Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo ao governo federal para recuperação das rodovias brasileiras, em especial as do Estado de Goiás.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Apelo ao governo federal para recuperação das rodovias brasileiras, em especial as do Estado de Goiás.
Publicação
Publicação no DSF de 27/02/2002 - Página 915
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (DNER), SOLUÇÃO, GRAVIDADE, PROBLEMA, RODOVIA, BRASIL, ESTADO DE GOIAS (GO), PREJUIZO, POPULAÇÃO, PRODUTOR RURAL, AUMENTO, CUSTO, FRETE, REGISTRO, DADOS, CONSELHO NACIONAL DE TRANSPORTES (CNT).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a ocupar a tribuna desta Casa para fazer um novo apelo ao Presidente da República, ao Ministro dos Transportes, ao Diretor do DNIT, antigo DNER, enfim a todos os responsáveis pelo setor de transportes, para que algo urgente e prático seja feito em benefício das nossas rodovias federais. Não é mais possível conviver com estradas abandonadas, esburacadas e intransitáveis! O quadro é caótico e merece atenção especial do Governo, sob pena de perdermos o pouco que ainda resta de esperança em dias melhores para o País.

            Um apelo dessa natureza ganha em veemência quando vem respaldado por dezenas de moradores de municípios do meu Estado, representantes de categorias importantes da sociedade, como os produtores rurais, caminhoneiros e líderes empresariais. O péssimo estado das estradas não representa apenas uma derrota do Governo Federal, mas sim uma derrota coletiva; um duro golpe na auto-estima da sociedade civil organizada, que mais uma vez se vê obrigada a cobrar do Poder Público uma solução emergencial para o problema.

            Agora, se houver algum tipo de restrição à pessoa do Senador Mauro Miranda, talvez ocasionada por divergências políticas, que pelo menos seja respeitado o sofrimento dessas pessoas, contrariadas pelos danos provocados em seus veículos de passeio e de carga; decepcionadas com a cobrança de impostos que não proporciona progresso e desenvolvimento; abaladas com o crescente índice de vítimas fatais em virtude da péssima conservação das estradas. Como se vê, esses cidadãos têm todos os motivos para abordar um Senador da República e repetir inúmeras vezes a mesma frase: “Não agüentamos mais! Faça alguma coisa por nós!”.

            Os agricultores de Goiás, por exemplo, estão sofrendo na pele os danos causados pela péssima conservação das estradas federais. Os gastos com o frete elevaram o preço da saca de soja de 1 real e 20 centavos para 2 reais e 20 centavos, um acréscimo de quase cem por cento. O custo do transporte, dessa forma, pulou de 18 reais por tonelada para 32 reais por tonelada, em uma distância aproximada de 250 quilômetros. E não adianta mandar a conta do prejuízo para “São Pedro”, em função das constantes chuvas, porque nenhum trabalho preventivo foi realizado pelo órgãos competentes, mesmo com os inúmeros alertas feitos desta mesma Tribuna antes do início do período chuvoso.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, somente em Goiás existem cinco trechos críticos nas BRs 364, 060, 158, 153 e 452. Fica praticamente impossível dizer qual deles está em pior situação. Para se ter um nível de comparação, o desleixo para com essas rodovias é muito semelhante à realidade da BRs 101 e 116, exibida em janeiro pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. Com um agravante: em nenhuma das rodovias federais que cortam o Estado de Goiás existe qualquer trecho privatizado!

            A Confederação Nacional do Transporte já havia nos apontado em 2001 que 70% das nossas estradas federais, algo em torno de 31 mil quilômetros, foram classificadas como deficientes, ruins ou péssimas. Apenas 30% das rodovias receberam avaliação de boa a ótima, no geral. Índices que, particularmente, considero ridículos e inaceitáveis em função de o nosso País depender quase que exclusivamente das rodovias. É por elas que trafegam 62% das nossas cargas e 96% dos passageiros.

            Falo com conhecimento de causa por ser engenheiro e ter protagonizado uma verdadeira revolução nas estradas goianas. Primeiro, à frente do Departamento de Estradas e Rodagens de Goiás, comandando a pavimentação de aproximadamente 5 mil quilômetros de estradas; segundo, com o empenho parlamentar direto para a duplicação das BRs 153 e 060, as duas rodovias mais importantes do Estado e com fundamental importância econômica para o País; terceiro, com a destinação de recursos federais para a manutenção de outras BRs, como a 070, 414 e 158, além da liberação de verba do Bird, no valor de US$ 17 milhões, para a restauração da BR-452. E, por falar em Bird, o atual Governo de Goiás recebeu o meu apoio para contrair empréstimo de US$ 65 milhões para o início de um programa de recuperação da malha viária estadual.

            Em função dessa minha forte ligação com o setor de transportes, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fica fácil entender que ocupo esta Tribuna para solidarizar-me com a revolta e indignação, não apenas de milhares de goianos, mas de milhões de brasileiros, com a situação das rodovias.

            A sociedade cobra uma posição firme do Governo Federal. Não há mais como empurrar com a barriga um problema de tamanha gravidade e de interesse nacional!

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


            Modelo15/17/246:49



Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/02/2002 - Página 915