A SRª MARLUCE PINTO (PMDB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, demais membros da Mesa, senhoras e senhores convidados, ilustríssimas senhoras escolhidas para receber o Diploma da Mulher Cidadã Bertha Lutz, foi muito difícil a escolha porque eram muitas as mulheres que, assim como as cinco aqui hoje homenageadas, também teriam o direito a esse diploma.

            Antes de falar na minha querida amiga Luiza Erundina, também quero abordar o tema, já que a nobre Senadora Emilia Fernandes falou a respeito das primeiras duas mulheres eleitas pelo povo para o Senado da República.

            Sabemos que o Senado da República foi instalado nos idos de 1891 e, apenas em 1990, o povo brasileiro reconheceu que a mulher também tinha o direito de estar aqui. Já que foi falado pela minha Colega, não poderia deixar de honrar o meu querido Estado. Roraima é o menor Estado da Federação em população e faz fronteira com a Venezuela e a Guiana, a antiga Guiana Inglesa. Nos idos de 1990, homens e mulheres dos Estados de Minas Gerais e Roraima premiaram as mulheres brasileiras porque acreditaram nelas e, graças a isso, talvez, hoje somos cinco. Ainda somos poucas. Poderíamos ser bem mais.

            Desejo prestar uma homenagem não a uma mulher, mas a um homem que, quando chegou ao Senado da República, não nos deixou órfãs. Falo do nosso querido e saudoso Senador Nelson Carneiro (palmas), que sempre teve, no seu dia-a-dia, uma preocupação muito grande com os direitos da mulher, principalmente com a conquista dos direitos da família. Por isso, todas nós mulheres - não importa a idade, jovem ou de terceira idade - devemos a ele esta homenagem.

            Eu não poderia também deixar de ressaltar que a primeira mulher a ocupar um cargo de Ministra no Supremo Tribunal Federal, a gaúcha Ellen Northfleet, só teve esse privilégio em 14 de dezembro de 2000.

            Lembro-me, igualmente às cinco homenageadas de hoje, da nossa querida Rachel de Queiroz. Quem de nós não tem orgulho de Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, o que ocorreu no dia 4 de novembro de 1977?

            Gostaríamos de falar de muitas mulheres, mas é impossível. Mas sei que as cinco hoje homenageadas representam muito bem o papel da mulher brasileira.

            Neste momento, quero falar de uma mulher que considero uma heroína, a Deputada Federal Luiza Erundina, aqui presente, uma das homenageadas, a quem, com muita honra, tenho o prazer de entregar o diploma. (Palmas.)

            Luiza Erundina dispensa apresentações. Em virtude do que determina esta ocasião, coube a mim - e confesso, com muita honra e com muito orgulho - dizer algumas palavras sobre essa extraordinária mulher nordestina, migrante e ex-Prefeita da maior metrópole brasileira e uma das quatro maiores cidades do mundo.

            Luiza Erundina é sinônimo de força, de equilíbrio, de luta, de trabalho, de perseverança e todos os demais qualificativos que exaltam e conferem dignidade ao ser humano.

            Hoje, ao conferirmos este Diploma à Luiza Erundina, o fazemos dois anos após a revista IstoÉ Gente colocá-la em destaque como uma das 100 mulheres do século na área política, ao lado da própria Bertha Lutz, que dá nome ao diploma, como também ao lado de Indira Gandhi, Margareth Tatcher, Hillary Clinton e Evita Perón.

            Professora no sertão da Paraíba, de lá saiu Erundina nos idos de 1971 e foi para São Paulo, onde continuou ministrando aulas. Prestou concurso público e foi nomeada Assistente Social da Prefeitura.

            Em 1979, eleita presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo, foi convidada para fundar o Partido dos Trabalhadores.

            Elegeu-se vereadora em 1982 e, em 1986, veio para a Câmara Federal.

            Em 16 de novembro de 1996, contrariando todos os prognósticos do meio político, o Brasil foi informado de que a cidade de São Paulo, pela primeira vez em sua história, elegeu uma mulher para dirigir os destinos dos seus quase 10 milhões de habitantes. Luiza Erundina recebeu exatos um milhão, quinhentos e trinta e quatro mil e quinhentos e quarenta e sete votos.

            Com esse currículo, essa força e perseverança incansáveis, Luiza Erundina ainda consegue nos surpreender quando, indagada de onde retira tanta coragem, nos responde com sua simplicidade gigante: “De minha condição de educadora. Isso imprime uma marca própria naquilo que eu faço.”

            Com honra e muito orgulho, convido minha amiga Luiza Erundina para receber esse diploma, que já lhe pertencia há muito tempo.

            Não é fácil, minha amiga, sair do Nordeste, atravessar toda essa fronteira brasileira, chegar a São Paulo e, no meio da riqueza dos paulistanos, disputar entre tantos a administração daquela metrópole.

            Mas foi você, Erundina, que o povo reconheceu, foi você a primeira mulher a ser Prefeita da cidade de São Paulo. (Palmas.)

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