Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONTRADITA AO DISCURSO DO SENADOR LAURO CAMPOS E AO APARTE FEITO PELO SENADOR PEDRO SIMON. (COMO LIDER)

Autor
Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA NACIONAL.:
  • CONTRADITA AO DISCURSO DO SENADOR LAURO CAMPOS E AO APARTE FEITO PELO SENADOR PEDRO SIMON. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2002 - Página 2908
Assunto
Outros > POLITICA NACIONAL.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, LAURO CAMPOS, PEDRO SIMON, SENADOR, ASSUNTO, POLITICA NACIONAL, DENUNCIA, AUSENCIA, COMPROVAÇÃO, TENTATIVA, OBSTACULO, CRESCIMENTO, APOIO, OPINIÃO PUBLICA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (Bloco/PSDB - RJ. Como Líder, para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu não pretendia usar da palavra, pois penso que já falei demais esta semana, e não devemos pecar por excesso. Mas o recente discurso do nobre Senador Lauro Campos e, sobretudo, o aparte do nobre Senador Pedro Simon obrigam o Líder do Governo a uma palavra. Assistimos a cerca de meia hora de implacáveis massacres. Recordou-me um livro do importante escritor italiano Umberto Eco, por certo do conhecimento de ambos os Senadores, chamado Apocalípticos e Integrados. Nesse livro, Umberto Eco faz uma análise, no campo da comunicação, daqueles que têm uma visão apocalíptica da comunicação, como se ela viesse para destruir o mundo; e aqueles outros, os integrados, que embora possam ter uma atitude crítica, acreditam que, participando do processo, são capazes de melhorá-lo.

O discurso do Senador Lauro Campos e o aparte do Senador Pedro Simon, cujo Partido, neste momento, consagra uma aliança com o Governo que S. Exª ataca dessa forma, são discursos apocalípticos. Quem ouve o Senador Lauro Campos supõe que o Brasil está incendiado, tomado, como disse S. Exª, por uma máfia; que a sociedade brasileira se caracteriza pela máfia, que não tem governo, que está tudo terrível; que vamos sair daqui hoje e, amanhã, estaremos vendo hordas de miseráveis a caminhar pelas ruas, e o País entrando na desgraça, na miséria total.

O Senador Pedro Simon envereda pelo caminho das insinuações. S. Exª operou sobre todas as insinuações que estão publicadas aqui e ali, sem nenhuma comprovação, nada. Prefere a palavra. Ao mesmo tempo em que o Senador Lauro Campos atacava tanto os banqueiros, até com razão - não diria total, mas com razão -, o Senador Pedro Simon trazia a palavra de um banqueiro como comprovação de seus argumentos, um banqueiro que não medrou no Governo Fernando Henrique, não vicejou, não cresceu, não se expandiu, embora se lhe tenha dado a oportunidade de um Ministério.

Então, não posso, como Líder, deixar de ter uma palavra de alusão respeitosa a essas manifestações, porém mostrando o caráter apocalíptico, mostrando como se montam, por meio de meias verdades, estruturas lógicas que parecem redundar em incertezas.

Uma das tragédias da vida política, quando se faz oposição, é juntar um conjunto de meias verdades e, por intermédio delas, ou melhor dito, um conjunto de aspectos que são verossimilhantes, isto é, semelhantes à verdade, que têm a aparência da verdade, mas que não são a verdade, e, mediante as verossimilhanças, se fazer uma conclusão lógica como se verdade fosse.

Ora, a história do teatro nasceu da verossimilhança, com a idéia de que, com a semelhança da verdade, o dramaturgo pode apontar ao ser humano as suas falhas, os seus defeitos. Então, hoje, assistimos a um desfile de verossimilhanças - da melhor qualidade humana, cultural, sem dúvida, pois ambos os Senadores são pessoas da mais alta qualidade, mas verossimilhanças - para atacar o Governo gratuitamente. “Estamos numa sexta-feira de manhã, o Senado está tranqüilo, então, vamos atacar violentamente”, porque os ataques foram muito violentos. O Senador Lauro Campos foi extremamente contundente, assim como o Senador Pedro Simon. De repente, todas essas teses que vicejam dentro da maledicência política passam a ganhar, amparadas pela cultura e pelo conhecimento dos dois Senadores, o peso da opinião deles, que é respeitável.

Então, essa matéria não pode ficar sem uma contradita. O terrível da insinuação é que se toma a insinuação por verdade. O discurso do Senador Sarney há dias, foi carregado de insinuações. Só. Houve algum fato concreto? Nada, nenhum, em nenhum momento. Mas não quero voltar a esse assunto, pois já tive oportunidade de fazê-lo. Agora, a insinuação tem uma força corrosiva terrível na vida. Os espíritos malévolos adotam a insinuação porque acham que o ser humano é um ser carregado só de crueldade, de maldade, de perfídia, então, a insinuação cresce, dissemina-se e acaba virando, muitas vezes, a verossimilhança, que termina por, não digo convencer as pessoas, porque quem as convence é o tempo - só o tempo convence as pessoas, não é a contemporaneidade, não são as nossas opiniões, tudo isso passa -, mas tudo isso cresce de repente. Então, estamos na fase das insinuações e das verossimilhanças. E tudo isso só tem uma tradução, que é inteiramente alheia a tudo isso, pertence ao povo brasileiro: é o crescimento...

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti) - Senador Artur da Távola, a Mesa, lamentavelmente, adverte V. Exª de que já ultrapassou o tempo, e, em homenagem aos inscritos, inclusive ao Senador Gerson Camata, que já tinha sido convocado, solicita que V. Exª conclua o discurso.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (Bloco/PSDB - RJ) - Vou concluir, Sr. Presidente.

V. Exª, inclusive, interrompeu a minha conclusão realmente. Agradeço ao Senador Gerson Camata, mais uma vez, a gentileza.

Tudo isso tem uma tradução: o crescimento do índice de aprovação do Governo Fernando Henrique, expresso também na aprovação gradativa que, à medida que o povo brasileiro conhece o candidato do PSDB, vai dando a Sua Excelência. Aí está a causa de tudo, essa causa leva pessoas da mais alta seriedade a operar sobre insinuações, sobre verossimilhanças, em nome da verdade.

Senador Gerson Camata, peço escusas por havê-lo interrompido.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2002 - Página 2908