Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Participação de S.Exa. em solenidade de início da construção do complexo destinado a industrializar a soja no Piauí.

Autor
Benício Sampaio (PPB - Partido Progressista Brasileiro/PI)
Nome completo: Benício Parente de Sampaio
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Participação de S.Exa. em solenidade de início da construção do complexo destinado a industrializar a soja no Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2002 - Página 4152
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SOLENIDADE, INICIO, PROCESSO, CONSTRUÇÃO, POLO DE DESENVOLVIMENTO, COMERCIALIZAÇÃO, ARMAZENAGEM, INDUSTRIALIZAÇÃO, SOJA, MUNICIPIO, URUÇUI (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, DADOS, PREVISÃO, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO, EMPREGO.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, EXPANSÃO, AGRICULTURA, ESTADO DO PIAUI (PI), DETALHAMENTO, APOIO, GOVERNO, FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORTE (FNO), BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), EXPECTATIVA, ATENÇÃO, MEIO AMBIENTE, ESPECIFICAÇÃO, RIO PARNAIBA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. BENÍCIO SAMPAIO (Bloco/PPB - PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, registro neste momento, neste plenário, haver participado, no sábado último, dia 5 do mês em curso, no meu Estado, de um evento histórico para o Piauí, capaz de dar início a um ciclo econômico regional, cuja pujança e magnitude somente serão definidos dentro de mais alguns anos.

Refiro-me à solenidade presidida pelo Governador Hugo Napoleão, no Município de Uruçuí, em que ocorreu o início de um processo de construção de um complexo para comprar, armazenar e industrializar soja no Piauí.

Imediatamente, a empresa Bunge começou a receber a safra de soja do Estado, paralelamente com o início das obras civis. Já haviam sido construídos a unidade de receptação e seleção e alguns silos, na oportunidade inaugurados. A previsão é de investimento até 2007, em cinco anos, de R$420 milhões, sendo R$129 milhões em capital de giro, para a compra e o fomento da produção de soja nas localidades regionais, seis vezes mais que o aplicado pelos Bancos de Desenvolvimento. O empreendimento vai gerar mais de 500 empregos diretos e outros 10.000 indiretos.

O objetivo é tornar o Estado do Piauí o maior produtor de soja do Nordeste, com a fábrica funcionando já na próxima safra. Esta terá capacidade para industrializar 2.000 toneladas de soja ao dia, na primeira fase, para produção de farelo e óleo, esmagando, anualmente, cerca de 600.000 toneladas. Também será construído um sistema de armazenagem para mais de 400.000 toneladas, para estocagem de grãos e outros produtos.

A localização do empreendimento é estratégica, facilitando a logística do escoamento e recepção, e a implantação acompanhará o crescimento do plantio e produção do grão na região.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Bunge, que ora se instala no Piauí, está no Brasil desde 1908 e é líder no segmento. Faturou, no ano passado, mais de R$6 bilhões, mais da metade de exportações, emprega mais de 8.000 pessoas e possui 27 instalações industriais no País.

No ano passado, comprou quase oito milhões de toneladas de soja, destes industrializando 5,4 milhões, havendo produzido 1 milhão de toneladas de óleo bruto, refinando 600 mil toneladas. É, por conseqüência, líder brasileira nos mercados de margarinas, óleos vegetais, gorduras vegetais e farinhas de trigo, além de outros derivados da soja, do trigo e do algodão.

Presente à solenidade, o Presidente da Divisão Central da Bunge Alimentos, Sérgio Roberto Waldrich, assegurou para julho o início do processo de beneficiamento da soja na região.

É o Piauí buscando caminhos para o seu desenvolvimento. Historicamente pobre, procura alternativas para o crescimento socioeconômico. Implanta indústrias, estimula o turismo, incentiva o agronegócio, a carcinicultura, organiza pólos de prestação de serviços nas áreas de saúde e educação, impulsiona a produção de caju, cera da carnaúba e beneficiamentos de peles animais, melhora a qualidade do seu rebanho de bovinos, ovinos e caprinos e extrai e beneficia recursos minerais de utilização industrial.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é oportuno dar ciência a todos que, no meu Estado, há, talvez, a última fronteira agrícola da Região Nordeste, com grandes possibilidades de expansão. São oito milhões de hectares de cerrado semelhantes aos setentrionais do Centro-Oeste brasileiro, 60% agricultáveis, três milhões aptos para o cultivo da soja.

