O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores,: Acaba de ser lançado uma espécie de “mapa da preservação” da Amazônia. Trata-se da publicação Biodiversidade na Amazônia Brasileira, coordenado por diversas entidades ambientais, como o Instituto Socioambiental, o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia, o Grupo de Trabalho Amazônico e outras instituições.

            Esse mapa da biodiversidade era mais que necessário. Para se ter uma idéia, na década de 70 do século passado, havia apenas um único mapa que orientava a exploração econômica da região. Era o mapa das províncias minerais, do Projeto Radam Brasil.

            Apesar de todos os avanços feitos em torno da necessidade de preservação da Amazônia, não se sabia exatamente o que preservar e onde se localizavam os sítios mais importantes do ponto de vista da biodiversidade.

            Pensando nisso, seis organizações não-governamentais realizaram um seminário em Macapá, em 1999. Nesse seminário, duas centenas de especialistas analisaram cartas temáticas, localizaram as áreas prioritárias e verificaram quais já estão sob algum tipo de proteção.

            Da discussão, foram apontadas 385 áreas prioritárias de biodiversidade na Amazônia. Áreas que merecem, mais que outras, uma maior atenção. Por incrível que pareça, apenas 8,5% da área da Amazônia estão sob algum tipo de resguardo. É verdade que, muitas vezes, essa proteção é apenas teórica. A sorte é que as áreas indígenas ocupam, pelo menos, 21% da região. Isso significa que, de um modo ou de outro, essas áreas estão a salvo da exploração predatória. Por outro lado, muitas dessas áreas se encontram também como áreas de proteção sob a tutela do Ibama.

            Como uma das conclusões, o documento recomenda a criação de 80 novas unidades de conservação, um acréscimo significativo de 117% sobre as terras protegidas hoje.

            Com essa mapa da biodiversidade, começa a ser superado o desconhecimento sobre a região. Pelos mapas traçados, pode-se identificar a verdadeira natureza da vegetação. Não é verdade, por exemplo, que toda a Amazônia seja composta de floresta tropical densa. Há consideráveis porções de savanas (cerrado), de matas de campinas, campos, etc.

            Pelos mapas é possível visualizar, também, as áreas que foram alteradas pela ação humana, o que dá uma idéia aproximada do grau de comprometimento da floresta.

            Significativa é a seleção das áreas prioritárias de biodiversidade, ou seja, aquelas regiões sobre as quais os poderes públicos e as organizações governamentais devem se debruçar para proteger, para dirigir pesquisas, enfim, para usufruir dessa riqueza de maneira inteligente. Pois, para além das riquezas mais visíveis (madeira, minerais, terras para cultivo), ali se escondem os tesouros mais preciosos da vida e que poderão, uma vez realmente conhecidos, serem transformados numa infinidade de produtos e serviços destinados a atender toda a humanidade: medicamentos, tecnologias limpas, etc. Principalmente depois do avanço das pesquisas do genoma, são infinitas as possibilidades de pesquisas a serem realizadas ali.

            Importante ressaltar que “preservação” não se pode confundir, nunca, com “intocabilidade”. Com a publicação Biodiversidade na Amazônia Brasileira, poderemos fazer as escolhas mais adequadas de intervenção nessas áreas prioritárias.

            Parabéns aos idealizadores e realizadores desse projeto extraordinário. Espero que nós legisladores possamos tirar grandes proveitos dessa informação especializada.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.

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