasileiros.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Casildo Maldaner. V. Exª tem razão. Sou catarinense de alma e estou plantado em Santa Catarina. Lá tenho raízes e continuarei tendo, seguindo os passos dos representantes legítimos desse Estado, como V. Exª.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Pedro Piva, concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Eduardo Suplicy, meu concidadão, tem V. Exª a palavra.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Gostaria de cumprimentá-lo e, também, registrar o respeito e a fidalguia com que sempre conduziu o seu mandato, sobretudo como Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, procurando agir com imparcialidade no que diz respeito ao debate das demandas consideradas importantes. Houve momentos em que divergimos, mas V. Exª sempre teve comigo um relacionamento de respeito, o que nos faz avaliar como muito importante a forma pela qual sempre tratou os Senadores da Oposição.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Eduardo Suplicy. Unem-nos, mais do que sermos do mesmo Estado, uma amizade e o respeito fraterno, desde os bancos escolares. Somos amigos há mais de quarenta anos. O respeito que tenho por V. Exª tenho também especialmente por sua família, pelo seu pai, a quem conheci, e que me distinguiu muitas vezes com sua amizade, pela sua mãe, suas irmãs e irmãos, dos quais tenho a honra de ser amigo - de todos eles. Obrigado por suas palavras, Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (PSB - SE) - Senador Pedro Piva, concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Antonio Carlos Valadares, ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (PSB - SE) - Senador Pedro Piva, pelos apartes, pronunciamentos e manifestações feitos nesta tarde em que V. Exª se despede momentaneamente - porque sempre estará presente em nossos corações -, verificamos um fato definitivamente raro em uma casa política: alguém, com muita habilidade, com muita competência, conseguiu gerar em torno de si as simpatias da unanimidade do Senado Federal. Não só pelo trabalho parlamentar edificante, que lhe dá o mérito para reivindicar junto ao eleitorado de São Paulo qualquer cargo eletivo. Quem sou eu para aconselhar V. Exª? V. Exª, um empresário bem sucedido, que granjeou o respeito de todos os paulistas e de todos os brasileiros em sua passagem pelo Senado Federal, tem todo o direito de se candidatar a um cargo eletivo. Tenho certeza de que V. Exª, candidatando-se ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados, estará na companhia de homens como o Deputado Delfim Netto, que veio da Câmara dos Deputados homenagear V. Exª, pela admiração por sua atuação política edificante e de sucesso. Portanto, minha palavra é de estímulo para que V. Exª continue na sua atividade empresarial, lutando pelo fortalecimento da empresa nacional, lutando para que os impostos brasileiros sejam reduzidos para um patamar acessível à empresa nacional, que assim poderá se desenvolver e oferecer mais empregos. Minha palavra é de incentivo para que V. Exª se candidate a um cargo eletivo e, com seu trabalho e sua voz junto ao Poder Legislativo, lute pelo fortalecimento de todo o Brasil.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Valadares. Peço-lhe que vá a São Paulo motivar todos os sergipanos, que amamos, para que seu vaticínio se torne uma realidade. Obrigado, Senador Valadares.

            O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senador Pedro Piva, V. Exª concede-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª, Senador José Agripino.

            O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senador Pedro Piva, alguns Senadores do PFL já se manifestaram, outros vão se manifestar, mas quero lhe levar - e quero que V. Exª entenda como tal - a palavra oficial do Partido que aqui lidero, o PFL, a palavra de apreço e de homenagem a um cidadão que deixará uma lacuna no Senado. O Senado, a partir de hoje, perderá - espero que por pouco tempo - um cidadão elegante. Não me refiro à elegância no aspecto físico, do cabelo sempre bem penteado,...

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Branco.

            O Sr. José Agripino (PFL - RN) - ...dos ternos bem cortados, mas à elegância da personalidade de V. Exª, que é a mais importante. Senador Pedro Piva, V. Exª pode estar certo de que, quando entrar neste plenário, em março, abril, maio, agosto, setembro, V. Exª será recebido aqui como se titular fosse, diferentemente de muitos que deixam esta Casa e que aqui são recebidos, muitas vezes até, com certa indiferença. Esse mérito é seu, pela elegância de sua personalidade, pela fidalguia de trato. Quando se procurava aqui no Senado uma pessoa que tivesse livre trânsito com todas as correntes e que se entendesse bem com todos os partidos, a pessoa era Pedro Piva, pela respeitabilidade e fidalguia do trato. Contra V. Exª ninguém diz nada. V. Exª é um homem reto, correto, probo. Mais do que isso, sou testemunha da elegância de sua personalidade, porque relatamos juntos a Lei das S.A., tarefa complicada, principalmente para mim, que não sou propriamente do ramo, como V. Exª. Fui testemunha do espírito público de V. Exª, quando, em muitos artigos e muitas emendas apresentadas, entre o interesse nacional, público, e o interesse de sua empresa, V. Exª fez a opção clara pelo interesse público, pelo interesse nacional. Eu precisava dar este testemunho para, em nome do meu Partido, dizer que não estamos nos despedindo de um cidadão correto e sério. Estamos desejosos de que o espaço de tempo da ausência de Pedro Piva seja curto e que V. Exª volte breve para cá.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador José Agripino, elegância é um título que não posso arrebatar de V. Exª. Todas as qualidades que V. Exª me atribui são, primeiramente, as suas qualidades. Estou mirando num espelho para buscar o reflexo da sua autoridade, da sua lhaneza, do seu espírito público, para que eu possa - e pude, acho - cumprir bem o meu mandato.

            Obrigado por suas palavras pessoais e pela palavra oficial de seu Partido, a que muito prezo. Obrigado.

            O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - V. Exª me permite um aparte, Senador Pedro Piva?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Senador Pedro Piva, antes de chegar a esta Casa, ouvia pelo rádio a palavra de V. Exª. No rádio, a expressão fica nítida, a objetividade fica bastante clara, e sua voz nos leva a conhecer a sua personalidade. Apressei-me em estar aqui.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador.

            O Sr. Francelino Pereira (PFL - MG) - Eu não poderia estar ausente em um momento como este. V. Exª não é apenas um Parlamentar, mas um amigo, que, dispondo de um vasto mundo na vida econômica, dispõe também de um coração imenso, com o qual acolhe seus companheiros de Casa. A política, como muito já se disse, é a mais nobre das atividades humanas, mas, no seu Estado, como em todos os Estados, a política, às vezes, é exercida não como uma atividade nobre, mas como uma arte marcial, uma arte de guerra, visto que o cidadão quer exercer a arte política, o mandato, imaginando como pressuposto a existência de um adversário do seu partido a ser derrotado e, se possível, até assassinado. V. Exª poderia seguir essa linha. Homens do mundo inteiro adotaram sempre a política como uma arte marcial, uma arte de guerra. Hitler e Mussolini faziam política como arte de guerra, e alguns paulistas também já exerceram a vida pública como uma arte guerreira. Isso ocorre em Minas também, como em todos os Estados. Entretanto, a quase totalidade dos brasileiros exercem a vida política como sendo uma atividade humana nobre, completa e fundamental para o aperfeiçoamento das instituições democráticas. Quero citar aqui um baiano: Gilberto Gil, que quis ser Vereador em Salvador, na Bahia - e o fez no pressuposto de que continuaria a sua vida como cantor e compositor, promovendo a paz entre baianos e brasileiros -, mas que, quando percebeu que a política não é apenas uma arte de promover a paz, fazendo-se mister um adversário a ser derrotado, deixou a política e voltou a ser um cidadão da paz no Brasil e no mundo. Esse é Gilberto Gil, nosso cantor e compositor. V. Exª é um paulista. Meu caro Senador, estou vindo do sul de Minas; estou vindo do sudoeste de Minas; estou vindo do Triângulo Mineiro; estou vindo de Poços de Caldas; estou vindo da fronteira paulista com a fronteira baiana, onde os dois Estados se ajustam e se acasalam, numa transformação de uma vida econômica significativa para o bem-estar da sociedade brasileira. V. Exª - quero falar com muita clareza - representa um traço de paz entre os dois grandes Estados que são Minas Gerais e São Paulo. Desejo felicidade para o amigo. Não se afaste desta Casa! De vez em quando venha aqui conversar, abraçar-nos, porque o abraço é fundamental para a vida humana e para a prosperidade da política no Brasil. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Francelino Pereira. As palavras de um homem como V. Exª, um dos decanos desta Casa, que passou por todos os cargos públicos - foi Deputado, Governador, Ministro; foi tudo -, incentivam-me e, sinceramente, engrandecem muito o fechamento deste meu período no Senado Federal. Virei aqui, sim, Senador, ouvir meus companheiros para aprender um pouco mais, a fim de que eu possa servir melhor ao meu País.

            Obrigado, Senador.

