Discurso durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da realização, ano passado, da décima primeira edição do Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo, uma iniciativa da Universidade Federal do Ceará e da Casa Amarela Eusébio Oliveira, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Desporto.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Registro da realização, ano passado, da décima primeira edição do Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo, uma iniciativa da Universidade Federal do Ceará e da Casa Amarela Eusébio Oliveira, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Desporto.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2002 - Página 5473
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, INICIATIVA, ENTIDADE, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA (UFC), SECRETARIA DE ESTADO, CULTURA, REALIZAÇÃO, FESTIVAL, CINEMA, AMBITO NACIONAL, DETALHAMENTO, FILME, ATOR, DIRETOR, RECEBIMENTO, PREMIO, PROMOÇÃO, DIVULGAÇÃO, PRODUTO NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste País de curta memória e de pouca persistência, em que bem poucos eventos periódicos públicos ou privados, sobretudo no campo da política cultural, conseguem resistir ao tempo, qualquer iniciativa que se mantenha viva ao longo de dez anos merece aplauso. Tanto mais se esse fato ocorrer longe dos grandes centros urbanos do Sul do País, em um Estado “distante das luzes”. É com satisfação, pois, que venho a esta tribuna para registrar que a Universidade Federal do Ceará e a Casa Amarela Eusélio Oliveira realizaram, ano passado, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Desporto do Ceará e do Ministério da Cultura, a décima primeira edição do Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo.

Trata-se de um grande ciclo de eventos, durante o qual, ao lado das mostras competitivas de filmes de longa e de curta-metragem - cuja premiação vem ganhando, ano após ano, mais prestígio nacional -, ocorrem outras promoções de caráter cultural, como as mostras retrospectivas e, sobretudo, de integração sociocultural de parcelas excluídas da população no campo da informação cultural audiovisual.

De fato, 2001 foi o primeiro ano em que o Cine Ceará abriu uma mostra competitiva de filmes de longa-metragem. Isso deve ser entendido como resultado da consolidação do prestígio e significação da mostra competitiva de filmes de curta-metragem.

Os destaques entre os longas premiados foram os seguintes: melhor filme, Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho; melhor ator, Cláudio Jaborandi, por sua atuação em Latitude Zero, de Toni Venturi; melhor direção, Toni Venturi, por Latitude Zero; melhor fotografia, Walter Carvalho, por Janela da Alma; e melhor trilha sonora original, José Miguel Wisnik, também por Janela da Alma. O prêmio de melhor atriz foi compartilhado por Cláudia Missura, Graziella Moretto, Lena Roque, Olívia Araújo e Renata Mello, por seus papéis em Domésticas.

Haviam sido previamente selecionados para essa mostra competitiva seis filmes de longa-metragem, sendo três de ficção e três documentários.

Para a já tradicional mostra competitiva de filmes de curta metragem foram inscritos 270 filmes, de vários Estados brasileiros. Desses, 31 foram selecionados para a mostra final. Dezesseis pertenciam à categoria filmes, nas bitolas de 16 e de 35 milímetros, sendo que quatro eram de produção cearense. Outros quinze curtas pertenciam à categoria vídeo, onde quatro de produções cearenses.

Na categoria vídeo, o prêmio para o melhor curta ficou com Tuna Espinheira, por O bruxo del Borba; o de melhor ator foi para Cláudio Jaborandi, por seu papel em O prisioneiro, de Eric Laurence; o de melhor fotografia, com Sanderlan Costa, por Chover, de Isabela Cribari, Jane Malaquias e Cecília Araújo; o de melhor trilha sonora original com Fernando Catatau, por O prisioneiro.

Na categoria filme, o prêmio para o melhor curta ficou com Marcus Vilar, por A canga; o de melhor ator foi para Otávio Augusto, por BMW vermelho, de Reinaldo Pinheiro; o de melhor atriz com Denise Weinberg, por BMW vermelho; o de melhor fotografia, com Heloísa Passos e Jacques Cheuiche, por Brennand, de Liz Donovan; o de melhor trilha sonora original com Flávio Venturini, por Retrato pintado, de Joe Pimentel.

Entre os eventos propriamente cinematográficos paralelos às mostras competitivas, têm destaque a Retrospectiva e Seminário com Zé do Caixão, a Mostra do Cinema Cubano e a Retrospectiva do Cinema Cearense.

