Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO MAESTRO WILSON FONSECA, "MESTRE ISOCA".

Autor
Luiz Otavio (PPB - Partido Progressista Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO MAESTRO WILSON FONSECA, "MESTRE ISOCA".
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2002 - Página 3123
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, WILSON FONSECA, COMPOSITOR, ESTADO DO PARA (PA), REGISTRO, SOLENIDADE, PRESENÇA, POPULAÇÃO, AUTORIDADE.

O SR. LUIZ OTÁVIO (Bloco/PPB - PA) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, será sepultado hoje, às 17 horas, no cemitério Nossa Senhora dos Mártires, na avenida Mendonça Furtado, em Santarém, o corpo do maestro Wilson Fonseca, o “Mestre Isoca”. Ele morreu na noite de domingo, por complicações pós-operatórias, aos 89 anos.

Isoca sofreu uma queda em sua casa, no dia 12 deste mês, que resultou na fratura da bacia e do fêmur. Dois dias depois, ele foi operado no Hospital Porto Dias e permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não resistindo ao período pós-operatório.

Depois de ter sido velado por todo o dia de ontem na Academia Paraense de Letras (APL), localizada na rua João Diogo, na Cidade Velha, o corpo do Maestro Isoca embarcará hoje, às 7 horas, com destino a Santarém. Em sua terra natal e local de sua inspiração, Isoca receberá as homenagens de seus conterrâneos, destacando-se a que fará a Orquestra Jovem “Wilson Fonseca”. O corpo do maestro será trasladado num carro de bombeiros pelas principais avenidas de Santarém, onde receberá as últimas homenagens da prefeitura e do povo. Haverá também uma missa de corpo presente.

Reconhecido como o maior compositor do município de Santarém em todos os tempos, Isoca compôs sua primeira música em 1931, intitulando-a “Beatrice”, que era uma valsa. Entre as obras inéditas, está o trabalho literário sobre o folclore na Amazônia, em doze volumes.

Mestre Isoca também era membro da Academia Paraense de Música, ocupando a cadeira nº 24, que tem como patrono seu pai, e da Academia Paraense de Letras, com a cadeira nº 7. Isoca ocupava a mesma cadeira que pertenceu ao maestro Waldemar Henrique. “O Pará perde um grande talento e a Academia Paraense de Letras, o mais brilhante dos seus membros. Isoca representa para o Pará o mesmo que representou o maestro Waldemar Henrique”, comparou o presidente da APL, Alonso Rocha.

Mestre Isoca era casado com Rosilda Malheiros da Fonseca, 84 anos, e pai de seis filhos, quase todos dedicados à música: José Wilson, Vicente, Maria das Dores, Maria da Conceição, José Agostinho e Maria de Jesus. Para José Wilson, o Pará, mais precisamente Santarém, terá duas fases na APL: antes e depois do Maestre Isoca. “Eu afirmo isso porque Wilson Fonseca conseguiu ser a alma da cidade de Santarém. Santarém é Wilson Fonseca. Tanto é verdade que a cidade toda está se mobilizando para homenageá-lo. Posso dizer, sem falsa modéstia: era um homem respeitado”, recordou José Wilson. Mesmo reconhecido internacionalmente, Isoca preferiu permanecer em Santarém. “É um raro exemplo de civismo”, emenda o filho.

Sr. Presidente, o maestro deixou aos filhos uma formação cristã e uma tradição musical que já está na quinta geração. “Se eu estou na Academia Paraense de Letras, é graças a ele. Isto é um fardo muito pesado. É uma responsabilidade muito grande”, reconhece José Wilson, que ocupa a cadeira nº 35 da APL. Umas das obras que enaltece a gostosa “Pérola do Tapajós”, como definia sua cidade natal, é o hino de Santarém. “Em Nova Iorque, quando há paraenses de Santarém, o hino de Santarém é cantado”, destaca.

Para o acadêmico Leonam Cruz, que ocupa a cadeira nº 6 da APL, não há como reparar a perda de Mestre Isoca. “É uma perda irreparável, porque o Isoca é um produto genuinamente do povo. É um produto que veio do interior do Estado, que fala do folclore amazônico, da dignidade da nossa arte”, enumera Leonam Cruz, destacando que Mestre Isoca era um autodidata e se projetou internacionalmente.

Várias personalidades do Estado estiveram presentes ao velório, entre os quais o prefeito de Belém, Edmílson Rodrigues, o prefeito de Belterra, Oti Santos, o reitor da Universidade da Amazônia (Unama), Édson Franco, entre outros.

Obrigado Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2002 - Página 3123