            O Sr. Ricardo Santos (Bloco/PSDB - ES) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Ricardo Santos (Bloco/PSDB - ES) - Meu caro Senador Pedro Piva, estou no Senado Federal há pouco mais de um ano e meio e tenho V. Exª como uma grande referência de equilíbrio, ponderação, experiência e diplomacia. As qualidades que V. Exª trouxe para esta Casa, para a Bancada do PSDB e a Comissão de Educação representam uma contribuição de excepcional importância. Confesso que, na Comissão de Educação, quando havia qualquer projeto de maior complexidade, envolvendo aspectos polêmicos, eu sempre me lembrava de V. Exª como a pessoa capaz de relatá-lo e de encontrar uma solução política para aquele problema. E, com muita satisfação, aprovamos na Comissão de Educação do Senado a Lei Pedro Piva, que vincula recursos da loteria para o Comitê Olímpico Brasileiro. Quero também agradecer em nome do povo capixaba as vezes em que V. Exª nos ajudou a resolver questões específicas que relacionavam interesses dos Estados do Espírito Santo e de São Paulo. Nesse sentido, têm razão todos os companheiros que me antecederam: V. Exª é um Senador eficiente de São Paulo, mas um Senador que nunca deixa de observar os interesses da Nação como um todo. Espero que esse ato seja muito breve e que V. Exª esteja de volta no próximo ano a esta Casa. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador. Meu Presidente, desempenhei bem minhas funções nos projetos em que V. Exª me designou para relatar porque, em primeiro lugar, havia companheiros excepcionais na Comissão de Educação e, em segundo lugar, porque aquela Comissão era dirigida por um grande Presidente como V. Exª. Muito obrigado pelas referências.

            A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª.

            A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - Senador Pedro Piva, faço grande esforço para manter a minha fama de má, de intolerante e de truculenta.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Faça isso.

            A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - No entanto, apesar de, do ponto de vista ideológico e de concepção de mundo, considerarmos a existência de um abismo que nos separa de algumas pessoas...

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Sempre há uma ponte.

            A Srª Heloísa Helena (Bloco/PT - AL) - Às vezes, a ponte não chega a ser montada, em razão do que é mostrado na segunda parte do debate, e, certamente, a arte da guerra acontecerá na segunda parte do pronunciamento. Tivemos momentos de discussão e debates muitas vezes ferozes, mas qualificados no campo das idéias, do conteúdo programático, das nossas visões de mundo. Mas eu não poderia deixar de dizer que, mesmo quando os debates foram aparentemente agressivos nas disputas ideológicas, V. Exª nunca teve os chamados temperos da civilidade, porque às vezes os temperos da civilidade - moderação, prudência - caem também no abismo do cinismo, do falso moralismo e da dissimulação. Tenho a obrigação de dizer que nunca percebi isso em V. Exª. Ao contrário, sempre percebi em V. Exª uma relação carinhosa e extremamente respeitosa no debate com os companheiros da Casa. Como eu dizia aos Senadores Tião Viana e Paulo Hartung, há um problema: não lhe posso desejar boa sorte. Já pensou! Não lhe posso desejar boa sorte eleitoralmente, porque este é um ano de grandes debates, com certeza. Mas é evidente que tenho a obrigação, pela relação que tenho com V. Exª na Casa, de dizer que ainda bem que os temperos da civilidade, do falso moralismo e do cinismo, que muitas vezes são considerados como fundamentais para o Parlamento, V. Exª não os tem. V. Exª tem, sim, uma relação absolutamente sincera. Os grandes debates estão na Comissão de Assuntos Econômicos, no plenário da Casa, e as divergências gigantescas, exacerbadas, são importantes para preservar o interesse público e qualificar o debate com a sociedade. Em nenhum momento, no entanto, senti-me agredida ou desrespeitada. Eu escutava o aparte do Senador Bernardo Cabral - não tive a oportunidade de escutar o aparte de todos os Senadores -, e S. Exª dizia da relação de carinho e de respeito que tem com V. Exª. Por mais que queiramos ter raiva, fica efetivamente difícil tê-la. Portanto, um beijo no coração. Não lhe posso desejar boa sorte, porque vamos estar brigando muito em um ano eleitoral como este.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senadora Heloísa Helena, com suas palavras, lembro-me de Clausewitz: “A paz a qualquer custo, mas se for a guerra, a guerra”. Vamos guerrear na boa trincheira e haveremos de guerrear sempre com uma ponte que possa ser restaurada a qualquer momento para unir esforços em benefício de nosso País, qualquer que seja a nossa ideologia, que é certamente em prol do futuro desta Nação.

            Muito obrigado.

            O Sr. Sérgio Machado (PMDB - CE) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Sérgio Machado (PMDB - CE) - Meu caro Senador Pedro Piva, tive a satisfação e o prazer de acompanhar a trajetória de V. Exª nesta Casa. V. Exª entrou nesta Casa como empresário e daqui sai como um político querido por todos, que promoveu grandes avanços com alta capacidade de negociação, com muita lealdade e com muito respeito por parte de todos os seus Pares. Na qualidade de seu Líder durante muito tempo, gostaria de dizer que sempre contei com V. Exª, com a sua lealdade, votando os projetos do Partido, muitas vezes até defendendo opinião contrária, mas pensando no interesse maior do País, do Partido. Como Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, V. Exª esteve sempre preocupado com os projetos voltados para a promoção do desenvolvimento do País, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, sem pensar apenas em São Paulo. Defendia o seu Estado com firmeza, mas nunca deixou de se preocupar com o Brasil. Aliás, V. Exª é um cidadão do Brasil, com passagem e sentimentos em diversos Estados, inclusive em meu Nordeste. Para nós foi uma convivência muito importante, Senador Pedro Piva, porque o convívio no Senado transformou-se em uma amizade pessoal bastante profunda. V. Exª deve continuar na política e dela não deve sair, pois aqui é a sua praia, uma vez que V. Exª se foi firmando a cada passo dado aqui no Senado. Política é para aqueles que têm paixão pelo que fazem e pelo que defendem. V. Exª está deixando temporariamente o Senado, mas a sua presença aqui foi e continuará sendo marcante. Tenho certeza de que São Paulo haverá de se orgulhar bastante do trabalho que V. Exª vai fazer pelo seu Estado e pelo Brasil. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Sérgio Machado. Nessa minha trajetória dentro do Partido tive a honra de ser seu Vice-Líder durante muitos anos, o que me trouxe grande experiência e ampliou os meus horizontes.

            O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço meu compadre, Senador Carlos Wilson, com prazer.

            O Sr. Carlos Wilson (PTB - PE) - Senador Pedro Piva, confesso a V. Exª que hoje é um dia em que não me sinto muito à vontade no Senado Federal. Não gostaria de estar participando de uma sessão de despedida de um companheiro do valor de V. Exª, mas faço isso na condição de amigo e de compadre e, principalmente, na condição de admirador de V. Exª, que foi atuante na defesa dos interesses do povo brasileiro aqui nesta Casa durante o seu mandato. E o reconhecimento está presente nos apartes recebidos hoje por V. Exª. É uma verdadeira consagração o que V. Exª recebe aqui nesta Casa. Deputados Federais da mais alta importância saíram da Câmara e para aqui se dirigiram, reconhecendo todo um trabalho destacado por todos que me antecederam. V. Exª, Senador Pedro Piva, na verdade, não é apenas um Senador de São Paulo, o que já seria uma honra para qualquer cidadão brasileiro. V. Exª é um Senador do Brasil, como já foi dito aqui por todos e resumido pela figura do brilhante Senador Bernardo Cabral. Esta Casa, que prima pela cordialidade, pela civilidade e, acima de tudo, pela construção das amizades, era tida, Senadora Heloísa Helena - V. Exª chegou aqui um pouco mais tarde do que nós, em 1998; nós chegamos a esta Casa em 1995 -, como o céu, a Casa da cordialidade. Dr. Tancredo Neves dizia que não conhecia o céu, mas que, se tivesse de conhecê-lo, com certeza não seria melhor do que o Senado Federal. Enfrentamos tudo que foi turbulência nesses seis anos nesta Casa: desaforos, desafetos, crises que nunca, na história do Senado, tivemos a má sorte de enfrentar. Mas temos que reconhecer que, em todos os momentos em que esta Casa estava em crise, em dificuldades, nos momentos em que os Senadores não se respeitavam, havia um Senador que, quando entrava pela porta dos fundos do plenário, sempre transmitia para todos nós esse sentimento de carinho, de cordialidade, de elegância. É por isso que hoje, ao deixar temporariamente o Senado Federal, V. Exª recebe essas homenagens. Senador Pedro Piva, como seu amigo e admirador, quero dizer que eu o aparteio, na tarde de hoje, com o constrangimento de saber que V. Exª sairá do Senado da República, mas com a certeza de que São Paulo e o Brasil reconhecem em V. Exª o grande Senador que foi nos seis anos em que representou o Estado de São Paulo em nossa Casa. Um grande abraço! Volte sempre para nos aconselhar, porque o conselho de V. Exª é sempre bem-vindo, porque parte de um homem de bom caráter. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Carlos Wilson, com palavras de emoção e de amizade, quero dizer que quem me ensinou o caminho da cordialidade, da afetuosidade e da amizade foi V. Exª, que tem também o respeito de toda esta Casa e o demonstra agora com esse aparte carinhoso e emocionado com que me distingue.

            Muito obrigado, Senador Carlos Wilson. Muito obrigado, meu amigo.

            O Sr. Geraldo Melo (Bloco/PSDB - RN) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte ao meu Líder, Senador Geraldo Melo.