No primeiro desses eventos, tornado especialmente oportuno pelo trabalho recente do jornalista André Barcinski sobre o polêmico cineasta, o próprio José Mojica Marins, o Zé do Caixão, foi a Fortaleza para uma retrospectiva de três de seus filmes de longa-metragem e mais um documentário em vídeo. O excêntrico artista fez ainda uma demonstração e coordenou uma oficina, acompanhada por oitenta alunos, onde discutiu sua forma peculiar de interpretação em cinema.

Cerca de mil e quinhentos espectadores compareceram à retrospectiva de Zé do Caixão, que foi ainda homenageado com o recebimento do troféu Eusélio Oliveira.

A Mostra do Cinema Cubano constituiu o início de uma projetada vertente internacional do Cine Ceará. Pretende-se fazer mostras temáticas de países cuja cinematografia seja pouco conhecida no Ceará, como é o caso de Cuba, nação que, em um desses paradoxos da mundialização, tem considerável proximidade cultural com o Brasil e com o Nordeste em particular. Foram exibidos os filmes Lucia, de Humberto Solas; Se permuta, de Juan Carlos Tabio; María Antonia, de Sérgio Giral; El brigadista, de Otávio Cortázar; e La bella del Allambra, de Enrique Piñeda Bernaet.

Com o objetivo de possibilitar aos amantes do cinema, sobretudo os mais jovens, o conhecimento da produção cinematográfica do Estado nas últimas décadas, o Cine Ceará promoveu a Mostra Retrospectiva do Cinema Cearense. Um expressivo público, de cerca de três mil pessoas, compareceu aos cinco dias da mostra, sendo que as escolas de primeiro e segundo graus das redes pública e privada de Fortaleza, as universidades, os grupos de terceira idade e as organizações sociais receberam prioridade na entrada.

Os filmes exibidos foram: Um cotidiano perdido no tempo e O último dia de sol, dois filmes de Nirton Venâncio; O amor não acaba às 15:30 e Iremos a Beirute, filmes de Marcus Moura; O nordestino e o toque de sua lamparina, de Ítalo Maia; Patativa do Assaré - poeta do povo, de Jefferson Albuquerque Júnior; Campo branco, de Telmo Carvalho; Cine cordel, de Rui Ferreira; Uma nação de gente, de Margarita Hernández e Tibico Brasil; Tigipió, de Pedro Jorge de Castro; O sertão das memórias, de José Araújo; e Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariry.

Alguns desses filmes cearenses foram também divulgados no âmbito da mostra Cinema no Bairro, que levou a estrutura de exibição cinematográfica ao público habitante da periferia da cidade de Fortaleza, como os bairros Nossa Senhora das Graças, Serviluz, Dias Macedo, Tancredo Neves e Conjunto Ceará.

Em outra promoção com o objetivo de desenvolver no público jovem o gosto e o interesse pelo cinema, foi incluída também a mostra O primeiro filme a gente nunca esquece, que levou 3.600 crianças e adolescentes carentes dos projetos ABCs Comunitários e Vilas Olímpicas ao cine São Luís para três sessões do filme Tainá - uma aventura na Amazônia, de Tânia Lamarca e Sérgio Bloch. Para muitos desses jovens e crianças, foi de fato a primeira visita a uma sala de exibição de filmes.

Para os mais velhos, a Mostra Terceira Idade promoveu a ida ao cinema de idosos freqüentadores de encontros regulares na periferia de Fortaleza. Foi, para muitos desses cidadãos e cidadãs carentes, a primeira ida ao cinema. Assistiram ao filme Milagre em Juazeiro, de Wolney Oliveira.

Houve ainda outros eventos, como os seminários Cultura e memória e Som dolby, a mostra Olhar do Ceará e o lançamento de dois livros: Maldito, de André Barcinski e Ivan Finotti, sobre o cineasta Zé do Caixão, e Orson Welles no Ceará, do pesquisador cearense Firmino Holanda.

Com o objetivo de expandir mais ainda a divulgação do evento e do cinema brasileiro e cearense, o Cine Ceará de 2001 levou também ao interior do Estado alguns dos filmes da mostra e divulgou todas as atividades por meio de uma página na rede mundial de computadores (Internet).

O público total do XI Cine Ceará, Sr. Presidente, não contadas as mais de 12 mil visitas à página na Internet durante a realização dos eventos, foi de 28.663 pessoas. Não posso imaginar medida melhor do sucesso da iniciativa.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2002 - Página 5473