Discurso durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Posicionamento do PMDB em apresentar candidato próprio à Presidência da República, ratificado na convenção extraordinária do partido realizada no último domingo, em São Paulo.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Posicionamento do PMDB em apresentar candidato próprio à Presidência da República, ratificado na convenção extraordinária do partido realizada no último domingo, em São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2002 - Página 1749
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REALIZAÇÃO, CONVENÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, no último domingo, dia 03, em São Paulo, com a presença de lideranças políticas nacionais, dentre as quais o Governador Itamar Franco, os Senadores Pedro Simon, Iris Rezende, Maguito Vilela, Casildo Maldaner, Roberto Requião, o ex-Ministro Raul Jugmann, além do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Paes de Andrade, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro realizou uma Convenção Extraordinária ratificando as prévias partidárias de 17 de março próximo. Elas consagrarão a tese que, há muito tempo, já conquistou os corações e as mentes das bases peemedebistas: a candidatura própria à Presidência da República.

            Quem anda pelo Brasil, conversando com os companheiros Prefeitos, Vereadores e outros militantes que garantem a capilaridade de nossa democracia interna, conhece a sinceridade, a seriedade e a extrema popularidade desse pleito.

            Com milhares de diretórios municipais, somos o partido mais bem implantado do País e não nos conformamos com o papel secundário desempenhado pelo PMDB nas coligações nacionais de governo nos últimos oito anos.

            O partido que liderou a luta contra a ditadura militar, que possibilitou a transição democrática; o partido que foi e continua sendo o fiel da balança nas votações parlamentares de mudanças cruciais para o futuro do Brasil; este nosso partido precisa reassumir seu protagonismo histórico no momento em que a sociedade brasileira clama por novos rumos, novos horizontes de esperança conseqüente, por novas e eficazes alternativas ao desemprego, à insegurança, à excessiva carga tributária, ao sufoco financeiro da microempresa, à extrema desigualdade que ainda mantém 55 milhões de concidadãos nossos abaixo da linha de pobreza absoluta.

            Sr. Presidente, o partido de Ulysses Guimarães, de Itamar Franco, de Pedro Simon e de tantos outros nomes que marcaram e ainda marcam presença construtiva, patriótica e honrada na vida do Brasil contemporâneo, este partido - repito - não aceita mais ser coadjuvante de projetos de poder que não permitem ao PMDB colocar em prática suas próprias idéias e propostas.

            Queremos disputar a Presidência da República para ter a oportunidade de impulsionar essas transformações políticas, econômicas e sociais.

            Por isso, a convenção extraordinária de São Paulo foi um grande sucesso. O PMDB se engrandece, o PMDB rejuvenesce, o PMDB ressurge sempre que, rompendo as amarras de pequenas conveniências, resolve ouvir sua militância e caminhar com o povo.

            Creio mesmo que o abalo causado em todos os partidos e candidaturas pela recente decisão do TSE, de exigir correspondência absoluta entre as coalizões nacionais e estaduais no pleito deste ano, acabará fortalecendo a posição adotada naquela memorável convenção de São Paulo.

            Aliás, os grupos interessados em manipular, na undécima hora, as regras do jogo eleitoral para facilitar postulações de escasso apelo popular deveriam mostrar-se mais atentos às lições da história. A reengenharia eleitoral casuística, no passado recente, produziu conseqüências inesperadas absolutamente indesejadas pelos donos do poder.

            Foi assim em novembro de 1981, quando o Chefe da Casa Civil do Governo Figueiredo, Leitão de Abreu, comemorou a aprovação por uma maioria parlamentar obediente, do pacote estabelecendo o voto vinculado de alto a baixo nas eleições do ano seguinte. Com aquele pacote, os aprendizes de feiticeiro do regime autoritário contavam garantir esmagadora vitória para o PDS, herdeiro da Arena, no retorno da eleição direta para governador em 1982.

            Para felicidade da democracia brasileira, deu tudo errado. A vinculação do voto de cima a baixo transformou-se em triunfo para o PMDB nos maiores centros urbanos, ampliando a presença do nosso partido na Câmara, no Senado, nas Assembléias Legislativas e conduzindo ao poder, em seus respectivos Estados, velhos batalhadores das liberdades democráticas: Franco Montoro, em São Paulo; Tancredo Neves, em Minas Gerais; Iris Rezende, em Goiás; José Richa, no Paraná - sem esquecer a vitória de Leonel Brizola e de seu PDT no Rio de Janeiro.

            Daí em diante, os dias da ditadura estavam contados. A união dos Governadores peemedebistas acelerou o tempo da redemocratização. Vieram as Diretas Já e a aclamação de Tancredo no Colégio Eleitoral.

            Sem dúvida, a lembrança desses momentos vibrantes e gloriosos contagiou e uniu as várias gerações de peemedebistas na convenção extraordinária do último domingo em São Paulo.

            Fiel ao seu passado e confiante no futuro, o PMDB - tenho certeza - marchará rumo à candidatura própria, reconstruindo uma opção democrática popular e soberana tão longamente sonhada pela população brasileira.

            Muito obrigado.


            Modelo112/2/2410:34



Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2002 - Página 1749