            O Sr. Geraldo Melo (Bloco/PSDB - RN) - Meu caro amigo, Senador Pedro Piva, vou-lhe confessar que estou muito envaidecido nesta tarde, na condição de amigo de V. Exª e na de Líder da sua Bancada, por ouvir o que se está dizendo a seu respeito. São referências justas a alguém que soube manter aqui, na sua convivência conosco, uma trajetória de seriedade, de austeridade, de elegância, de companheirismo, de solidariedade, uma convivência amena de um homem sério e dedicado à apreciação dos problemas do País. E isso me faz, neste momento, além de subscrever as homenagens que lhe foram prestadas, agradecer publicamente, em nome do nosso Partido, a enorme contribuição que esse companheiro, o Senador Pedro Piva, deu ao PSDB, ao Senado Federal e ao País, durante os anos em que o Senado brasileiro contou com a sua participação e com o seu concurso. Pessoalmente, embora sabendo que V. Exª sai porque estaremos recebendo de volta nosso companheiro Senador José Serra, que conclui, uma das gestões mais brilhantes que o Ministério da Saúde do Brasil já viu, não posso deixar de encarar o dia de hoje com um sentimento de perda pela alegria que tenho todas as semanas em me encontrar com o companheiro Pedro Piva. Dá-me tranqüilidade saber que, nas dúvidas, nas incertezas, posso contar com a lealdade e a correção do conselho e da opinião desse meu amigo pessoal. É grande também meu sentimento de perda, como Líder, ao ver despedir-se o primeiro Vice-Líder da Bancada, que, nessa posição, recebeu todas as homenagens do PSDB. Abraço afetuosamente esse amigo tão querido e lhe agradeço, com emoção, a contribuição que dele recebi para o desempenho de minhas funções. Quero apenas concordar com aquilo que todos já disseram: o nosso Partido saberá, no momento próprio, fazer justiça a esse companheiro pela sua contribuição e pelo seu desempenho. Tenho certeza de que - talvez nossa colega Heloísa Helena não concorde -- o povo de São Paulo saberá fazer-lhe justiça.

            Receba um grande abraço com todo o meu afeto. Espero sua volta com muita alegria e muita fé.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Geraldo Melo. Ao agradecer a V. Exª gostaria de dizer-lhe que prefiro suas palavras às da Senadora Heloísa Helena.

            Senadora Heloísa Helena, S. Exª é meu Líder, e, como liderado, vou apoiá-lo in totum em seu pronunciamento. Peço-lhe, Senador Geraldo Melo, que envie ao Rio Grande do Norte e à Prefeita Edinólia Melo o abraço carinhoso de seu amigo Pedro Piva, pois lá fomos recebidos com muito carinho. Muito obrigado a ela, ao seu Estado e a V. Exª.

            O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - V. Exª permite-me um aparte, nobre Senador Pedro Piva?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Pois não, nobre Senador Roberto Saturnino.

            O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Senador Pedro Piva, a admiração por V. Exª é unânime nesta Casa. Quem assiste a esta sessão pela TV Senado há de ter a convicção absolutamente firmada de que a Casa lhe devota respeito por sua diligência, pois V. Exª foi incansável na defesa não apenas dos interesses do Estado de São Paulo, mas também dos interesses do Brasil, de modo geral, na defesa de nossa economia e de nossa indústria. A atuação de V. Exª na Comissão de Assuntos Econômicos é exemplar. Nós o respeitamos por todas essas razões, aliadas ao trato afável, característica natural de V. Exª. Tudo isso fez da figura do Senador Pedro Piva não só um ente querido, mas extremamente respeitado nesta Casa e no País, que acompanha a nossa vida política. Por tudo isso, eu quero parabenizá-lo e dizer-lhe do nosso descontentamento com a sua ausência nos próximos tempos, mas estamos certos também da recuperação dessa convivência em breve. A V. Exª, os meus cumprimentos e o meu grande abraço.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Saturnino.

            Quero apenas lembrar-lhe que a minha admiração por V. Exª é mais antiga do que a sua por mim. Talvez pela diferença de seis meses de nossa idade, eu aprendi a admirar V. Exª primeiro na sua gestão no BNDES e na Prefeitura do Rio de Janeiro.

            Eu tive o prazer, como minha última relatoria, de dar um parecer ao seu projeto, justamente aquele que está em meu discurso, que visa beneficiar, prioritariamente, pelo BNDES as empresas nacionais.

            Muito obrigado, Senador Roberto Saturnino.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Senador Pedro Piva, V. Exª permite-me um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço o Senador Pedro Simon, meu xará, com grande orgulho.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Senador Pedro Piva, não há dúvida de que hoje é um dia significativo na história do Parlamento. Estamos vivendo um daqueles dias das despedidas dos grandes líderes. Foi assim na despedida do Mário Covas; foi assim na despedida de Tancredo Neves; homens que se impuseram e ganharam o respeito do Parlamento. V. Exª é um caso particular. V. Exª é um empresário de renome, mas, mais do que isso, destaca-se pela sua atuação social, pela sua dedicação, pelo brilhante trabalho que faz, gratuitamente, no Instituto de Cardiologia, uma das mais importantes instituições hospitalares do Brasil. V. Exª foi escolhido para suplente para honrar e dignificar a chapa do Serra. V. Exª aceitou, mas não pretendia deixar as suas atividades, não fazia parte de suas expectativas vir para esta Casa, mas o destino assim quis. O Senador José Serra saiu para ser Ministro, V. Exª ocupou o lugar dele e saiu-se tão bem que muita gente torceu para que o Tasso ganhasse a convenção, pois, assim o Serra ficaria no Ministério e V. Exª continuaria aqui. V. Exª, embora suplente, agiu nesta Casa como titular dos mais positivos, pela sua atuação, pela sua atividade. V. Exª é homem de empresa, mas não agiu aqui como empresário, embora defendesse os legítimos interesses do empresariado nacional. Quando lutou pela reforma tributária, V. Exª dizia com todas as letras que ela devia justa e que não a defendia apenas para a sua classe, mas para o povo brasileiro, principalmente para os mais humildes, que são os que pagam mais. V. Exª tem uma personalidade digna de ser analisada, não apenas como membro desta Casa, mas como cidadão. V. Exª é um homem de bem, um homem puro, um homem de caráter, um homem que expressa bondade. V. Exª é acostumado a amar, a respeitar. V. Exª. não tem condições, nem que queira, de odiar, de protestar, de revoltar-se, pois na sua vida privada, na sua vida familiar e na sua vida pública é um homem de bem com a vida, porque está feliz e faz aquilo que acha que deve. Por isso não acredito no que disse um Senador, que V. Exª está se despedindo para voltar às suas empresas. Penso que V. Exª é candidato ao Senado. Tenho convicção, pelo que sinto e pelo que me dizem de São Paulo, que V. Exª é um grande candidato ao Senado. E terá a nossa simpatia, o nosso carinho e o nosso respeito para que volte ao Senado como titular, para honrar cada vez mais esta Casa e para nos dar a felicidade da sua convivência e a alegria de apreciar sua competência. Um abraço muito fraternal ao meu amigo Pedro Piva.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Pedro Simon. É difícil agradecer as palavras de V. Exª. Elas tocam fundo o meu coração. V. Exª fala em amor. É verdadeiro o amor que tenho por este País, pela ética, assim como o respeito que tenho pelas ações públicas corretas, dignas, da qual V. Exª, Senador Pedro Simon, é um exemplo.

            Obrigado pelo seu aparte. Estaremos sempre juntos, meu amigo!

