O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr^as e Sr^s. Senadores, quero falar sobre três assuntos, que serão abordados da maneira mais rápida e concisa possível.

Em primeiro lugar, quero falar a respeito do escândalo dos cegonheiros no Paraná. Dois grupos de transporte, o grupo italiano Sada e o grupo Axis, fundaram uma associação que se denomina Antv, em São Paulo, e estabeleceram o monopólio do transporte de veículos no Brasil. A Renault, uma fábrica montada em Curitiba com recursos do Estado do Paraná que não paga imposto por 10 anos, prazo que já foi prorrogado por mais 5 ou 10 anos, está impedindo os cegonheiros paranaenses de realizarem o trabalho de transporte, transferindo contratos de empresas que admitem cegonheiros do Estado para a Sada e a Axis.

É uma advertência que faço nesta tribuna. Nós, os paranaenses, não vamos admitir que empresas radicadas no nosso Estado e beneficiadas com incentivos fiscais realmente inacreditáveis impeçam os cegonheiros paranaenses de exercer o seu trabalho e transportar veículos.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, quero deixar clara a minha estupefação com a visita do Senador José Serra ao meu Estado. Meu Deus, não consigo acreditar no que aconteceu! Parece que o Senador José Serra fez uma espécie de “Mac Festa Feliz”, ou um “Mac Serra Feliz”, concorrendo com as lanchonetes da periferia, onde foram apanhar, nas mais pobres favelas, mães de famílias com crianças no colo e as levaram de ônibus para um show num centro de convenções, oferecendo o transporte, um sanduíche e um refrigerante.

Além disso, Sr. Presidente, no palanque do nosso colega Senador José Serra, estava todo o grupo do caixa dois denunciado pelo Ministério Público, pela Folha de S.Paulo e pelo PMDB do Paraná. Inusitada situação! O caixa do Murad, no Maranhão, de pouco mais de R$ 1 milhão, transformou-se num assunto da imprensa nacional, condenado pelo Governo, objeto da preocupação justa do Ministério Público e da Polícia Federal; mas o candidato do Governo vai ao Paraná e participa de uma festa organizada pelo Vice-Prefeito de Curitiba, beneficiado com o caixa dois, sem o qual não teria sido eleito - e pelo pessoal todo que freqüenta o caixa 2, que já foi citado pelo Ministério Público e é objeto da investigação da Polícia Federal. Estranha essa participação de um candidato que pretende o apoio do PMDB. Temos muito, Senador José Serra, que conversar sobre seu comportamento aqui no plenário do Senado, quando V. Exª estiver presente - reservo-me para aguardar sua presença -, e no plenário da convenção do PMDB, quando os adesistas lançarem seu nome. Não é este o tipo de aliança que um candidato à Presidência da República pode fazer nos Estados: aliança com o caixa 2, aliança com a corrupção e uma tertúlia financiada com ônibus, shows, sanduíches e refrigerantes para a população mais pobre, para os miseráveis da periferia. Temos que discutir muito sobre isso e sobre outras tantas idéias absolutamente impraticáveis e ridículas que estão sendo lançadas.

Sr. Presidente, algumas agências internacionais que fazem o ranking de valorização do Brasil têm diminuído a posição dos nossos títulos no ranking em função do crescimento do Lula nas pesquisas de opinião. Mas hoje, terça-feira, no Jornal do Brasil, na pág. 16, lê-se: “Merril Lynch pagará caro por escândalo”. São recomendações frias da famosa Merril Lynch que podem lhe custar R$2 bilhões, porque essas recomendações prejudicaram investidores americanos. Isso demonstra com clareza que o nosso País pode estar sendo objeto de uma plantação de rumores, de informações e de desclassificação no ranking, destinada a que investidores ganhem fortunas, porque se o Brasil pratica a democracia não há motivo algum para que se desvalorizem os títulos nacionais no mercado internacional; muito pelo contrário.

Eu trouxe aqui essas preocupações, Sr. Presidente, e a minha maior preocupação é com essa tertúlia curitibana. A Roseana foi condenada e teve de desistir da sua candidatura porque o marido tinha lá pouco mais de R$1 milhão, oriundo de um caixa 2, sem origem conhecida. Mas o Serra vai para o Paraná, reúne-se com os donos de um caixa 2 de R$32 milhões, que compraram a eleição da prefeitura com alegria e satisfação, e enche os pobres, os marginalizados da periferia com refrigerante e sanduíche. Meu Deus! Esse não é o ritmo de uma eleição presidencial séria. Espero que o meu PMDB, o PMDB nacional, o PMDB da base não caia nessa esparrela. A não ser que ainda exista gente no PMDB que venda a posição e o horário do Partido por uma Coca- Cola e um misto quente.

Muito obrigado.

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