Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise dos últimos acontecimentos ocorridos no Oriente Médio que culminaram com a ocupação israelense em algumas cidades palestinas.

Autor
Leomar Quintanilha (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Análise dos últimos acontecimentos ocorridos no Oriente Médio que culminaram com a ocupação israelense em algumas cidades palestinas.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2002 - Página 4110
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, GUERRA, ORIENTE MEDIO, ANALISE, CONFLITO, INVASÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, PALESTINA.
  • REGISTRO, EXPECTATIVA, NEGOCIAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), CONFLITO, ORIENTE MEDIO, DIFICULDADE, ACORDO, MOTIVO, TERRORISMO, GRAVIDADE, NUMERO, MORTE.
  • EXPECTATIVA, MANIFESTAÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, DEFESA, PROCESSO, PAZ, ORIENTE MEDIO.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo está assistindo, perplexo, o desenrolar da grave crise de segurança instalada no Oriente Médio. O clima beligerante tomou conta de toda a região e tem despertado a preocupação da comunidade internacional sobre o que pode vir a acontecer. Os desdobramentos da ofensiva israelense sobre o povo palestino e a resposta terrorista das organizações paramilitares palestinas podem levar a uma guerra de grandes proporções, tendo em vista se tratar de uma região onde historicamente se registram conflitos.

O confronto entre árabes e judeus começou há 100 anos, com o aumento da imigração judaica, e tornou-se mais violento com a criação do Estado de Israel, em 1948. Desde então, Israel já travou cinco guerras com seus vizinhos árabes. País moderno, democrático, possui uma economia diversificada e um impressionante poderio militar, que inclui armamento atômico. Já os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza vivem em situação de pobreza e sob ocupação militar de Israel desde a guerra de 1967, quando cerca de 200 mil israelenses se instalaram em colônias nessas duas regiões. Os palestinos lutam para criar um Estado autônomo e para isso já constituíram a Autoridade Palestina, da qual é presidente o líder Yasser Arafat.

A comunidade internacional tem-se mobilizado para evitar o agravamento do conflito entre palestinos e israelenses. A Organização das Nações Unidas apelou ao governo de Israel para que este retire as suas tropas da área palestina. O presidente da nação mais poderosa do mundo, George W. Bush, enfim decidiu agir. Enviou o Secretário de Estado norte-americano Collin Powel para negociar um acordo de cessar-fogo na região e exigiu do Primeiro-Ministro israelense Ariel Sharon a retirada das tropas israelenses das áreas palestinas ocupadas - que inclui a cidade de Ramala, onde o líder palestino Yasser Arafat está confinado em seu quartel-general. O governo de Israel deu sinais de que atenderia aos apelos da ONU e de autoridades das potências ocidentais ao anunciar a retirada parcial de suas tropas de áreas palestinas. Entretanto, um incidente ocorrido ontem voltou a agravar o clima de tensão na região. Treze soldados israelenses foram mortos em Jenin numa emboscada armada por militantes palestinos. Em retaliação ao atentado, Israel suspendeu a retirada de suas tropas, criando novamente um clima de indefinição sobre o futuro da região e lançando dúvidas sobre o êxito da missão do secretário de segurança norte-americano Collin Powel.

Nova manifestação de apoio a uma solução negociada para o conflito foi apresentada em conjunto pela ONU, Estados Unidos, União Européia e Rússia. Outro atentado ocorrido hoje, no entanto, ameaça a já tímida disposição de Israel de recuar da ofensiva militar imposta aos palestinos, iniciada no último dia 29 de março. Um terrorista suicida explodiu um ônibus que se dirigia de Haifa para Jerusalém e provocou a morte de pelo menos 9 pessoas, o que pode novamente comprometer os esforços diplomáticos para pôr fim ao terror que assola aquela população.

O plano de paz para a região consiste na negociação imediata de um cessar-fogo e no envio de observadores internacionais para monitorar as ações de ambos os lados. Entretanto, a intolerância de grupos radicais e a insistência do governo israelense em manter o seu poderio militar em áreas palestinas, dificultam a adoção de uma solução para o conflito. Enquanto não se chega a um acordo, o número de vítimas da guerra aumenta assustadoramente. Somente este ano mais de 200 israelenses morreram em conseqüência de ataques terroristas de organizações extremistas palestinas. Israel informa que a sua ofensiva militar sobre áreas palestinas produziu igual número de mortos. Relatos de palestinos, todavia, dão conta de que o exército israelense está provocando um verdadeiro massacre na região.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo precisa sair do seu estado de letargia em relação ao que vem ocorrendo no Oriente Médio e efetivamente agir. Instalou-se o caos naquela região. Milhares de vidas inocentes estão sendo ceifadas. Crianças estão morrendo sem ao menos terem alcançado discernimento suficiente para entender as disputas político-ideológicas que envolvem os dois povos. O confronto religioso que coloca de um lado judeus ortodoxos e de outro muçulmanos é o principal responsável pelo acirramento do clima de tensão historicamente verificado na região, vista por muitos como um verdadeiro barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento.

Os reflexos da radicalização do conflito são desastrosos para todo o mundo, inclusive para o Brasil. A região em questão detém mais de 70% das reservas internacionais de petróleo. São 350 milhões de habitantes que vivem no Oriente Médio e no Norte da África. A pequena população israelense de 6 milhões de habitantes, a quase totalidade judeus, vive em meio a esse enorme contingente de muçulmanos adeptos do islamismo, sendo que em algumas dessas nações árabes pratica-se a religião com extremo rigor. 

O que se espera dos líderes governistas de todo o mundo, especialmente dos que exercem maior influência diplomática, é que se unam para buscar uma solução negociada para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. Uma solução ampla que envolva todas as nações árabes e que inclua o fim das disputas históricas entre muçulmanos e judeus. Uma solução que passe pela consolidação do Estado Palestino, única forma de desarmar os ânimos e criar um ambiente propício para a instalação da paz.

Do governo brasileiro aguardamos uma manifestação firme em defesa do processo de paz e contrária à intensificação do conflito. Uma posição que revele com clareza o empenho da nação brasileira em prol da articulação e implementação de um plano de pacificação, que deve ser conduzido de forma neutra pela Organização das Nações Unidas.

Era o que tinha a dizer.

Muito Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2002 - Página 4110