            O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - Permite V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Artur da Távola (Bloco/PSDB - RJ) - Senador Pedro Piva, na sua despedida, tão emocionante tanto para V. Exª quanto para nós, V. Exª revoga uma máxima do Nelson Rodrigues, que ficara como uma verdade do Nelson Rodrigues: V. Exª está provando que toda unanimidade é lúcida, e é lúcida na medida em que V. Exª sai da Casa como uma unanimidade que decorre de um comportamento. Numa Casa parlamentar, creio eu, não há bobo. Uma casa parlamentar pode ter de tudo, mas não bobos. Quem chega aqui encontra alguma coisa, algum ponto de acuidade, de percepção do outro, de conhecimento da espécie humana, e quem convive aqui ainda aperfeiçoa essa capacidade de percepção do outro, esse verdadeiro milagre da comunhão, que é a percepção do próximo. Quando o próximo é sentido do modo pelo qual V. Exª é percebido pelos seus Pares, é porque há um fundamento, ou seja, não estamos aqui desfilando palavras de ocasião. Acompanhei Anísio Teixeira, certa vez, quando recebeu uma homenagem aos 60 anos, e ele me disse: “Tenho medo de que isso já seja o cumprimento daquela frase: ‘Morreu, podemos elogiá-lo’”. V. Exª revoga, portanto, Nelson Rodrigues, o que já é, literariamente, um alcance que V. Exª não esperava na vida política. Como será, Senador Pedro Piva, dentro de V. Exª, ter passado por essa experiência política? Foi uma lição notável para o empresariado brasileiro, que, com raríssimas exceções, tem muita dificuldade de compreensão da política. O empresário está acostumado a transformar em realidade, no momento seguinte, as suas decisões. Numa Casa política isso não ocorre. Numa Casa política, cada pessoa contribui com uma parte da realidade e tem que admitir, com humildade, que tal parte ajudou o todo. Mas o todo não tem dono. É também um lugar onde as pessoas aprendem a esperar. Nem todos os empresários estão acostumados a esperar, até porque se esperarem demais vão à garra. Aqui é uma Casa da paciência, onde os processos são demorados porque a democracia é demorada; aqui também é uma Casa onde os temperamentos onipotentes não encontram grande guarida, até porque a onipotência, além de ser má conselheira, não existe na classe política. Não existe aquele que, na classe política, tem mais, é mais, pode mais, faz mais do que os outros. Tudo aqui é dividido, como na sociedade lá fora. Mas alguns não compreendem essa realidade. Todo poder é dividido, até o poder dos monarcas era dividido. V. Exª viveu, como empresário, uma experiência política a meu ver notável: a de estar há cerca de sete anos no Senado Federal e ver, nesse período, o seu filho, eleito pelos próprios méritos, presidente da principal entidade empresarial brasileira e ter um comportamento de absoluta liberdade em relação a V. Exª, o que fala de V. Exª como pai, o que fala dele como filho, o de ter posições políticas, não diria doutrinárias, mas muitas vezes contrárias ao Governo - do qual V. Exª é parte, e das mais brilhantes. Fico a pensar como sai V. Exª daqui inoculado, não pelo aedes aegypti, mas pelo micróbio da política, que instila alguns venenos masoquistas - porque é preciso um certo grau de masoquismo para se fazer política - e ao mesmo tempo instila alguns outros elementos: idealismo, patriotismo, descoberta do País, humildade, compreensão pela razão alheia, equilíbrio das idéias. Noto que no Brasil de hoje já a classe empresarial está vindo para a política de maneira um pouco mais presente do que antes, o mesmo acontecendo com a classe operária, e tanto uma classe como outra tem fornecido excelentes quadros para a política brasileira. Digo isso porque o Parlamento e a política brasileira se renovam muito pouco. O grau da representação política é tão precário no Brasil e a repercussão da classe política é tão negativa na opinião pública -- não por culpa da maioria, sem dúvida -- que não há grandes estímulos para a vida política. É muito mais importante um empresário que venha para a luta política do que um que a faça por meio de lobby, que nem sempre é muito claro -- os lobbies abertos não têm importância --, assim como é mais importante para a classe política brasileira o operário que venha para a democracia representativa do que aquele que fique na forma exterior do lobby exclusivamente no grau da linha da agitação política, perfeitamente cabível no País. É viver o Parlamento, a sua contradição, as dificuldades das leis. É ver como é difícil caminhar um projeto e o quanto é complexo e precário o debate das idéias. A meu ver, V. Exª sai daqui pronto. Em sua maturidade de vida, V. Exª é hoje um quadro do qual o País já não pode abrir mão. Talvez o micróbio da política já nem anime tanto as suas vitórias empresariais. V. Exª vai encontrar uma forma de permanecer na vida pública, porque ela precisa de pessoas com o caráter e a inteligência de V. Exª. Senador Pedro Piva, sem perceber, talvez, V. Exª nos ensina muitos aspectos interessantes. Já foi falado aqui da cordialidade. Creio que V. Exª traz mais elementos além da cordialidade, traz a simpatia e um dado que é muito raro na política: a alegria. A política é uma atividade de homens tristes, as alegrias são pequenas, as competições são muito grandes, as decepções são enormes. Não há, talvez, tantos motivos para a alegria. Pode haver para a felicidade - e felicidade não é alegria - na realização da vocação pública. V. Exª nos trouxe essa alegria. Já falei à boca pequena - e quero dizer no plenário da Casa - que quando V. Exª assumiu, recebi um telefonema de um amigo comum, o ex-prefeito Israel Klabin, que me fez o seguinte pedido: está chegando aí o suplente do Senador José Serra, uma pessoa com quem tenho trabalhado, e quero lhe pedir uma gentileza: que V. Exª, que já está aí há algum tempo, ajude-o a se entrosar na Casa, busque favorecer o mais possível que ele seja apresentado às pessoas. E eu, com o maior prazer, dispus-me a fazer isso. Senador Pedro Piva, em três meses aqui, era V. Exª quem me introduzia na Casa muito melhor do que eu podia fazê-lo, exatamente fruto dessa alegria, desse seu ar permanentemente jovial de um homem sem culpas, aberto para a vida, de um homem que tem alegria de viver. Então, essa lição de alegria que V. Exª trouxe para todos nós, de leveza no trato, sem perda da profundidade nas análises, é algo que ficará conosco; é essa a imagem que sempre teremos de V. Exª. Não tome, portanto, as minhas palavras como de circunstância, de momento. Tome-as como de um modesto escritor, que também é político, que fica de longe, e às vezes de perto, a observar, sempre encantado, a espécie humana em todas as suas manifestações, espécie humana da qual V. Exª é um dos melhores exemplares. Volte logo e permaneça na vida pública, porque se V. Exª não quiser, ela quererá.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Artur da Távola.

            A resposta às suas considerações mereceriam todo um discurso. Como não tenho tempo de fazê-lo, Senador, quero dizer a esta Casa que sou apenas uma pequena parte daquilo que V. Exª me disse, e, especialmente, devo a V. Exª, que foi meu primeiro mentor. Fui aconselhado por um primo para procurar V. Exª, uma figura fantástica que muito poderia me orientar. Foi o que V. Exª fez. Levou-me a conviver mais com o Partido, fui membro e tesoureiro da Executiva do Partido, participei de todas as decisões aqui com a cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido.

            Obrigado, Senador.

            Desculpe-me, Sr. Presidente, mas falei pouco enquanto estive aqui por estar sempre nas Comissões.

            O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - V. Exª é merecedor das homenagens da Casa.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Jefferson Péres (Bloco/PDT - AM) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Jefferson Péres (Bloco/PDT - AM) - Senador Pedro Piva, tenho a desvantagem de ser um dos últimos aparteantes, pois esgotaram-se os adjetivos, seu perfil já foi traçado à exaustão pelos que me antecederam. Mas eu diria que quem melhor definiu V. Exª, a sua marca pessoal, quem melhor o fez neste Plenário foi o Senador José Agripino: a sua marca é a elegância. V. Exª é um homem elegante no sentido do que os franceses chamam de savoir faire, é um homem elegante na maneira de ser e de agir. V. Exª sabe fazer amigos. Mesmo nas discussões mais acaloradas - às quais V. Exª nunca se furtou - sempre foi firme e jamais conseguiu ser desagradável. Mas se esta é a sua marca, V. Exª também mostrou ser um bom Parlamentar, assíduo, participante, conseguiu ser um híbrido, porque é um empresário vitorioso, mas circula com a mesma desenvoltura, nesse mundo difícil e conturbado da política. V. Exª pertence ao Partido do Governo, o PSDB, como eu já pertenci; sempre fiel ao seu Partido, mas soube dissentir quando a decisão partidária feria suas convicções e muitas vezes se curvou...

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Exatamente.

            O Sr. Jefferson Péres (Bloco/PDT - AM) - Eu sei com que...

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Sacrifício.

            O Sr. Jefferson Péres (Bloco/PDT - AM) - Como isso o violentou, Senador Pedro Piva.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Exatamente.

            O Sr. Jefferson Péres (Bloco/PDT - AM) - De forma que, para ser breve, eu não estou fazendo um pronunciamento formal porque é um colega que se vai e eu tenho que fazer um registro. Não, Senador. Quero deixar aqui registrado mesmo, a minha profunda saudade, porque V. Exª não é somente um colega meu, é um daqueles poucos que eu considero veramente meu amigo. Eu, ao contrário da Senadora Heloísa Helena, não tenho o seu fervor partidário. Portanto, diferentemente dela, eu digo que sejam quais forem os candidatos ao Senado, por São Paulo, ainda que do meu Partido, eu não vencerei o meu coração, vou torcer por V. Exª.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Jefferson Péres.

            Lembro-me da primeira figura, quando aqui aportei. Estávamos juntos no Hotel Bonaparte. Jantamos juntos, eu, V. Exª e sua senhora, e travamos o primeiro conhecimento. A empatia foi instantânea.

            Não tenho palavras para agradecer sua manifestação. Muito obrigado, meu amigo Jefferson Péres.