A possibilidade de produção de grãos nas altitudes dos platôs do sudoeste do Piauí foi verificada na década de 80. A 450 metros de altitude média, a região é permeada por rios como o Parnaíba, Gurguéia e Uruçuí, seus afluentes, e vários riachos.

Tem chuvas regulares, não há ocorrência de seca, e a precipitação pluviométrica anual média é de 1.100 milímetros, 65% destes entre dezembro e março. A temperatura média é de 27º graus centígrados, com sol o ano inteiro.

A topografia é plana e a pedregosidade é ocasional. Predomina o latosolo de textura média, bem drenados, que precisam de adubação e correção da acidez, com calcário existente em abundância na região.

A cobertura da região é cerrado, com paisagem monótona, com raras modificações no porte e nas espécies vegetais. A região é de grande potencialidade hidrogeológica, com poços por vezes jorrantes e de grande vazão.

A população total da região é de 148 mil habitantes, com densidade demográfica de 2.39 por quilômetros quadrados. Os principais Municípios são Corrente, Bom Jesus, Uruçuí, Guadalupe, Ribeiro Gonçalves, Gilbués e Baixa Grande do Ribeiro.

Há energia de boa qualidade e a oferta é suficiente. Todos têm DDD, DDI, Postos de Serviços e Agências dos Correios.

Quase todos com aeródromo, alguns com pista asfáltica. O Estado trabalha as estradas, mas o acesso ainda é deficiente com trechos sem cobertura asfáltica entre Jerumenha/Bertolínia e Uruçuí - 180 km.

O Porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão, dista 1.100 quilômetros - 650 destes de ferrovia.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, há, na região, vários projetos já implantados, alguns com imóveis que ultrapassam 10.000 hectares. São paulistas, gaúchos e catarinenses que acreditaram na sua potencialidade, alguns fixados há mais de 10 anos.

Iniciam o trabalho com o preparo do solo, a cultura do arroz por dois anos, a adubação e a correção da acidez, atingindo média por hectare de 2.500 quilos de soja. No ano passado plantaram 61.000 com produção de 128.000 toneladas de soja. Este ano a área de agricultura da soja é de 100.000 hectares e a produção esperada de 250.000 toneladas, me informa Sérgio Bortolozzo, pioneiro paulista na região.

A previsão para cinco anos é de, em 2007, 400.000 hectares de soja com produção de 1.000.000 de toneladas.

Importante lembrar que hoje o total da área agricultável no Estado, inclusive cerrados, é de 600.000 hectares e 700.000 toneladas de todos os grãos.

Há incentivos fiscais do Governo Estadual com percentuais diferentes para empresas com mais ou menos de 1.000 empregados, por período de até 10 anos. Há incentivos especiais com redução do preço da energia elétrica para atividades de irrigação, em horário determinado.

Os produtores podem utilizar recursos do Fundo Constitucional do Nordeste, Finame - BNDES e Pronaf do Banco do Brasil.

Há empréstimos internacionais na região, do Bird, para estradas e do BID para infra-estrutura básica.

Dessa forma o Piauí espera criar condições para o seu desenvolvimento. Impõe-se não esquecer, no entanto, que a utilização irracional dos recursos da terra possibilita a desertificação e o assoreamento dos rios que, desaguando no Parnaíba, reduzem o seu leito e o seu caudal, impedindo a sua navegação. Há que se fazer urgentemente uma análise da agressão ambiental instituída com a utilização agrícola do solo, para que, no futuro, não paguemos o preço da irracionalidade.

Faço esse registro, nos Anais desta Casa, do despertar de um novo ciclo produtivo na minha região, no meu Estado, que espero seja alavanca de desenvolvimento permitindo aos piauienses, com a incorporação de tecnologia e a ampliação da atividade econômica, a solução para problemas existentes e conseqüente à pobreza e o subdesenvolvimento.

É por ter esperança, por acreditar no futuro, que espero participar deste processo, não como mero espectador, mas como ente contributivo e divulgador das potencialidades do Piauí.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2002 - Página 4152