Pronunciamento de Lindberg Cury em 26/04/2002
Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comemoração do quadragésimo segundo aniversário de Brasília e da data de 23 de abril como marco da luta de Brasília pelo direito à representação política local. (Como Líder)
- Autor
- Lindberg Cury (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
- Nome completo: Lindberg Aziz Cury
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Comemoração do quadragésimo segundo aniversário de Brasília e da data de 23 de abril como marco da luta de Brasília pelo direito à representação política local. (Como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/04/2002 - Página 6288
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).
- COMENTARIO, HISTORIA, REIVINDICAÇÃO, DIREITOS, REPRESENTAÇÃO POLITICA, POPULAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. LINDBERG CURY (PFL - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 21 de abril é uma data muito importante na história de Brasília: comemorou-se, durante a semana, o 42º aniversário desta cidade.
Brasília é um marco importante porque representa o progresso, o desenvolvimento, a vinda para o interior das empresas, do poder público. Brasília se transformou na capital das decisões nacionais.
Dois dias após essa data, no dia 23 de abril de 1981, realizamos um comício na Associação Comercial do Distrito Federal.
Brasília, na verdade, era uma cidade que não tinha direito a voto. Tancredo Neves dizia já ter visto pessoas cassadas, mas cidade não. Era o que acontecia. Não tínhamos o direito de escolher os nossos próprios candidatos a governantes e de optar por uma vida própria, já que a cidade, nessa época, tinha perto de dois milhões de habitantes, considerando, evidentemente, as cidades-satélites. Em nome dessa democratização, em nome desse direito ao voto, algumas reuniões foram feitas na Associação Comercial, debaixo de uma pressão muito grande das autoridades que não o permitiam.
Houve um comício que contou com a presença de todos os Presidentes dos Partidos do Brasil. Estavam lá Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Lula, Brizola e outros Presidentes, quando, surpreendentemente, forças militares cercaram a praça no Setor Comercial Sul, em frente à Associação Comercial do Distrito Federal. Recebi um aviso do Comandante do Planalto, alertando-me que eu teria cinco minutos para dissolver o comício; caso contrário, a praça seria invadida, e todos seriam presos. Num gesto de prudência, consultei Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, que acharam conveniente que encerrássemos a reunião, para evitar um conflito direto ou um atrito com as forças militares. Houve um entendimento, o povo saiu tranqüilo, mas aquela data passou a ser um marco muito importante.
A partir daquele momento, com a divulgação da notícia pela imprensa no Brasil inteiro e, inclusive, na Argentina e no Uruguai, depois que fui intimado para comparecer ao SNI, quando lá fiquei detido por alguns dias, prestando esclarecimentos às nossas autoridades e à própria cidade, tomamos uma decisão: a representação política seria nossa meta, e não mais retrocederíamos.
Hoje, Brasília vota, tem os seus representantes na Câmara Distrital, no Governo, na Câmara Federal e no próprio Senado. E, por uma coincidência, estou hoje aqui. Junto com a diretoria, com os estudantes e, principalmente, com os partidos de esquerda na época, conseguimos dar a Brasília o direito ao voto. Brasília não é mais o cemitério da democracia. Brasília é uma cidade que, como as outras, tem o direito de escolha dos seus próprios candidatos.
É por essa razão, Sr. Presidente, que quero registrar este marco muito importante, que é o dia 23 de abril de 1981, data comemorativa do dia em que uma decisão importante foi tomada: Brasília obtinha o direito de escolher os seus próprios candidatos.
Obrigado, Sr. Presidente.
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