            O Sr. Lindberg Cury (PFL - DF) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O SR. Lindberg Cury (PFL - DF) - Senador Pedro Piva, falar por derradeiro tem algumas desvantagens, mas tem algumas vantagens também. Uma delas é que nós assistimos a pronunciamentos fantásticos, que jamais tínhamos visto aqui nesta Casa, talvez pelo pouco tempo que aqui estou. Mas V. Exª veio de uma campanha vitoriosa em São Paulo ao lado do Senador José Serra. O Senador José Serra assumiu o Ministério e V. Exª o Senado. Eu acho que houve uma multiplicação de forças, e o beneficiado foi São Paulo que trouxe um dos mais dignos e um dos mais bem-sucedidos empresários daquela área. Não um empresário simplesmente na acepção da palavra, mas com a visão social daquele grande Estado. E V. Exª - ouvi por diversos que me antecederam - questionando a sua cidadania, é de Santa Catarina, de São Paulo, do Paraná, eu também quero questionar para o Distrito Federal, onde V. Exª dedicou uma boa parte do seu tempo neste Senado. Neste Senado que é uma Casa nobre, tão bem presidida pelo nosso Presidente Ramez Tebet, aberto, democrático, livre, sem compromissos com coisa alguma, com os poderes da nossa política, mas V. Exª fez parte desse contexto geral. Eu diria mais. Esta Casa disse com muita eloqüência, que V. Exª é um homem fidalgo, expressão que nós ouvimos aqui constantemente, repetidamente. Ouvimos falar também do seu caráter, da sua formação acadêmica, da sua carreira, um homem que começou praticamente do nada para ser vitorioso num dos maiores Estados do nosso País, disputando lado a lado com correntes empresariais diversificadas. Esse seu sucesso o trouxe ao Senado. Vou um pouco mais além. Parece que V. Exª leu por diversas vezes aquele livro do Dale Carnegie - Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas -, uma das obras literárias mais lidas do mundo. V. Exª conquistou o nosso Senado e os amigos que fez durante seu mandato. Associo-me à opinião dos demais Parlamentares. São Paulo, hoje, está tendo a oportunidade de acompanhar o seu trabalho. V. Exª está dando uma demonstração da sua capacidade e - acredito - deverá voltar em breve, porque, como se diz na Política, dever cumprido recomenda o novo mandato. Receba os meus cumprimentos e o meu abraço. Que o seu retorno seja breve!

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Lindberg Cury. Alguns dos senhores que aqui se encontram não eram nascidos por ocasião da inauguração de Brasília. Eu, porém, naquela oportunidade, tive a felicidade de estar aqui, onde passei boa parte de minha vida útil, uma vez que, com seis ou sete anos nesta Cidade, pelo menos dez por cento de minha vida foram passados na Capital. Tenho grande orgulho de aqui ter morado, servido e de ter como amigos os representantes dessa Cidade. Muito obrigado.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (PFL - BA) - Permite-me V. Exª um aparte, eminente Senador Pedro Piva?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço, com muita satisfação, o seu aparte, ilustre Senador Antonio Carlos Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Junior (PFL - BA) - Senador Pedro Piva, V. Exª, empresário de sucesso, veio a esta Casa dar sua contribuição de forma extremamente competente e positiva. V. Exª, pessoa de fino trato, é admirado por todos os seus colegas pela maneira que com eles se relaciona. Os Srs. Senadores já disseram tudo. Mas eu não poderia deixar de lhe dar o meu abraço e fazer votos que o seu retorno a esta Casa seja breve.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Junior. V. Exª sabe do apreço que tenho pela sua terra. Tenho ramificações lá. Amo a Bahia. Tanto a amo que acabo de passar o meu réveillon na Bahia. Com o término do meu mandato, quis passar o réveillon em uma terra alegre, feliz e de bons fluidos. E fui para sua terra. Os seus votos, certamente, são bem vindos e me darão boa sorte.

            O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Pois não, Senador Siqueira Campos.

            O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Senador Pedro Piva, desejo reiterar tudo o que já foi dito e destacar um ponto que considero por demais importante. Quero que a nação, Senador Pedro Piva, que assiste aos trabalhos do Senado Federal pela TV Senado saiba o que já é de conhecimento público: despede-se desta Casa o Senador que, dentre outros feitos, torna possível ao brasileiro, ao brasileiro que ama o desporto, ver, de uma vez por todas, consignados, por meio de projeto de autoria de S. Exª, recursos para o Comitê Olímpico Brasileiro, para o Comitê Paraolímpico Brasileiro destinados a projetos que incentivem a prática do desporto entre as crianças de rua e para projetos de recuperação de drogados. Foram muitos os seus trabalhos nesta Casa, mas, sem dúvida nenhuma, esse há que se destacar e marcar em cada brasileiro a passagem de V. Exª pelo Senado. Tive a honra de relatar o projeto em uma das comissões do Senado da República. Ele foi aprovado aqui, foi à Câmara dos Deputados e, rapidamente, voltou ao Senado. Já é lei, assinado pelo Presidente da República. Eu me recordo da alegria do Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro e dos paraolímpicos, esses que nos deram tantas medalhas. As medalhas que não obtivemos, exatamente por falta de apoio, nas últimas Olimpíadas, nós as conseguimos nas Paraolimpíadas. Os paraolímpicos estiveram aqui para homenagear V. Exª. Peço permissão a eles para ser eu o portador da homenagem que recebemos nós - eu, como Relator, mas principalmente V. Exª, autor de tão importante projeto, dentre outros que marcam e destacam a sua atuação. Portanto, leve deste humilde Parlamentar representante do novo Estado de Tocantins as recordações de um colega que muito o admira. Parabéns.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado. Pode estar certo, Senador Eduardo Siqueira Campos, que foi fundamental a sua relatoria para a finalização do projeto. Divido com V. Exª o orgulho, a honra e o prazer de ter dado aos atletas olímpicos a oportunidade de trazer mais medalhas ao nosso País. Obrigado pelas suas palavras.

            O Sr. Fernando Bezerra (PTB - RN) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Pois não, Excelência.

            O Sr. Fernando Bezerra (PTB - RN) - Senador Pedro Piva, meu amigo, meu companheiro de Senado e de lutas empresariais, tem razão o Senador Carlos Wilson quando diz que hoje talvez não seja um dia de grande alegria para esta Casa. Não que o Senador que amanhã estará aqui a substituí-lo não esteja à altura desta Casa. Trata-se de um homem brilhante e que também tem prestado relevantes serviços ao País. Mas, certamente, isso não nos impede de dizer que esta Casa, a partir de hoje, ficará mais pobre com a ausência de V. Exª. Tive a grande honra e o prazer de chegar aqui junto com V. Exª, ambos neófitos, aprendizes da política. Como V. Exª, eu também cheguei na condição de suplente de Senador. Juntos aprendemos a dar os primeiros passos nesta Casa, na tentativa de contribuirmos trazendo as nossas idéias para a construção de um País mais justo, que é o que todos sonhamos. Sei que os adjetivos foram esgotados e eu não terei muito a acrescentar. Marca-me muito a figura amena e elegante, qualidades aqui ressaltadas pelo Senador José Agripino. Admira-me a lealdade e, sobretudo, a firmeza com que defende suas idéias sem perder a fidalguia, a amenidade, a lhaneza. Se me permite, na condição de Presidente da Confederação Nacional da Indústria, em nome dos industriais brasileiros, saudá-lo. V. Exª fará muita falta a esta Casa. Todos os industriais brasileiros orgulham-se do trabalho que desempenhou no Senado Federal. Senador Pedro Piva, tive a alegria de substituí-lo na Presidência da Comissão de Assuntos Econômicos. Lembro-me muito bem de que, muito embora houvesse conflitos até mesmo de natureza pessoal, V. Exª sempre colocou os interesses do País acima de quaisquer outras questões. Na época em que discutíamos a Lei de Patentes, tive a oportunidade de ser relator de uma lei polêmica. Contei sempre com sua solidariedade e compreensão nesse trabalho que desenvolvíamos para o bem do Brasil. Tal qual todos os demais Senadores, tenho a convicção de que esta Casa precisa de V. Exª, Senador Pedro Piva, e de que São Paulo haverá de reconhecer que V. Exª representou seu Estado com grandeza, dignidade, competência, honestidade e inteligência no Senado Federal, o que resultou numa grande contribuição para o País. Como seu companheiro, quero saudá-lo. Envaidece-me muito ser seu amigo. Permita-me relembrar um comentário feito pelo Senador Carlos Wilson à época em que V. Exª oferecia jantares na sua casa como forma de nos encontrarmos. O Senador Carlos Wilson dizia o seguinte: “Fernando, vamos chegar um pouco mais tarde, porque o Pedro já terá tomado alguns vinhos e nos oferecerá os melhores depois” - faço essa citação apenas porque é uma alegre lembrança da nossa convivência, que muito me orgulha. Senador Pedro Piva, lamentarei sua ausência e reitero que me orgulho por ter convivido com V. Exª durante todos estes anos, testemunhando o trabalho correto que desempenhou como representante de São Paulo. Em nome dos industriais brasileiros, eu o saúdo e homenageio. Estou certo de que o seu Estado haverá de mandá-lo de volta para o Senado, onde é o seu lugar, para lutar por um Brasil melhor e mais justo, que é o sonho de todos nós.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Agradeço a V. Exª, Senador Fernando Bezerra, Presidente da CNI e representante de um pequeno e lindo Estado e que muito trabalha: o Rio Grande do Norte - também representado pelo Senador Geraldo Melo. Todos nós brasileiros, principalmente este seu amigo paulista, tudo faremos para que seu Estado melhore cada vez mais, a fim de que nos orgulhemos de ter um País com Estados unos, mais ricos e mais dignos.

            Muito obrigado, Senador Fernando Bezerra.

