Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

LEITURA DE CARTA RECEBIDA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA COM CONTESTAÇÕES AO DISCURSO PROFERIDO PELO SENADOR JOSE SARNEY NA ULTIMA QUARTA-FEIRA. (COMO LIDER)

Autor
Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • LEITURA DE CARTA RECEBIDA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA COM CONTESTAÇÕES AO DISCURSO PROFERIDO PELO SENADOR JOSE SARNEY NA ULTIMA QUARTA-FEIRA. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2002 - Página 3055
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, CARTA, AUTORIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, DISCURSO, ORADOR, CONTESTAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, JOSE SARNEY, SENADOR, ACUSAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, RECEBIMENTO, DOAÇÃO, ANDRADE VIEIRA, EX SENADOR, CAMPANHA ELEITORAL.
  • LEITURA, CARTA, AUTORIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, INFLUENCIA, ADMINISTRAÇÃO, COMPANHIA SIDERURGICA PAULISTA (COSIPA).

            O SR. ARTUR DA TÁVOLA (Bloco/PSDB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República envia a esta Casa, por meu intermédio, uma carta, que passo a ler:

Estimado Senador Artur da Távola,

envio-lhe esta carta, com certo atraso, para felicitá-lo pela resposta que deu ao discurso do Senador Sarney sobre os acontecimentos recentes.

Como eu estava no exterior, em visita ao Chile, só recentemente pude ver o vídeo que registra seu discurso. Admirável pela compostura, calma e argumentação irretorquível ao mostrar absoluta isenção do Governo nos episódios que antecederam a investigação na empresa Lunus, no seu desenvolvimento e nas ações posteriores.

Gostei também da correção com a qual foi tratado o Senador Sarney, não só como pai magoado, escritor, imaginoso e admirado, homem hoje preocupado com a democracia. Graças a Deus, por esforço nosso e prática de toda a vida de muitos de nós, a democracia está enraizada no Brasil e não sofrerá abalos fora da imaginação.

Sem qualquer ânimo polêmico com o Senador Sarney, com quem tenho mantido relações cordiais e, de minha parte, de amizade, mas para o registro nos Anais dessa Casa, preciso prestar-lhe alguns esclarecimentos.

Ao início de seu discurso, o Senador Sarney diz: “Não é novidade que as campanhas políticas são feitas de doações. O Senador Antonio Carlos conta como testemunha, sobre a memória de seu grande filho, Luís Eduardo Magalhães, que viu, em 1994, o Senador Andrade Vieira entregar 5 milhões, hoje, atualizados, 10 milhões como contribuição à pré-campanha do Presidente Fernando Henrique, com a presença do candidato”.

Tenho a certeza de que, vivo estivesse, Luís Eduardo, veraz como era, avivaria a memória do pai, pois nem ele, Luís Eduardo, que então se atinha aos aspectos políticos da campanha, nem seu pai, que à época, Governador da Bahia, mantinha relações cerimoniosas comigo, participaram de encontros relativos à obtenção de recursos para a campanha.

O ex-Senador Andrade Vieira (este sim, ativo participante da minha campanha, a quem devo ter-se decidido francamente por minha candidatura, mas que tampouco participou do comitê financeiro) negou os episódios referidos pelo ex-Senador da Bahia (anexo envio reprodução de sua entrevista).

Em duas entrevistas (anexas) do ex-Senador Antonio Carlos Magalhães, há informações contraditórias. Numa, alude a caixa dois. Na outra, a Mário Kertész, diz: “Não posso garantir que entrou no caixa dois. Assisti ele declarar etc.”

Outro ponto que desejo reparar diz respeito à Cosipa. A carta que pedi ao então Presidente Sarney e que ele, com correção, me enviou decorreu de uma infâmia. Um importante político de São Paulo dissera, à época, aos jornais ter ouvido do Presidente haver sido eu beneficiado pela administração da Cosipa, no Governo Montoro, cujos diretores teriam sido indicados por mim.

Duas inverdades. Uma, o Presidente José Sarney não afirmaria tal disparate. Pedi-lhe, pois, uma declaração esclarecedora da verdade. Outra, não tive qualquer influência na designação daquela diretoria e não me beneficiei de nenhum de seus atos. Esclareça-se que o processo movido contra um ato daquela diretoria da Cosipa terminou com a absolvição dos indiciados.

Perdoe-me, Senador, incomodá-lo com estes pormenores. Mas, como li na imprensa que meu silêncio diante das insinuações do ex-Senador repetidas pelo atual, implicaria anuência, peço-lhe que registre - repito, sem ânimo de polêmica - estes esclarecimentos, a bem da verdade histórica.

Cumprimentando-o, uma vez mais , com o abraço grato e amigo.

Fernando Henrique Cardoso.

Presidente da República Federativa do Brasil.

            Essa, Sr. Presidente, é a comunicação que desejava fazer à Casa, e a encaminho à Mesa para publicação, de vez que ela se dirige a todo corpo de Senadores da República.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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SEGUEM DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SENADOR ARTUR DA TÁVOLA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2002 - Página 3055