            O Sr. Juvêncio da Fonseca (PMDB - MS) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Juvêncio da Fonseca (PMDB - MS) - Senador Pedro Piva, há uma hora e meia, aguardo pacientemente a minha vez. Não poderia, de forma nenhuma, deixar de usar da palavra hoje, neste plenário, para manifestar a minha tristeza e a minha alegria. Alegro-me pela convivência que tive com V. Exª, por sua experiência e por todas aquelas qualidades decantadas aqui pelos meus Pares. Entristeço-me pois Mato Grosso do Sul perde um de seus maiores privilégios na República: tê-lo como quarto Senador daquele Estado. É uma tristeza vê-lo despedir-se hoje, porque a nossa Bancada estará desfalcada daqui para frente. Com toda a certeza, V. Exª estará sempre conosco em Mato Grosso do Sul onde estão seus empreendimentos, empreendimentos importantes para a vida de Mato Grosso do Sul, e sei que, além disso, V. Exª gosta de passar grandes momentos naquele Pantanal maravilhoso, cuja biodiversidade também é preservada pela iniciativa das empresas da sua família, o que muito nos honra. Fica aqui, portanto, o registro de nossa satisfação por termos convivido com V. Exª nesta Casa e por estarmos convivendo com V. Exª, no nosso Estado. Seja feliz.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador Juvêncio da Fonseca. Este quarto Senador de Mato Grosso do Sul continuará a sê-lo, mesmo porque estou no seu Estado - no nosso Estado - há mais de 40 anos. O que Deus me der a mais de vida estarei com V. Exª, defendendo o nosso Estado de Mato Grosso do Sul.

            Obrigado por suas palavras, Senador.

            O Sr. Antero Paes de Barros (Bloco/PSDB - MT) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - V. Exª tem a palavra.

            O Sr. Antero Paes de Barros (Bloco/PSDB - MT) - Senador Pedro Piva, eu gostaria de cumprimentá-lo. Sei que falando quase ao final não há como não ser repetitivo, mas algumas características marcam a personalidade de V. Exª, uma delas é exatamente a enorme capacidade de agregação, de busca do entendimento, de busca da unidade. V. Exª foi de fundamental importância para a Bancada do nosso Partido, numa curta interinidade na Liderança do PSDB. E V. Exª sabe por que estou dizendo isso: para que tivéssemos a unidade da nossa Bancada, do nosso Partido aqui no Senado da República. Como Senador do Estado de Mato Grosso, em cujo Município de Juara V. Exª também é morador, Município de maior produção de gado de corte do Brasil - é a maior população de gado de corte, por município, no Brasil. V. Exª também conhece o interior de Mato Grosso, antes até que pudéssemos ter conhecido aquela região.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Em função da sua idade.

            O Sr. Antero Paes de Barros (Bloco/PSDB - MT) - Gostaríamos de registrar o enorme agradecimento de Mato Grosso. Quero abraçá-lo com a certeza de que V. Exª voltará a esta Casa e de que transmito os meus agradecimentos, bem como os do Governador Dante de Oliveira e do Estado de Mato Grosso, porque antes de assumir a sua Cadeira no Senado V. Exª nos ajudou para que Mato Grosso tivesse acesso a um empréstimo junto à Itália, para a construção de 126 pontes de concreto no Estado. Registro aqui os nossos agradecimentos e a oportunidade de ter participado com V. Exª da Bancada. Tenho certeza que esta Casa é sua hoje e será sua amanhã.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Antero Paes de Barros. O que V. Exª disse é verdade. Orgulho-me de ser morador de Juara, porque lá aportei, em 1967, de barco, com malária, para abrir uma região nova, que eu tinha a esperança de ser um Brasil novo. Isso se realizou e tenho orgulho do meu Mato Grosso.

            Estarei na sua campanha. O que V. Exª disse hoje sobre mim vou dizer a respeito de V. Exª, do seu valor e do seu trabalho neste Senado em prol do nosso Estado.

            Muito obrigado, Senador Antero Paes de Barros.

            O Sr. José Coêlho (PFL - PE) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço o aparte do Senador José Coêlho.

            O Sr. José Coêlho (PFL - PE) - Senador Pedro Piva, o primeiro encontro que tivemos nesta Casa foi quando V. Exª nos solicitava para assinarmos um projeto de sua autoria relativo ao problema da utilização do ar. Não sou de guerra. Quem é de guerra é São Paulo, que tem a história da revolução constitucionalista de Armando de Sales Oliveira e de tantos constitucionalistas e brasileiros entusiasmados que construíram aquela terra. Nós, nordestinos, emprestamos a São Paulo a mão-de-obra. Atualmente, há três milhões de nordestinos agregados em sua economia. Mas eu não poderia deixar de dizer duas palavras, quando o dileto amigo deixa o Senado da República temporariamente. Digo que deixa pela manifestação que hoje houve desta Casa, que quase se transformou em uma universidade - todo mundo quis falar e levar a sua saudação pela convivência, afabilidade, amizade, tolerância e simplicidade com que o companheiro recebia a todos. E, para não deixar de dizer duas palavras, direi apenas que V. Exª sai daqui hoje com a alma cheia de esperança. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado.

            Repetirei aquilo que disse antes. São Paulo só é grande porque nordestinos, como V. Exª, fizeram da nossa terra o que ela é. Obrigado a seus concidadãos pela contribuição que dão ao nosso Estado.

            A Srª Marluce Pinto (PMDB - RR) - Senador Pedro Piva, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo um aparte à Senadora Marluce Pinto.

            A Srª Marluce Pinto (PMDB - RR) - Meu nobre Colega Senador, é um momento até de constrangimento para nós o afastamento provisório de V. Exª do Senado da República. Mas uma coisa poderemos dizer: durante todo este tempo que aqui convivemos com V. Exª, V. Exª sempre foi essa pessoa tranqüila, amigo de todos, conquistando, no dia-a-dia, a amizade e a confiança de seus Colegas. Então, é lamentável que V. Exª não possa dar continuidade a esse trabalho, muito embora saibamos que a saída provisória de V. Exª é para o retorno do titular da Pasta, que é o Senador José Serra, que também é uma pessoa brilhante. Mesmo assim, lamentamos sua saída. Quando digo saída provisória é porque tenho certeza de que os paulistanos reconhecerão o seu trabalho. Já conheciam, de muitos e muitos anos, o grande empresário e a grande cooperação que V. Exª tem dado, não só ao seu Estado, como a vários outros Estados da Federação brasileira. Eu e os mato-grossenses só lamentamos por V. Exª não ser morador também de Mato Grosso. Quem sabe se, num futuro muito próximo, eu também não tenha a honra de dizer que o nosso grande Senador, nosso grande amigo Pedro Piva, também é morador de Roraima.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Se Deus quiser.

            A Srª Marluce Pinto (PMDB - RR) - Aguardamos V. Exª lá. Também faça investimento no nosso Estado, que é promissor e precisa de homens como V. Exª para poder contribuir para o engrandecimento daquele Estado. Deixo aqui o meu abraço, a minha solidariedade e a satisfação de dizer que, embora reconheça em V. Exª um grande amigo, ainda me honra saber que é primo irmão de uma grande amiga minha - Teresa -, e V. Exª é sabedor. Um abraço e muitas felicidades.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senadora Marluce Pinto. Sentamos juntos, quase todos os dias e, nesse período, aprendi a admirá-la por sua postura, correção, simpatia e alta capacidade em dialogar e exercer seu mandato com brilho e dignidade nesta Casa. Muito obrigado por suas palavras. Irei ao seu Estado e, quem sabe, assentarei raízes. Muito obrigado.

            O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Pedro Piva?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Pois não, nobre Senador Roberto Requião.

            O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) - Senador Pedro Piva, sou o último a lhe apartear, ou talvez um dos últimos.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Foi de propósito.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Seguramente não é o último, Senador.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Temos o nosso gaúcho, lá da ponta do Brasil.

            O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) - Atrás do Paraná sempre vem o Rio Grande do Sul.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ou na frente.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Depende de onde se olha, Senador Pedro Piva.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Exatamente.

            O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) - Senador Pedro Piva, sua passagem pelo Congresso Nacional, pelo Senado da República, honrou o Estado que V. Exª representa, o Estado de São Paulo. O comportamento claro, crítico, cristalino deixou a imagem de um Senador competente e de um bom amigo. Talvez poucos Senadores possam dizer que, independente da cor dos Partidos, tenham deixado, no Senado da República, 80 companheiros, 80 simpatias, 80 avaliações tão positivas quanto a de V. Exª. A sua independência, a sua capacidade crítica, embora vinculada ao Partido do Governo, manifestou-se de forma extraordinariamente positiva por muitas vezes. O que eu poderia dizer nesta louvaminha da saudação, que pode parecer a um telespectador a tradicional “cerimônia do rasga-seda”, tão típica de corporações como o nosso Senado? Não sou afeito a estas coisas, mas quero dizer, Senador Pedro Piva, que, pelo seu desempenho, pela independência crítica das suas posições, eu gostaria de vê-lo de volta ao Senado trazido pelo merecido voto popular. Deixo meu testemunho à população de São Paulo: o Senador Pedro Piva, não sendo do meu Partido, seria um Senador que, pela observação do seu comportamento e da sua conduta, mereceria o meu voto, se paulista eu fosse e de São Paulo fosse o meu título de eleitor. Há pouco, perguntava-me a Senadora Heloísa Helena, mais ou menos in off: “Que tal, Requião, trocar o Serra pelo Piva e lançá-lo candidato à Presidência da República?” (Risos.) É uma idéia que deixo para o PSDB refletir no transcorrer desses próximos sessenta dias.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - (Risos.) Seria o “Plano C”, Senador.

            Mas agradeço a V. Exª, especialmente pelo voto. Sei como V. Exª é crítico, crítico das ações, crítico dos costumes e crítico da não-honestidade. Portanto, o voto de V. Exª para qualquer coisa, mesmo para síndico de prédio, honrar-me-ia muito. Obrigado, Senador Roberto Requião.

            O Sr. Nabor Júnior (PMDB - AC) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Nabor Júnior (PMDB - AC) - Senador Pedro Piva, tantos foram os Senadores que tiveram a honra de aparteá-lo no momento em que V. Exª anuncia o seu afastamento do Senado para que o titular do cargo, Senador José Serra, possa assumi-lo, que talvez fosse desnecessário eu fazer mais algumas considerações a respeito da sua personalidade e atuação durante esse tempo em que aqui foi representante do Estado de São Paulo. Eu gostaria apenas de ressaltar que, por tudo que ouvi e senti dos colegas, V. Exª sai desta Casa engrandecido. Receba meus cumprimentos por isso.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Nabor Júnior. Agradeço muito as suas palavras, assim como agradeço as de todos os outros companheiros, quase ao término desta sessão, e também ao Presidente pela paciência que está tendo comigo.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço com prazer o Senador Fogaça, meu amigo e conterrâneo do Rio Grande do Sul.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Senador Pedro Piva, estou cumprindo, em primeiro lugar, uma missão que me atribuí: homenageá-lo com modestas e simples palavras neste momento. Mas, acrescenta-se a esta missão pessoal uma missão partidária, atribuída pelo Presidente Nacional do PPS, Senador Roberto Freire, e também pelos representantes da nossa Bancada na Câmara dos Deputados. A Bancada do PPS da Câmara dos Deputados é a mais representativa e numerosa, neste momento, na Casa.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado.

            O Sr. José Fogaça (Bloco/PPS - RS) - Aqui estão em razão da homenagem que desejam fazer a V. Exª. Penso, Senador Pedro Piva, que há muitas lições que aprendemos na vida. Sei que V. Exª aprendeu com o Senado, sei que adquiriu experiência, conheceu o mundo da política, penetrou nesse universo que até então lhe era desconhecido. Mas V. Exª deixa esta Casa podendo dizer que não apenas aprendeu com o Senado, mas podendo dizer, ao final destes anos, que o Senado aprendeu com V. Exª. Porque V. Exª deu lições de humanidade, de dedicação à causa pública, de grandeza pessoal nos momentos mais cruciais, mais cruciantes, mais definitivos. V. Exª é um homem que tem tempo para tudo: tem tempo para se dedicar à causa da saúde. Quando fala do Incor, brilham seus olhos, fala com um entusiasmo juvenil; quando fala do Brasil, do seu futuro, das coisas nas quais acredita, fala com entusiasmo revigorante. E V. Exª, ademais de tudo, mostrou-se um político completo, porque é capaz de, num debate, numa Comissão, comandar sua Bancada para aprovar ou rejeitar uma matéria, exercendo a liderança. V. Exª mostrou-se competente, equilibrado, carregado de bom senso quando relatou projetos difíceis, intrincados, complexos. V. Exª teve uma atuação, no plenário, importante, influente. Na tribuna, nos espaços públicos, na sua base partidária, no seu Partido político, V. Exª revelou-se um político pleno, completo. Não quero usar a expressão de que “os últimos serão os primeiros”, porque todos estamos igualmente honrados em homenageá-lo, mas fiquei aqui até este momento, após quase duas horas de apartes e intervenções em homenagem a V. Exª, por considerar imprescindível fazê-lo. Eu também não teria cumprido inteiramente o meu mandato se aqui não estivesse para registrar a contribuição que V. Exª deu, tem dado e sei que ainda dará à vida pública deste País. Que V. Exª continue, persevere, porque o Brasil só tem a ganhar com isso, pois, tenho certeza, V. Exª o faz com amor, com dedicação à causa de todos os brasileiros. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Senador José Fogaça, pode estar certo de que não o abandonarei nunca, nem a V. Exª, nem ao nosso Rio Grande do Sul, pois sou de Guaíba, onde batalho em prol do desenvolvimento do seu Estado.

            V. Exª esqueceu que entre minhas alegrias estão a cultura e a arte. Estimulam-me os acordes de suas composições, que soam debaixo do meu apartamento, tocados por sua mulher. Esses acordes muito bem fazem à minha alma e estimulam-me para a batalha do dia seguinte.

            Obrigado por tudo, Senador José Fogaça!

            O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo um aparte ao Senador Iris Rezende.

            O Sr. Iris Rezende (PMDB - GO) - Sinto-me no dever, emocionado, de solicitar este aparte para manifestar, no momento em que deixa esta Casa, nossa admiração, nosso profundo respeito por V. Exª como cidadão e como Senador da República. V. Exª esteve presente nesta Casa duas vezes. A primeira passagem foi rápida; a segunda, porém, deu-nos a oportunidade de conhecer, com profundidade, sua formação cívica excepcional, sua têmpera. V. Exª é uma pessoa apta para o desempenho de missões em quase todas as áreas da atividade humana. V. Exª aqui chegou como um empresário respeitado pelo sucesso e pelo que na vida empresarial conseguiu realizar em benefício deste País, sobretudo no seu Estado, São Paulo, mas em pouco tempo mostrou ao Brasil que a sua competência não se limitava à vida empresarial, ia muito além; em pouco tempo conseguiu conquistar o respeito desta Casa, com o trato fino e com a seriedade que lhe é peculiar demonstrou que é realmente um homem sensível, voltado sobretudo para as questões sociais de nosso País. Antes o pensamento era de que seu conhecimento se limitava à área econômica, mas não, V. Exª demonstrou uma sensibilidade especial com as questões sociais do Brasil. Lamentamos profundamente a saída de V. Exª, o que é necessário para que o Senador José Serra reassuma a sua cadeira nesta Casa. Contudo, com toda a competência, com o todo o valor, do Senador José Serra, a ausência de V. Exª não deixará de constituir uma lacuna no Senado Federal. Tudo isto, credito, servirá de estímulo para que V. Exª não se distancie da vida pública, pelo contrário, sinta-se compelido a continuar, disputando ou não eleições, sempre presente nas discussões de interesses da Pátria. Nesses momentos, V. Exª será ouvido e convocado porque demonstrou que é imprescindível para o País em todas as discussões em que os interesses do Brasil estiverem em jogo. Muito obrigado por tudo que V. Exª representou durante esse tempo, pela amizade, companheirismo e luzes que sempre nos trouxe nos momentos até difíceis vividos pelo Senado Federal. Muito obrigado, Senador Pedro Piva.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador Iris Rezende. A terra das esmeraldas, Goiás, que foi um dia procurada por nós, paulistas, transformou-se em um grande Estado à mercê da atuação de homens como V. Exª, os Senadores Mauro Miranda e Maguito Vilela e outros tantos que deram a este a dimensão que hoje tem. Agradeço a V. Exª. Pode estar certo de que sempre estarei, em algum momento e lugar, junto com V. Exªs trabalhando pelo País. Muito obrigado.

            O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Sim, Senador Mauro Miranda.

            O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Pedro Piva, V. Exª observou agora a unanimidade, o reconhecimento desta Casa, praticamente todos os Senadores manifestando admiração e carinho por V. Exª. Também da nossa parte queremos agradecer a contribuição que V. Exª demonstrou por esta Casa com seu modo simples, cortês, informal, amigo, para com todos nós. Neste momento quero reconhecer também a atuação de V. Exª a favor de Goiás numa hora importante, de um empréstimo importante para que aquele Estado viabilizasse a melhoria das nossas estradas, e V. Exª foi o relator. Quero agradecer, essa contribuição, esse companheirismo, esse estar ao lado de nós todos. Esta Casa reconhece hoje, na sua unanimidade, o grande trabalho de V. Exª. E faço minhas as palavras do Senador Iris Rezende: continue na vida pública, continue ajudando o Brasil, que tanto precisa da sua inteligência, do seu companheirismo, e - como comentávamos - do seu modo de ser caipira, de ser do interior, de ser amigo de todos nós. Muito obrigado, Senador Pedro Piva, pelo seu trabalho, pela sua contribuição ao Congresso Nacional e ao nosso convívio.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Mauro Miranda. Quero lembrar apenas um aspecto da nossa amizade: quando sempre cruzamos pelo corredor V. Exª dizia, em tom de brincadeira: “A benção”. Ao encerrar este meu mandato, peço-lhe: a benção, meu irmão, Mauro Miranda.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Sim, Senador Maguito Vilela.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Senador Pedro Piva, quero apenas endossar o que já disseram os Senadores Iris Rezende, Mauro Miranda e todos desta Casa. V. Exª realmente é um grande Senador, um grande amigo, um homem de visão, preocupado com os problemas sociais do Brasil e fará muita falta nesta Casa. Que Deus ilumine seu caminho lá fora. A convivência com V. Exª nesta Casa foi extraordinária. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Maguito Vilela.

            Todo o Estado de Goiás acaba de se manifestar. Sinto-me muito orgulhoso e motivado a trabalhar por esse Estado e pelo conjunto de todos os Estados brasileiros deste País.

            Muito obrigado, Senador Maguito Vilela. Guardarei as palavras de V. Exas com muito carinho e com muita emoção.

            O Sr. Lúcio Alcântara (Bloco/PSDB - CE) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo um aparte a V. Exª.

            O Sr. Lúcio Alcântara (Bloco/PSDB - CE) - Se eu não conhecesse V. Exª, estaria desconfiado de que há alguma discriminação em relação ao Ceará.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Não, muito pelo contrário, V. Exª o sabe.

            O Sr. Lúcio Alcântara (Bloco/PSDB - CE) - Nobre Senador, como tive que me retirar para uma audiência, deleguei ao Senador Geraldo Melo, que ao falar, fizesse-o também em meu nome. S. Exª, infelizmente, esqueceu, o que terminou-me dando a chance de agora dizer a V. Exª o quanto lamentamos sua ausência do Senado. O paulista já tem uma importância própria decorrente da pujança daquele Estado. V. Exª é um bem sucedido empresário, que tem dirigido com muito talento suas empresas que progridem e que crescem, no entanto, é uma das pessoas mais simples, mais acessíveis, mais afáveis e de convívio ameno. Enfim, V. Exª é uma unanimidade aqui no Senado. Não tive oportunidade de assistir todos os apartes, mas vou subscrever tudo que foi dito aqui como palavras também minhas - a Senadora Heloísa Helena também aqui já foi invocada em uma inconfidência do Senador Roberto Requião - de sorte que isso se transforme em uma manifestação unânime da Casa, porque V. Exª conquistou isso. Senador Pedro Piva, V. Exª é um amigo e companheiro. Trabalhou muito nesta Casa, sendo um Senador operoso, não só na defesa intransigente dos interesses de São Paulo, mas estando sempre disponível para colaborar com todos, inclusive na superação de incidentes que ocorreram ao longo desses anos. V. Exª sempre deu sua contribuição nesse sentido. Lamento muito não ter mais esse convívio diário com V. Exª, mas certamente a nossa amizade vai perdurar. Uma das coisas boas que me ocorreram no Senado foi tê-lo conhecido e convivido de perto com V. Exª.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado Senador Lúcio Alcântara. Quero dizer da minha honra em tê-lo como meu sucessor na Presidência da Comissão de Assuntos Econômicos. V. Exª engrandece a galeria de Presidentes.

            Quanto ao nosso convívio diário, Senador Lúcio Alcântara, irei ao Ceará para sua posse como Governador. Então, nos veremos amiúde, porque vou desfrutar de mais um degrau que alcançará o Ceará no seu desenvolvimento.

            Muito obrigado.

            O Sr. Sebastião Rocha (Bloco/PDT - AP) - Senador Pedro Piva, V. Exª me concede também um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Concedo a palavra ao último aparteante, Senador Sebastião Rocha.

            O Sr. Sebastião Rocha (Bloco/PDT - AP) - Senador Pedro Piva, esta é uma Casa plural, eclética. V. Exª, sem dúvida nenhuma, trouxe uma grande ênfase à questão da pluralidade do Senado Federal, tendo, como representante de um segmento, conseguido escrever uma página muito importante na sua biografia. E, mais do que isso, V. Exª dignificou o Senado com a sua postura ética de correção, de compromisso com a Nação brasileira, mostrando que este também é um País plural. Diante disso, embora possamos ter divergências quanto a maneira de se construir um Brasil melhor, todos estamos empenhados nesse objetivo. E V. Exª, sem dúvida nenhuma, foi aqui um digno representante do seu Estado, preservando a visão programática do seu Partido, as suas convicções de cidadão e de empresário, representante do setor empresarial. Sobretudo, o que prevaleceu nestes momentos de convivência com V. Exª foram a sua afetividade, sua competência, além do relacionamento de amizade desenvolvido por V. Exª neste Senado Federal. Então, estão de parabéns tanto V. Exª como o povo de São Paulo, e, por isso, quero que receba um abraço do Senador Sebastião Rocha e de todo o Estado do Amapá.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Sebastião Rocha. O longínquo Amapá faz parte do Brasil. Fazendo parte do Brasil, faz parte de mim mesmo. Obrigado pela sua manifestação. Estaremos sempre juntos.

            O Sr. Ademir Andrade (PSB - PA) - Senador Pedro Piva, concede-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Sr. Presidente, o que faço?

            O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - V. Exª é o dono da sessão. Ela é toda voltada para V. Exª - pode acreditar -, por mérito.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Ouço o Senador Ademir Andrade.

            O Sr. Ademir Andrade (PSB - PA) - Senador Pedro Piva, eu não poderia ser o único desta Casa a não tecer elogios a V. Exª. Além de tudo o que foi dito, afirmo que V. Exª é extremamente simpático, afável, de bom trato, extremamente civilizado, um político da forma como precisamos sejam os políticos hoje. Enfim, também por ter sido um suplente que se tornou um Senador de fato, V. Exª tem muito valor e, por isso, desejo tudo de bom em sua vida privada e espero seu retorno à vida pública. V. Exª é competente, tem capacidade, e o Parlamento brasileiro precisa de homens inteligentes e dedicados como V. Exª.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador Ademir Andrade. Que bom que o Pará, lá em cima no mapa do Brasil, quase o último Estado brasileiro, encerra esta sessão, imerecida, mas que me dá um conforto muito grande nesta minha despedida.

            Sr. Presidente, deixarei de ler o restante do discurso, mas gostaria de ler apenas mais dois parágrafos para me despedir, se V. Exª me desse licença para terminar.

            Vou dizer apenas que sinto um orgulho enorme de ter participado deste Senado, ocupando esta cadeira onde se assentaram o Presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-Presidentes Campos Salles, Prudente de Moraes, Rodrigues Alves e Washington Luiz, além de Mário Covas, Franco Montoro e Auro de Moura Andrade. Agora esta cadeira será ocupada, mais uma vez, pelo Ministro José Serra, a quem desejo que essas figuras ilustres da história do Brasil sirvam de inspiração.

            E quero que o inspirem também as palavras de outro grande filósofo, Baruch Spinoza:

            O objetivo supremo do Estado não é dominar os homens nem contê-los pelo medo, é, isso sim, livrar cada um deles do medo, permitindo-lhes viver e agir em plena segurança e sem prejuízo para si ou seu vizinho. O objetivo do Estado, repito, não é transformar seres racionais em feras e máquinas. É fazer com que seus corpos e suas mentes funcionem em segurança. É levar os homens a viver segundo uma razão livre e exercitá-la; para que não desperdicem suas forças com o ódio, a raiva e a perfídia, nem atuem uns com os outros de maneira injusta. Assim, o objetivo do Estado é, realmente, a liberdade.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reafirmo meus agradecimentos a todos os senhores pela acolhida que tive de V. Exªs. Não posso esquecer os demais funcionários desta Casa, que mais se assemelha a uma pequena cidade. Aos seguranças, porteiros, copeiras, ascensoristas, funcionários da Mesa e Comissões, a todos os diversos servidores - que infelizmente não conheço pelo nome - o meu “muito obrigado” sincero e do fundo do coração! Sem vocês, esta Casa não funcionaria.

            Guardarei na memória, com especial carinho, a atenção de todos os colaboradores do meu gabinete, os quais, mesmo não estando no centro do debate, acabam participando ativamente de nossa vida política, pois colocam o serviço da sua tendência. Se agissem assim todos, o nosso País andaria mais leve e com mais rapidez.

            Guardarei a lembrança também dos jornalistas que convivem diariamente conosco. Agradeço-lhes a colaboração e o trabalho.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, funcionários da Casa, aqui em Brasília, em São Paulo, no interior, no mais longínquo Estado deste imenso País, todos temos de continuar trabalhando pelo Brasil. Política e cidadania fazem-se no dia-a-dia, sem trégua. Tendências políticas perdem a importância quando o objetivo é construir um País mais justo e feliz.

            Deixarei esta Casa com a satisfação de ter feito aqui o possível por São Paulo e pelo Brasil, mas continuarei nesta tarefa por todos os dias da minha vida, onde estiver.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. Obrigado especialmente a V. Exª no dia de hoje, pela paciência e pela colaboração com este seu humilde liderado.

            O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet) - Senador Pedro Piva, se a Presidência tivesse de resumir a unanimidade dos depoimentos, eu os reduziria a termo da seguinte forma: Senador Pedro Piva, homem de caráter retilíneo, homem público probo, Senador atuante, representando São Paulo, sempre defendeu os interesses do Brasil. E digo mais: se o Senado Federal tivesse a estatueta da amizade para ser entregue a um Senador, vi hoje que, à unanimidade, ela seria entregue a V. Exª, que simboliza aqui o sentimento da amizade que une toda esta Casa. Seja feliz.

            O SR. PEDRO PIVA (Bloco/PSDB - SP) - Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo14/19/246:14



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/02/2002 - Página 353